After the pain escrita por Neryn


Capítulo 1
Um novo começo


Notas iniciais do capítulo

Eis o primeiro capitulo espero que gostem



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– Aaaaaaaaaaaaahhhh!

Acordei sobressaltada e ofegante, a minha camisola estava toda suada e cobertas nem vê-las, mas após algum tempo já estou habituada. Tem sido assim nos últimos 4 longos anos da minha vida, porém espero que as coisas mudem, visto que a minha tia nos aceitou, a mim e à minha mãe, de braços abertos em sua casa, em Nova Iorque; e o meu pai finalmente foi preso por isso devemos ter paz durante algum tempo.

– Riley Collins tira-me o rabo dessa cama! - Ouço a minha mãe berrar enquanto entra pelo meu quarto dentro e abre tudo o que é janela ou que emita luz. Vem até à minha cama e tira a pouca roupa que tenho em cima de mim.

– Mas que motivos tenho eu para sair desta cama perfeitamente confortável e quentinha!?

– Já que perguntas... Tive liberdade de fazer uma pequena lista - diz isto tirando um papel dobrado do seu bolso e entrega-mo. Feito ela sai e do meu quarto e diz - Espero que não tenha que vir uma vez chamar-te porque se vier as coisas vou ficar molhadas.

– Não é com ameaças que me vais convencer!!! - Abro o papel dobrado e vejo isto (porém com uma caligrafia perfeita)

Eis a lista motivos da minha mãe, Mary Collins, para me levantar desta cama:

– Escola nova. :-) eu :-( ;

– Socializar e fazer novos amigos :-) , eu :-( :-( :-( - ps sou péssima no que toca a amizade e socializar. Acho que nem sei o que isto significa;

– Tentar sair deste clima de depressão;

– Divertir-me e aproveitar o melhor da vida - pps escola e diversão...hum não me parece. São duas palavras que não têm ligação possível neste ou noutro mundo qualquer. São como o azeite e a água não se misturam. São como... não vale a pena já se percebeu a ideia;

ppps mesmo durante aqueles 4 anos de sofrimento a minha mãe ainda me ouvia e me aconselhava sempre a aproveitar a vida, sempre com um sorriso no rosto, mas a meu ver eu não conseguia simplesmente assistir às crueldades que o meu pai fazia à mãe e sorrir.

A contra-gosto levanto-me da cama e vou até à janela e ao olhar pra cima vejo o céu azul, um sol grande e brilhante e não existem nuvens no céu nem para amostra. Dirijo o meu olhar para baixo e vejo uma longa estrada de alcatrão com muitos carros tanto parados como a circular, nos passeios na beira da estrada vejo muitas pessoas a andar de um lado para o outro. Então Nova Iorque é bem como o outro dizia - Penso para os meus botões. Vivo com a minha tia à poucas semanas, mudei-me mal o julgamento do meu pai acabou. Foi com certeza o verão mais longo da minha ainda curta vida. Ainda não estou acostumada ao estilo de vida nova iorquino. Quer dizer, acabei de me mudar de Boston, fui criada e cresci lá. Uma rapariga originária de Boston em Nova Iorque é como meter uma galinha na toca dos lobos, ou seja, estou lixada e bem lixada. Anti-social, vim de Boston, os meus únicos amigos são a minha mãe e a minha tia, em vez da minha mãe estar preocupada com a escola e livros, ela devia começar a planear o funeral da sua filha porque eu não vou sobreviver!

Fui tomar um banho felizmente a casa da minha tia era espaçosa e o meu quarto tinha uma casa de banho exclusivamente minha assim não precisava de incomodar ninguém.Apetecia me demorar séculos no chuveiro a água quente sempre tivera um efeito relaxante em mim. Mas não podia se não arriscava me a chegar atrasada no meu primeiro dia. A resmungar lá vesti as minhas calças de ganga que a minha tia me tinha oferecido no Natal passado e uma Tshirt Preta com uma frase "I Really Don't Care". Calcei as minhas sapatilhas preferidas: umas Converse All Star num tom azul escuro ligeiramente desbotado por ir tantas vezes à máquina. Atei o meu cabelo num rabo de cavalo e desci para o pequeno almoço.

