CIDADE DAS PEDRAS - Draco & Hermione escrita por AppleFran


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aí está o capítulo de sexta-feira. Como sempre também, já peço desculpas antecipadas pelos erros de digitação e português.



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7. Capítulo 7

Hermione Granger



Uma gota de felicidade ao menos. Estava tão seca de alegria que aquela única gota havia sido devorada sem qualquer piedade. Hermione deu leves batidas cuidadosamente na porta, girou a maçaneta e entrou. Seu sorriso veio em sequencia assim como os olhos embaçados.

Luna estava sentada no meio de uma imensa cama com as pernas cruzadas e sorriu para Hermione assim que a viu. As duas apenas sorriam em silêncio encarando uma a outra.

— O que achou da minha nova cela? – indagou Luna.

Hermione passou os olhos rapidamente enquanto se aproximava. Era definitivamente menor que Whitehall e mais escuro devido as paredes de pedra aparente, mas era aconchegante e nem um pouco desprovido de ornamentações luxuosas.

— Me parece muito confortável. – respondeu ela.

Ambas voltaram a trocar olhares e sorrisos. A visão de uma Luna desnutrida, com os cabelos opacos e a pele pálida faziam os olhos de Hermione se encherem d’água. Não queria se sentir culpada por aquilo, mas era inevitável.

— Sabe que nós não temos motivos para ficarmos sorrindo assim, igual duas bobas. – comentou Luna e Hermione riu. A loira se arrastou para fora da cama e as duas se abraçaram. Hermione sentiu o corpo ossudo e fraco de Luna o que fez seu coração apertar ainda mais. – Você poderá me ver quando quiser?

— Nada aqui acontece por alguma vontade minha, Luna. – respondeu quando se afastaram – Mas posso dizer que talvez iremos nos encontrar com mais frequência, espero. - Luna abriu um grande sorriso por aquilo e sentou-se na beira de sua cama. – Gostaria que a liberassem pela catedral como fazem comigo. Que a deixem visitar o centro, ir a biblioteca, escolher a própria refeição. – sentou-se ao lado da amiga e segurou sua mão. – Estou fazendo o máximo para que isso aconteça.

— Você quer dizer, está obedecendo a todos eles. – disse ela. Hermione suspirou e confirmou. Elas ficaram em silêncio por um bom tempo até que Luna decidiu se pronunciar outra vez como se soubesse que discutir com Hermione sobre seus atos protetores fosse perda de tempo. – Eu vi a cidade. Pelos vidros dos nichos ali daquele lado. – apontou para uma parede com rasgos fundos por onde entrava a iluminação. – As outras aberturas só me dão vista para a muralha, e aquela ali para algum jardim de inverno, ou talvez algum fosso de ventilação bem cuidado. – apontou para outra fachada com janelas.

Hermione assentiu.

— Grande, não é?

Luna confirmou com a cabeça.

— Maior do que eu esperava. – comentou e novamente elas entraram em um profundo silêncio. – Parabéns por hoje. É o seu grande dia. – disse embora seu tom fosse mais de lamento do que de qualquer ânimo previsto pelas congratulações. Hermione apenas não conseguiu dizer nada. Havia tido uma conturbada noite de breves cochilos e reflexões perturbadoras. Aquele era realmente o seu grande dia. Infelizmente, não o que ela havia imaginado durante toda a sua vida. - Lamento, Hermione. Lamento por você e por Harry.

Hermione fechou os olhos sentindo a enorme falta que ele fazia para ela. Os abriu e levantou-se. Caminhou para a direção dos nichos e vislumbrou um pedaço limitado da cidade. Parecia o norte. Talvez fosse.

— Viktor disse que Harry está agindo como louco e está levando a Ordem com ele. Remo e Kingsley estão tentando freá-lo. – contou. – Foi a última informação que tive.

Luna precisou de um tempo para digerir e então ficou em silêncio como se esperasse para que Hermione continuasse, mas ela não continuou.

— Não acredita no que ele disse. – foi o que a loira concluiu daquilo. Hermione parou e voltou-se para a amiga. – Posso saber por que?

— Viktor não disse a eles que... – parou, olhou de um lado para o outro e tornou a se aproximar. Reformulou tudo novamente. – Se Viktor realmente joga do lado deles, Malfoy e todo o exército do Lorde das Trevas deveriam saber o porque eu não te deixei para trás aquele dia em Southport quando as ordens para mim sempre foram nunca se deixar ser pega independente do sacrifício a ser feito.

— Está dizendo que eles não sabem que se sacrificou pela Ordem?

Hermione negou com a cabeça.

— Malfoy não é nenhum idiota. Ele provavelmente sabe que eu me entreguei aquele dia, acredito que ele não saiba pelo que.

— Ele te interrogou?

— Não.

— Não? – Luna pareceu confusa. – Sequer tocou no assunto?

— Sequer. – confirmou Hermione. – Malfoy é esperto demais, Luna. Lutamos contra o exército que ele lidera por anos. Sabemos que ele nunca seguiria um caminho tão óbvio para conseguir uma informação desse peso. Acredito que ele talvez considere formas de aprender a me manipular.

A loira ergueu as sobrancelhas surpresa.

— Acha que pode lutar contra isso?

Hermione suspirou cansada e tornou a se sentar ao lado da amiga.

— Luna, – começou num tom baixo e desapontado. – acho que está na hora de parar de mentirmos para nós mesmas. – disse e a loira apenas a encarou em silêncio e apreensiva. – Sabe que fiz um sacrifício em vão.

— Pretende entregar a ele esse segredo? – Luna ficou surpresa – Hermione, essa foi a maior arma que a Ordem já encontrou, tenho certeza que Harry a conseguiu depois que o exército de Malfoy nos capturou e recuou os ataques. Era exatamente esse o tempo que ele precisava, por isso você se sacrificou. E também não tem certeza dos planos da Ordem agora.

— Luna, se lembra das expectativas que tínhamos? Consegue se lembrar? Viktor disse que Harry está agindo como louco, e nós duas sabemos que não é exclusivamente porque ele me perdeu.

— Hermione...

