Obsession escrita por Cris Turner


Capítulo 3
Capítulo 3




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Capítulo 3

"Se eu te amo, o que você tem a ver com isto?" (Johan Wolfgang Von Goethe)

O relógio em meu pulso marcava 21h30min quando passei pela porta principal da casa dos Cullen.

- Anda logo Bella. – falou a pequena generala do alto das escadas.

- Tirana – resmunguei enquanto subia os degraus.

Fiz uma nota mental de nunca mais – nunca mais mesmo – deixar Mary Alice Cullen me arrastar para um shopping. E não importa que argumento ela use. Porque cada vez que eu tinha que passar pela sessão - tortura – compras, minha conclusão - de que aquilo não valia à pena mesmo rendendo alguns minutos com Edward - ganhava mais força.

- Bella, preciso de um favor.

Alice estava sentada em sua cama, revirando todos os pacotes que comprara.

- Oh Deus, o que é dessa vez?! - Olhei inconsolável para o teto.

Sem nenhum cuidado ou paciência, joguei as centenas de sacolas que estavam em minhas mãos, direto para o chão.

- Hey! Tome cuidado com isso! – saltou da cama e veio em minha direção. – Eu preciso que você vá até o quarto do Edward chamar o Jazz.

- Que? – sacudi a cabeça confusa – O Jasper está aqui? E por que sou quem tem que chamá-lo?

- Sim, ele está aqui. Mandou-me uma mensagem quando estávamos no shopping, dizendo alguma coisa sobre vir aqui me ver depois de ir ao Rox’s. E eu não posso chamá-lo porque estou procurando o presente dele.

- E não pode procurar depois? – perguntei o óbvio.

Não que eu não quisesse ver o Edward, mas estava realmente muito cansada.

- Não, pois é uma surpresa. – falou como se eu fosse uma criança de dois anos.

  Apesar de eu ter milhares de argumentos plausíveis para rebater essa afirmação, preferi me dar por vencida. Discutir com Alice era como esperar para ver o verdadeiro Papai Noel: cansativo, desapontador e frustrante.

- Está bem. Está bom. Estou indo. – resmunguei.

Arrastei-me para fora do quarto e caminhei até o final do corredor, virei à esquerda e lá estava a porta do dormitório do meu amor.

Passei a mão por meus cabelos, tentando ajeitá-los. Respirei fundo. Estava prestes a bater na madeira lisa quando ouvi meu nome ser pronunciado dentro do quarto. Minha mão parou no ar e fiquei bem quieta. Sabia que era invasão de privacidade, mas minha amiga Curiosidade não estava se importando nem um pouco.

- Se você realmente pensa isso, deveria falar com a Bella. – Jasper falou de forma serena.

- Eu sei. Sei que deveria, mas é muito difícil. – respondeu Edward, parecendo resignado.

Meu coração estava acelerado, as borboletas em meu estômago estavam eufóricas e um sorriso imenso se formou  em meu rosto. Será que finalmente Edward assumiria o amor que sente por mim?!

- Mais difícil é manter uma situação insustentável. Você precisa falar com ela.

- Eu sei disso melhor do que ninguém. – Edward parecia cansado – Mas, apesar do constrangimento que ela causa a si própria e a mim com essa maldita perseguição, eu tenho pena de chegar e dizer para parar. Entende?

Meu coração falhou duas batidas. E meu cérebro lançou avisos compulsivos, mandando-me sair dali. Porém minhas pernas não responderam o comando. Continuei onde estava e novas palavras me atingiram.

- Faz mais de dez anos que eu agüento isso! Desde aquele maldito dia que dei uma flor a ela. Acho que Bella encarou aquele presente inocente como um símbolo de amor eterno ou alguma coisa parecida! Maldita hora em que eu resolvi consolar a garotinha que chorava. Tudo porque fiquei com pena! E olha o que eu ganhei com isso!? Minha própria perseguidora! – respirou fundo – A piedade deu início a essa situação e a piedade me impede de colocar um ponto nela. – ficou em silêncio durante alguns segundos, antes de continuar:

- Queria voltar no tempo e nunca ter chegado perto de Bella. Minha vida se tornou um inferno depois daquele dia. No começo eu deixei passar porque não entendia nada mesmo, depois porque achei que ela entenderia que eu não queria nada além da amizade dela. Agora nem amizade eu quero! Eu só queria que Isabella Swan me deixasse em paz! – terminou, a voz cansada.

