Barry queria deixar tudo em ordem naquele tempo, dizer adeus para todas as pessoas com quem se importava. Durante aquela semana ele tentou aproveitar o máximo do que tinha construído ali. Ele sabia que quando mudasse o passado, nada seria igual. Nunca se tornaria o Flash, nunca seria criado por Joe...Nunca conheceria Caitlin. Ele não gostava de pensar nisso, mas sabia que provavelmente, na nova realidade que criaria, ela ainda estaria com Ronnie...Casada até,e nada disso importaria, porque ela não se lembraria dele...E ele dela. Ou corrigindo, não importaria lá, mas nesse momento, com certeza importava.

 Seu pai não havia achado a ideia de viagem no tempo, algo bom. Henry Allen amava sua esposa e é claro que gostaria de poder tê-la de volta, mas sabia o que isso custaria a Barry. Todo o brilhante futuro que ele estava construindo iria mudar, o herói que era hoje, o homem que ele tinha certeza que onde quer que Nora estivesse, ela sentia orgulho, não iriam mais existir. E ele não queria que seu filho sacrificasse toda a vida que tinha ali.

Joe não sabia o que pensar sobre isso, mas decidiu apoiar Barry, seja qualquer a decisão que ele tomasse. Exatamente dessa maneira, também foi Iris. Ela e o velocista haviam tido uma grande briga, quando ela descobriu sobre o Flash, mas o Allen decidiu que era a hora de fazer as pazes com sua melhor amiga. Afinal se não fosse agora, não seria nunca.

— Você esta pronto? - Caitlin perguntou assim que entrou no córtex e viu Barry já vestido como o Flash.Ele teve uma semana para passar o maior tempo possível com as pessoas que ama, mas dizer adeus nunca é algo fácil.

— Yeah...Eu estou - Respondeu sem muita convicção.

Cait foi até aquela sala para acompanhar Barry até a entrada do acelerador de partículas. Todos os outros o estavam esperando lá, para assim darem seu último adeus.

— Sabe? Eu gostou de pensar que vamos nos encontrar novamente...Que não importa realidade em que estivermos, de alguma maneira estejamos destinados a ficar juntos. Eu sei que é uma bobagem, mas eu gosto. No entanto, se isso não acontecer, mesmo que não for comigo...Eu desejo que você seja muito feliz. - Ela revelou, não se permitindo chorar.

— Eu amo você! - Foi tudo o que ele conseguiu sussurrar em resposta, antes de beija-la pela última vez.

Ambos queriam que aquele momento durasse pra sempre, queriam memorizar a sensação de seus lábios juntos, e que aquela não fosse uma despedida. Infelizmente seus pulmões tinham uma ideia completamente diferente e ainda precisavam de ar. Os dois então, ficaram parados com suas testas coladas uma na outra, até que Cisco foi chama-los

— Eu sinto muito atrapalhar mas...Está na hora

...

Com as instruções de Wells, Barry não teve problemas em viajar até aquela noite. Em seu caminho, enquanto estava envolvido por toda aquela velocidade, ele viu varias coisas. Algumas eram  do que já tinha vivido, outras, ele não fazia ideia. O Reverso lhe disse para não prestar atenção nelas, e focar exatamente no momento em que queria chegar. Foi isso que ele fez; se agarrou a cada uma das lembranças do que ocorreu naquela noite terrível. E de repente ele estava lá, em um quarto vazio, na sua antiga casa.

Pela fresta da porta, ele podia ver o que acontecia lá fora. Ele via sua mãe envolta por todos aqueles raios; podia ouvir sua versão menor gritando por ela. Ele tinha que esperar...Esperar sua outra versão tirar o pequeno Barry de lá, para assim poder salvá-la. Porém algo que não esperava aconteceu. O Flash do futuro, o mesmo que estava brigando com Wells, parou e olhou diretamente para ele, como se já soubesse que estaria lá. Esse Flash balançou a cabeça em um sinal de não, de que não era para fazer aquilo.

Isso foi muito doloroso, pois Barry sabia, bem lá no fundo, ele sabia o que devia fazer. Não podia mexer com o futuro daquela maneira. Todas as vidas; a dele; das pessoas que amava; e até quem teve sua vida salva pelo herói que se tornou. Ele não sabia o que aconteceria com elas, se mudasse o que ocorreu. Talvez o futuro se transformasse em algo terrível,e conhecendo o homem que era Eobard Thawne, isso era quase uma certeza. E vendo a si próprio pedir para não fazer aquilo, só confirmou o que no fundo, já sabia.

