When the Snow Starts to Fall escrita por TsunChan


Capítulo 12
Capitulo 12


Notas iniciais do capítulo

Bom, u estive fora por muito tempo. Já estava tudo pronto e mesmo assim eu não conseguir postar. O porquê? Sinceramente, eu não gostei da forma como eu fiz o final dele e mesmo assim não consegui alterar de uma forma que me agradasse. Por fim, eu acabei ficando confusa e perdi o horizonte que eu tinha da minha própria criação.
Darei mais explicações lá embaixo, mas por enquanto, aproveitem o capítulo!!



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O barulho das folhas balançando sob o vento frio de inverno era como a trilha sonora da fala de Jules. Ele narrava de forma lenta e calma, apesar de suas mãos se mexerem constantemente, ansiosas. Em dados momentos, Colin complementava ou corrigia Jules e era possível observar a tensão entre os dois ao relembrar a história. Alex e as garotas apenas escutavam caladas a fala. 

Todos observam a expressão de Alex, que permanecia vazia ate durante os momentos mais tensos. Era quase como se estivesse perdido em pensamentos, em contraste aos seus olhos castanhos estavam presentes e acompanhando cada movimento, cada abrir e fechar da boca, cada respiração pesada. 

Quando as palavras se esgotaram e o silencio tomou o lugar, o garoto levantou mecanicamente da árvore onde estivera sentado durante a narrativa. Tirou o pó da calça e olhou para os garotos que observavam seus movimentos com curiosa expectativa. 

—Bom, o que eu posso dizer? Não é como se isso me afetasse. 

Alice mordeu o lábio, rejeitando a esperança que surgia. Jules franziu o cenho. 

— Você não se importa com o que fiz? 

— Eu deveria? Jules, não importa o que você antes. Eu só conheço o você de agora, que é bom e gentil. Nada mudou, apesar de me sentir um pouco decepcionado. — Alex deu de ombros 

— Eu falei que ele não iria ficar bravo ou algo do tipo. — Piper se levantou também 

— Ah, mas eu estou bravo. Incrivelmente puto com todos vocês. 

Alex se virou, e ainda sem expressão alguma, encarou os rostos dos amigos, prestando atenção especial em Alice. A garota estava perplexa. 

—M-mas você disse que não importava... 

— O passado não importa. O faro de todos saberem e esconderem de mim é que importa. 

—Alex...— Alice se levantou e segurou o pulso do amigo. Ele observou a mão que o segurava como se estivesse vendo um tentáculo ou algo estranho —Não foi por mal... 

—Não foi por mal? Bom, não parece. O que você achou que eu sentiria por ser excluído? Felicidade? Achou que eu ia rir e abanar o rabinho, perdoando? — ele se soltou do aperto e começou a caminhar para ir embora — É melhor eu ir antes de mandar todos vocês irem pro inferno.

Colin que ficara em silêncio ate o momento, observou Alex se afastar e se perguntou o tamanho real da cagada que eles tinham feito. 

Horas se passaram. Nenhum dos 3 havia encontrado com Alex desde então. 

 

 

O céu estava laranja com o recorrente pôr do sol e algumas estrelas pálidas começaram a surgir. Havia uma movimentação crescente na entrada da floresta,  na sua maior parte adolescentes carregando mesa e bebidas. Era a preparação para a festa que teria momentos mais tarde. 

Jules ajudava com algumas coisas pequenas, enquanto Piper e Alice dividiam uma Coca não muito longe dali. Conversavam sobre coisas triviais, mas Alice deixava de prestar atenção muito rápido e Piper acabava falando sozinha. Apesar disso, nada transparecia os acontecimentos pelos quais a garota passou a menos que algumas horas. 

— Você está lidando bem com isso — Piper comentou, depois de ser deixada no vácuo pela terceira vez — Você estava um pouco sensível esses tempos, então imaginei que choraria até irmos embora 

Alice encarou o sol poente pensativa, mexendo no seu cachecol azul. 

— Bom, eu pensei que deveria me divertir um pouco nesta viagem. Não quero que meu sacrifício de acordar cedo tenha sido em vão.  

Ela  olhou a amiga com um sorriso melancólico e Piper conseguiu enxergar através daquela mascara que Alice sustentava. Havia ali a vontade de chorar, de se esconder e mesmo assim... 

