– Por favor, você pode fazer o contorno, eu não vou entrar pela frente... – Falo para o taxista que apenas assente e faz o que mando. Ele para assim que chegamos ao outro lado da rua já fora do alvoroço que estava logo antes, onde tinha fotógrafos tomando a rua toda. O que tava acontecendo? – Obrigada – agradeço enquanto lhe entrego o dinheiro. Desço e avisto Phil e mais dois seguranças um pouquinho a frente, caminho em passos largos até eles.

A noite está fria e o vento bate em mim me fazendo tremer, eu não estava vestida adequadamente para andar pela noite fria de Nova York, usava um vestido de um tecido leve marcando apenas minha cintura com um cinto fino e saltos.

– Phil o que houve? – pergunto quando já estou próxima

– Entra não podemos ficar aqui esperando um fotografo aparecer – ele fala serio e me encaminha para a porta logo atras dele, onde existe uma cozinha do outro lado possivelmente à cozinha do hotel. Entro logo atras dele tentando acompanhar seus passos o que é um pouco difícil, a cozinha está movimentada e as pessoas focam seus olhares curiosos para mim o que me faz sentir uma vergonha fora do comum é como se alguém me pegasse fazendo algo errado o que não era o caso.

– Phil você pode me dizer o que está acontecendo? – Insisto mais uma vez tentando acompanhar o assistente do Fury, mas ele me ignora – Hey vocês precisam de mim... Pelo menos é o que parece, então dá para me contar o que está acontecendo aqui?

– Quando chegarmos – Ele me empurra para dentro do elevador – O Fury contará tudo para a senhorita agora, por favor, se apresse – Ele não parece está de bom humor.

– Ok – murmuro

Aquele elevador tinham quatro pessoas, mas nenhuma ousava abrir a boca o único barulho que se ouvia era da minha respiração acelerada e dos meus sapatos que eu batia constantemente no chão, o elevador para e as portas se abrem eu saio rapidamente antes que eu fosse pega pelo colo como naqueles filmes de comedia.

Aquele lugar era muito luxuoso o mais luxuoso que eu já vi, até mais que o outro que fomos para o jantar de comemoração. Caminhamos pelo corredor até uma grande porta que é aberta antes mesmo de chegar perto, Phil me acompanha entrando junto comigo no quarto.

Dizem que a vida segue acontecendo nos detalhes, nos desvios, nas surpresas e nas alterações de rota que não são determinadas por você. Acho que é verdade! A imagem que meus olhos viam concretizava isso com certeza. Steve estava em pé perto da janela que estava tampada com uma grande cortina, Tony estava sentado em uma poltrona com a cabeça entre as pernas, enquanto Fury estava sentado em um sofá com um olhar nada bom, ele me parecia distante, olho os três tentando adivinhar o que tinha acontecido, meus olhos navegam pelo grande quarto, a cama está bagunçada lençóis estão no chão, há dois pares de sapatos jogados perto da cama um par suspeito que seja do Tony, já que ele está descalço o outro são de mulheres saltos altos... Não tinha nem uma mulher no quarto a não ser eu.

– Natasha! – Tony exclama com um alivio quando me vê parada perto da porta os olhando, ele se levanta rapidamente e vem até mim me abraçando coisa que eu não retribuo porque estou assustada e surpresa demais para isso. Ele continua me apertando enquanto coloca a cabeça acima dos meus seios fazendo alguns barulhos estranhos, se eu não tivesse certeza que ele estava realmente desesperado com certeza já tinha batido nele.

– Tony solta ela – Ouço a voz de Steve que nos observava de longe – Tony – ele fala mais alto – Solta ela – O loiro caminha até nós então puxa Stark para que me solte

– O que... Está... Acontecendo... Aqui? – Pergunto pausadamente tentando não entrar em surto.

– Precisamos de você Romanoff – Fury enfim fala

– Que tipo de ajuda? Ou melhor, porque vocês precisam da minha ajuda? ... Não, não... Melhor o que diabos aconteceu nesse quarto para vocês precisarem da minha ajuda?

– Primeiro vamos em partes... – Fury começa

– Deixa a pior por ultimo assim ela já vai está mais acostumada – Tony fala e eu o olho sem entender.

– Ok eu vou sentar – Caminho em direção à cama, mas resolvo não sentar lá não parecia o melhor lugar agora então sento na poltrona que Tony estava antes. – Comecem.

