Obsession escrita por Cris Turner


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a mariana1002. Muito obrigada pela indicação. Fiquei muito feliz *-*



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Capítulo 4

"Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que haja falta de amor."

(Vladimir Maiakovski)

Ajeitei a alça da mochila enquanto olhava o prédio escolar. Soltei um riso seco ao notar que, por mais clichê fosse, o mundo realmente parecia mais cinzento. Talvez as coisas perdessem mesmo o brilho quando você assiste seus sonhos morrerem.

Sacudi a cabeça. Quando eu transformara minha vida em uma tragédia grega? E que droga de tom melancólico era esse?  Edward Cullen não era o único homem no mundo e eu não era o tipo de garota fraca que depende de alguém para tudo. Vai ser difícil, vai ser penoso, mas eu vou superá-lo.

- Vamos lá, Bella. Você já chorou tudo que tinha para chorar. Você é mais forte do que isso. – murmurei sozinha enquanto entrava na escola.

Andei em silêncio pelos corredores amontoados de gente até chegar à frente do meu armário. Armário o qual – depois de muito esforço – passou a ser ao lado do armário de Edward.

“Minha própria perseguidora!”

Estremeci. Mais uma vez ele tinha razão. Eu até pediria para a Carter re-trocar de armário comigo, mas tenho a impressão de que ela me mataria por sequer pensar sobre isso. Afinal, foram longas semanas correndo atrás dela para “armário ...isso...” e “por favor, por favor... aquilo...” Nem eu mesma me suportei naqueles dias. Cada idiotice que eu fiz por Edward. Não que a culpa fosse dele, não era e nem nunca foi. Mas mesmo assim o Cullen continuava sendo a causa e a finalidade das minhas ações estúpidas. Bati a porta do com força depois de alcançar o livro de biologia. Acho que algumas pessoas viraram a cabeça para olhar a fonte do estrondo. É, eu acho. Não prestava muita atenção no que acontecia ao redor. Isso não importava.

Arrastei meus pés em direção a que costumava ser a minha aula preferida. Levei cada segundo possível para completar o trajeto. E digo isso literalmente. Tanto que, quando finalmente cheguei à sala, até mesmo o professor Tardelly já estava lá, discursando sobre a importância da evolução das plantas.

- Com licença, professor, posso entrar? – o interrompi

Tardelly abaixou a cabeça e olhou para o relógio de pulso e depois para mim. Acho que ele realmente considerou a possibilidade de me dar um sermão sobre atrasos ou quem sabe nem mesmo me deixar entrar, mas eu arqueei, ironicamente, a sobrancelha ao ver sua boca se abrindo. Sua expressão mudou, dando-se conta, talvez, de que ele era a última pessoa no mundo que podia reclamar sobre atrasos.

- Entre, senhorita Swan. Mas que isso não se repita. - resmungou – E agora... onde é que eu estava mesmo?

Limitei-me a seguir para minha bancada. Edward já estava lá, ocupando seu lugar como meu parceiro.

- Bom-dia. – falei mecanicamente para ele.

Depois me sentei em meu lugar, abri o livro em qualquer página e soltei a mochila no chão. Apoiando o cotovelo sobre a bancada, descansei o rosto sobre a mão. Fixei a atenção sobre o professor, mas nada do que ele dizia penetrava a minha mente. Estava sendo um suplicio ficar tão perto dele depois de... tudo. Ainda mais quando eu podia sentir seu olhar sobre mim. Talvez ele estivesse se perguntando se eu havia criado uma tática nova de ataque.

Ao invés de ir direto contra a linha de frente, eu iria combater pelo lado desprevenido? Sabe, aquela velha estória de: se você corre atrás eles fogem, se você ignora eles que correm atrás.

O.k.. Talvez eu merecesse que Edward pensasse que eu era absolutamente descontrolada emocionalmente. Contudo, isso iria mudar. Com o tempo, ele perceberia que minhas novas atitudes era minha forma de mostrar que a realidade havia se feito presente. Essa percepção, todavia, demoraria a acometê-lo. Porque nesses últimos anos houve momentos em que eu tentei “forçá-lo” a perceber seu sentimento e a contá-lo a mim. Como naquela vez em que eu arrumei um namorado para deixá-lo com ciúmes.

É claro que não funcionou.

Para você ficar com ciúmes, é preciso gostar da pessoa.  Em minha defesa, posso afirmar que na época parecia ser um ótimo plano! “Parecer...” acho que já tomei toda a minha dose de “nem tudo que reluz é ouro”. Estou igual uma  daquelas velhinhas de noventa anos que se arrependem de terem, aos dezenove anos, se casado com o homem que tinha o mercadinho na esquina e que era o escolhido de seu pai ao invés de se casarem com o adolescente - com uma Harley vermelha - por quem eram apaixonadas. Pelo cansaço físico que meu corpo demonstrava, eu realmente poderia me passar por uma velhinha de noventa anos...

Pulei de susto ao ouvir o estridente sinal que indicava o final da aula. Já? Era bom ver que pelo menos algumas coisas nunca mudavam. A aula de biologia continuava voando. Recolhi meu material o mais rápido que pude e sai dali. Se eu não tivesse feito a idiotice de implorar a secretário que alterasse meus horários, eu teria aula de química agora. Porém, eu tinha que acrescentar essa ação para minha “Lista de coisas estúpidas”. Então, no momento eu tinha aula de cálculo. A sala estava quase lotada. Havia dois lugares na primeira fileira e dois lugares na última. Normalmente, eu correria para sentar no lugar vago ao fundo, pois sabia que Edward ocuparia a carteira ao lado. Joguei minha mochila sobre a carteira em frente à mesa do professor, então passei a vasculhá-la a procura do livro necessário. Foi quando senti aquele perfume maravilhoso, lutando contra o reflexo de virar a cabeça para olhá-lo, continuei remexendo minhas coisas. Mesmo assim, pude notar que ele demorara mais do que o necessário para passar por minha carteira. Provavelmente estava se certificando de que não era uma ilusão, que eu estava mesmo longe dele.