Piper envolveu a amiga em um abraço, a sufocando com os peitos sem querer. 

— Idiota! Com todos esses acontecimentos, a viagem está mais emocionante do que eu poderia esperar. 

— Piper... Sufocando... Peitos...  

  

Colin decidiu passar seus últimos momentos antes da festa caminhando pelo terreno. A mesma coisa que fizera horas antes com a pessoa que, no momento, não deve querer vê -lo. O garoto suspirou. Ele havia conhecido os outros a contar para Alex. Se arrepender não era certo nem adiantaria de nada. Não servia sequer para suprimir a ansiedade que corroía seus órgãos internos. 
Continuou sua caminhada, que diferente da ultima, tinha um trajeto mais próximo do alojamento. E esse foi seu erro. 

Logo ali, sentado no chão com as costas apoiadas no muro que servia de limite para o bosque, estava a pessoa que não queria vê-lo. Alex observava o nada, com olhos vidrados e distantes. Colin suspeitava - e estava correto- que estaria pensando no que eles lhe disseram a tarde. 

Colin não queria interrompe-lo, então recuou um passo onde um maldito galho o esperava para ser pisado. O barulho sutil acabou por chamar a atenção de Alex. Os olhos do Colin se arregalaram ao encontrar os castanhos de Alex. 

— Alex, eu só estava passando. Desculpa se.... 

Alex deu de ombros. 

— Tudo bem, não precisa ir por causa disso. Na verdade, senta aqui do meu lado. Estava começando a ficar solitário. 

Colin se sentou e depois de um breve momento começou a rir. 

— O que foi? — Alex franziu a testa 

— Eu sei. É só — Colin se virou para olhar o rosto confuso do garoto — Eu esperava que você nunca mais falaria comigo. Ou que pelo menos demoraria alguns dias para voltar a se comunicar. 

Alex revirou os olhos. 

— Estar falando com você não significa que não estou chateado — ele suspirou — Só que tudo isso é confuso. Não parece entrar na minha cabeça que Jules pode ter feito aquilo. 

— Bom, naquela época pareceu meio previsível. Sabe, ele era meio delinquente e tal... 

— Mas humilhar uma garota por pura diversão parece algo absurdo demais, mesmo com as influências que ele teve. 

Colin trincou os dentes e suas sobrancelhas estavam unidas. 

— Nunca acreditei nessa desculpa, você sabe. 

— E Emma? Você teve notícias dela depois? 

— Só o que você já sabe: depois da tentativa de suicídio, o quadro dela era grave e os pais proibiram todas as visitas. Já passou tanto tempo. Ela pode estar... — a voz de Colin falhou e ele sentiu falta de ar, como se tivesse levado um soco no estômago. 

Alex alcançou seu pulso e o apertou. 

— Desculpa, eu não devia ter tocado nesse assunto, mas vocês falaram tão pouco do que aconteceu depois com ela. 

Silêncio foi o que recebeu em resposta. Ficaram ali sentado por alguns minutos, os corpos ligados apenas pelo aperto de Alex no pulso de Colin. 

Colin se levantou abruptamente, se afastando do toque. 

— É melhor eu ir. Tem aquela festa hoje a noite. — ele se afastou alguns passos antes de se — Você irá? 

Alex encostou a cabeça no muro e fechou os olhos, respondendo de forma suave quase como se estivesse prestes a pegar no sono.

— Talvez você me veja lá. 
 

Os planejadores da festa tiveram que se esforçar para fazer da clareira um local adequado ao planejamento. Colocaram mesas nos cantos, cheias de comidas e doces, para não atrapalhar quem estivesse disposto a dançar. Bancos e troncos de árvore se espalhavam em volta de uma fogueira e luzinhas piscantes foram enroladas nos troncos de árvores.  

As pessoas chegaram aos poucos e algumas delas conversavam alto, rindo. Em algum momento, colocaram uma música pop famosa e algumas pessoas começaram a dançar. Menos de 20 minutos foi o tempo necessário para que a clareira decorada se transformasse em uma digna festa adolescente. 

— Ainda bem que o tempo abriu. 

— Seria impossível com a chuva de ontem. 