Então com toda aquela dor, esmagando seu coração, ele desistiu. Fechou a porta daquele quarto, pois não suportaria assistir aquela cena. Infelizmente isso não o impediu de ouvir quando ela gritou, quando aquele homem lhe deu o golpe fatal.No momento em que não restou nada além do silencio, ele saiu, e pode ver sua mãe lá, caída no chão, sangrando até sua morte.

Barry se ajoelhou ao lado do corpo dela. Ele não pode salvá-la, mas ainda tinha a chance de se despedir, mesmo que ela não lhe reconhecesse.

— Por favor. Meu filho e meu marido estão bem? - Nora perguntou em um sussurro desesperado.Ele podia notar a preocupação em sua voz. Ela estava ficando agitada e isso só piorava a dor que sentia pelo ferimento.

— Eles estão bem! Os dois estão - O velocista respondeu, sem tentar conter as lagrimas em seus olhos.

Barry já tinha imaginado muitas vezes como seria poder falar com sua mãe apenas mais uma vez; vê-la; ouvir sua voz. Ele só nunca havia pensado que seria em uma situação tão dolorosa.

— Quem é você? - Ela diz, depois que sabe o que aconteceu com sua família.

— Eu sou o Flash.

— Eu não entendo - Ela continua confusa e então Barry tira a mascara.

Naquele momento ela soube. Nora Allen reconheceria seu filho, não importa o que acontecesse.

— Barry?!

— Eu sei que vai parecer confuso, mas sou eu mãe. Eu tive uma segunda chance de voltar aqui e dizer que tudo esta bem...Eu...Papai...Nós estamos bem. Uma segunda chance pra dizer que eu te amo, mãe - Declara sabendo que não tem muito tempo.

— Oh, meu doce garoto. Eu amo você! - Nora lhe responde chorando emocionada enquanto dava seus últimos suspiros.

Quando ela para de respirar e seu corpo fica imóvel, Barry sabe que ela se foi. E naquele momento não lhe resta nada além da dor; então ele chora...Ele apenas chora debruçado sobre o copo sem vida de sua mãe.

... 

Eobard já esta pronto para voltar a seu tempo. Ele vai com a satisfação de saber que ganhou. Quando ele chegar lá, não haverá mais um Flash,será apenas ele, e isso o deixa muito contente. Ele ganhou! Finalmente ela havia ganhado. Seria o único velocista a existir.

Ele tinha que sair dali rápido, antes que tudo desabasse. Ele sabia que aquele futuro estava com as horas contadas. Assim que o Allen salvasse sua mãe, isso iria causar uma onda, que depois viraria um tsunami e despedaçaria toda aquela realidade. E ele não queria estar ali quando acontecesse; não queria ser apagado como os todos os outros. Não iria ficar para se afetado também.

Então como o combinado, ele correu. Correu em direção ao seu futuro, em direção a sua vitória. Ele via todos os futuros alternativos, todas a bifurcações do tempo, enquanto se dirigia a uma em especifico. Ele tinha que confessar que algumas opções de futuro eram bem interessantes. Ele viu Barry Allen sofrer de maneiras impensáveis. Perder amigos; amores; famílias. Eram histórias tristes, e por mais que ele quisesse ver seu nêmeses sofrer daquela maneira, ainda queria um futuro em que também pudesse sair vitorioso.

Ele se dirigiu há um, de todos aqueles caminhos. O que o levaria a seu tempo, À sua história. Mas havia algo estanho ali. As imagens; os acontecimentos; estavam todos borrados, como se estivesse se dissipando. Ele olhou em volta com mais atenção, tudo estava sumindo; se despedaçando.

— Seu...- Estava prestes a pronunciar uma ofensa bem séria, quando aquilo o alcançou, levando-o rapidamente à escuridão e esquecimento.

Aquele futuro se despedaçou. Levando com ele tudo que ali existia. Não havia mais nem a remota possibilidade daquilo acontecer, então tudo foi apagado da sua existência. No final das contas o Reverso estava certo; Barry criou um tsunami, apenas não foi da maneira que ele esperava. E naquela guerra de velocistas, havia um vencedor, e infelizmente para o homem em amarelo, não era ele.