— Nós sabíamos que a guerra ia finalmente acabar se... – ela parou sentiu um nó subir sua garganta junto com a raiva contida que tudo aquilo lhe causava. – Por isso estou aqui, Luna. Por isso nós duas estamos aqui! – disse com os dentes cerrados enquanto suas vistas tornavam a embaçar. – Mesmo que Harry não esteja realmente agindo como louco, absolutamente nada aconteceu! Nada! A guerra não chegou ao fim, Voldemort continua vivo, essa maldita cidade continua de pé! – encarou Luna. – Me sacrifiquei em vão. Algo deu errado.

A loira a encarou e Hermione viu o olhar de tristeza naqueles profundos e grandes azuis que ela tinha.

— Mesmo assim, não pode entregar as cartas a Malfoy quando ele as exigir. – insistiu Luna. – Não estamos na Ordem para saber o que aconteceu, quais são os planos, porque nada aconteceu.

— Eu posso desmascarar, Viktor. É uma arma que tenho. – disse.

— Não sei bem se Malfoy vai preferir acreditar em um agente duplo que o ajudou a manter suas vitórias nessa guerra, ou em uma prisioneira rebelde como você. – comentou Luna.

— Sim, estou considerando isso. Preciso sondar Draco Malfoy. – seu corpo todo se arrepiou ao se lembrar disso. – Ele é abominável, mas preciso saber como e quando agir, para isso tenho que conhecer o terreno em que pisarei. – ela suspirou.

As duas ficaram em silêncio assim que Luna concordou com a amiga. Sabia que Luna confiava nela. Haviam estado tempo o suficiente juntas naquela guerra.

— Ainda planeja conseguir fazer com que eu escape? – Luna perguntou finalmente.

Hermione se surpreendeu com a pergunta dela. A encarou como se tentasse avisá-la que ela sequer precisava ter se desgastado perguntando aquilo.

— Todos os dias, Luna. – respondeu.

— Por que você não para?! – o tom aborrecido da amiga a surpreendeu ainda mais. – Se você não pode ir eu não vou, Hermione!

— Luna! Sabe que eu tenho que fazer isso não só por você, mas por mim também!

— Você precisa de alguém! Precisa de um suporte! Eu sou seu suporte, Hermione. Se lembra de quando dividimos as duplas antes de irmos a Southport? Somos responsáveis uma pela outra em campo de batalha. Temos que cuidar e proteger uma a outra. Nós ainda estamos em batalha. Ainda temos que lutar. – disse a outra.

Hermione não podia contrariá-la. Mesmo que ela dissesse aquilo e Hermione concordasse, não podia condenar Luna a seguir a vida que era obrigada devido a marca estampada em seu braço. Estava feliz por ter a amiga com ela, principalmente ali. Ela não sentia aquela sensação há muito tempo. A sensação de estar com alguém que realmente a conhecia, alguém verdadeiro, alguém que não estava esperando por um deslize seu.

— Tenho estado tão só, Luna. – se viu comentar com o olhar baixo e o coração dolorido. – E tenho que ser tão forte. Tão orgulhosa. – suspirou e levantou os olhos para a amiga. – Sinto que a cada dia que se passa eu tenho mais justificativas e mais motivos para mudar. Para aceitar como todos são aqui. Para ser como eles. Isso me assusta porque as vezes é quase inevitável não ser como eles. Alguns absurdos são tão comuns e temo que o costume também os torne comuns a mim.

Luna segurou a mão de Hermione.

— Você disse que é inevitável. – pontuou Luna.

Hermione sacudiu a cabeça negativamente.

— Não quero mudar.

— Você tem que fazer o que é necessário para sobreviver a esse meio, Hermione. – a voz sonhadora de Luna sempre era confortante. – Tenho certeza que você nunca vai mudar, vai apenas se adequar. - Hermione sorriu. Um sorriso verdadeiro. Um que não dava há muito tempo. – Viu? Tenho que ser seu suporte. - Hermione riu e revirou os olhos. Passou os braços em torno de Luna e a abraçou novamente. – Você não tem um casamento para comparecer? Vai se atrasar.

— Acha que consigo me esconder aqui com você até o final do dia? – tentou Hermione.

Luna sorriu.

— Se meu pai ainda fosse vivo eu tenho certeza de que ele iria conseguir encontrar uma boa resposta para a sua pergunta! Ele sempre soube tudo sobre feitiços de distração. – respondeu a loira.

— E ele testou todos que conhecia em você certamente! – brincou Hermione.

— Eu nunca entendo porque vocês sempre dizem isso quando falo que meu pai era bom em feitiços de distração! – protestou a amiga.

Hermione riu e foi tão gostoso que ela se encantou com a capacidade de ainda sentir essas emoções.

— Vejo você no casamento, Luna. – trocou um último olhar com ela e se levantou. – Estou feliz que pelo menos você estará lá para lamentar pela minha causa quando todos os outros estarão lamentando apenas pela de Malfoy.

Luna sorriu amavelmente e sentou-se novamente no centro da cama como se gostasse de estar ali. Hermione considerou que depois dos meses que ela havia estado trancafiada em um enorme posso escuro, ela podia desfrutar de qualquer mania estranha sem que fosse julgada.

— Sou seu apoio. – disse ela sonhadoramente.

Hermione agarrou a grande argola que pendia na porta, a puxou, sorriu uma última vez para a amiga e a deixou. Ingênua Luna. Pelo menos a tinha embora nenhuma palavra que ela dissesse pudesse fazer Hermione deixar de pensar numa forma para livrá-la daquele lugar.



Draco Malfoy



Virou o Whisky de Fogo e bateu o copo contra a mesa. Seus olhos cinzas fuzilaram sua mãe quando ela tirou o copo de sua mão e a garrafa de álcool de seu lado. Sentiu-se uma criança, mas parecia quase certo ser uma criança birrenta aquele dia.

— Eu não o quero bêbado logo hoje. – ela foi fria. Por algum motivo que ele sabia bem qual era, sua mãe estava o tratando como se ele tivesse passado a vida fazendo escolhas erradas. Aquilo o irritava. Por que sua mãe haveria de defender Granger? Ele sabia bem o porque.

— Sabe que tenho motivos o suficiente para beber o quanto eu quiser hoje. – foi até a mãe e pegou de volta a garrafa que ela havia levado para longe.

Ela suspirou cansada.

