CIDADE DAS PEDRAS - Draco & Hermione escrita por AppleFran


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Opa!!! Capítulo revisado! Nem dá pra acreditar! haha Agradeço a Taysi por ter tomado um pouco do tempo dela para betar o capítulo e também a Nathália Luiza Potter pelo recomendação da fic! :)



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8. Capítulo 8

Narcisa Malfoy

Ela não tinha crédito algum para elogiar a beleza de seu filho, era a mãe e a cultura regia que por mais que tentasse, suas palavras seriam inválidas. Mas ela, simplesmente, não podia olhá-lo sem considerar o quanto ele chamava atenção. Às vezes o olhava e enxergava o encanto de Lúcio entrando em sua casa, pela primeira vez, para pedi-la em casamento e fazê-la se apaixonar perdidamente. Sem dúvida, Draco carregava a mesma essência e isso, talvez, estivesse impregnado no sobrenome Malfoy e no sangue-puro que carregava. Narcisa lamentava por quebrarem aquela corrente com Hermione, mas era inútil tentar olhá-la com desprezo. Era uma Malfoy e, embora, tivesse se tornado dura e fria como eles, ainda tinha um coração.

Ele e ela. Draco e Hermione. Era inegável o quanto eles juntos formavam um excelente casal. Voldemort vira aquilo. Naquela noite, em especial, eles pareciam quase um jovem casal da realeza. Hermione estava exuberante e por mais que, aquilo apagasse tudo que estivesse ao seu redor, Draco era a única exceção que ela não conseguia anular. E não era porque era a mãe dele, mas porque Narcisa ainda via cada moça presente naquele casamento suspirar por seu filho e ignorar a presença de Hermione ao seu lado.

E por mais que tudo estivesse minimamente perfeito, o que a preocupava era o noticiário do dia seguinte. Eles eram o casal mais infeliz que ela já havia visto e era tão notório que, certamente, comentariam sobre aquilo. A lente de uma câmera captaria facilmente o modo como se tocavam friamente, como não trocavam nenhuma palavra sequer, como Draco e Hermione simplesmente estavam inexpressivos.

Tinha que consertar aquilo, não era algo que dependia dela exatamente, mas tinha que agir. Não se importou em cortar o, entediante assunto, do casal ao qual era obrigada a dar atenção, naquele momento. Narcisa apressou-se para cruzar todo o jardim, embora, parecesse uma missão quase impossível. Era interrompida, a cada minuto, por alguém que certamente precisava fazer a média com algum Malfoy e ela se esforçava ao máximo para usar de toda educação que havia adquirido com os anos, na tentativa de se livrar daqueles que detinham seu caminho.

Quando finalmente chegou a mesa dos dois, esperou que os Price terminassem a apresentação da família ao casal. Somente tomou seu assento ao lado de Draco quando ambos disseram, de maneira quase decorada, os cumprimentos finais e toda a corja Price se retirou.

— Problemas? – Draco perguntou assim que ela tomou sua cadeira.

— Sim. – respondeu e viu Hermione assumir um olhar de alerta.

— Tudo me parece em perfeita ordem. – comentou Draco.

— E está. – disse Narcisa. – Exceto, por vocês dois.

Nenhum dos dois expressou qualquer reação, ao que Narcisa havia dito.

— Estamos casados. Esse era o nosso papel. – respondeu ele.

— Por favor, Draco, sabe que o dever de vocês vai muito, além disso. Por agora, eu só preciso que parem de arruinar o papel de “manter as aparências”. – implorou ela.

Draco riu.

— O que tem em mente que eu faça? – o filho pareceu se divertir com aquilo.

— Interaja com a sua esposa. – Narcisa foi ríspida e viu os olhos de Hermione se estreitar, com a definição que havia usado para se referir a ela. – Eu não quero os jornais anunciando que eram duas estátuas de gelo que foram colocados uma ao lado da outra. – se levantou e estalou os dedos para a elfa próxima a eles, que logo tratou de apresentar a próxima família a prestar cumprimentos.

Deu as costas a eles e sentiu o alívio de que ao menos, algo a respeito, ela havia feito. Distanciou-se da mesa, enquanto procurava o máximo desviar das pessoas, ao mesmo tempo, checava se a música estava soando exatamente como deveria. E foi quando estava à altura da mesa do centro do jardim, que a atenção dela foi chamada pelo toque suave e firme em sua cintura. Narcisa conhecia o toque de Lúcio. Sorriu e, em segundos, ele estava no campo de sua visão.

— Hei. – cumprimentou gentilmente.

Ele sorriu. Ela ainda sentia suas mãos suarem quando isso acontecia. Era sempre hipnotizante o sorriso que Lúcio tinha.

— Fez um excelente trabalho, Cissa. – a voz dele foi calma e cheia encanto. Ele segurou seu rosto e a beijou ternamente.

A maravilha daquele momento, fez com que sua alma fosse quase arrebatada. Era, por aquilo, que Narcisa havia se esforçado tanto. Doara tanto de si naquele árduo trabalho, apenas para ter esse momento. O momento em que seu marido a tocaria e agiria, como deveria ter agido cada dia, desde o dia que haviam se tornado oficialmente um casal.

Mas, quase que instantaneamente, caiu em si e se lembrou de que não havia sido, exatamente, por um sorriso e um beijo, que havia se esforçado tanto. No mesmo momento, também se lembrou de que seu marido era Lúcio Malfoy e o conhecia muito bem.

— Vai passar a noite em casa? – perguntou o mais indiferente possível, assim que ele se afastou.

Não havia mais sorrisos para ela.

— Sabe que não posso. – começou Lúcio e ela sabia por que ele não podia. Deveria ter encontrado alguma outra mulher pra passar a noite.

— Sinto sua falta. Nunca está em casa. Esperava que ao menos, hoje, tivesse reservado um tempo para sua família. – foi séria e sabia que o marido odiava quando ela utilizava a palavra família, como se estivesse devendo algo a isso. Narcisa sabia que deveria ignorar e evitar discussões, mas realmente não esperava que Lúcio fosse dispensá-la no dia do casamento do próprio filho. Não depois, de todo o trabalho que tivera, para fazer com que tudo saísse perfeito.

— Narcisa, desde que meus pais morreram você é a pessoa que mais me conhece. Por que se esforça em fazer com que eu a despreze? – ele deslizou as mãos para longe dela. Narcisa se sentiu acuada quase que imediatamente. – Só porque não irei estar essa noite em casa, não significa que eu não me importe com a família. Tudo que eu faço é pela família, sabe disso.