– Ok. O idiota do Tony resolveu pegar uma mulher comprometida... – Steve olha o amigo com cara feia e ele apenas se senta novamente

– Comprometida? Quanto comprometida? Comprometida com quem? – questiono

– Ela é casada com o diretor da Avengers filmes... – Nick respira fundo enquanto me explica, acho que ele estava tentando manter a calma – Que libera a verba para nosso filme...

– Isso parece ruim... – Arrisco falar

– Isso é péssimo – Ele grita e me faz estremecer

– Eu poderia te chutar para fora do meu filme – Ele fala com Tony que está quieto – Eu devia... Eu devia acabar com a sua carreira – Ela respira novamente e ninguém se arrisca a falar nenhuma palavra.

– Eu não sabia que iam espalhar que eu estava aqui– Tony enfim fala

– Eles sabem que você está com a mulher do diretor aqui?

– Não – Steve responde – Eles sabem que alguém muito famoso está aqui com uma mulher, foi uma informação que mandaram para eles, não citaram nomes...

– Ok então todos saímos pelos fundos e vamos embora... Aliás, cadê a mulher do diretor? Qual o nome dela mesmo? – Estou curiosa para vê-la

– Ela está esperando em outro quarto – Tony explica – E não importa o nome dela miss paparazzi – ele me repreende como se fosse eu que estava fazendo algo errado.

– Para de me chama assim... E é você que está precisando da minha ajuda então bem menos Stark, bem menos! Aliás, até agora ninguém me disse no que devo ajudar, não seria fugir daqui não é?

– Não... – Nick volta a falar – Nós não podemos sair daqui pelos fundos como você entrou, não daria para arriscar... Por isso pensamos em algo que funcionará se você nos ajudar – ele faz uma pausa

– Que tipo de ajuda? – pergunto com medo

– Você e Steve sairiam daqui pela frente chamando atenção de todos, enquanto eu e os outros aproveitamos e saímos pelos fundos, assim todos estariam lá focados em vocês, achando que os famosos foram vocês dois e não teria problema de sairmos? – Fico alguns minutos em silencio tentando raciocinar tudo o que ele disse, mas minha cabeça tinha entrado em parafuso na parte do você e Steve.

–Miss Paparazzi... – Ouço uma voz, mas ainda estou em transe – Natasha? Nat você vai nos ajudar, não vai? – Tony faz uma cara de cachorro, mas eu não cairia nessa não mesmo, se eu aceitasse isso era o fim, eu e Steve iríamos ser um casal e tudo o que eu negasse não faria diferença.

– Não... – Me levanto indo em direção à porta – hum... Hum – balanço a cabeça constantemente em negativa – Não mesmo... Eu não vou entrar nessa mentirada toda – Me viro para Stark que parece desesperado – Você entrou nessa, você que saia.

– Miss paparazzi... Nat por favor!

– Não

– Natasha pelo filme – Steve finalmente opina

– Espera... Você está de acordo com isso? ... É mentira – quase grito a ultima parte – Se entrarmos nisso não vamos sair... Teremos que ser um casal, a gente não suporta nem cinco minutos juntos.

– Eu sei, eu também não quero fazer isso, não quero namorar, e muito menos você... Ele tem um ótimo argumento, para eu está aqui te aguentando e não me divertindo. – Faço uma cara de indignada, não estava ouvindo aquele absurdo, só podia ser brincadeira?

– Eu também não gosto de você

– Ei vocês dois parem! – Fury grita nos fazendo calar – Já temos uma crise aqui, causada por esse... Mulherengo – ele faz uma pausa – Natasha precisamos disso, precisamos de você.

– E por que eu?

– Porque você e Steve já estam na mídia, todo mundo gosta de vocês dois, em duas notas que saíram vocês são a sensação do momento... Vocês já perceberam como os fãs estam em alvoroço? Ontem o filme e vocês foram os assuntos mais discutidos nas redes sociais... Tem fãs juntando o nome de vocês dois e fazendo um só

– O quê? – perguntamos juntos

– Roma... Roma – Ele tenta falar e então olha para Phil que até então não tinha falo nada só observado.

– Romanogers que é a junção de Romanoff com Rogers... Ou Stasha que é a junção de Steve e Natasha – Ele fala serio como se aquilo fosse normal.