As outras aulas passaram rápido. Já era hora do almoço. Corri para o refeitório e comprei uma barra de cereal. Alice acenou para que eu fosse me juntar a eles. Dessa vez Edward, que me olhava de maneira muito estranha, estava junto. Acenei de volta, fazendo sinal de que voltaria depois. Precisava fazer uma coisa importante antes.

Bati de leve na madeira da porta aberta, fazendo com que a senhora do outro lado do balcão levantasse a vista de sobre alguns papéis.

- Olá senhorita Cast.

- Senhoria Swan. – resmungou – O que trás a senhorita aqui?

- Bom, a senhorita se lembra de quando eu pedi para a senhora alterar meus horários? – falei, tentando soar o mais inocente possível.

- Como eu poderia esquecer? Você passou intermináveis três meses falando na minha cabeça para que eu mudasse todos os seus horários! – cuspiu.

- Bom, não foram todos, todos... – parei ao notar sua expressão assassina – O.k.. De qualquer jeito não foi por isso que vim ver a senhora. Não foi totalmente por isso...

- O que você está tentando dizer, senhorita? – podia sentir a raiva borbulhando por de baixo da calma aparente.

- Eu bem... eu queria saber se eu poderia ter o meu antigo cronograma de volta. – retorci as mãos nervosamente.

O silêncio reinou durante um minuto inteiro antes que ela explodisse:

- Você o quê?

Parou outra vez, inspirando e expirando profundamente várias vezes. Cast tirou os óculos, fechou os olhos e, com a outra mão, começou a massagear a ponte do nariz.

- Desculpe, Swan. É que por um momento pensei ter ouvido você dizer que queria mudar seu cronograma outra vez.

- Foi isso que eu disse, senhorita Cast. – sussurrei, quase torcendo para que ela não ouvisse.

Ela ouviu. Seus olhos se abriram em um estalo, a mão que fazia a massagem – agora em sua têmpora – parou. Senti as ondas de raiva atravessarem a sala e me atingirem.

- Vamos recapitular, senhorita Swan. – seu tom ia aumentado a cada palavra – Você me importunou incansavelmente durante os três primeiros meses do ano, praticamente chorando para que eu trocasse suas aulas. E, depois de finalmente me vencer pelo cansaço, conseguindo o que queria... você quer o antigo cronograma de volta? – ela terminou de maneira tão acalorada que acho que até meus pais, os quais estavam trabalhando do outro lado da cidade, ouviram.

- É... acho que é isso mesmo... – falei baixinho, as bochechas queimando.

- Eu sinto muito, mas isso não será possível... – tom voltou ao normal – Mais alguma coisa? – recolocou os óculos e tentou ajustar os fios que escaparam de seu coque severo.

- Por favor. Eu tenho um bom motivo! – falei, mesmo sem esperanças.

- Foi o que você disse da última vez, querida. – retrucou suavemente.

Balancei a cabeça, suspirando. Eu já pressionara tanto essa gentil mulher – que sempre foi um doce – a ponto de fazê-la gritar aos quatro ventos. Passei dos limites... outra vez.

- Obrigada de qualquer jeito.

Enquanto caminhava pelos corredores deserto, empurrei a barra de cereal para meu estômago. Não estava com fome, mas ficar fisicamente doente era a última coisa que precisava no momento. Girei o pulso para consultar o relógio. Falta menos de dois minutos para o fim do intervalo, não compensava atravessar a escola para voltar ao refeitório, por isso fui direto a sala onde teria a próxima aula. História. Quem sabe eu conseguisse prestar atenção nesta que era a minha matéria favorita. Acomodei-me sobre a primeira carteira da fileira encostada a parede.

Detesto sentar na frente. Edward também.

Bom, juntando meu amor pelo fundão e por Edward... eu tinha ótimo motivos para me manter longe da primeira fileira durante meus anos escolares. O sinal tocou e, aos poucos, a sala foi enchendo. Batia ritmicamente os dedos sobre o tampo da mesa, encarando o nada, quando ouvi uma voz grossa perguntar:

- Hey Cullen, vai ficar congestionando a passagem?

Dessa vez não fui rápida o suficiente para conter o reflexo. Virei a cabeça e encontrei o olhar confuso de Edward. Fiquei presa ali por uns instantes até a mesma voz de antes dizer:

- Cullen, é sério, cara. Ninguém vai conseguir passar se você não se mexer.

- Foi mal, cara.

Edward sacudiu a cabeça, parecendo ter acabado de despertar. Ele quebrou o contato visual ao dar um passo para o lado a fim de sair do caminho das pessoas, mas logo o retomo. Havia algo de muito diferente na maneira em como ele me encarava. Inclinei a cabeça para o lado, tentando analisar o que... foi quando me dei conta do que estava fazendo. Voltei a posição em que me encontrava antes de todos chegarem, piscando algumas vezes para tentar clarear a mente.

Será que... Oh! Por favor! Talvez eu precise de um médico... ou que sabe um pouco de vergonha na cara. Porque, até mesmo depois da verdade nua e crua ter sido esfregada em meu rosto, eu continuava criando ilusões.


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Notas finais do capítulo

N/a: Hey loves *-*

Fiquei muito feliz em saber que vcs estão gostando da fic =D

E eu não demorei nada pra atualizar essa fic, hein? ;)



Espero qe gostem. Lembrem-se: Edward NÃO sabe que a Bella escutou tudo. ;)



Beijoos ;*



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