Narcisa estreitou os olhos. Sabia que Lúcio estava tentando fazer com que ela se sentisse culpada. Normalmente, era tão bom e tão perverso que tinha sucesso nas tentativas, mesmo ela sabendo que queria apenas lhe fazer mal. Lúcio nunca havia feito nada pela família. A família dele era Narcisa e Draco, mas o que ele considerava família era o sobrenome Malfoy, não sua mulher e seu filho.

Engoliu seu orgulho sabendo que não iria valer a pena dizer tudo que tinha direito, pois sabia que se dissesse, ele encontraria a resposta certa para fazer com que ela se sentisse a última das mulheres. Esforçou-se para fazer aparecer em seu rosto, um sorriso verdadeiro.

— Me desculpe, querido. – tocou-lhe o rosto calmamente. – É realmente um homem muito ocupado.

Deu as costas, não podendo esperar que Lúcio tivesse a chance de retrucar qualquer coisa que a fizesse se sentir mal. Pegou a taça que um garçom oferecia em uma das mesas, procurando o caminho mais fácil para sair do jardim. Não deu qualquer tipo de atenção para ninguém que a tentou parar e bastaram apenas dois goles, para que Narcisa devorasse o álcool em sua taça.

Em poucos minutos, ela já estava cruzando um dos corredores da ala para o qual entrara e, sem nenhum critério de escolha, se enfiou para dentro da primeira porta que enxergou. Estava escuro, assim, o som da festa ficou abafado quando bateu à porta, fechou os olhos com força e descansou suas costas contra a parede. Seus dedos involuntariamente pressionaram a taça em sua mão e tudo que ela escutou, em seguida, foi o som do vidro se espatifando quando o lançou para longe.

Abriu os olhos e sentiu o nó subir e entalar em sua garganta. Soltou o ar, procurando aliviar a dor que apertou em seu peito. Respirou fundo e se questionou o porquê de estar perdendo seu controle. Fechou os olhos mais uma vez e tentou limpar sua mente. Engoliu o nó em sua garganta com força. Inspirou e expirou. Abriu os olhos e desencostou-se da parede. Alisou seu vestido e refez sua postura. Viu seu reflexo em uma janela escura não muito longe. Aproximou-se e se encarou, silenciosamente.

Narcisa já não era mais bonita como, Hermione. Estava ficando velha. Ergueu a mão e tocou o próprio rosto ao enxergar os defeitos que a maquiagem ajudava a esconder. Quem sabe, precisasse de algumas poções para resolver uns problemas embaixo dos olhos. Talvez, algo que pudesse suavizar as expressões entre suas sobrancelhas. Deveria ficar grata de não ter marcas de sorriso, nem linhas de expressão muito fortes. Mas, definitivamente, precisava rejuvenescer. E poderia ser por isso, que seu marido a evitava mais com o passar dos anos. Cada vez Lúcio estava pior. Ela, jamais, julgaria que o marido a abandonaria em um dia como esse. Narcisa nunca estaria aos pés das mulheres jovens que ele levava para a cama.

A dor em seu peito veio forte novamente e o nó subiu para a garganta, de uma vez. Suas vistas embaçaram e ela se viu novamente no estado louco de antes. Respirou fundo e apertou os olhos. Estava fazendo tudo errado. Contou até oito calmamente, enquanto procurava esvaziar a mente.

Era uma Malfoy. Repetiu isso para si mesma, mentalmente. Era uma Malfoy.

Abriu os olhos e se encarou no reflexo com determinação. Reafirmou mais uma vez sua postura e limpou a garganta.

— Amo meu esposo. – disse em voz baixa para o reflexo. – Amo minha família. – sua expressão fria lhe deu confiança. – Sou uma Malfoy.

Deu as costas e seguiu para o banquete. Tinha um papel a cumprir ali.

Hermione Malfoy

Tedioso era a palavra exata para definir o que era obrigada a fazer. Obviamente, que no começo, havia sido interessante encontrar cara a cara com todos os nomes que tivera que estudar antes daquela festa, mas depois de um tempo, tudo passou a ser tão monótono que qualquer inseto parecia mais interessante. Draco ao seu lado, também parecia estar em um estado não muito diferente.

O elfo anunciou a próxima família e os cumprimentos foram feitos. A fila dos nomes estava, finalmente, chegando ao fim e pelo menos, por isso, ela agradecia. Mas aquela noite ainda estava longe de chegar ao fim. Até o momento, ela e Draco se evitavam ao máximo. Faziam o discurso que tinham que fazer de acordo com o protocolo, mas não trocavam nenhuma palavra. Aquilo não era um problema para Hermione e para ele também não parecia ser. Mas Narcisa havia dito que deveriam interagir, porque para ela aquilo era um problema e, ainda assim, nem Draco nem Hermione tinham o interesse de tomar a iniciativa de fazer qualquer contato.

Correto que era extremamente ruim ser obrigada a aturar tudo aquilo. Mas nada se comparava, ao tormento de saber, que quando aquele banquete acabasse e todos fossem embora, ela teria que se dirigir com Draco para qualquer lugar que tivessem planejado para eles passarem a noite, onde deveriam cumprir o papel de homem e mulher ao fazer o que Narcisa, carinhosamente, chamava de “consumar a união”. Aquilo assustava Hermione e não, definitivamente, ela não queria chegar nessa parte. Mal conseguia suportar a presença de Draco, como suportaria a proximidade dele, o toque dele? Não tinham intimidade para praticar o que deveriam praticar. Ela não seria capaz.

A última família foi chamada e o casal dono do sobrenome se apresentou e fez os devidos agradecimentos pelo convite, desejou felicidade ao novo casal e recebeu os cumprimentos dos Malfoys. Foram dispensados e Hermione respirou fundo e de maneira cansada, mas sabendo que pelo menos aquela etapa já havia vencido.

— Estou surpreso. – Draco disse, enquanto pegava sua taça que, surpreendentemente, estava cheia de água e não álcool. Hermione presumiu que só poderia estar falando com ela, já que evidentemente não havia ninguém na mesa além deles. – Você sabia todos os nomes. – ele bebeu da água.

— Sim. Fui obrigada a estudar sobre cada um deles. – respondeu. – Aparentemente, não posso ser uma noiva que não conhece os próprios convidados. – ela também bebeu de sua água e sentiu-se quase renovada ao fazer isso.

— Estudar. – Draco repetiu a palavra como se houvesse algo a mais ali, que ele gostaria de saber. –E o quanto esse estudo te deu de conhecimento?