Algumas garotas comentavam, se ajeitando e alisando as roupas bonitas e escolhidas exatamente para a ocasião. Colin passou por elas, sem se deixar prender pelas palavras, seguindo para os rostos alegres que acenavam. 

— Colin! Fiquei sabendo da confusão de ontem, como o Alex está? E a Alice? E... — Provavelmente haveria mais um bombardeio de perguntas, mas elas foram evitadas por um cutucão de James. 

— Se acalme, Peter. Ele acabou de chegar. — James se virou para Colin - Yo, Colin. Quer uma bebida? 

— Isso não é ilegal? 

— Apenas se você acreditar que seja — Peter passou os braços pelos ombros de Colin e o guiou para mesas de bebidas. 

— Acho que isso não fez sentido. 

— Acho que você devia parar de discutir e relaxar, Colin — James disse enquanto colocava um copo vermelho cheio de líquido desconhecido na mão do garoto. Cheirava a refrigerante. E álcool. 

Colin franziu o cenho, mas sob os olhares ansiosos e divertidos dos amigos, acabou por beber um gole. Ele cuspiu tudo no segundo que tocou sua boca. Peter e James caíram na gargalhada e Colin não pode deixar de rir com eles.  

Do lado oposto de onde os três estavam, um par de olhos cinzas inquietos, como em uma busca por outro par de olhos. Jules se remexeu inquieto no meio do grupo de sorrisos clareados e cachos loiros tingidos. Ficara desacostumado com esse tipo de gente e no momento eles pareciam insuportáveis de se lidar. A verdade que ficar com Alex, Alice e até Colin era melhor do que fingir sorrisos e piadas rasas, além do que ele realmente se divertia. Até com o Colin. 
 

— Que droga! Que droga! — Alice dizia para seu reflexo no espelho enquanto tirava a sexta tentativa de delineador gatinho de seus olhos — Por que tão bonitinho, mas tão complicado? 

— Se eu fosse você, desistia. Seus olhos estão vermelhos como se você tivesse passado a noite anterior inteira chorando — Piper deu um sorriso malicioso, enquanto Alice bufava. 

— Não foi a noite inteira. — ela largou o delineador na pia cheia de algodões sujos de demaquilante e se virou para a amiga — E você bem que podia me ajudar a fazer isso. 

Piper sacudiu o cabelo loiro e Alice lembrou de um Golden retriever se sacudindo após o banho. 

— Nem pensar. Você sabe o quanto a minha mão treme.

— Urgh. Vou tirar. 

— Finalmente, a voz da razão — Piper levantou as mãos para o céu, como alguém que agradece o fim de uma tortura. 

 
 

Os professores haviam feito vista grossa, então não haveria reclamações sobre a música alta (e o conteúdo dela) ou sobre o horário do fim da festa, mas os alunos teriam de seguir algumas regras: 

—Sem bebida 

—Sem visitas ao dormitório do sexo oposto 

—Sem passeios na floresta (essa tinha um pouco a ver com Alex e Jules) 

  

Alice e Piper saíram do alojamento quase meia hora depois do inicio da festa. Andavam conversando tranquilas enquanto se aproximavam da musica e das conversas. Piper vestia a calça que comprara fim de semana passada e um casaco gigantesco que disfarçava um pouco o excesso de peso, se sentindo mais confortável que nunca. Por outro lado, Alice fora forçada a usar uma saia justa e botas e tremia um pouco. Seu cabelo foi trançado por Piper e a maquiagem simples disfarçava as pálpebras vermelhas. 

— Alice... — Alex chamou, logo atrás delas. 

— Alex, você não... 

— Precisamos conversar. — ele completou e interrompeu qualquer pergunta que ela poderia ter feito. 

— Bom, eu vou indo primeiro. — Piper saiu devagar, sem deixar de olhar para os dois — Se cuidem. 

 Alice olhou para o melhor amigo e não pode deixar de notar o quão bonito ele estava. Alex era preguiçoso demais para se arrumar diariamente, mas Alice tinha que admitir que, quando importava, ele se superava. Naquela noite, vestia um casaco de couro gasto que combinado com o olhar sério, dava um ar de rebeldia atraente. Era em momentos assim que se podia ver o porquê de tantas garotas interessadas por um cara gay.

Ainda, Alice não conseguia olhar para ele sem sentir culpa. 