- Cuidado com o que você  deseja, Edward. – Jasper parecia preocupado -  Porque pode se tornar realidade.

Foi a última coisa que ouvi, pois meus sentidos ficaram entorpecidos. Tudo ao redor desapareceu. Fiquei parada ali mais alguns segundos por não ter certeza de que não ruiria em pedaços caso me movesse. Porém, de alguma maneira, me vi parada em frente à porta principal. 

Não me lembro de ter dado nem um único passo.

Tive que fazer um esforço imenso para alcançar a maçaneta e sair no alpendre. Meus braços e pernas pesavam toneladas. Tal qual meu coração.

De repente uma vontade extremamente poderosa tomou conta de mim. Eu precisava sair daquele lugar. Mas não tinha forçar para correr, então andava de maneira mecânica. Já estava no meio do jardim quando senti uma mão em meu ombro. Minhas costas retesaram e o pânico frio me assolou.

- Bella, você está bem?

Quase desmaiei de alívio ao encontrar Carlisle olhando-me preocupado. Se fosse Edward ali, não sei como agüentaria ainda mais humilhação. Até mesmo pensar no nome dele causou dor, e, por isso, acabei perdendo as palavras do senhor Cullen. Agora o homem casado mais lindo que conheço mantinha a mão sobre minha testa, o cenho franzido. Voltei minha atenção para ele e, lentamente, as frases começaram a fazer sentido.

- Filha, você está bem? Está passando mal?

Sim.

- Não. Estou bem. – sussurrei – Fisicamente bem.

- O quê? – perguntou, atônito.

- Não importa. – suspirei – O senhor poderia avisar Alice que eu precisei ir embora?

- Claro.

Acenei com a cabeça em sinal de agradecimento e recomecei a andar.

- Bella! Como você vai embora?

- Caminhando.

- Não, querida. Eu levo você.

E, dizendo isso, empurrou-me gentilmente para sua BMW. Não discuti. Não tinha forças para isso. Pouco depois, ele parava o carro em frente a minha casa.

- Obrigada – murmurei e sai do carro.

Tive a impressão de que ele estava prestes a falar algo, mas fechei a porta antes que a oportunidade para tal se concretizasse.

Minhas mãos tremiam tanto que só acertei a fechadura depois de cinco tentativas. Quando finalmente venci a porta de entrada, corri tão rápido para meu quarto que nem vi se havia alguém mais em casa. Joguei-me em minha cama, lutando para respirar apesar do bolo na garganta. A dor escaldante em meu peito era tão forte que me impedia de pensar.

Abraçando firmemente meu travesseiro, chorei a noite inteira.

    

xxx

As lágrimas que havia me impedido de dormir um único minuto, secaram. Já era de manhã e meu pai bateu na porta, perguntando se eu não desceria para o café. Respondi que estava com dor de cabeça e que comeria algo depois. Ele pareceu duvidar por um instante, mas concordou.

Eu estava sentada de pernas cruzadas no centro da cama. Minha capacidade de raciocínio voltara, meu coração continuava sangrando e minha visão – pelo que parecia ser a primeira vez em anos – estava desobstruída. Eu estava em um estado lastimável. As palavras de Edward martelavam com força em minha cabeça.

Pena. Ele só conversava comigo por piedade. Sempre preferi que me odiassem a sentirem pena de mim. Minhas bochechas arderam de vergonha, pois, ali, na solidão de meu quarto, pude perceber o quanto meus atos realmente foram dignos de pena.

Vergonha. Eu o constrangia. Todas as vezes que fui ao treino de futebol dele, torcendo por ele, o constrangia. Toda vez que eu saia de onde estivesse só para lhe dizer “oi”, o constrangia.

Isso tudo era tão humilhante. Eu quase podia ouvir a voz aveludada de Edward se tornar impaciente ao descobrir que eu conseguira mudar quase todos os meus horários para coincidir com os dele. Percebi que o contentamento demonstrado por ele ao abrir os presentes de natal ou aniversário que eu passara horas escolhendo, provavelmente era apenas para encobrir o desprezo que sentia. Porém, o pior de tudo, era imaginá-lo sem jeito ao ter que explicar as garotas com quem saía o porquê de ter outra garota – eu - sempre mandando mensagens em seu celular ou sempre por perto.  