— O suficiente para saber que os Barker estão furiosos porque não se casou com a filha deles, que os Anderson são a única família que não está usando roupas caras para aparentarem estar sem dinheiro, já que ainda não pagaram a dívida que tem com os Wright. – ela passou os olhos pelo jardim. – E que o Sr. Evan Morris trai, por quase vinte anos, a Sra. Morris com...

— Kendra Wood. – eles disseram juntos e riram fracamente pela situação que todos sabiam exceto a pobre Sra. Morris.

Trocaram rápidos olhares desconcertados, dando o ultimato, de que aquilo já havia sido demais para os dois. Calaram-se e retornaram ao status do silêncio, onde se evitavam.

— Cinco minutos. – anunciou uma das moças da organização, que cruzou rapidamente da mesa deles para o centro do jardim.

Hermione desejou que tivesse mais tempo para o descanso, mas não havia nada que pudesse fazer contra aquilo. Pegou sua água e molhou a garganta que ainda reclamava de todos os cumprimentos que fora obrigada a dirigir aos convidados em particular.

Viu Narcisa sair de uma ala próxima a mesa onde estava e se infiltrar entre os convidados. Seu andar estava mais perfeito do que nunca, sua postura impecável assim como o vestido, a maquiagem e o cabelo. Tudo nela transmitia elegância. Questionou se um dia se tornaria realmente uma Sra. Malfoy. Não conseguia se enxergar sobrevivendo ao processo. Não conseguia enxergar sua vida com Draco Malfoy, não conseguia sequer enxergar a realidade de estar casada com ele, mesmo que já estivesse. Era tudo tão fora do que ela havia um dia considerado para sua vida, era fora até mesmo de todos os caminhos absurdos que sua vida poderia tomar. Hermione não era capaz nem mesmo de imaginar, não sabia nem por onde começar se tentasse.

Desviou seu olhar de Narcisa e o passou pelos convidados. Todos se restringiam a conversas formais, provar das caras bebidas e usufruir da suave música que vinha da orquestra. Era a visão de um entediante encontro. Suspirou e olhou para o céu. Havia estrelas e a lua estava cheia. Lembrou-se de Lupin e soube que alguém, longe daquele lugar, também estava tendo uma noite ruim.


— Aquele é o nosso sinal. – escutou a voz de Draco ao seu lado. Abaixou o olhar e teve tempo apenas de registrar a orquestra dobrar o volume da música que acabara de começar.

Os olhares se voltaram rapidamente para sua mesa e, de repente, ela e Draco eram a atenção de todos. Levantou-se sabendo como deveria prosseguir. Deu a volta na mesa pelo lado oposto que seu mais recente marido e se encontrou com ele, para unirem as mãos, e seguirem por entre os convidados para o centro do jardim.

Hermione não imaginou que fosse ser tão assustador os olhares que a encaravam. Era como se estivesse a caminho de ser degolada vestida como rainha. Sentiu a mão de Draco apertar a sua.

— Concentre-se. – ele a alertou baixo e ela percebeu que havia diminuído a velocidade do próprio passo. Deixou de prestar atenção nos olhares e se esforçou para conseguir a concentração que era necessária.

O meio do jardim havia sido cercado com grandes arranjos, parte do espaço era ocupado pela orquestra, a outra parte era apenas o vazio tablado polido por cima da espessa grama uniforme. Assim que chegaram ali, Draco a puxou pela mão que estava unida a dela e a colocou a sua frente de costas para ele. A outra dele pousou distraidamente em sua cintura e então Draco a fez passear por todos os arranjos antes de levá-la ao centro como se estivesse mostrando algum produto aos convidados que se acumulavam para assistir a parte mais esperada daquele banquete.

A mão em sua cintura, finalmente a guiou para o centro, e então, a orquestra silenciou-se. Não havia sequer um cochicho ecoando. Tudo pareceu morrer e ela se sentiu sozinha com Draco. Num jogo de mãos, ele utilizou a dele que estava unida com a de Hermione e a girou, para que os dois pudessem ficar de frente um para o outro. Os olhos dourados dela cravaram-se instantaneamente nos cinzas dele e Hermione quase perdeu o fôlego, ao ver o quanto seus olhos pareciam poderosos de perto. Ainda com as mãos unidas, Draco ergueu o braço dela e o passou por cima de seu ombro. Num gesto firme e suave, os dedos dele deslizaram para longe dos dela e tudo que restou a Hermione foi deixar sua mão descer calmamente para pousá-la ali. No instante em que sua mão se aquietou sobre o ombro de Draco, a sua outra livre foi capturada pela dele suavemente e erguida de maneira a fazê-la aprumar a postura. Draco, com sua mão vaga, cercou a cintura de Hermione sem pressa, como se quisesse fazer valer cada segundo, e então, ele a trouxe gentilmente para colar o corpo dela no dele.

Foi quase em câmera lenta, que ela viu seus rostos ficarem tão próximos. Teve tempo de inalar o ar e prendê-lo a tempo, quando sentiu a respiração de Draco bater contra ela. O calor do corpo dele envolveu-a, e ali, Hermione sentiu que suas bochechas corariam a qualquer momento. Ah céus! O que ele estava fazendo? Tudo parecia estar acontecendo tão devagar. Os olhos de Draco desviaram para a boca de Hermione e foi inevitável quando viu os seus caírem para a boca dele. Sabia que não era o momento, mas, naquele milésimo segundo, em que ela presenciou suas bocas se caçarem no ar, a hesitação da vontade de se tocarem... Merlin! Ela quis que ele a beijasse, mas então a orquestra lançou o toque das primeiras notas e Hermione se viu deslizar pelo tablado, quando Draco a guiou junto com a melodia.

Seus olhares foram restaurados e ela se julgou doente por desejar o beijo de Malfoy. Maldição! O que era aquilo? Os olhos dele, firmemente estancados sobre os dela, não ajudavam a fazer com que a magia que a prendia naquele mundinho encantado fosse quebrada. O poder daqueles cinzas parecia ser mais forte do que, qualquer pensamento racional, que Hermione tentasse repetir para si mesma. Odiou Draco Malfoy, ainda mais.

— Vi as fotos que guarda em Whitehall. – a voz dele foi profundamente baixa, que quase fez suas próprias cordas vocais vibrarem. Ela pensou que fosse derreter ali mesmo, mas no momento que processou o que Draco havia dito, acordou para o peso do que aquilo significava.

— Que fotos? – indagou rapidamente e desejou que não fosse o que ela estava pensando.