— Está agindo feito uma criança. – disse.

— Sei disso. – retrucou ele teimosamente enquanto enxia seu copo mais uma vez até o topo.

Narcisa foi até ele.

— Draco. – seu tom foi ríspido quando ela deteve a mão que estava prestes a levar o copo a boca. Ele lançou a ela um olhar tão igualmente severo e ambos tiveram um breve embate silencioso enquanto trocavam olhares. – Por favor. – foi quase uma súplica.

Ele bufou, soltou seu copo, deu as costas a ela e se jogou no caro sofá da antecâmara do salão principal da catedral. Pendeu a cabeça para trás e usou os dedos para pressionar os olhos tentando de alguma forma aliviar a tensão em seu corpo. Sentia-se quase sufocado pelo fraque de seu traje.

— O que tenho que fazer para que o tempo pare, mãe? – sentiu ter novamente dez anos, quando era obrigado acompanhar seus pais em eventos importantes no Ministério. - Existe alguma magia que não deixe que esse dia aconteça? Algo que faça com que ele não chegue ao fim.

A mulher não respondeu, mas as palavras dele fizeram com que todas as expressões dela se suavizassem. O silêncio os contemplou por longos minutos enquanto Narcisa sentava-se numa das cadeiras próximo ao filho.

O fim de tarde do lado de fora que entrava pela abertura na parede não era bonito como quase nenhum era em Brampton Fort, mas o barulho das carruagens, a movimentação de pessoas e as conversas que chegavam abafadas a antecâmara informavam o evento especial e alertava Draco de que ele deveria estar lá, com elas, cumprimentando e agradecendo pela presença enquanto Hermione podia se manter escondida dos olhares tendo uma dúzia de elfos e mulheres compondo sua produção para tornar ainda mais grandiosa a sua aparição.

Ele não conseguia aceitar isso. Ficaria ali naquela antecâmara. Seria teimoso e infantil, mas ninguém o obrigaria a enfrentar aquela falsa recepção. Aquele casamento era uma farsa além de uma eterna condenação. Merlin! Por que o tempo não parava?

— Sempre soube que esse dia chegaria. – Narcisa começou numa voz suave e uniforme. Draco desviou seu olhar para ela. – Eu nunca coloquei em você nenhuma pressão, Draco. Sabe que não. Mesmo que soubéssemos toda a tradição da família. – ela desviou o olhar – Nutria a esperança de que pudesse encontrar alguém que amasse, mesmo que os anos fossem se passando e você nunca permitisse que alguém chegasse ao seu coração. – ele revirou os olhos - Sei que tem suas razões porque conhece bem que tipo de pessoa é. – ela tornou a encarar o filho. – Mas tudo isso fez com que eu temesse por esse dia. Pelo dia em que colocassem uma moça a sua frente e dissessem que aquela seria sua esposa. – ela suspirou. – E sabe que nunca foi por você que eu temi.

Aquilo estranhamente o feriu por mais que sua mãe tivesse todos os motivos e as razões para reafirmar cada palavra.

— Não sou como meu pai. – ele disse.

— Não é? Mesmo? – ela duvidou enquanto erguia as sobrancelhas. – É inevitável, você a odeia, sempre odiou.

— E é recíproco. – disse ele aborrecido. – Não é como se ela tivesse posto os olhos em mim e se apaixonado, mãe! Ela não é como você, a história dela não é como a sua!

— Não será menos pior! – sua mãe se levantou e Draco soube que havia usado as palavras certas para feri-la apenas pelas que ela havia usado para revidar.

A seguiu levantando-se e aproximando-se.

— Por que a defende? – ele deveria parar.

— Por que ninguém merece o destino dela. – respondeu ela.

Draco sentiu a indignação lhe subir a garganta.

— Ela é uma rebelde! Uma sangue-ruim! É a responsável pelas minhas maiores derrotas! Sustentou essa guerra muito tempo! Ela e o inferno dos malditos amiguinhos dela! Como pode dizer que ela não merece um futuro como o que terá?

Narcisa deu a ele o olhar que sabia destruí-lo. Olhava-o como se estivesse encarando o marido. Aquele olhar que tinha todos os motivos para desaprová-lo, mas todos para amá-lo. Ela tocou o rosto do filho.

— Você não entende, filho. – ela usou um tom baixo. – É algo que também ninguém entenderia.

— E você entende? – ela deveria já que falava com sentimento.

Viu um sorriso desprovido de qualquer alegria aparecer no rosto de sua mãe.

— Ela não é como eu, não terá uma história como a minha. Você conhece minha história, mas mesmo com tudo o que vivo, eu tenho você para amar. E tenho o seu pai. – Narcisa estalou um beijo terno no rosto do filho - Ela não terá nada. – se afastou. – Sinto muito por hoje, mas por favor, cumpra com o seu papel. Não por ela, mas por mim. Sabe que seu pai quer que tudo saia perfeito, se algo der errado ele me culpará para o resto da vida. – e saiu.

Draco sentiu o calor da fúria que a menção de seu pai lhe causava. A engoliu e considerou que deveria cumprir com aquela injusta divisão de tarefas. Aguentaria a insuportável companhia de todas aquelas pessoas o bajulando antes da cerimônia se era o que sua mãe queria que ele fizesse para ter uma noite de sexo com seu pai. Pensar naquilo aumentou sua fúria ainda mais. Como ela podia amar um homem como aquele?

Virou o copo de whisky e prometeu a si que aquele seria o último. Se esforçaria para pensar apenas na causa de sua mãe, mesmo que a imagem dela encarando Hermione com certo afeto o enojasse.

Saiu de sua confortável solidão para o inferno do saguão de recepção. Desejou que o álcool daquele último copo fizesse algum afeito e amaldiçoou sua resistência a líquidos fortes. Estava tudo belamente elegante. As luzes que se acenderiam quando caísse a noite no saguão aberto estavam todas dispostas em lugares estratégicos e mesmo apagadas compunham com a decoração. Draco chegou a conclusão de que sua mãe havia transformado o local em um jardim tipicamente francês com todos aqueles arbustos artísticos dispostos simetricamente por toda a extensão da área, além das esculturas e do constante barulho de água que vinha de chafarizes que nunca estavam próximos demais se acabasse por se movimentar distraidamente.

