Winner escrita por Alice


Capítulo 8
Os nossos sorrisos são maravilhosos!


Notas iniciais do capítulo

OK. Vou me explicar.
SEM INSPIRAÇÃO, TIPO, NE-NHU-MA. Eu fiquei muito puta comigo mesma.
Fiquei essas duas semanas (DUAS) de castigo por não postar sem ler as minhas preciosas fanfics...
Sorry Y'all...
Vão, leiam...



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Segunda-feira. Mas que merda. A Granger acordou escutando sua fita das The Donnas, porque não dava para viver apenas de punk normal, tinha que ter um pouco de pop punk. Mas mesmo Too Bad About Your Girl não melhorou o seu humor. Seu reflexo no espelho ainda não sorria.

Faziam dois dias inteiros, foi dias inteiros que não sorria.

Qual era o problema dela?

Ela observou o porta-retratos ao lado de sua cama – a única foto que guardara de Londres, ela, Hermione e Sirius. Naquela época a rosa ainda não tinha espinhos, era apenas uma menina que adorava Cinderella, balé e camisetas largas. Hoje, ela era muito mais do que isso. Os espinhos eram mais parte dela do que qualquer outra coisa, arrancá-los doeria demais.

O problema é que ela sentia falta – e apenas naquele momento – da rose sem espinhos. Afinal, espinhos são um peso a mais, e pesos a mais cansam. Narcisa não tinha matado quem fora, com medo de matar a si mesma – ela só estava guardada em uma gaveta no seu quarto.

Ao se olhar de volta no espelho, com saudades de sua Mama, de Sirius e de sua antiga eu, ela decidiu que faria o possível para fazer daquela segunda-feira (Mas que merda!) ser o melhor o possível. Hermione estava longe e Sirius estava… (nãopensenissonãopensenisso), porém, ela estava ali, no reflexo do espelho, na gaveta de sua cômoda e em si mesma.

Naquele momento, Rose maquiou seus espinhos com a melhor base que tinha, vestiu sua camiseta número 42 , colocou suas antigas sapatilhas de ponta na mochila e viu a si mesma seis anos e meio antes.

A estampa Mickey Is Racist, em sua camiseta, parecia mais séria do que quando vestira da ultima vez. A estampa era mais séria, de um jeito terrivelmente correto.

Rose sorriu de qualquer jeito. E quase conseguiu escutar Hermione dizendo “ai está o meu sorriso preferido”.

She is me

I am her

She is me

I am her siamese twin connected at the cunt

Heartbrainheartbrainheartbrainlunggut

A menina com nome de duas flores sabia que, mesmo com suas roupas largas e sem o batom diário, ainda era linda. Sempre fora e, embora você pense o contrário, ela sempre seria. E sabia disso.

Vamos esclarecer novamente: Rose Narcisa Granger é incomum, certo? Certo. Mas pode-se ser incomum de muitos jeitos.

Aos quatorze anos, ela calçava suas sapatilhas de ponta e, sempre séria, sempre concentrada, erguia-se com maestria, em toda a sua força, com toda a emoção que tinha, dançando como se o mundo fosse acabar e aquele fosse seu ultimo momento. Ela saltava como se fosse levantar voo a qualquer momento, como se estivesse buscando sua liberta. Ela estava. Aos quatorze anos, ela colocava seus fones de ouvido e ia ao shopping comprar saias de tule, sempre escutando Tchaikovsky, sempre tendo novas idéias para coreografias. Rose amava aquele mundo, mesmo que fosse uma completa estranha entre suas colegas, todas com inveja e ressentimento.

(“Ela é muito alta, professora, o que ela está fazendo aqui?”, “Ela é só mais uma patricinha que quer dançar para chamar a atenção dos meninos.”, “Ela deve ser daquele grupo de meninas bulímicas, come que nem um cavalo e está sempre magra.”).

Rose dançava desde sempre, então, mesmo alta sempre teve muita coordenação, e aquilo era sua paixão, mas sem apresentações: aquilo era o que ela amava e se estragasse… bem, para onde iriam todas as emoções que ela libertava pela combinação da música e do seu corpo? E magra o caralho, ela fazia vôlei na escola e dançava duas horas por dia – aquele corpo lindo viera com esforço.

Aos quatorze anos, Rose usava camisetas largas com críticas escritas com tinta para tecido ou por canetas hidro-cor, leggings e sapatilhas, seu cabelo sempre em fogo e seu sorriso sempre doce pareciam se contradizer – como se chamasse alguém para a briga pensando que ela era fraca, quando, na verdade, ela queimaria a pessoa viva – sorrisinho maligno.

Aos quatorze anos, o mundo era simples pra caralho, tudo era lindo e maravilhoso. Não havia nada de errado com a sociedade, e a infelicidade de sua mãe no casamento era só uma fase difícil.

(Ela definitivamente deveria agradecer ao Hugo… Não, peraí… Ela ainda não podia ter filhos…)

Aos vinte anos, depois de dois dias inteiros, ao passar por uma vitrine espelhada e ver seu reflexo, Rose Narcisa Granger sorriu.