— As nossas fotos. – ele respondeu com um sorriso discreto brincando nos lábios. – Os recortes de jornal que deixa na mesa de seu escritório.

Hermione não sabia se deveria se exaltar ou se deveria dar espaço a vergonha que insistia em atingi-la naquele momento, mas precisou de um segundo para refletir que se fizesse caso das imagens, aí sim se colocaria em uma situação comprometedora.

— O que estava fazendo em meu quarto? – questionou não achando graça no sorriso que ele insistia em manter.

— Aquele não é seu quarto privado, Hermione. – ela ainda não havia se acostumado com o som de seu nome na voz de Draco Malfoy. – Deveria ter previsto isso.

— E previ. – aquilo ajudaria a desmerecer as fotos, que ela lutava todos os dias para jogar fora e não conseguia. – Quero saber o que estava fazendo em meu quarto.

— Se não se lembra, tive que escolher três varinhas para uma desconhecida. Algo eu tinha que saber sobre você.

— Deveria ter perguntado. – Hermione mal deu tempo para que ele pudesse ter dito algo mais.

Draco riu fracamente.

— Eu não desperdiço meu tempo. – giraram. – Quero saber por que guarda àquelas imagens. – a saliva que ela engoliu, desceu em seco e Hermione quase seguiu a direção oposta que Draco a guiava, mas ele a segurou firme pela cintura e a forçou a deslizar para onde ele queria. – Concentre-se. Ninguém quer que você arruíne a dança.

— Por acaso o incomoda que eu as guarde comigo? – perguntou.

— Não. – a girou novamente. – Sorria. – ordenou – Apenas quero um motivo.

— Não tenho nenhum motivo que venha o interessar. – forçou seu sorriso.

— Por favor, Hermione. Poupe-me desse jogo. – Draco a guiou tão elegantemente, que ela mal conseguiu calcular direito o que seus pés haviam feito – Eu quero o motivo. – Hermione se calou. – Ao menos que tenha algo a esconder.

— Se eu quisesse esconder algo, Malfoy, eu teria dado um fim nas fotos que viu, e não as deixado à mostra.

Ele ergueu a sobrancelha com aquele sorriso ridículo.

— Ao menos que tivesse a pretensão de me fazer pensar dessa forma.

Hermione lutou para não revirar os olhos. Aquilo estava ficando infantil demais e, por alguma razão, era justamente o caminho que Draco queria que aquele assunto tomasse. Queria lançar sobre ele seu pior olhar, mas era obrigada a manter aquele maldito e infeliz sorriso estampado na cara.

— O que é tão engraçado, Malfoy? – soava quase irônica.

— Está com raiva. – ele sorria. – E eu sou o culpado por isso. – a girou. – Estou apenas tentando, me dar a chance, de ter um pouco de diversão nesse tedioso casamento.

Ela não pode mais continuar sorrindo. Seus olhos estreitaram e quis simplesmente devorá-lo.

— Quer um motivo, Malfoy? É isso que quer? Olho aquelas fotos e me pergunto como conseguirei sobreviver perto de um verme como você. – quis cuspir, mesmo que aquelas palavras tivessem regredido sua idade para os anos de Hogwarts.

Draco riu com vontade dessa vez, enquanto rodavam no último acorde da música.

— Agora está furiosa. – os olhos cinzas dele pareciam querer contaminá-la com aquele veneno, que só Draco Malfoy tinha. – Bem melhor. – ele a girou com suavidade para o término da dança – Isso me faz sentir como se eu estivesse de volta a Hogwarts. - o braço que a cercava pela cintura a apertou com suavidade e dessa vez Draco colou o corpo dela, ainda mais ao seu. Hermione voltou a sentiu a respiração de Malfoy contra seu rosto. Percebeu o encanto dele querer possuí-la, mas ela lutou. – Tenho um bom palpite para o seu real motivo. – os violinos soaram alto na última nota, e então, finalmente a orquestra encerrou fazendo o silêncio durar pouco antes dos aplausos.

— Se eu mesma não tenho um motivo, como você pode ter um palpite? – ela quase sussurrou. Draco estava tão próximo, que mesmo se ela sussurrasse, ele escutaria.

Ele sorriu como se quisesse chamá-la de ingênua. Hermione sabia exatamente que momento era aquele e o que deveria fazer, mas lutava tão bravamente contra o poder de Malfoy em querer embriagá-la com aquela proximidade, com aquele perfume, e com aquele tom de voz, que temeu pelo que fosse sair nos jornais no dia seguinte.

— Sorria. – Draco ordenou mais uma vez e Hermione sentiu sua mão ser abandonada. Ela esperou que fosse ser exatamente como no dia de seu noivado, mas, dessa vez, os dedos dele escorregaram por baixo de seu cabelo quando ele tocou seu rosto. Hermione não conseguiu sorrir e então, finalmente, ele quebrou a barreira da proximidade quando cobriu seus lábios com os próprios. Hermione se lembrou da sensação novamente e antes que pudesse pensar em qualquer coisa, ela se viu perder as forças de lutar contra o infernal poder que ele tinha. Os flashes dispararam por todos os lados e tudo para ela soou abafado, enquanto sentia a pressão dos lábios frios de Malfoy contra os dela. Somente quando ele se afastou, depois do que pareceu uma eternidade, e que ela tomou fôlego, foi que reparou que prendera a respiração por todo aquele tempo. – Olha para aquelas imagens e lamenta por nos odiarmos tanto quando vê que formamos um belo casal. – disse ele quando se afastou milímetros da boca dela. Draco pôde até ter usado o tom de quem ainda estava tentando provocar, para que Hermione ficasse com ainda mais raiva, mas a vibração do ruído da voz que tinha, juntamente, com o perfume que exalava e as sensações que corriam pelo corpo de Hermione, fez com que ela se sentisse completamente embriagada.

— Péssimo palpite. – ela se surpreendeu por ter tido a capacidade de dizer algo. Talvez fosse alguma parte do seu sistema racional que ainda lutava, mas de qualquer maneira, havia saído como nada mais que um sussurro.

Draco riu fracamente, e então, ela sentiu o braço em sua cintura a apertar gentilmente, enquanto a boca dele voltou a cobrir a sua. Hermione escutou um flash de perto ao mesmo tempo em que não lutou, quando os lábios de Draco trabalharam para abrir espaço. Ela estava inteiramente pronta para sentir o gosto dele, o beijo dele, o sabor, a textura, mas foi exatamente no segundo seguinte, onde ela soube que finalmente teria aquilo, que o céu acima da cabeça de todos ruiu, estrondosamente.

