Capítulo 2

Ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa. (W. Shakespeare)

Quase tropecei em minha corrida para a sala de biologia. Eu não queria perder nenhum segundo daquela aula. Não que eu fosse fã da reprodução das samambaias ou algo parecido. Mas eu era parceira de Edward naquela classe, sentava-me ao lado dele.

Contive um suspiro e entrei na sala. Todos os meus colegas já estavam lá, mas o professor Tardelly, como de costume, ainda não tinha chegado. Ele sempre entrava na sala cinco minutos depois do sinal.

Amaldiçoei meu maldito despertador enquanto caminhava até meu lugar. Tanto dia para não funcionar e tinha que fazer isso justo hoje!? Se o objeto tivesse cumprido sua tarefa, eu poderia ter passado mais alguns instantes com meu amor.

- Oi Edward. – sorri abertamente ao me acomodar ao seu lado.

- Oi Bella. – respondeu com um meio sorriso.

- Como passou de ontem? – as palavras fluíram. E me arrependi delas no segundo seguinte.

Meu Deus! Que tipo de pergunta ridícula era aquela!? Ok. Eu preciso admitir que para ouvir a voz aveludada dele, eu seria capaz de falar até sobre o tempo. Talvez eu devesse passar menos tempo babando em cima da beleza dele e devesse passar alguns segundos pensando em perguntas inteligentes parra assim poder babar na voz dele.

Edward franziu o cenho.

- Bem. Eu acho.

Antes que eu tivesse a chance de fizer outra coisa, o professor entrou afobado na sala.

- Hey alunos. Desculpe a demora. Meu pai me ligou. – falava rapidamente, jogando seu material na mesa – Ele é do Arizona, sabe? Então tive que atender. – sacudia a cabeça enquanto falava.

Na ultima quinta-feira quem ligou foi a mãe dele. Ou ele fazia parte de uma família muito unida ou ele não conseguia pensar em outra desculpa por chegar atrasado. E, pela cara de sono que ele sempre sustentava, eu apostaria na segunda opção.

O professor Tardelly pegou várias folhas e entregou uma a cada dupla.

- Muito bem. Muito bem. – voltou para perto de sua mesa – Há apenas uma fotografia em cada folha. Trabalhem com seus parceiros para descobrirem o máximo de informação que puderem sobre esta planta. E nem adianta tentar olhar no do colega ao lado. As fotografias são diferentes.

Alguns resmungos incompreensíveis foram ouvidos.

O professor sorriu de maneira irônica antes de acrescentar:

- Podem começar.

Coloquei a folha no meio do balcão e aproximei meu banco de Edward. Eu não poderia perder essa oportunidade de ficar mais perto dele e sentir aquele cheiro maravilhoso dele.

- Dicotiledônea ou monocotiledônea? – perguntou, olhando para a figura.

O quê? Ah! O trabalho! Eu sempre perdia a noção das coisas quando ele estava perto.

Cheguei um pouco mais perto, encostando meu ombro do dele, com a desculpa de analisar melhor a planta apesar de já saber o que é.

- Dicotiledônea. As nervuras das folhas são paralelas. – respondi.

- Concordo. – escreveu a resposta.

Impressão minha ou ele havia afastado um pouco seu banco para longe de mim? Franzi o cenho. Mas Edward falou alguma coisa e balancei a cabeça para espantar aqueles pensamentos. Eu devia estar enganada. Afinal, por que Edward faria isso?

A tarefa era fácil, terminamos rápido. Ao entregar nossa folha de resposta ao senhor Tardelly, fomos liberados alguns minutos mais cedo. Caminhamos alguns passos em silêncio até que me virei em sua direção e perguntei sorrindo:

- Vai fazer o que hoje à noite?

Edward pareceu um pouco desconfortável com a pergunta, hesitando uns segundos antes de responder:

- Nós temos treino de basquete hoje depois das aulas. Acho que depois o time vai ao Rox's. Nada de muito interessante.

- Legal. – dei um meio sorriso. – Talvez eu apareça para ver o treino.

Eu vou ver o treino! Porque o Edward fica ainda mais perfeito – se é que isso é possível – quando esta treinando. Com toda certeza Edward Cullen é o capitão mais lindo que o time de basquete dessa escola já teve!

- Legal. – o sorriso parecia forçado.

O sinal tocou. E vários estudantes saíram de suas salas.

- Te vejo no intervalo? – gritei, esperançosa.

- Claro. – falou, sem parar de andar.

Suspirei e segui na direção contrária a dele. Rumo a mais uma monótona e chata aula de física sem Edward.

xxx

Outra vez nós estávamos na mesma mesa na hora do intervalo. E outra vez Edward não estava lá. Isso aconteceu a semana inteira. Eu não fazia nem idéia do que estava acontecendo para ele agir dessa maneira.

- Jazz, vamos sair hoje, né? – Alice sorria.

- Sinto muito, amor. Mas hoje é sexta-feira, lembra? Dia de treino.

Jasper e Emmett também faziam parte do time.

- Ah! Tudo bem então. – a baixinha murmurou conformada.

Alice sabia o quanto o namorado gostava daquele esporte, por isso nunca o pressionava para receber atenção quando ele tinha basquete.

Minha melhor amiga se virou lentamente para o meu lado.

- Ah não! Não! Nem pensar! – falei de imediato.

- Mas eu não disse nada! – protestou ela.

- Eu conheço bem esse olhar e não, não vou fazer compras com você.

- Bella! Por favor. Por favor. Você é a minha irmãzinha linda. Por favor. – implorou.

- Ah Alice! De novo não. Nós fomos na semana retrasada! – choraminguei. – Vamos assistir o treino hoje!

- Bella, nós já vimos tantos treinos dos garotos que acho que seriamos capaz de jogar junto com eles! – cruzou os braços – E eu preciso de umas calças novas!

Olhei ao redor, procurando ajuda. Mas Rosalie e Emmett estavam muito entretidos um com o outro e Jasper parecia bem divertido com a situação. Bando de traidores!

- Eu acho melhor deixarmos para outra... – comecei o discurso padrão universal para se recusar um convite.

- Sabe, acho que vamos chegar um pouco tarde. – a baixinha interrompeu, fingindo pensar no assunto – Então acho que você teria que dormir lá em casa. Para não incomodar seus pais, sabe?

Aquele maldito argumento era a única coisa que me impediria de ir ver Edward utilizando todo seu porte atlético. Porque se eu o aceitasse poderia ver Edward antes de dormir e quando acordasse. Momentos extremamente preciosos que não poderiam ser desperdiçadas. Aliás, nenhum momento - ou chance de ter um momento com Edward – deveria ser desperdiçada.

Alice sempre usava aquela armadilha para me arrastar pro Shopping.

- Tudo bem. – murmurei, vencida.

E eu sempre "caia".