I want to kill her

But im afraid it might kill me

Feminist

Dyke whore im so pretty

Alien

Quando ela entrou na rua quarenta e um com a oitava avenida, em direção ao prédio da New York Times, ela pensou no quanto era sortuda: por entrar adiantada na escola, começara a faculdade com dezesseis anos na Columbia, para jornalismo. Por suas fanzines terem sido um sucesso na parte de Ciências e Línguas na Universidade, uma de suas mais influentes professoras lhe deu uma recomendação para um estágio no NYT. Rose tinha dezoito anos e se fez digna do estágio – mesmo que ainda houvesse o trabalho como garçonete e todo o esforço para manter suas notas altas e não perder a bolsa. (Minerva McGonagall nunca ficaria tão orgulhosa de uma aluna ao ver Vocês pediram por isso! na contracapa do jornal “sensação”.)

Mas naquele momento, entrando no prédio em que se fizera ser respeitada, as pessoas olharam-na como se ela fosse uma adolescente em um mundo de fantasias. Fantasia o cú de vocês, ela queria esbravejar. Merecia a posição que ocupava. Não era um ET porque era jovem e rebelde, era uma ótima jornalista porque era jovem e rebelde. Não tinha nada a perder, apenas para ganhar.

Subitamente, depois de uma atendente levantar a sobrancelha e a enviar um olhar de nojo, Rose se lembrou a causa de seu upgrade de estilo: as pessoas não a levavam a sério, e ela quis destruir isso – essa falta de respeito. De roupas largas e confortáveis à roupas sexy e confortáveis, o mundo a olhou de uma forma diferente. Ela enterrou quem foi para ser quem era agora. Não era nada de mais.

E ainda assim, eu estou aqui, trazendo de volta à tona tudo que sempre quis esconder.

Esconder? Por que eu deveria esconder?

Ainda sou eu.

Eu? E quem sou eu?

Rose Narcisa Granger, linda, com o cabelo em chamas e um sorriso vacilante entre o doce e o sarcástico. Feminista.

The world that suck it:

Incomum.”

She wants me to go to the mall

She wants me

To put the pretty, pretty lipstick on

She wants me to be like her

She wants me to be like her

Depois de seis horas de trabalho exaustaste, Narcisa decidiu fazer uso das sapatilhas e do cupom que ganhara para uma academia. O cupom, que valia em mês de musculação, a rendeu algo mais gratificante: uma sala com espelhos, piso de madeira e um som – para os CDs de Tchaikovsky tocarem por horas.

Ela fazia natação na tal academia, mas nunca dançara lá.

Ela queria dançar lá.

Ela dançaria lá agora.

Blusa justa, legging e saia rosa de tule. Alongamento feito – toque os pés em pé, sentada, com a pernas abertas, com um braço e depois o outro, um minuto em cada posição. Os pés estavam enfaixados com esparadrapo e gaze, as sapatilhas colocadas.

E o reflexo no espelho sorria tanto.

Primeira posição, segunda posição, terceira, quarta e quinta: bravo! Será que ainda se lembrava do tombe pas bourre? Claro que sim, dez anos de prática gravaram aquilo a ferro em sua cabeça. Pronta para voar? E, sissone, outro, outro e outro. Ela já estava aquecida o suficiente, conseguiria abrir um espacate? Oh, parece que não, quase lá e, meu deus, dói. Mas é uma dor boa. Olhe aquele sorriso!

Bem que o sorriso poderia ter batom, não? Um batom lindo, magenta, que faria daqueles lábios quebrados de sede lisos, como um tecido.

Porque Rose não conseguia ser apenas a adolescente crítica e bailarina, ela era a Rose adulta crítica, bailarina, com roupas sexy e batons maravilhosos.

I want to kill her
But im afraid it might kill me

Feminist

Dyke whore

Pretty, pretty

Alien

Alguns anos mais tarde, Rose pensaria em quem ela era.

E ela não saberia a resposta.

Por que, afinal, quem sabe?

Quando era mais nova, ela já era rebelde, ela já era mentirosa, ela só não sabia que haviam pessoas mais rebeldes que ela, e por causas melhores do que a dela – e ela não sabia que haviam pessoas quem mentiam melhor do que ela.

Ela não sabia que o mundo era mais cruel do que ela, mais frio do que ela. Não se engane: Rose ama, Rose gosta das pessoas, Rose ri e sorri para todo mundo, gordo, feio, magro, lindo, rico e pobre, para gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais, heterossexuais, pansexuais, travestis, aqueles que estão trocando de gênero., mas Narcisa, oh Narcisa, ela é uma faca de gelo, sempre foi e sempre seria – o que mostraria isso seria uma faca de metal empunhada pelo irmão dela, que mentia melhor.

A vida é uma constelação de fenômenos vitais feitos por nós e pelos outros e pelo mundo, e isto nos constrói no passado, presente e futuro. Então, se Rose Narcisa Granger houvesse se matado no passado, seu presente seria diferente a o seu futuro talvez não existiria.

Graças a Deus ela não se matou, por medo que fosse matar a si mesma. Onde terminava a outra Rose, já se iniciava esta, ligadas eternamente. Se ela tivesse matado a si mesma, ela teria se matado no todo.

Agora, olhe-se no espelho: você vê aquela menina com o cabelo em chamas, a pele cor de canela, usando uma saia de tule? Olhe diretamente para o sorriso dela: é juvenil, como se tivesse quatorze anos, mas está pintado de magenta.

Tão lindo!

And all i really wanted to know

Who was me and who is she

I guess ill never know


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Notas finais do capítulo

Meninas, ao já esteve em duvida sobre quem é? Sobre como temos defeitos? Ou sobre que cor de batom usar?



PS: essa é a cor da pele da Rose N.G.: http://escola.britannica.com.br/assembly/169076/Canudos-e-po-de-canela (caso haja duvida...)



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