Ao descer as escadas olho para cima e vejo um pequeno espelho o que permite ver a minha cara. Vejo as minhas habituais olheiras e a minha pele branca mais branca que o normal, na minha testa são visíveis algumas espinhas que me ocupam alguns minutos quase todas as noites pois passo muito tempo em frente ao espelho a tentar espremê- las. Ao longo dos anos, deram me muitos estojos de maquiagem só que eles permanecem nas suas caixas ainda por abrir porque eu não costumo usar nem mesmo em festas ou eventos do gênero em que as pessoas principalmente mulheres vão enfeitadas feitas árvores de Natal.

Na cozinha encontro a minha mãe e a minha tia a prepararem o pequeno almoço e no centro da mesa encontro uma montanha de panquecas que eu aposto que são para mim pois desde que cheguei a minha adorada tia tem me tentado engordar pois diz que eu pareço um "pau de virar tripas".

– Olá meu amor! Pronta para o primeiro dia de aulas? - Pergunta a minha tia com um sorriso de orelha a orelha enquanto virava mais uma panqueca atirando a ao ar.

– Sim! - Respondo com um falso entusiasmo que eu espero ter escondido bem.

– A paragem do autocarro é ao fundo da rua à direita. Não há como enganar. E olha se te perderes é uma boa maneira de fazeres amigos. E já agora, tens 15 minutos antes de o perderes por isso toca a despachar! - Informa me a minha tia.

– E nada de fazer de propósito para o perderes minha menina - já era segunda ameaça do dia por parte da minha mãe. O dia está a começar bem,ai está ,está!

Comi quatro panquecas mais gordas do que eu com nutela e doce de morango que me souberam pela vida. Depois fui para a paragem com o passo apressado pois tinha medo de perder o autocarro. Ao chegar a paragem quase que dei meia volta deviam estar lá umas 30 pessoas sem exagero. Disse bom dia num tom quase não audível só uma menina de cabelo preto e com aparelho me respondeu devia andar no 12 ano. Entrei no autocarro e fui das últimas mas felizmente consegui um lugar o autocarro na primeira fila mesmo atrás do motorista.

Ninguém se sentou à minha beira, alguns preferiram ficar de pé a sentar-se ao lado da nova rapariga que ninguém nunca viu mas fico feliz em ficar sozinha. Assim não tenho que falar e não tenho que aturar dramas de adolescência.
Pego no meu telemóvel e fones e clico no play, a partir de agora estou total e completamente desligada do mundo. Encosto a minha cabeça ao vidro e deixo que os raios de Sol batam na minha cara e aprecio a paisagem. Do outro lado do vidro vê se muitas pessoas a andar de um lado para o outro feitas baratas tontas, lojas e mais lojas de roupa, de calçado, bijuterias... Vende se de tudo e mais alguma coisa.

Existem arranha-céus uns maiores que os outros (acho que já sei o motivo de se lhe chamar disso), montes carros a circular, mal se vêem árvores e jardins em plena cidade é só alcatrão e mais alcatrão. A minha tia já me prometeu levar ao Central Park um dia e sinceramente aguardo por esse dia ansiosa.
Desvio o olhar para trás de mim e vejo que dentro deste autocarro isto é uma balbúrdia, estão todos a rir, saltam de um banco para outro e o melhor de tudo é que ninguém repara na minha existência.

O resto da viagem decorreu como eu espero que todas corram, calmas, sem grandes alaridos, e com pouco trânsito e poucos vermelhos nos semáforos. Nem sequer sei qual é o aspeto da minha nova escola, a minha mãe muito insistiu em darmos um saltinho lá mas eu adiava sempre o mais que possível mas agora já não dá para adiar mais. Tenho que enfrentar este demônio (e que grande demônio este).

Sinto ainda mais movimento vindo de trás de mim, espreito e reparo que todos estão a pegar nas suas mochilas já devemos estar perto penso eu pra mim mesma.

Andamos mais 5 metros e o motorista abre a porta e todos apressam se a sair deixando me para último.

– Boa sorte rapariga nova! Vais ver que te vais ambientar bem - diz me o motorista. Ele tinha um pequeno bigode, a maior parte dele branco, os seus cabelos também já eram na sua maior parte brancos. Usava uns óculos redondos e de hastes finas e pretas. Era barrigudo e aparentava ser alto.

– Obrigada - digo eu timidamente pois não estava à espera que alguém me fosse dirigir a palavra e que logo esse alguém fosse o motorista.
Levanto me e pego nas minhas coisas, mas permaneço com os fones nos ouvidos a ouvir "I really don't care". Não vou pousar os meus bebês quando mais preciso deles!

– Bem, cá vai disto!


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Notas finais do capítulo

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