Hermione contraiu todos os músculos e se afastou assustada. Olhou para o céu escuro e não viu nenhum sinal de nuvem. Aquele, sem dúvida, havia sido o som mais estranho que escutara. Parecia ter sido um trovão que caíra exatamente ao seu lado, mas embora tivesse sido assustador como um, o som não poderia ser comparado. Abaixou os olhos e viu todos os convidados procurando no céu, o mesmo que ela havia procurado. Encarou Draco à sua frente e ele era o único que não se importava com o céu. A realidade bateu contra ela, e então, um giro de confusão embrulhou seu estomago. Não soube exatamente se deveria se questionar o que havia sido aquele barulho estrondoso, ou se deveria procurar pela maldita resposta de estar lamentando ter pedido o beijo de Draco Malfoy.

Foi no seu minuto de confusão, que Draco saiu de seu posto e a passos firmes e decididos, sem se importar com ela, com a festa e com os convidados, com nada, tomou o rumo por entre as pessoas. Hermione apenas juntou a saia de seu vestido e tentou alcançar o passo dele.

— O que foi isso? – ela perguntou.

Ele a ignorou completamente. O Draco de minutos antes, que parecia descontraído ao se divertir com algumas bobas provocações, agora havia dado espaço ao Draco da inexpressão congelada que ela constantemente via. Ele passou com pressa, por entre os convidados que sussurravam atônitos. Hermione tentava acompanhá-lo com dificuldade.

— Draco, – Pansy veio por um lado – não pode...

— Não agora, Pansy. – ele a cortou e passou por ela.

Bellatrix se aproximou.

— O mestre quer uma resposta dentro de quinze minutos. – ela disse e foi embora, tão rápido, quanto havia se aproximado.

Draco continuou em seus passos e Hermione viu que ele tomava o rumo da entrada da ala norte. Olhou para trás e ao longe, viu Narcisa estalando os dedos para alguém. Nos segundos seguintes, a orquestra começava uma nova música, e então, ela entrou pelo corredor da ala. Quem vinha na direção oposta era um homem que ela não conhecia. O homem vinha com tanta pressa quanto os passos do seu querido novo marido.

— Quem soou o canhão? – Draco perguntou, imediatamente, sem parar de se movimentar

— O portão sul. – respondeu o homem ofegante.

— O portão sul não está aberto para chave de portais essa noite. – disse Draco.

— A notícia não veio de fora, senhor.

Draco não disse nada em resposta. Os dois homens trocaram olhares e tudo pareceu muito bem solucionado naquele silêncio entre eles.

— Me traga Viktor Krum. – foi a única coisa que Draco disse.

— Senhor, nós estamos tent...

— Agora! – Draco foi ríspido e seco.

— Agora mesmo, senhor. – o homem se virou e saiu na direção oposta, com ainda mais pressa.

Draco não teve nem um minuto de descanso e outro homem alto saiu de um corredor que interceptava o que eles andavam. Era moreno, alto e musculoso. Estava bem vestido, o que indicava que estava no casamento, Hermione não conseguiu se lembrar quem ele era, mesmo que tivesse estudado sobre todos os convidados. Tudo explodia e se confundia muito facilmente em seu cérebro, naquele momento.

— Senhor... – ele veio até Draco.

— Deixe todo o exército sob aviso. – Draco cortou o homem, antes mesmo que ele pudesse fazer a pergunta que deveria.

— Imediatamente, Senhor. – o homem deu meia volta e voltou pelo corredor do qual viera.

— Draco! – uma voz veio de trás deles. Hermione se virou rapidamente para ver um homem afrouxando a gravata, enquanto corria na direção do homem que chamara.

Hermione virou um corredor, seguindo logo atrás de Draco, o homem logo os alcançou. Vinha com uma pasta na mão.

— Dementadores. – o homem disse ofegante e passou a pasta para a mão de Draco. Eles começaram a subir escadas. – Eles estão abandonando todos os postos.

— O quê? – Draco pareceu surpreso.

— Por isso soaram o canhão. – justificou o homem – Ainda estamos esperando receber os memorandos dos outros fortes, mas se tivermos a resposta que tivemos da guarda da muralha de Brampton Fort, é muito possível que estejamos encarando um ato de traição.

— Estamos sem dementadores, além da muralha? – o tom que Draco usou havia um tom sério de preocupação.

— Sim. – respondeu o homem.

Draco ficou alguns segundos em silêncio, antes de soltar um palavrão baixo. Eles chegaram ao último patamar e trocaram de ala. Tornaram a cruzar mais um corredor para o acesso as torres.

— O que é isso? – perguntou ao homem, se referindo a pasta em sua mão.

— Os depoimentos da guarda de vigia.

— É tudo que tem até agora?

— Em documento, sim. – respondeu o outro.

— Eu não me importo com documentos agora. – devolveu a pasta para o homem. – Quero todas as informações, o mais rápido possível. Estarei em minha sala.

O homem não respondeu nada, apenas deu meia volta e desapareceu. Hermione continuou a seguir Draco e precisou tomar cuidado para não tropeçar no vestido, quando passou a subir os degraus compridos da torre principal. Quando, finalmente, chegaram ao topo, cruzaram um pequeno hall de um escritório vazio e ela entrou seguida do marido na sua esplendorosa sala. Ele nem mesmo parecia fazer idéia de que ela estava ali.

Draco foi para detrás de sua mesa, empurrou para longe a cadeira, puxou da parede um enorme pedaço de pergaminho com um mapa, que Hermione tentou decifrar rapidamente o que era, e o abriu sobre a mesa. O mapa era bem desenhado e tinha grandes pontos negros espalhados em diversas áreas. A legenda era visível e nenhum daqueles nomes Hermione conhecia. O silêncio foi cruel, enquanto Draco estava debruçado sobre aquele mapa. Ela quase podia ver o cérebro dele trabalhando duramente. A recaída estúpida que tivera por aquele homem parecia algo sem importância e para se discutir mais tarde, já que tudo aquilo que acontecia a deixava loucamente curiosa.

Batidas rápidas na porta foram seguidas, da entrada de outro homem. Draco ergueu os olhos de seu mapa e encarou o visitante.

— Os fortes reportaram para o portão sul que os dementadores abandonaram os postos. - o homem disse. – Estamos recebendo mensagens de todas as outras torres de vigias e das outras áreas onde destinamos o uso de dementadores. As mensagens são as mesmas. Os dementadores... –o homem respirou fundo. – desapareceram. – concluiu.