Draco aguentou todas as bajulações com muita educação. Foi quase como em sua festa de noivado, só não tinha Hermione ao seu lado, mas estava sendo tão insuportável quanto. Teve que se enfiar na roda de assuntos onde seu pai discursava as maravilhas que fazia no mundo bruxo como Ministro da Magia e ainda contar sobre seus planos contra os rebeldes. Tudo pelo bem da política. Era uma pena que tivesse que fazer parte daquele meio.

Viu o momento em que Pansy chegou. De longe ela parecia exuberante usando um longo vestido cinza prateado, decotado, justo e com uma fenda exatamente na medida que ele gostava. Quando ela se aproximou Draco sorriu por dentro ao se lembrar do porque levava aquela mulher para a cama, mas logo foi obrigado a desviar o olhar dela para voltar sua atenção ao chefe de departamento de seu pai. Obviamente, como se era esperado, não demorou e ela estava se enfiando entre os chefes de governo para ter sua devida atenção.

Ela começou cumprimentando seu pai. Elogiou as vestes do homem e depois soltou um breve e divertido comentário sobre suas primeiras impressões da excelente organização do evento que sem dúvida só poderia ter vindo de Narcisa Malfoy. Logo depois ela tratou de elogiar todos os homens por seus competentes serviços a nova ordem Bruxa e prontamente agradeceu pelas ultimas sensatas decisões do parlamento apenas para mostrar que havia um pouco de conteúdo em seu cérebro e não somente no decote onde todos tratavam de manter os olhos, inclusive seu pai.

Por fim ela não deixou Draco de fora. Seu espírito falsamente contente divertiu um pouco dos homens na roda ao fazer uma rápida brincadeira sobre o semblante severo que ele possuía no dia de seu próprio casamento. Ganhado a simpatia de todos ela apenas pediu perdão pelo ato rude e exigiu um pouco da atenção do noivo aos outros alegando precisar se despedir dos últimos minutos de solteiro de Draco Malfoy. Todos riram e Draco aproveitou a chance de se livrar dos assuntos governamentais de seu pai. Desculpou-se e seguiu Pansy. A mulher não tardou em se aproximar assim que ambos deixaram a roda e passou seu braço pelo dele.

— Não tão próximo, Pansy. – alertou Draco.

— Por que? – ela tinha aquele ar de sempre. O de deboche, de despreocupada, de rainha do entretenimento. Draco imaginou que ela provavelmente passou horas em seu quarto trabalhando em seu psicológico para não vacilar com a máscara que usaria hoje.

— Sabe que a mídia está em cima de mim. – justificou.

— Então porque não melhora essa cara? – riu ela. - Parece que está em um velório.

— Tenho meus motivos.

— E tem autorização para deixar que eles sejam passados para os jornais? – questionou ela.

— Não é novidade para ninguém que isso tudo é uma farsa. Acha que todos acreditam na mentira que contamos? As pessoas apenas aceitam por confiar cegamente em qualquer plano que o metre tenha com isso tudo. – disse.



Pansy parou e se colocou a frente dele.

— Eu não me importo com qualquer que sejam os planos dele. – ela soltou num tom grave e sedutor enquanto se aproximava perigosamente. Draco recuou sabendo que um flash registraria aquilo a qualquer momento. – Não me importo também que será um homem casado daqui a alguma horas. – ela continuou a se aproximar e ele teve que detê-la. Ela parecia se esforçar em achar aquilo engraçado.

— Pare. – exigiu ele. - Isso não é uma brincadeira e você está agindo como uma criança. – tentou ser gentil ao empurrá-la para que nenhuma câmera mostrasse o quanto ele queria ser agressivo.

— Criança? Criança como esse seu bico de quem está sendo forçado a jantar antes da sobremesa? – ela riu e se afastou sabendo que ele não estava sendo nem um pouco receptivo a implicação dela apenas pelo olhar severo que ele passara a usar. – Certo. – mostrou as mãos - Não me culpe. Estou apenas tentando descontrair um noivo nervoso.

— Não, Pansy. Você está apenas querendo uma foto sua nos jornais de amanhã.

Ela deu de ombros.

— Sabe que eu não aceito perder as minha usuais atenções para uma sangue-ruim. – ela disse e dessa vez Draco não ousou reprimir um sorriso discreto.

— Deveria tentar algo melhor do que isso. – sugeriu ele.

— E estou. – ela tornou a caminhar e ele continuou a segui-la.

— Está? – ele ergueu as sobrancelhas, aquilo não o agradou.

— Sim. – confirmou ela. – Durante o banquete vou dar uma boa olhada nas instalações para me certificar de que encontrarei um bom lugar onde você possa me foder na festa de seu próprio casamento.

Dessa vez ele não pode deixar de rir.

— Você adoraria isso, não é mesmo?

— Draco, pensar nisso já me deixa molhada. – debochou ela.

— Obrigado, mas passarei a oportunidade. – divertiu-se ele.

Aquilo fez com que ela o olhasse aborrecida.

— Falo sério, se quer saber. – disse ela.

— Eu também. – ele parou. – Não é possível que depois de todos esses anos que convivemos juntos você ainda cogite a idéia de que eu arriscaria arruinar o evento que minha mãe organizou para ser perfeito.

— Por uma mulher? Claro que eu cogitaria.

Aquilo realmente não o agradou.

— Está me confundindo com meu pai? - a menção daquilo a surpreendeu e ele não entendeu porque a surpreendeu.

— Bem, não será muito diferente dele quando tivermos nossa primeira transa depois de seu casamento.

Agora ela realmente havia pisado fundo para enfurecê-lo. Aproximou-se.

— Você me conhece, Pansy. Por que está fazendo isso? – tentou ser o mais discreto possível embora não conseguisse evitar vociferar.

— Fazendo o que? – indagou ela.

— Não se faça de desentendida. – segurou o braço dela e colocou ali a força de sua raiva. – Acabou de me comparar com meu pai.

— Draco, sei que não gosta, mas você já deveria ter superado isso. É tão igual quanto ele e sabe que existem evidências o suficiente que comprovam isso. Não minta para si mesmo, vai ser mais difícil quando tiver que encarar todas essas evidência escancaradas bem a frente do seu próprio nariz. Vai se casar e traíra sua mulher. Quando tiver seu filhinho e ele descobrir que a família que vive é uma farsa você dirá o que a ele? Que tem motivos para isso? Essa não é a resposta de seu pai quando pergunta o por que ele traí sua mãe?