– Legal gostei dos nomes... Vou chamar vocês de Romanogers – Tony fala com um sorriso

– Você não ouse – Falo no meu tom mais ameaçador

– A questão não é essa... A questão é que se descobrirem... Se apenas desconfiarem que o Tony esteve aqui com a mulher do cara que banca a gente... Acabou! Acabou filme, acabou sucesso... Acabou nossas carreiras e a sua antes mesmo de começar. – O diretor numera nos dedos enquanto fala – A besteira que o Tony fez não vai só afetar ele vai afetar todos nos, vai afetar meu filme. Ou vocês acham que ele vai bancar a gente depois que descobrir isso? Eu estaria na minha casa em frente a minha lareira lendo um bom livro se isso aqui não fosse à ruína do meu filme

DROGA! Meu subconsciente grita tão alto que minha cabeça chega a doer, talvez fosse pelos martini’s, talvez fosse pelo que estou vivendo, ou talvez fosse porque estou cogitando aceitar essa ideia dos infernos. Esse filme era minha oportunidade, minha virada, depois dele eu poderia esfregar na cara de todo mundo que duvidou de mim ele era o meu grande sonho e eu não podia o deixar escorregar pelos meus dedos.

– Eu te odeio Tony Stark... Te odeio com todas as minhas forças – Me direciono a ele.

– Isso é um sim? – ele pergunta com um sorriso

– Vamos logo fazer isso antes que eu desista e me mude para o Cazaquistão mesmo – Olho para Steve que está com uma expressão indecifrável

– Ah... – Tony salta da poltrona e me puxa junto com Steve para um abraço caloroso – Eu amo vocês dois... Vocês são os melhores amigos que existem

– Não estou fazendo isso por você – falo carrancuda.

– Que seja! Ainda te amo – Ele era um idiota

– Você está me devendo essa cara – Steve comenta.

***

– Ok vocês sabem o que fazer – Fury dá as ultimas instruções enquanto caminhamos até o elevador – Natasha quando o elevador abrir manda a mensagem para mim, saímos assim que todos os fotógrafos estiverem com o foco em vocês, eu mando uma mensagem de retorno avisando.

– Isso parece uma missão, nós somos como espiões – Tony comenta animado

– Eu quero chutar suas bolas – Falo seria o encarando – Tão forte que você nunca mais pegaria mulher casada nem um – Dou um leve sorriso com a ideia e Steve gargalha ao meu lado.

– Era o que você merecia – Fury fala, depois volta atenção para nós – Estão prontos?

– Não, mas vamos logo fazer isso – respondo entrando no elevador junto com Steve.

– Boa sorte – ouço quando as portas se fecham

O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove. Fico me perguntando se eu não tivesse aceitado essa loucura que estou fazendo agora o que aconteceria comigo? Talvez o diretor não nos culpasse talvez só o Tony se ferrasse, mas talvez essa seja a escolha certa um sacrifício para o “bem maior” só espero que esse bem maior recompense todo o meu sacrifício algum dia.

– Você está bem ruivinha?

– Para de me chamar assim! – Já estava sem paciência – E não é claro que eu não estou bem, estou entrando em uma mentira que não vai terminar nunca, vai virar uma avalanche e vai matar todos nós.

– Você é bem trágica, não?

– Não, é a verdade – um arrepio passa pela minha espinha e o frio volta a tomar todo o meu corpo, estremeço.

– Toma – ele tira a jaqueta que está vestido e estende para mim – Está frio lá fora, e essas suas roupas não ajudam muito – Ele me olha de pés a cabeça e por um segundo me sinto envergonhada pelo seu olhar em mim.

– Porque você está fazendo isso? – pergunto desconfiada

– Ok – ele sorrir – Porque dará mais publicidade se você estiver vestindo minha jaqueta, seremos o casal perfeito! É isso que você quer ouvir não é? – Ele parece ter ficado ofendido com minha desconfiança, mas com certeza aquilo era parte do seu joguinho. Pego a jaqueta sem muita relutância e visto, posso dizer que ela foi bem vinda. – Você só pensa o pior de mim não é?

– Você nunca me mostrou outro lado – falo sem olha-lo

– Eu não sou tão horrível

– Isso você terá que me provar outra hora... – As portas do elevador estavam se abrindo, eu aperto a tecla enviando a mensagem e Steve estende a mão para mim, olho sem entender.

– Casal perfeito – Ele apenas fala, é claro que era isso, pego sua mão quente ao contrario da minha que estava gelada.

– Vamos lá – sussurro saindo do elevador

– Hora do show – Ele sorrir, achando aquilo divertido.

Steve me puxa para mais perto e o desconforto toma todo o meu corpo, era tão estranho está tão próxima dele, quero dizer gravávamos o filme, e lá somos um casal... Mas isso é totalmente diferente, lá somos Chris e Scarlett aqui não aqui somos Natasha e Steve e isso é um pouco louco para mim.