— Por que você ta fazendo essa cara? Por que você sempre faz essa cara quando me vê? — Alex finalmente falou. 

— Cara? Deve ser porque é a única que tenho. — a garota respondeu com ironia. Alex ignorou e se aproximou alguns passos. 

— Nessas ultimas semanas, toda vez que vou conversar com você, parece que sou a policia e você um assassino. Você evita meu olhar. Parece que você está escondendo algo de mim. 

— Alex, deixa de paranoia. Eu não to escondendo nada de você. Juro.  

Liz proferiu as palavras devagar com toda a firmeza que possuía, mesmo quando seu estomago estava contorcido e revirado. Alex olhou pra ela e balançou a cabeça, como se negasse, e quando os Alice olhou para os seus olhos viu decepção. 

— Você franziu o nariz — ele se afastou dela, parecendo machucado -Você está mentindo. 

— Eu o quê? — Alice soltou um riso nervoso — Você só pode estar brincando... 

— Eu devo estar brincando? — Alex levantou a voz — Alice, eu te conheço há anos e você ainda acha que não sei quando está mentindo? 

Ele virou se de costas para ela e passou as mãos no cabelo, quase os arrancando com sua força ao faze-lo. Quando se virou novamente, Alice pode ver as lágrimas escorrendo pelo rosto do amigo e isso a atingira mais do que qualquer acontecimento das últimas 48 horas. Péssima amiga, ecoava na cabeça dela. 

— Liz, a gente um dia vai voltar a ser o que era? — as palavras saíram como um sussurro da boca de Alex, seus olhos eram suplicantes como o de um cachorro que apanhara demais — Vamos voltar a nos falar sem mentir? Conversar a noite inteira sem filtros ou desculpas? Sem esse olhar de culpa? 

— Alex... — Alice balbuciou. Sim, ela queria gritar, Vamos sempre ser amigos. Mas nesse momento, parecia que nada disso era correto. 

— Por favor, me conte a verdade. Não importa qual seja o seu crime, nem o que você tenha feito, só por favor, me diga a verdade. 
 

Silêncio. Alice olhava os pés, o sapato desconfortável que usava e se sentiu falsa. Fria. Patética. Não conseguia olhar para o amigo que lhe implorara por respostas; não poderia. Não sabia como dizer que o cara que Alex gostava, o mesmo cara que fazia o amigo sonhar e sorrir feito bobo, também a fazia se sentir assim. Não podia falar que toda força, incentivo que dera tinha escondido uma ponta de mágoa, inveja. Que as vezes ela se pegava torcendo para que tudo dê errado. Ela não podia dizer nada disso. Alice se sentia uma hipócrita; sempre falara que "antes amigos do que amores" e agora quando tinha que escolher um dos dois, não se via apta a abrir mão de nenhum. 

— Tudo bem, então. Não fale nada — Alice tremeu, sabendo o que estava por vir. Não, por favor , não diga mais — nunca mais. É mais fácil assim do que ficar mentindo, não?  

Ele limpou os olhos com a manga rapidamente e saiu, sem olhar pra trás. Se olhasse, veria uma garota caída de joelhos, soluçando e tentando gritar seu nome. 

 
 

Alex estava cansado. Gritar o deixava cansado. Pensar o deixava mais ainda e era somente isso que fez o dia todo. Pensou na história de Jules, em Emma, em Colin e em Alice. O que mais poderia fazer? Estava um caco e ir para a festa não ajudaria em nada. Só lhe restava pensar.... 
 

Todos olharam para Jules, esperando o inicio. Ele respirou fundo e mexeu nos cachos, olhando para seus próprios pés. Limpou a garganta e começou 

"Foi no fundamental. Penúltimo ano e as coisas estavam mais paradas que nunca. Naquela época, eu andava com alguns garotos...Eu era tipo de garoto que fazia as coisas por pura diversão e naquele ano, crueldade era sinônimo de diversão. Brigar com alunos mais velhos, irritar os professores eram coisas de rotina e estávamos ansiando por algo maior e mais chamativo. Foi quando ela apareceu." 

Colin estalou a língua. Pelo visto estavam chegando na parte que o irritava. Jules apenas continuou, ignorando-o. 