Draco queria queimá-la viva por dizer tudo aquilo.

— Por que, pelos mil infernos, todos insistem em comparar esse maldito casamento com minha família? Nunca mais ouse comparar minha mãe a uma sangue-ruim! Nunca mais me compare com qualquer atitude do meu pai! E qualquer filhinho que possa eventualmente aparecer, não será dela nem meu! Sabe muito bem o porque tudo isso está acontecendo. – soltou o braço dela sabendo que poderia provocar qualquer dano permanente.

— Não fuja disso, Draco. – ela disse. – Seu pai te colocou nessa situação para fazer com que você entendesse os motivos dele.

Ele franziu o cenho não podendo acreditar naquilo.

— Está o defendendo? – se afastou. – Por que está fazendo isso?

— Não é como se você fosse amar Hermione Granger algum dia, Draco! – disse aquilo como se não fosse algo óbvio. – Vai sentir exatamente o que seu pai sente quando tiver aquela mulher em sua casa.

— Se comparar minha mãe mais uma vez com aquela mulher, juro que nunca mais encostarei o dedo em você, Pansy! E pelo que eu conheço da sua desesperada obsessão, isso seria um excelente castigo!

— Não conseguirá. Já tentou uma vez e não deu certo. – ela deu de ombros. – Estou apenas o alertando. Sabe que fui sua amiga antes de ser sua amante e as vezes se esquece disso.

Ele cerrou os olhos e a assistiu dar as costas e ir embora tentando entender o porque ela resolvera de repente agir daquela forma e dizer aquelas coisas mesmo sabendo que ele ficaria furioso. Pansy jamais faria algo que o desagradaria a aquele ponto. Aquilo era algo que comprometia a frágil relação dos dois e ela tinha essa consciência. Havia algo errado ali e ele descobriria.

**

Draco quase pode vê-la. Hermione. Passara bem em frente a porta do local onde dezenas de elfos e especialistas de beleza trabalhavam para deixá-la espetacular. A porta estava aberta e ele ousou espiar, mas foi fechada pelo lado de dentro antes que ele pudesse ver qualquer coisa.

Não podia negar a ele mesmo o nível de sua curiosidade. Não via problemas nos velhos mitos de azar sobre ver a noiva antes do casamento. Até porque aquele casamento já era um grande azar. Não se importava, mas aquele mistério que todos insistiam em manter, atraía qualquer tipo de ansiedade.

Também cruzara com Pansy e Lovegood quando atravessou o corredor da porta de Hermione Granger. Ambas usavam quase o mesmo vestido por serem damas. Draco não conseguiu evitar um sorriso ao se divertir sabendo que Pansy estava odiando a idéia de não ser exclusiva.

Entrou na antesala preparada para ele e fez a devida reverência a Voldemort, que já estava lá. Ignorou seu pai e se colocou ao lado de seu padrinho, Theodoro Nott.

— Com raiva? – perguntou Teodoro.

— Esse é um dia realmente ruim. Não posso evitar. – justificou Draco.

O outro soltou um riso fraco.

— Granger não é tão mal assim. Lembra-se do que falei quando estávamos no sexto ano? – ele questionou de maneira divertida e Draco sorriu ao se lembrar. - Se eu não tivesse tanta certeza de que ela era virgem aquela época, sem dúvida a arrastaria para dentro de algum armário e ela não teria sequer tempo de raciocinar algo. Bastava apenas cruzarmos em algum corredor vazio.

Draco riu.

— Ela pode ser a mulher mais linda do mundo, não deixará de ser Hermione Granger.

— Sim, isso é um terrível fato. – concordou ele – Ao menos sabemos que será um esposo bem ausente.

Draco riu outra vez. Gostava de Nott. Ele nunca havia sido como Crabble e Goyle, aqueles eram apenas dois idiotas que seguiam suas ordens e ainda as seguia. Teodoro era alguém a sua altura, por isso não havia negado a escolha de sua mãe para que ele fosse seu padrinho de casamento.

— Essa é uma frase que certamente soa muito bem. – disse Draco. – Mas não me livra de estar aprisionado a essa mulher.

— Sim, e ela era realmente estranha. Não que tenha deixado de ser, digo, ela é uma rebelde, amante de ninguém menos que Harry Potter e parece que toda inteligência do mundo está retida no cérebro dela. Mas em Hogwarts, mesmo quando começou a chamar atenção, ela nunca se permitiu misturar com as outras garotas.

— Ela já enxergava a guerra, Theodoro. Uma guerra torna qualquer assunto de garota fútil demais. – Draco estalou os lábios – E de qualquer forma, isso tudo é apenas suposição. Ela é um grande enigma com o qual terei que lidar.

— Acha que pode acabar gostando dela?

Draco encarou as sobrancelhas erguidas de Theodoro e o sorriso divertido brincando em seu rosto. Riu. Estar com Nott sempre o levava de volta a sala comunal da Sonserina, onde os dois costumavam praticar um pouco de perversidade ao zombar da inferioridade alheia no fim do dia.

— Eu a odiei quase a minha vida inteira. Está realmente considerando essa possibilidade? – riu Draco.

O outro deu de ombros.

— Eu só não a descarto. Quero dizer, você está se casando com a esquisita da sangue-ruim. Se lembra de quantas vezes a humilhamos em Hogwarts?

— Éramos crianças. – Draco tratou de dizer.

— Adolescentes. – concertou Theodoro.

— Não há muita diferença e convenhamos que ela bem que merecia. – zombou Draco.

Nott riu.

— É por isso que aquele homem dando ordens em campo de batalha não me convence, Draco. Para mim você sempre será o Draco Malfoy que conheci em Hogwarts. – brincou Theodoro. Draco não se importava em regredir um pouco no tempo quando estava na companhia dele. – Vamos, trate de colocar novamente aquela cara de quem esta encarando o inimigo. Está na nossa hora de entrar. – apontou para uma das organizadoras que o chamava. – Tente se divertir, Draco. Casamentos são festas, não velórios.

