Winner escrita por Alice


Capítulo 7
Aquele Menino Puritano do Show


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu meio que precisava de um pouco de romance.



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Rose era mais inteligente que a maioria das pessoas, via mais do que a maioria das pessoas, e em alguns dias odiava isso. Esse definitivamente não era um desses dias. Mesmo estando esgotada, com a trança se desfazendo, olheiras e usando um blusão velho de James, ela ainda tinha aquele olhar superior, que não significa esnobe ou egocêntrico, apenas que ela sabia mais do que você. Tudo bem que ela tinha segredos de mais e um sorriso que confundia qualquer um, mas aquele olhar não mentia – não daquela vez.

Talvez tenha sido o fato de que ela estava tremendo, mas naquela madrugada, depois de acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante, ao entrar num dos novos Starbucks do Brooklin e pedir um chocolate quente, com seu olhar ainda superior, o atendente olhou para ela e fez uma pergunta que não ouvia fazia tempo.

– Você está bem?

– Não. – Ela olhou nos olhos dele, menos inteligentes que os dela, mas mais bondosos do que ela inteira. – Por favor [por favor mesmo], você me faz um favor? – Ele assentiu e seu boné sacudiu com o movimento. – Sente-se comigo para escutar uma história. – O lugar estava vazio, não haveria problema.

E então ele sorriu. Rose sabia que jamais conseguiria sorri daquele jeito. Simples e comum, como se ele escutasse lindas estranhas de madrugada todos os dias. Ela gostou dessa teoria, de um estranho que toda a noite houve histórias de outros estranhos, sorri e depois volta para casa, cheio de emoção, e que chora. Ela sorriu seu sorriso imaginário: era uma ótima personagem.

Quando ele se sentou na poltrona em frente à sua e lhe entregou o chocolate quente sem o boné, a Granger quase gargalhou: ela já vira ele antes. [Se quisesse apertar a bunda do puritano que estava encostado num canto, observando todo o show assustado, e lhe ensinar o que fazer para uma garota, ou um cara, enlouquecer na cama, era o que faria]. Ele não sabia quem ela era, talvez tivesse visto ela, mas não ligaria aquela Rose com essa Rose, situações diferentes, personalidades diferentes.

E então ele sorriu de novo. Maldito sorriso que ela nunca teria.

– Quer começar? – Não fora impaciente, fora atencioso.

– Primeiro, eu me chamo Rose. – Ela o analisou, o olhar ainda superior – Segundo, estranho, o que você acha sobre feminismo?

Ele era um idiota, na verdade: – Não muito, apenas que você deve ser uma. – Ele olhou nos olhos dela, curioso – O que é feminismo?

Talvez não tão idiota. Ele era curioso, e curiosidade é sempre uma qualidade. Rose Narcisa Granger contou tudo o que sabia sobre feminismo e todas as suas opiniões sobre o mundo. Isso significa que ela também contou a sua história, olhando nos olhos dele – nos olhos azuis como os do pai dela.

Ela descobriu que ele não era idiota, era apenas cego e vivia num mundo sem sentido.

Rose deu sentido àquele mundo.

How does it feel?

It feels blind

How does it feel?

Well, it feels blind

What have you taught me? Nothing!

Look at what you have taught me

Your world has taught me nothing

Todas as noites desde que mudou seu sobrenome a Granger, depois de acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante, colocava um blusão por cima de seu pijama, colocava uma pantufa e ia para o Starbucks, duas quadras dali. Talvez fosse perigoso, mas na frente do Starbucks havia um banco com um segurança noturno na frente – qualquer grito e ela era salva.

Todas as noites depois de acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante, Rose conversava com um menino loiro com cabelos de anjo e olhos azuis puros por inteiros, e lhe ensinava tudo que conseguia até sentir sono de novo. Ele nunca ensinou nada novo à ela, que ja vivera exatamente como ele e sabia como era. Ela viu ele ficando mais inteligente, fazendo perguntas melhores, a curiosidade mais aguçada.

Assim, eles começaram uma amizade, começaram a ir em shows (Rose mostrava como as pessoas se portavam quando se sentiam livres ou ameaçadas), em exposições de arte (Rose ensinava o que era estilo clássico, barroco e surrealista) e a assistir dançarinos de ruas (Rose explicava porque era importante dar três dólares sempre passasse por algo desse tipo). Sem ela, ele jamais entenderia porque lutar pelo que acredita era importante, sem ela, ele jamais entenderia ela.