"Mesmo sendo um babaca, as garotas gostavam de mim. Mandavam cartas, presentes... Eu sempre vi as garotas como um incomodo. Até a Emma se aproximar de mim. Ela era diferente; passava o tempo praticamente isolada, lendo e de vez em quando conversava com alguém. Quando ela veio falar comigo... Bom, fiquei surpreso. E ela disse, do nada, que gostava de mim. Eu apenas iria rejeita-la, mas meus amigos da época tiveram um ideia diferente. Emma era a chance de ter a diversão que esperavam" 
 

— Argh — Alex segurou a cabeça com os braços e sacudiu até ficar meio zonzo. Não aguentava mais ficar pensando nessa história , nada tinha a ver com ele de qualquer forma. Mesmo assim o incomodava. Distração. Alex precisava disto. Precisava encher a cara e chutar latas de lixo como um adolescente normal, invés de se preocupar com as teorias de conspiração que envolviam seus amigos. 

Pare de pensar e faça. 

Ele se levantou da onde estava e seguiu a musica alta como Dorothy seguiu a estrada de tijolos amarelos.  
 

— Alice, que merda você ta fazendo?! — gritou Piper, enquanto tirava o copo da mão da garota.  

— O que? — Alice disse rindo, claramente alterada — Me divertindo, oras. Essa viagem ta um shaco  

Alice se desvencilhou dos braços da amiga e virou mais um copo cheio. Tudo girava e ela girava junto, rindo, dançando. Se sentia leve e livre, como se pudesse fazer qualquer coisa. A garota nunca se sentira assim. E tudo o que fez foi tomar um copo. Depois outro e outro... 

Alguém trombou nela e quase a fez cair no meio da multidão. 

— Alice? O que aconteceu? — Jules a segurou pelos ombros — Você ta legal? 

— Nunca estive melhor — Alice sorriu debilmente — E você, Julessss? Você ta tão bonito hoje.... 

O garoto suspirou, enquanto ela passava a mão por seus cabelos. Murmurou um "vamos sentar ali" e a arrastou, causando uma serie de protestos manhosos. 

— Liz, quantos copos você bebeu?  

Alice apenas olhou para ele, os olhos vidrados e o sorriso molenga traduzindo a mensagem de que ela não estava prestando atenção. Jules a sacudiu de leve. 

— Alice! Presta atenção: Quantos copos você bebeu? 

— Hum — pensou a garota — Acho que parei de contar depois do quinto...

— Meu deus — Jules sussurrou e Alice teve mais um acesso de riso. 

— Bom, fique aqui — Jules segurou os braços dela, já que ela parecia ondular — Vou buscar uma garrafa de água... Alice? 

— Eu gosto do seus olhos, Juless — Alice se aproximou e segurou o rosto do garoto tão próximo que conseguia sentir a respiração em seu rosto — Mas de qual cor eles são? 

Ela se inclinou um pouco mais, quase mergulhando nos olhos cinzentos dele. Jules apenas a observou sem se mexer. 

— Acho que é a mesma cor do céu — Alice se aproximou mais um pouco, os narizes se tocaram — antes da tempestade. 

Finalmente, o espaço que havia entre os dois desapareceu em um suave tocar de lábios. Jules reparou que tinha um gosto forte, provavelmente era da bebida da Alice. Ele a afastou. 

—Alice, o que você está fazendo? 

— Eu sei, seu bobo — Alice riu, tropeçando nas palavras — Eu gosto de você. 

— Bom, então é isso que você não me contou — Alex apareceu na frente dos dois, não conseguia esconder a expressão de choque — Interessante. 

— Alex? -Alice piscou uma, duas vezes, antes de se dar conta do que realmente estava acontecendo — Não é isso... 

 Alex não disse nada; apenas se virou e foi embora, deixando Alice novamente olhando para suas costas. Ela tremeu e sentiu vontade de vomitar. 

— Alice, você está bem? — as palavras de Jules apenas a fizeram se sentir pior e Alice não pode evitar se não vomitar nos pés do garoto. 

 

Alex caminhava lentamente, na velocidade oposta aos seus pensamentos. "Por que?" Ele se perguntava "Porque tudo dá errado pra mim?". Ele trincou os dentes e apertou os punhos com força, marcando a palma das mãos com a unha. Alex se sentia traído, enganado, feito de trouxa e o mais doloroso de tudo era que sua amiga de infância estava segurando a faca que o apunhalava. 