O silêncio que veio de Draco fez Hermione ver o cérebro do homem trabalhando, rapidamente e arduamente. Ele deu as costas por um minuto e então decretou sua resposta:

— Quero que montem um documento com depoimentos, hora, nomes e o máximo de informação possível de cada lugar que usamos dementadores. Quero uma descrição minuciosa dos assuntos tratados nos últimos contatos, o comportamento, e uma entrevista particular com cada comensal responsável pelo contato com dementadores. – voltou-se para o homem. – Cada um deles. – frisou – O mais rápido possível.

Mal havia terminado de falar e pela porta passou outro homem. O de antes foi embora, no mesmo segundo, carregando o dever que havia recebido.

— Senhor! - o homem ofegava. – Azkaban. – ele inspirou oxigênio. – Está em rebelião.

Aquilo pareceu vacilar o equilíbrio de Draco Malfoy. Por um segundo, Hermione se preparou para correr junto com os dois todo o caminho de volta ou para onde quer que eles precisassem seguir imediatamente, mas, então, o homem moreno e forte que viera até Malfoy no corredor do primeiro patamar, passou pela porta e a figura dele pareceu ser exatamente o que Draco precisava naquele momento.

— Mason. – Draco se direcionou para o homem instantaneamente. – Mande a zona cinco para Azkaban e a zona seis para fazer a varredura da área. Agora!

O gigante moreno saiu tão rapidamente, quanto entrou. Draco voltou para detrás de sua mesa e o modo como fechou o mapa e o lançou para longe de sua vista foi suficiente para que Hermione percebesse que ele estava furioso. Viktor Krum finalmente apareceu pela porta, obviamente, não em um bom momento para Draco. O primeiro olhar dele foi para Hermione e ela sentiu como se estivesse sendo despida.

— Sinto informar, mas a situação em Azkaban está fora de qualquer controle a essa altura do campeonato. – Krum apressou-se a dizer, pulando seus olhos de Hermione para Draco.

Draco tinha os dois punhos fechados contra o mogno lustroso de sua gigantesca mesa, ele se apoiava no peso dos braços e tomava alguns segundos de silêncio, aparentemente, para tentar se tranqüilizar.

— Me diga que não é a Ordem. – a voz de Draco soou baixa e grave. Estava em profundo desapontamento.


Viktor pareceu temer responder.

— É a Ordem.

Hermione sentiu um calor em seu peito e quis sorrir, no mesmo instante. Viu os músculos da mandíbula de Draco se contraírem e a veia de sua têmpora saltar. Ele deu um soco de frustração na mesa e ergueu os olhos para Viktor.

— Por que eu não estava sabendo disso? – vociferou ele, enquanto seus olhos pareciam queimar em ódio.

— Eu disse que precisava fazer algo por eles, do contrário poderiam me descobrir. – justificou Krum.

Draco deu as costas, puxando o fôlego, como se tentasse buscar controle pelo ar. Os músculos de sua mandíbula trabalhavam como se estivessem querendo massacrar alguém entre os dentes. Ele foi de um lado para o outro e sua respiração se tornava mais pesada, a cada segundo. Certa hora, ele passou os olhos pela sala e se aborreceu ainda mais com algo. Fitou rapidamente o homem que dera a notícia sobre Azkaban. Sua figura ainda estava parada no mesmo lugar, completamente imóvel.

— ONDE ESTÃO MEUS HOMENS? – Draco trovejou inconformado. O homem deu as costas e saiu rápido como uma gazela que foge do predador. Draco tornou a andar de um lado para o outro. – A Ordem está planejando reunir todos os rebeldes. – disse, enquanto seu cérebro trabalhava – Temos prisioneiros em Azkaban que poderiam, facilmente, ser a ponte para a Ordem conseguir contato com outros grupos. – Draco parou e encarou Viktor Krum. Foi no mesmo segundo, que Voldemort passou pela porta, seguido de Bellatrix Lestrange, Theodoro Nott, e mais dois homens que Hermione não reconheceu. Seus músculos se contraíram e ela afastou um passo apenas pela incômoda presença do bruxo.

— Espero ouvir que soaram o canhão por acidente. - Voldemort disse.

— A guarda não cometeria esse tipo de erro, sabe disso. – Draco respondeu parando e encostando-se na própria mesa. – Dementadores estão abandonando seus postos em todas as partes do planeta. Algo está os forçando ou estão fazendo isso por livre e espontânea vontade. Se eles estão agindo por interesse próprio, esse pode ser um caso de traição. – ele enfiou as mãos no bolso. – Isso é algo para ser estudado, o real problema, é que a Ordem tinha domínio dessa informação e Azkaban está em rebelião, nesse exato momento. – desencostou-se de sua mesa. – Sabemos que a Ordem tem planos para tentar reunir mais uma vez todos os grupos da resistência. – ele começou a andar, quase que involuntariamente, de um lado para o outro novamente. – Ordenei a execução de todos os prisioneiros ligados a grupos de rebeldes, mas a lista é grande, está levando dias. A Ordem os quer e a essa altura, eles estão muito perto de tê-los.

O silêncio que se seguiu foi perturbador. Hermione pulou seus olhos de Voldemort para Draco e vice-versa. Todo o resto da sala pareceu fazer o mesmo.

— Como está agindo? – foi a única coisa que Voldemort perguntou.

— Liberei duas zonas avançadas para Azkaban. Toda a informação que tenho até agora é de que estão em rebelião. Por agora, preciso de comensais lá. Preciso que dominem a situação e que me reportem detalhes para que eu possa agir com a zona sete no caso por inteiro. – Draco respondeu.

— Me desculpe. – interrompeu Theodoro Nott limpando a garganta. – Eu sei que Azkaban parece um assunto bastante preocupante, mas não sei se notaram na parte em que estamos sem dementadores. – Theodoro deu um passo à frente. – Draco, não podemos ficar nas terras de Brampton sem dementadores.

— Sei disso. – Draco disse.

Cinco homens entraram na sala, montaram uma guarda próximo a porta. Voldemort aproximou-se de Draco, muito calmamente. Ele não demonstrava nenhum sinal de preocupação ou aborrecimento.

— Tem duas semanas para concertar isso. – disse o bruxo num tom sereno, porém, dotado de uma autoridade que só Voldemort exalava. – Se eu ouvir que a Ordem teve qualquer tipo de vitória, por mais miserável que seja, eu a colocarei na sua lista de fracassos e sei bem o quanto odeia fracassos.