...

 Depois que os dois velocistas haviam saído, as coisas começaram a desandar nos laboratórios Star. A fenda que abriram estava se tornado cada vez mais instável; o que deixou todas ali em um estado de extrema preocupação.

— Nós temos que estabilizar! Senão essa coisa vai virar um buraco negro e matar todos nós! - Cisco exclamava andando de um lado para o outro, na intenção de pensar em uma solução.

Nesse momento algo passa pela fenda, se trada do Flash, voltando do passado.

— Barry? - Cait pergunta retoricamente enquanto corre para abraçar o velocista.

— Hey...- Ele cumprimenta, se afastando apenas um pouco para procurar por seus lábios.

Depois de tudo o que passou, ele só precisava beija-la mais uma vez, para poder sentir que tudo estava em seu devido lugar.

Os dois se separam bruscamente quando a fenda começa a fazer um barulho, puxando objetos para dentro dela.

— Isso não é bom - Barry declara ao perceber o quão instável aquilo estava.

Quando cada vez mais objetos(maiores e pesados) são puxados, e ele se apressa a tirar todos dali, levando-os para fora da instalação. Poucos segundos depois, parte do lugar em que estavam antes, cede, sendo sugados também.Em pouco tempo, aquilo se transformou em um tipo de buraco negro, e agora paira no céu, bem em cima do Star Labs. Aquilo começa a puxar coisas por toda a cidade. Prédios; casas; carros; arvores; nada parece escapar.

— Nós vamos morrer! - Cisco começa a entrar em desespero - E nós vamos destruir o mundo junto... E eu aqui achando que éramos os mocinhos.

— Cisco, acalme-se! Nós vamos pensar em algo - Cait tenta tranquiliza-lo, mas não surte muito efeito.

— E se eu a fechasse? - Barry sugeriu - Como fiz com o tornado de Clyde Mardon; correndo na direção oposta.

— Isso não é a mesma coisa! Nem remotamente parecido! - Caitlin retruca ao ouvir aquela ideia maluca.

— Mas é possível fazer isso? certo? - Ele volta perguntar.

— Em teoria...Sim, mas é muito perigoso - Ela respondeu receosa.

— Nós não temos muitas opções no momento - apontou o fato - Eu vou voltar! Eu prometo!

Barry deu-lhe um último beijo e correu em direção ao buraco no céu. Ele sabia que Cait estava com medo;  ele também sabia que talvez não fosse capaz de manter sua promessa, mas se ele não fizesse, todos estariam condenados; aquela coisa mataria milhões. Então ele correu sobre os prédios, pulando de destroços em destroços, para chegar na abertura. Quando ele estava lá, ele correu o mais rápido que conseguiu, até todos os nervos do seu corpo doerem, e ele ser arrastado pela inconsciência.

...

 Quando ele acordou, não estava mais dentro da fenda, não estava nem em um lugar que conhecia. Ele estava deitado no chão, vendo um céu escuro e nublado, acima dele. Quando se sentou tudo o que pode ver era neve. Montanhas e mais montanhas de pura neve.

— Que lugar é esse? - Ele se viu perguntando para si mesmo em voz alta.

Será que ele tinha caído na Antártica, ou algo do tipo?Ele andou por alguns minutos, e tudo o que enxergava era mais gelo. Não havia uma única alma viva por ali, ou algo que indicasse onde ele tinha ido parar.

— Você esta atrasado! Quatro anos atrasado! - Ele ouve uma voz oca e sem emoção falar de algum ponto daquele lugar.

— Quem é você? - Barry pergunta procurando a origem da voz.

— Você não me reconhece mais? Isso fere meus sentimentos! - A voz continua sarcástica, enquanto uma figura começa a se aproximar.

No inicio, ele quase não a percebe. Ela é tão branca como todo o resto, e se mistura muito  facilmente à neve. Mas quando ele a vê, não pode evitar a surpresa. Apesar da pele pálida, cabelos brancos e olhar gelado, ele sempre reconheceria aquele rosto.

— Caitlin? - Pergunta atônito.

— Não mais...Não mais - Ela responde friamente, antes de tentar fazer algo que ele nunca imaginou que ela faria: Mata-lo.