— Este está se parecendo muito com um. – disse e seguiu a mulher que insistia para que se apressasse.

Respirou fundo enquanto escutava seus passos se misturarem em eco com os da mulher ao seu lado. O pequeno momento de descontração que teve com seu amigo de infância apenas o fez perceber que não seria facilmente distraído naquele terrível dia.

Recebeu as instruções para esperar alguns minutos quando parou de frente a uma porta dupla ogival de carvalho. Esperou juntamente com a mulher parada logo ao seu lado. Ela havia dito alguns minutos, mas cada segundo parecia horas naquele silêncio.

Escutou passos curtos vindos da galeria que atravessara e quando a olhou encontrou sua mãe caminhando em sua direção. Ela chegou até ele segurou suas mãos e deu um beijo em cada uma. As mãos dela estavam geladas e Draco pode ver todas as linhas de preocupação estampadas na expressão que carregava.

— Sabe o que deve fazer. Apenas cumpra o seu papel. – ela estava tão séria que Draco podia quase sentir toda a tensão que ela emanava. – Por favor, não faça nenhuma besteira. Essa não é a hora. – ela se colocou na ponta dos pés e beijou o rosto do filho. – Sinto muito. – disse baixo, virou-se e voltou por onde tinha vindo no mesmo ritmo uniforme e apressado.

Draco respirou fundo mais uma vez e soltou o ar pela boca. A mulher ao seu lado deu o sinal de que poderia avançar assim que as portas estivessem abertas e foi embora. Logo, em pouco menos de um minuto, lá estavam elas escancaradas a sua frente. Ele passou sem pressa, cumprimentou algumas autoridades de Brampton Fort que estavam do outro lado, encontrou-se com Theodoro Nott que vinha pelo lado oposto e ambos de alinharam no fim do longo tapete vermelho que cruzava o salão principal. Deu o primeiro passo e foi seguido por Theodoro.

— Não tente disfarçar que está nervoso. – brincou Theodoro ao seu lado, mas dessa vez Draco realmente não conseguiria se distrair, por mais que seu amigo estivesse tentando ajudar.

Os olhares em cima dele eram muitos, por mais que ainda existisse algumas poucos lugares vazios tanto nas galerias quanto nos camarotes. Ele conseguia distinguir os elementos, mas a decoração era demasiada barroca e por todos os lugares ele conseguia ver as cores vinho e prateado dos Malfoy, além de cumpridas bandeiras que desciam do teto distante com o brasão da família estampado. Estava tudo tão bem decorado e tão suntuoso que era, de fato, uma grande perda de tempo tentar reparar em algum defeito.

Avançou com Theodoro e parou apenas para cumprimentar alguns chefes de estado, outros do ciclo interno de Voldemort que sentavam nos patamares do trono e outros amigos bastantes íntimos da família que estavam ocupando os assentos principais junto ao púlpito da cerimonia onde já se encontrava o Juiz da lei.

Draco subiu os poucos degraus e se colocou em seu lugar. Theodoro ficou logo atrás e então, finalmente, a real espera. Vez ou outra era informado de que não demoraria muito, mas Draco sabia que demoraria. Alguns longos minutos depois ele viu seu pai cruzar o tapete vermelho com sua mãe. Ela era obrigada a parar sempre que seu pai resolvia cumprimentar alguém das primeiras fileira. Não havia nenhuma expressão nela, mas seu pai era o único que parecia extremamente contente aquele dia. Assim que eles conseguiram chegar ao seus assentos, todo o salão já estava ocupado. Apesar do grande número de pessoas, os lugares estavam dispostos de maneira tão perfeitamente uniforme que o nível de organização quase não deixava transparecer o enxame de convidados para aquela cerimônia.

O último aviso veio em seu ouvido de que Hermione entraria em menos de cinco minutos. Draco se alinhou, lançou um olhar a Theodoro viu o sorriso na cara do amigo. Havia problemas maiores para Draco do que achar ruim que seu velho amigo estivesse divertindo-se com a terrível situação em que se encontrava. Voltou-se novamente para frente e então presenciou o momento em que a nave de todo o salão serviu de caixa acústica para as notas do órgão que anunciaram a abertura da maior e mais pesada porta ao fim do extenso tapete vermelho vinho.

A porta era lenta como sempre, mas Draco não teve problemas em logo conseguir ver Hermione parada do outro lado. O órgão soava tão estridente que fazia seu coração acelerar, ou talvez fosse apenas Hermione que estava causando aquele evento.

Ela começou a andar assim que as portas estancaram. Bastou alguns passos e Draco finalmente pode vê-la perfeitamente. Foi exatamente quando seu coração parou, e não foi só o dele, porque no mesmo segundo Theodoro se pronunciou as suas costas:

— Santo Deus. – sussurrou ele. – Olha só isso.

Ela estava tão magnificamente gloriosa que nada a não ser ela chamava atenção. O tom marfim do pomposo vestido era quase tão claro quanto qualquer luz que estava sobre ela naquele momento. As cores escuras que a cercava ajudava com que ela se destacasse ainda mais. Os cabelos castanhos estavam mais lisos embora ali ainda tivesse um pouco dos comuns cachos. Estavam parcialmente presos num simplório, porém elegante, penteado. A expressão que carregava era a mais fria que Draco já havia visto no escultural rosto de Hermione, mas aquilo não diminuía sua beleza nem uma gota sequer, pelo contrário, a tornava ainda mais atraente. Ele gostava da seriedade, da frieza e dos olhares de desgosto, talvez sua mãe tivesse ensinado isso a ela.

Queria sorrir por saber que aquela seria sua mulher e que todos saberiam daquilo. Por segundos não se importou que fosse Hermione Granger, a sangue-ruim de Hogwarts. Não importava. Era tão linda, a mulher mais linda.

Foi somente quando ela parou a sua frente e ele conseguiu desgrudar seus olhos dos dourados dela que percebeu que quem havia a carregado por todo o tapete havia sido Lorde Voldemort. Logo atrás dela também estavam Luna Lovegood e Pansy Parkinson. Pansy parecia insignificante ocupando aquele lugar na cerimônia. Sabia que ela estava furiosa, mas não se importava. Ela seria sua amante e ocupava o lugar certo, ali, debaixo das sombras. Hermione seria sua mulher, e parecia muito bem adequada para os holofotes. Ele não trocaria, não parecia correto. Não naquele momento.