Oh Deus! Finalmente compreendi que estava tornando a vida dele um verdadeiro inferno. Exatamente como ele havia dito a Jasper.

Jasper.

Se Edward falou sobre isso com Hale, também pode ter falado com outra pessoa. Quantas pessoas? Quem eram? Por sorte, meu recém-recuperado bom-senso se fez presente, obrigando-me a ver quão falha era essa minha última teoria.

Edward Cullen sempre foi um cavalheiro. Nunca sairia espalhando sua aversão por mim. Nunca me humilharia em público apesar de eu merecer isto, pois, mesmo que inconscientemente, eu o constrangi inúmeras vezes na frente da escola inteira. Contudo, o que mais machucava era saber que Edward se arrependia daquele dia no parque. Cada vez que as palavras dele faziam eco em minha mente, eu sentia como se alguém estivesse arrancando meu coração com uma faca cega. Aquele momento anos atrás foi o mais especial da minha vida. E foi graças a Edward. Mas ele queria esquecer...

Senti meus olhos encherem de lágrimas mais uma vez. E também desejei voltar no tempo. Não para modificar o que aconteceu, mas para tomar outras atitudes a partir daquele dia. E, assim, fazer com que Edward não me odiasse. Porque ele certamente me odiava. E eu não o culpava por isso. Por sorte, os danos não eram irremediáveis. Eu não poderia concertar toda a bagunça que havia aprontado, mas arrumarei o máximo possível.

“Eu só queria que Isabella Swan  me deixasse em paz!”

Eu faria exatamente o que ele queria, mas, discordando totalmente de Jasper, não acho que Edward se arrependeria de ter desejado isso.

xxx

Em algum momento daquela tarde, a dor em meu estômago ofuscou todo o resto, e eu me arrastei até a cozinha para pegar um pacote de bolacha. A casa estava vazia e silenciosa tal qual meu peito. Porque agora eu não sentia nem mesmo dor, depois de horas sofrendo por um coração partido, eu me encontrava envolta em um casulo invisível feito pelo mecanismo de auto-sobrevivência que todo humano tem. Tranquei-me novamente em meu quarto, mas desata vez peguei uma camisola, roupas limpas e fui tomar banho. Deixei a água quente cair em minha cabeça, torcendo para que levasse as lembranças junto com ela para o halo. Só sai de lá quando meus dedos estavam enrugados e o vapor era uma presença tão densa que me impedia de enxergar direito. De volta ao quarto, percebi que continuava sem sentir coisa alguma. Meu coração já não pesava. Havia um estranho... vazio em seu lugar. Agora estava claro que isso ia além de uma desilusão amorosa. Era como se parte do que eu acreditei praticamente a minha vida inteira... estivesse desmoronando. Eu realmente pensei que Edward gostasse de mim. Isso mostra o quão profundamente uma pessoa pode se enganar.

Chegava a ser chocante – pateticamente chocante – o fato de eu, que nunca me considerei burra, ter agido como estúpida por mais de dez anos.

Bom, a partir de segunda-feira tudo iria mudar. Na verdade, tudo já mudara; eu só colocaria em prática o que havia aprendido de maneira tão difícil.


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Notas finais do capítulo

N/a: eu meio que estou me sentido no retorno da múmia. z UAHUAHUAHUAH estou morrendo de vergonha de vcs, amores. Eu sei que demorei a vida para atualizar essa fic, mas eu realmente não estava dando conta de 2 fics. Estou voltando com essa pq: a) estava me sentindo mal por abandonar vcs; b) já tenho várias idéia para capítulos prontos; c) idéia principal já está formada; d) já escrevi mais da metade do último capítulo de A Sombra e a Escuridão.

Vou escrevê-la toda durante essas férias pq ano que vem não terei tempo nenhum.Esse ano eu já estava sendo consumida pela school... imagina in the next year.

Eu espero que vcs possam me perdoar e que gostem do capítulo. ;*

P.s: Não que eu não acredite em Papai Noel. Na verdade, eu pedi o Robert Pattison esse ano pra ele. =D UHAUHAUHAUAH



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