– Sorria quando pisarmos fora do hotel – Ele me orienta e eu apenas confirmo.

Os flashes de câmeras já são visto por nós antes mesmo de chegarmos perto da porta e quando pisamos para fora eu quase não consigo enxergar ainda bem que Steve me conduz, ele já era bem mais acostumado que eu o que facilitava tudo, tento esconder meu rosto um pouco para que os flashes não me ceguem, mas parece que quanto mais andamos mais aquele flash branco aparece na nossa frente, ouvi-se um grande barulho de um monte de gente falando ao mesmo tempo, os nossos nomes são gritados com todo fôlego. E todo mundo nos segue como se fossem zumbis atras de alimento. Por um momento me sentir no The Walking Dead dos paparazzi’s.

Steve abre a porta do carro parado alguns metros da porta do hotel e me conduz para dentro fechando-a em seguida, o barulho é abafado de dentro do carro, mas dá para se ouvir as perguntas sobre nós enquanto Steve faz o caminho até a outra porta e então enfim entra no carro. Me recosto como um alivio no encosto do banco e deixo minha cabeça cair um pouco fecho os olhos e só abro quando o carro já está em movimento.

– O Fury me mandou uma mensagem ele já está a caminho da casa do Stark, graças a Deus o plano deu certo – Respiro aliviada.

– Essa foi por pouco

– E eu ainda quero matar o Stark

– Todos queremos ruivinha – ele presta atenção na direção

– Já disse para parar de me chamar assim

– Somos um casal agora, temos que ter apelidos – ele brinca.

– Somos um casal na frente das pessoas, nós não estamos na frente das pessoas... E não precisamos de um apelido isso é ridículo.

– É claro que precisamos... Se vamos fazer isso, vamos fazer com o pacote todo.

– Você tá adorando isso, não é?

– Posso dizer que vai ser divertido – Ela me dá um olhar de relance e depois volta atenção para a direção

– Ok – Resolvo então entrar na brincadeira dele – “Se vamos fazer isso, vamos fazer com o pacote todo” suas palavras... Então em primeiro lugar quero fidelidade e presentes... – Falo e então ele para bruscamente o carro me fazendo ter um solavanco indo para frente e depois para trás – Ai – grito.

– Nada de fidelidade... Os presentes eu posso pensar – Ele recosta o carro, virando para falar comigo.

– Nem pensar, vamos fazer isso direito, se a mídia pegar você com outra mulher que não for eu acabou o casal perfeito – argumento.

– E você sugere o quê? Que eu fique na seca por sei lá... As gravações do filme acabar e termos o lançamento dele? – ele me pergunta indignado

– Na verdade eu pensei em te colocar um sinto de castidade... Mas se você quiser fazer por conta própria será bem mais fácil e confortável pra você – brinco, pelo menos eu estava me divertindo com a cara do idiota, depois dessa noite terrível.

– Hahaha. Adoro o seu senso de humor – Ele respira fundo e parece pensar – Eu não vou fazer isso

– É claro que vai, pelo filme, é por isso que estamos fazendo isso... É por isso que vou mentir pra todo mundo e te aguentar mais do que deveria.

– Eu não vou conseguir

– Vai sim – dou duas batidinhas nas costas dele e sorriu – É pra isso que você tem isso – Aponto para minha mão no alto, e ele me olha com um sorriso, e na mesma hora caiu em mim do que realmente pareceu aquilo – Não... Não... E-eu não falei da minha mão, falei da sua – Esse cara sabia me irritar – Você entendeu... Para de ser idiota!

– Eu não falei nada foi você que falou – Ele brinca me irritando mais ainda

– Você pode calar a boca e dirigir – Jogo minha cabeça no recosto do banco de novo

– Claro ruivinha.

Ele liga o carro e volta à estrada até minha casa. O caminho até lá foi silencioso não queria começar uma briga de novo, estava cansada, o Martini estava na minha cabeça me fazendo sentir um enjoo horroroso, meu pés latejavam de tal forma que estava pensando um jeito de chegar até meu apartamento sem toca-los no chão, meus pensamentos estavam a todo vapor e eu não conseguia controla-los todos eles direcionados a uma coisa: Como eu conseguiria mentir? Eu era uma terrível mentirosa, nunca soube... Acho que por isso minha adolescência foi limitada a seriados, filmes, livros e estudar, porque tinha certeza se eu fizesse algo de errado todos saberiam na mesma hora que olhasse para o meu rosto. E agora eu teria que mentir para o mundo todo e eu não tinha a mínima ideia de como fazer isso.'