— Ela é toda sua. – Voldemort disse a Draco quando soltou a mão de Hermione.

Draco apenas lançou a ele um olhar rápido e sem ânimo. Estendeu a mão para Hermione e a viu hesitar alguns segundos, mas antes mesmo que ele pudesse se preocupar com aquilo, ela ergueu sua mão e pousou sobre a dele. A dela estava fria e levemente úmida. O toque era, sem dúvida, estranho.

Ambos viraram-se e subiram o último degrau que faltava para estarem de frente ao juiz de cerimônia. Feito isso, a mão de Hermione foi ágil e deslizou para longe da de Draco, como se estivesse desejando por isso desde que uniu a sua a dele.

Quis dizer a ela que deveria evitar demonstrar o desprezo que tinha por ele durante aquelas poucas horas, mas foi impedido pelo juiz que elevou sua voz fazendo a convocação para que todos proferissem as honras ao mestre, que estava presente.

O coral de vozes começou em uníssono. Todos liam pelo caderno de programação, inclusive Draco e Hermione. Assim que o discurso poético foi finalizado Voldemort pode tomar seu assento. Nada muito distante e em lugar de honra. Então finalmente o juiz começou. Os textos românticos foram retirados de pauta e tudo que foi anunciado pela boca do juiz não passavam de leis matrimoniais e assuntos sobre a tradição familiar dos Malfoy. Foi longo. Principalmente quando passou a ser citado os nomes dos casais mais significativos da história da família e seus maravilhosos feitos para o mundo, apenas para servir de exemplo para Draco e Hermione. Tradicionalmente, nas cerimônias de casamento da família Malfoy era se feito uma associação entre um antigo casal para que servisse de exemplo ao novo, mas como Hermione era uma sangue-ruim, seria uma ofensa aos nomes antigos fazer qualquer tipo de associação. Narcisa obviamente tratara daquilo ao informar o juiz de que apenas citasse os nomes e contasse suas histórias sem que houvesse qualquer tipo de analogia.

A troca de alianças foi feita e as promessas foram proferidas. O contato pelo olhar foi evitado. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Na riqueza e na pobreza. Até que a morte os separasse. No fundo, todos ali sabiam que eram promessas falsas e palavras vazias. Então, finalmente, Voldemort tomou a posição de ministrante, fez a declaração final de “felizes para sempre” e encerrou a cerimônia. Foi um alívio embora Draco soubesse que a tortura daquele dia ainda não havia chegado ao fim.

Draco e Hermione voltaram-se para os convidados, ele ofereceu sua mão de apoio e ela aceitou. Então ambos desceram as escadas e cruzaram todo o tapete novamente seguindo atrás de Voldemort e do juiz. Atrás deles vieram Theodoro, Lovegood e Pansy. E por último então vieram Lúcio e Narcisa.

Não saíram pela porta principal, seguiram o desenho da nave para a esquerda e cruzaram a galeria que tinha passado mais cedo. Draco olhou para Hermione quando ela soltou sua mão assim que os olhares do público saíram de cima deles. Ela estava silenciosa e seu olhar estava sempre fixo no caminho que deveria seguir. Aquele deveria estar sendo um dos dias mais infelizes de sua vida. Ele não lamentava por ela. Estava tendo um dia tão ruim quanto o dela.

Dessa vez eles não foram até o fim da galeria. Em um silêncio quase mortal, cruzaram para um segundo corredor e se direcionaram para o interior da ala norte, onde subiram algumas escadas e entraram em uma sala dotada de uma decoração mais aconchegante.

Tanto o juiz quanto Voldemort se posicionaram atrás de uma mesa de carvalho que estava bem ao centro da sala. O juiz convocou Draco e Hermione para se aproximarem e eles foram obedientes.

Draco logo viu os papéis sobre a mesa. Haviam dois, um a sua frente e outro a frente de Hermione, entre os dois pergaminhos, somente uma pena descansava. Ele conseguia quase cheirar a magia que envolvia aquele conjunto bem diagramado sobre a mesa.

— Uma vez que assinarem os papéis, não haverá mais volta. – anunciou o juiz. – Ele será arquivado no Departamento de Mistérios juntamente com os demais documentos da família e somente poderá ser acessado por processo de...

— Conhecemos a lei da família. – cortou Draco.

Recebeu olhares severos de sua mãe e Voldemort, mas não se importou já que não estava diante do público de Brampton Fort. O juiz recebeu a desaprovação e tratou de pular o protocolo tirando a pena do descanso e a estendendo a Draco que a pegou, passou os olhos rapidamente por todos da sala e puxou o papel que deveria assinar. Já encontrou ali as assinaturas de todas as testemunhas que estavam presentes naquela sala. Havia apenas a linha onde deveria colocar a sua.

Não deveria hesitar. Não deveria. Mas hesitou. Era inevitável. Assinar aquele papel o prenderia a Hermione para o resto de sua vida e sim, ele podia quase sentir o cheiro de toda a magia que envolvia aquela pena e aquele pedaço de pergaminho. Não colocaria o seu nome ali. Levantou os olhos e viu Voldemort o encarando de maneira apreensiva. Desviou para Hermione e os olhos dourados dela o olhavam como se tivessem uma pontada de esperança, esperança de que ele não assinaria.

Quase podia enxergar Voldemort interrompendo aquilo para lembrar a ele que era um comensal da morte. Lembrar a quem pertencia e de quem era a marca que carregava no braço. Respirou fundo, posicionou a ponta da pena sob a linha de sua assinatura, contou até três mentalmente e assinou. Estava feito. Soltou a pena sobre a mesa e se afastou. Sua parte estava feita.

Viu Hermione assumir um ar de desapontamento e as atenções que estavam sobre ele caírem dessa vez sobre ela. A mulher não olhou para ninguém, apenas estendeu a mão e arrastou a pena para o seu lado sem o menor interesse. Girou-a sobre a madeira e a ajustou em sua mão de maneira preguiçosa, como se quisesse fazer com que aquilo se estendesse por horas. Ela hesitou também quando colocou a ponta da pena em cima da linha de sua assinatura.