Alex tropeçou em uma raiz e caiu no chão, enterrando as mãos na terra. Ele queria gritar, mas a raiva trancara sua garganta. Ele queria chorar, mas nada saia dos seus olhos. Então ficou ali parado, no limite do bosque, tremendo. 

Havia uma voz distante que o chamava, mas aos ouvidos do garoto eram apenas ecos. Só se deu conta do dono da voz quando Alex já estava em seus braços. 

— Alex, — Colin estava de joelhos, assim como Alex, e em algum momento pusera seu casaco nos ombros do moreno — está tudo bem. 

— Colin — Alex não conseguia ver seu rosto, apenas sentia o cabelo do garoto roçando em sua bochecha 

— Tudo bem — Colin afagou os cabelos do garoto.  

Foi como uma torrente, Alex simplesmente não conseguia se conter mais. As lágrimas escorriam livremente por seu rosto, encharcando a camiseta de Colin. Suas mãos seguravam firme o tecido, enquanto Colin apenas afagava seus cabelos pacientemente, sussurrando "tudo bem, está tudo bem" sempre que os soluços abalavam o outro. 

— Colin, você viu o que aconteceu. 

— Sim — Colin respondeu, mesmo não sendo uma pergunta. 

— Você não parece surpreso. 

Silêncio. 

— Você já sabia? — Alex sussurrou. 

Colin não disse nada por um tempo. Se fosse em uma circunstância normal, iria negar e se fingir de tolo. Não era sua função delatar alguém, ainda mais quando não era mais necessário fazer isto. Mesmo assim, ele estava se sentindo mais leve do que o costume naquela hora.

— Ela me contou — as mãos do moreno empurraram o peito de Colin, se afastando o suficiente para que sua expressão de choque estivesse aparente — Alex, ela ia contar... 

—Quando? —Alex apertou os punhos — Depois de casada e com filhos? 

Colin não disse nada. 

— Colin, eu pedi pra ela — a dor em sua voz era evidente — praticamente implorei para ela contar o que estava escondendo. Mesmo assim...  

Colin não sabia o que fazer diante do amigo. Ele estava desolado e sua mãos começaram a tremer. 

— Ela só precisava ter me contado. Eu não iria ficar bravo. — Alex sussurrou para o chão. 

  

Quem visse Alex na manhã seguinte não imaginaria que o garoto passou boa parte da noite soluçando. Ele parecia completamente normal e até mais animado que nos dias anteriores. Alice sabia que era só fachada, mas flagrou a si própria imaginando que ontem a noite fora apenas um sonho ruim. Infelizmente, a professora Isabel estava lá para ajuda-la a não se perder da realidade. 

— Que decepção, senhorita. Esperava tudo, menos isso de você. 

Se não bastasse o olhar de reprovação e os cochichos, ainda estava sentindo uma terrível dor de cabeça e parecia que tinha lambido um corrimão. Deu graças a Deus quando finalmente pôde se sentar no banco do ônibus e ignorar que seu mundo estava desmoronando aos poucos. 

Colin também não estava tendo um bom dia. Dormira mal a noite e estava morto de cansado. Mas o pior de tudo era Alex. O garoto estava deprimido e tinha a teoria de que quanto mais falar, mais fácil de ignorar a dor. O único problema, do ponto de vista do Colin, era que o todas as conversas giravam em torno de Jules. Seus ouvidos não aguentavam mais e assim que se sentaram no ônibus, Colin sorriu forçadamente. 

— Eu ficaria muito feliz se você parasse de falar do Jules — era o que queria dizer, mas as palavras não saiam. Não se sentia no direito de fazer isso neste momento onde tudo parecia tão estável quanto um castelo de cartas. Então, disse apenas que iria dormir. 

A viagem seguiu semelhante a ida: com risos e pessoas falando alto, ofuscando aquelas em silêncio e perdidas em pensamento. Assim, acaba o período de provas que antecede o feriado. 


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Notas finais do capítulo

É isso. Bem abaixo do que eu queria escrever. Sinto que ficou dramático e até um pouco cansativo. Espero que tenham uma opinião diferente da minha.
Estou passando por um momento meio estranho da minha vida e já aviso que um hiato não é impossível. Espero não chegar a esse ponto.
Até o próximo capítulo!! :3



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