Então, uma noite, depois de acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante uma hora mais tarde do que acordava normalmente, ela foi para o Starbucks e encontrou ele sentado na poltrona dormindo, o chocolate quente na mesinha ao lado. Rose analisou ele dormindo. Ainda era bondoso, simples e comum: olhos azuis doces e bondosos, cabelo cacheado e loiro e simples, um menino que ela moldou para ser inteligente e sábio, não mais ingênuo, mas ainda um comum príncipe de contos de fadas.

Ela se apaixonou devagar, de forma controlada, para não se decepcionar, mas agora sabia que ele nunca a decepcionaria. Ele era perfeito de um modo muito diferente do dela. Ela se permitiu amá-lo depois que o viu dormindo, a esperando. Ele era sereno de um modo muito parecido com o dela.

Mas se não fosse por ela, haha, ainda seria um cego. Rose se tornara o seu braille. Ela ensinou ele a ver de um modo diferente de como foi ensinado.

If you were blind and there was no braille

There are no boundaries on what I can feel

If you could see but were always taught

What you saw wasn't fucking real, yeah

Mas houve um dia, antes de dormir para depois acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante, em que ela foi para uma festa dançar musica disco, fumar um baseado e que acabou indo para casa com um DJ. Acordou no outro dia abraçada com um homem com pele de ébano, de dois metros de altura e que fora incrivelmente gentil com ela em todos os momentos. Sem arrependimentos e com uma camisa a mais, ela beijou os lábios dele e saiu de seu prédio em Manhattan com um sorriso no rosto.

Na outra noite, depois de acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante, ela foi ao Starbucks com o blusão velho de James e encontrou um menino de olhos azuis, como os do pai dela, profundamente magoado, que disse coisas sem muito sentido e com raiva. Rose não disse nada, apenas arrancou o chocolate das mãos dele e saiu, sem pagar. Ela merecia.

Quando voltou, na noite seguinte, depois acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante, ele pediu desculpas. Ela apenas assentiu e abraçou ele: – Eu como ódio no café da manhã, como se fosse amor. – o sussurro foi recebido com humor.

Ela também riu. Haha: cego – ela estava falando sério.

As a woman I was taught to always be hungry

Women are well acquainted with thirst

Well, I could eat just about anything

We'd even eat your hate up like love

I eat your hate like love

I eat your hate like love

I eat your hate like love

I eat your hate like love

I eat your hate like love

I eat your hate like love

I eat your hate like love

I'd eat your fucking face all the time

Um mês depois de terem se conhecido, depois acordar de um pesadelo que não conseguia lembrar o porquê de ter sido aterrorizante, Rose meio que perdeu a paciência e beijou o menino com cabelo de anjo. Ele a beijou de volta e com fervor. Foram duas semanas de amor com beijos aqui e ali, mas quando Rose quis avançar para o próximo com o menino alto ele deu pra trás:

Não estou pronto, Rosa.

Bem, ela não estava pronta para aquilo. Ela caiu fora. Ele não sabia o que estava perdendo, felizmente ela sabia o que ele estava perdendo: seu ego estava intacto. Ainda com o olhar de superioridade, ela disse o que estava entalado na garganta:

Cego uma vez, cego para sempre – Seu sorriso, tão diferente do dele, surgiu daquele jeito sarcástico como sorrisos de canto sempre surgem: Tipo herpes, né loirinho?

Foi naquele dia que Rose Narcisa Granger viu que ela seria demais para qualquer um, que a única pessoa que conseguia lidar com a sua pessoa sufocante seria ela mesma, e que quando ela mesma se sufocasse,era só ir quartas-feiras naquela boate e levar o DJ gigante e delicado para a sua casa.

Bem, Scorpius Malfoy que a perdoasse, mas ele jamais seria tão bom de cama como aquele negão lindo e maravilhoso. Deve ser por isso que ele deu para trás.

– Cego, ele não sabe que o amor transforma as coisas? Tipo um pinto pequeno em algo escandalosamente grande a prazeroso?

E, ainda por cima, ele não havia ensinado nada de novo à ela.

How does it feel?

It feels blind

How does that feel?

Well, it feels blind!

What have you taught me? Nothing!

Look at what you've taught me

Your world has taught me nothing


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Notas finais do capítulo

No geral, homens são ingratos. Scorpius Malfoy não é diferente.
Algum romance que vocês queiram comentar? Alguém cego que vocês queiram apontar?



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