O bruxo deu as costas e saiu, sendo seguido por Bellatrix que, surpreendentemente, estivera nas sombras durante toda àquela noite e pelos dois homens que Hermione não tinha idéia de quem fossem. A sala caiu em silêncio. Hermione ainda podia sentir o cérebro de Draco trabalhando. A ameaça de Voldemort não havia o afetado ou nem mesmo o surpreendido. Ele parecia saber lidar bem com aquilo, parecia conhecer bem as obrigações, e por vezes, Hermione sentia que ele via aquela guerra mais como dele do que de Voldemort.

— Viktor. – Draco ergueu o olhar e recebeu outro do homem que Hermione notou estar apreensivo. – Tem-me servido todos esses anos de uma maneira muito única...

— Eu não o sirvo, eu sirvo o Lorde das Trevas. – Viktor o interrompeu.

— Você não me interrompe, enquanto eu falo. – Draco usou de um autoridade que a surpreendeu, ao mesmo tempo em que a assustou. - O exército é meu, as ordens são minhas e você serve a mim. – ele foi claro e Hermione estranhou o modo como ninguém contestou aquilo, nem mesmo Viktor tornou a retalhar contra aquela idéia. – Sei que está escondendo algo.

— Sabe bem que eu sempre tenho algo para esconder. Eu jogo o meu jogo. – ele respondeu. – Tem sido assim por todos esses anos.

— Tem sido assim todos esses anos, porque eu tinha plena certeza de que lado estava o seu interesse. – parou frente ao outro – Agora, eu já não tenho toda essa certeza e você sabe o quanto eu odeio ter que lidar com a dúvida. –Draco usava de um tom uniforme e cada palavra era dita, com calma e sem nenhuma pressa. – Portanto, você não terá permissão para sair por nenhum dos portões, nem tomar qualquer chave de portal, e se for realmente esperto, como sei que é me entregará sua varinha e acompanhará meus homens para o seu novo exílio. – dito aquilo Draco estendeu a mão e esperou pacientemente.

Hermione sentiu a tensão daquele momento. Viktor Krum estava visivelmente aborrecido e pela sua expressão, era possível saber que aquilo não havia estado em seus planos. Aquele pareceu ser o tempo em que ele colocou o cérebro para trabalhar e remoera cada palavra de Draco. Por um momento, Hermione esperou que ele simplesmente fosse lutar para tentar fugir, mas com toda relutância, ele apenas enviou a mão no bolso, tirou sua varinha e a colocou na mão de Draco.

— A Ordem está esperando que eu retorne. – ele avisou.

— Dê a ele um bom quarto. – Draco apenas disse para os dois guardas que haviam se colocado, um a cada lado, de Viktor e deu as costas.

— Vai dar a ele um bom quarto? – Theodoro desdenhou, assim que Viktor foi levado para fora da sala.

— Ele me serviu bem e por muito tempo. – Draco deu meia volta e colocou a varinha de Viktor sobre sua mesa. – E ainda não posso dizer nada sobre as intenções dele. Estou apenas sendo cuidadoso.

— Krum está certo, a Ordem está o esperando. – alertou Theodoro.

— Essa é a menor das minhas preocupações agora. –Draco tomou o rumo dos guardas próximos à porta. – Pensarei nisso depois, por agora eu só não posso deixar que ele saia daqui. – voltou-se para um dos guardas. – Reúna o conselho e o chefe da guarda, eu estarei lá em quinze minutos. - deu a ordem e voltou-se para outro. – Prepare minha saída pelo portão sul. – voltou-se para o último deles. – Diga a Mason que quero a zona sete em formação no pátio leste, em uma hora. – Voltou-se para Theodoro. – Preciso que você me mantenha informado das atividades de seu departamento, enquanto eu estiver fora.

— Certo. – respondeu ele.

— Tem alguma previsão?

— Nenhuma previsão. – Theodoro disse e Hermione não entendeu. – Sou só o governador, isso não tem nada em comum com a minha área.

— Você conhece a maldição.

— Não sou o único que conhece.

— É o único que eu confio.

Theodoro riu.

— Você não confia em ninguém, Draco. – o homem disse num tom divertido. – Mas sabe que cuidarei disso por interesse próprio.

— Perfeito. Estava contando com isso. – Draco disse, dando as costas ao homem e foi, naquele minuto, que os olhos dele acidentalmente caíram sobre Hermione. No primeiro segundo, ele pareceu surpreso, no segundo, ele olhou para os lados num misto de confusão e dúvida, no terceiro, ele apenas uniu as sobrancelhas, aborrecido. – O que está fazendo aqui?

Hermione não gostou do tom, nem um pouco gentil, que ele havia usado, e também não se agradou do fato de ter sido simplesmente esquecida.

— Vim logo atrás de você, todo o caminho do jardim para cá, se caso não lembra. – tentou ser estúpida.

Draco rosnou em resposta.

— Você deve voltar ao banquete. – tomou o rumo de sua mesa.

— Acha que eu sou um de seus homens? – moveu-se para perto, cheia de indignação, tentando se manter no campo de visão dele, que insistia em manter a atenção em qualquer outra coisa que não fosse ela. – Acha que vai, simplesmente, ordenar que eu volte para aquele inferno? O que espera que eu diga? “Sim, senhor”? Vou estar na reunião do conselho, faço parte dele.

O riso que Draco soltou foi seco.

— Não, você não estará. – ele juntou papéis em sua mesa. – E não faz parte do conselho, está presente nas reuniões diárias, apenas, pela conveniência do cumprimento de uma ordem que me foi passada. – pegou a varinha de Krum e deu a volta na mesa. – E quem pensa que é, rebelde? – ele se aproximou dela e Hermione sentiu-se intimidada pelo olhar que ele usou. – Ter o meu sobrenome não te torna menos sangue-ruim, nem menos prisioneira. Continua tendo que servir a ordem de qualquer verme desse lugar. – tomou o rumo da porta. – Encontrarei alguém para trazer minha mãe até você, ela, certamente, saberá o que fazer. – e saiu batendo a porta.

Hermione sentiu o sangue ferver. Juntou as saias de seu vestido e apressou-se para a saída. Quando estava prestes tocar a maçaneta, viu a barreira de um braço que deteve sua mão.

— Hei. – a voz masculina chamou sua atenção, enquanto ela procurava afastar-se do braço quase que com repulsa. – Não é uma hora muito boa para irritar Draco Malfoy.

— Acha que eu me importo com ele? – respondeu erguendo os olhos para encontrar Theodoro Nott. Por um momento, havia se esquecido de que ele estava ali. Tentou alcançar a porta, mas ele se fez de barreira novamente. E por alguma razão, o modo como Nott se posicionava erguendo o braço dava a ele toda a facilidade para agarrá-la, se ela realmente lutasse contra. – O que pensa que está fazendo?

— Estou te poupando de ser arrastada pelos guardas de Draco. – ele respondeu calmamente. – Ninguém dá ordens a ele, apenas o Lorde. Se eu fosse você, não tentaria novamente.

Hermione observou-o com atenção, curiosidade e, ao mesmo tempo, confusão. Theodoro era o exemplo de pessoa que sofrera uma mudança muito considerável desde Hogwarts. Os cabelos negros com aspecto de que precisavam ser aparados e os olhos igualmente escuros eram os mesmos, mas a fisionomia agora era, definitivamente, de um homem completamente diferente do que ela vira em Hogwarts. Certamente, ela não o reconheceria como Theodoro Nott, se não fosse pelo seu tedioso estudo de convidados.

— Nott. – ela se viu respirando fundo. – Saia do meu caminho.

Theodoro a encarou diferente do que qualquer outra pessoa já havia a encarado naquele lugar. Não era amigável, mas também não era frio e desinteressado. Aquele olhar fez Hermione se lembrar, vagamente, das vezes em que havia cruzado algum olhar silencioso, com Theodoro Nott em Hogwarts. Ele mostrou as mãos, deu espaço a ela e abriu a porta.

— Não se esqueça que eu a alertei. –ele apenas disse.

O primeiro impulso de Hermione foi o de sair dali, o mais rápido que conseguisse, mas seu cérebro gritou imediatamente que mesmo que corresse, Malfoy já havia se enfurnado no labirinto que aquela catedral era e ela jamais saberia para onde ele havia ido, porque precisar de ajuda e orientação naquele lugar era como contar com o fim da guerra. Seus olhos pularam da passagem da porta para Theodoro e ela se viu soltar as saias de seu vestido frustrada. Poderia odiar aquele homem, por todas as ofensas e calunias que ele havia proferido contra ela em Hogwarts, mas aquilo havia sido há anos atrás, quando eram apenas adolescentes, e ele ali, poderia ser a única esperança para suas dúvidas.

— Quero saber sobre a maldição do qual estavam falando. –Hermione disse.

Theodoro riu. Tornou a segurar a maçaneta da porta e a fechou sem pressa, como se tivesse um motivo para se divertir agora.

— Você deveria aprender a pedir, sabia? – ele disse com calma, enquanto cruzava os braços. Ela estreitou os olhos quando viu um sorriso débil brincar nos lábios dele. Ser motivo de piada naquele lugar, já estava começando a irritá-la. – Pensei que fosse mais esperta e não se deixasse levar por rancores da época de Hogwarts.

— Vai me dizer sobre a maldição ou não? – Hermione não estava com paciência para qualquer jogo de palavras que tivesse em mente.

— Vamos com calma, Sra. Malfoy. – ele não usou o termo sangue-ruim e vindo de Theodoro Nott, pelo que ela conhecia dele, a surpreendeu, mas ainda não a agradou. – O que pensa que vai conseguir lançando ordens a mim? Primeiro, se quer uma informação que eu tenho, deveria me convencer a passá-la a você.

Hermione o encarou, por um longo segundo. Se ele realmente fosse o Theodoro que ela conhecera, não havia dúvida de que aquilo era uma jogada para fazê-la se humilhar a troco de nada. Balançou a cabeça, passou por ele e segurou a maçaneta para ir embora. No mesmo instante, a mão úmida do homem cobriu a sua. Ela paralisou com o toque.

— Vai desistir tão fácil, Hermione? – a voz dele não precisou sair alta, visto a distância próxima, porém cuidadosa que ele tomara. Ela ergueu o olhar para ele. – Não me olhe como se eu merecesse ir para a cruz. – Hermione puxou sua mão, quando percebeu que a dele não tinha o interesse de deixar a sua. – Hei. – ele protestou pelo ato rude. – Sem ressentimentos de Hogwarts. – ele levantou as mãos em sinal de paz. – Sei que não nos demos muito bem naquela época, mas sabe que os tempos eram outros, éramos adolescentes, novos e sem um pingo de maturidade. – ela não iria cair naquele papo. – As coisas mudaram muito, desde aquele tempo.

— Deixamos de ser opostos e passamos a ser opostos extremos? – ela questionou. – É isso que quer dizer? Porque, a única coisa que mudou, foi que passamos do encanto de Hogwarts para uma guerra. Você pode até não ser parte de um exército ou empunhar uma varinha contra o meu lado, mas é leal ao meu inimigo.

Ele riu com o que ela disse.

— A guerra acabou para você. Sei que ainda não engoliu a idéia, mas é divertido ter ver na sua esperança de escape ou o que quer que esteja planejando. – ele se aproximou um pouco mais e Hermione recuou o mesmo tanto. – Quero continuar a te ver nessa ilusão. – ele se divertiu - Se quiser alguma informação, vai procurar saber onde me encontrar. Mas lembre-se, Sra. Malfoy: Ninguém faz nada de graça, desse lado da guerra. –ele abriu a porta e passou por ela.

— Quero saber agora. – ela puxou as saias e avançou com ele.

Ele tornou a rir. Apontou para Narcisa Malfoy que vinha num passo longo e firme na direção oposta. Hermione diminuiu a velocidade e parou sentindo a frustração de saber que agora ela não tinha mais nenhuma brecha, para encontrar oportunidades de chegar até Draco em sua reunião com o conselho.

— Creio que agora você tenha deveres a cumprir, Sra. Malfoy. – Theodoro disse de longe, passou por Narcisa e foi embora. Hermione resmungou baixo.

— Vamos. – disse Narcisa assim que chegou até ela. – Temos que te tirar de dentro da Catedral.

Hermione não entendeu a urgência com que aquilo soara.

— Por quê?

— Você não tem nem a menor idéia das coisas que estão acontecendo, Hermione. – Narcisa apenas respondeu.


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Notas finais do capítulo

vixxxx... lascou! Nada de lua-de-mel! Fala sério viu Ordem da Fênix! Será que não dava pra ter esperado? haha Pessoal, gostaria de agradecer o comentário de vocês e todos os elogios! Fico muito feliz que grata por todo esse feedback. Se vcs gostaram desse capítulo, deixe seu comentário.

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