— Hermione, sabe que não precisa fazer isso. – Luna Lovegood se pronunciou.

Voldemort riu sem vontade.

— Ela sabe que precisa sim. – disse.

— Hermione... – Luna tentou novamente.

— Cale-se traidora, ou voltará para cela de onde veio! – Lúcio Malfoy foi quem a cortou.

Draco viu Hermione fechar os olhos ainda com a pena parada sobre a linha da assinatura. Ela respirou fundo e tornou a abri-los, engoliu a saliva e como se também tivesse contado até três fez a pena deslizar assim como ele havia feito.

O silêncio ainda durou enquanto ela mantinha os olhos fixos sobre sua própria assinatura naquele pedaço de pergaminho. Levou alguns segundos para que finalmente soltasse a pena e erguesse os olhos. Estavam aguados e brilhantes e se encontraram imediatamente com os de Draco.

— Certo. – o juiz limpou a garganta. – Estão devidamente oficializados como marido e...

— Sabemos. – Draco o cortou outra vez desviando seus olhos do de Hermione. – Não precisa dizer.

O juiz se calou, juntou os papéis e os colocou debaixo do braço, recolheu a pena e a guardou a uma caixa preta de couro. Antes de sair, tratou de devolver o artefato para a família do qual pertencia deixando-a na mão de Lúcio Malfoy.

Ele foi seguido por todo o resto logo que saiu. Narcisa foi até Draco enquanto Luna avançava até Hermione para lhe dar um abraço fraco e silencioso antes de ir.

— Eu as coloquei em uma gaveta separada, bem na primeira atrás da mesa. – disse sua mãe em voz baixa – Fez excelentes escolhas. – e foi embora junto com seu pai.

A porta foi fechada por Pansy, a última a sair. O silêncio que se fez foi tão incomodo que Draco quis ir embora junto com os outros também. Trocou olhares silenciosos com Hermione e viu que ela estava tão incomodada quanto ele. Se olharam e entenderam exatamente que aquela era uma situação com o qual deveriam aprender a lidar.

Hermione desviou o olhar do dele querendo evitar o contato e se dirigiu sem pressa para as grandes janelas da varanda onde podia espionar os convidados se acomodando para o banquete no jardim interno. Draco a observou por um minuto e tentou entender como uma mulher, vestida em uma roupa como aquela, parecia tornar tudo tão miserável ao seu redor. Tudo parecia tão banal se comparado a ela que seria inevitável não se pegar olhando-a da forma como a olhava naquele exato momento durante o restante daquela noite.

Suspirou frustrado por saber que sim, a beleza dela o atraía, desviou o olhar e deu a volta na mesa. Abriu a gaveta que sua mãe havia o indicado e tirou as três estreitas e longas caixas de madeira que acomodavam as varinhas que escolhera para Hermione. As alinhou sobre a mesa e retirou com cuidado a tampa de cada uma delas. Observou as três varinhas e se preocupou. Realmente esperava que fosse uma delas.

— Granger. – a chamou e no momento em que o fez rosnou baixo ao se lembrar que não poderia mais chamá-la por aquele nome. Soltou o ar aborrecido e se concertou: - Hermione. – era definitivamente estranho ouvir aquele nome saindo de sua boca. Ergueu os olhos e a encontrou o encarando. – Preciso que venha até aqui.

Ela desceu os olhos dele para as três caixas de varinha sobre a mesa e tornou a olhá-lo novamente. Draco pode ver a curiosidade atingi-la em cheio.

— O que quer? – indagou ela. Aquela voz sempre parecia sair como se fosse algum tipo de melodia.

Ele respirou tentando encontrar paciência no oxigênio inalado, mas foi inútil.

— Apenas preciso que venha até aqui, seria trabalhoso demais? – disse aquilo e quase que imediatamente o olhar dela se fechou para um de desprezo. Ele tinha que confessar que certas vezes aquele olhar o incomodava. Hermione foi até ele como se cada passo que desse tivesse uma razão a mais para desconfiar de que não estava indo para algum matadouro. Aquilo realmente o incomodou. – Precisa ficar com uma dessas varinhas. – disse assim que ela parou do outro lado da mesa.

— Não posso ter a minha de volta? – indagou ela.

Draco soltou o ar cansado. Realmente esperava que tivessem passado aquela informação a ela.

— Você é uma Malfoy agora. – começou ele de maneira preguiçosa. – Não pode ter uma varinha como qualquer outro bruxo tem. – ele a viu revirar os olhos e quis ofendê-la por aquilo. – Essas são varinhas que estão na família a séculos, pertenceram a pessoas importantes e todas elas foram honradas a família por reis e nobres. Jamais faça descaso disso novamente. – embora parecesse infantil ele foi ríspido, frio e esnobe. Ela não tinha idéia do quanto aquilo era grande. Ela nunca havia carregado nas mãos uma varinha com história, ela não tinha dignidade para tal coisa. – Escolha uma.

Hermione tinha os olhos estreitos para ele.

— Você deveria apresentá-las a mim. – disse como se estivesse o provocando.

Por que ela simplesmente não poderia pegar uma e se calar? Ele respirou fundo e soltou o ar contando até cinco. Empurrou para ela a primeira caixa e começou:

— Século XIII, Álamo, cinzas de Hipogrifo, 28 cm, maleável. Só teve 5 donos desde que foi honrada a família. – ele foi rápido e objetivo.

Ela segurou a caixa e arrastou para mais perto. Analisou a varinha em silêncio, mas não a pegou.

— Quantas varinhas a família Malfoy tem no estoque de honrarias? – ela indagou curiosa sem tirar os olhos da impecável varinha na caixa.

— Muitas. – respondeu ele.

— Por que estou vendo somente três aqui? – ela tornou a fazer uma pergunta mesmo que parecesse saber a resposta.

Ele se mexeu incomodado.

— É dever do noivo escolher três opções de varinhas para a esposa. – quase não conseguiu descolar os dentes.

Hermione tirou a caixa de cima da mesa e a analisou mais de perto, mas ainda sem tocar na varinha.

— Porque escolheu essa? – os olhos dourados dela caíram diretamente nele.

Certo, aquilo realmente estava o aborrecendo.

— Apenas escolha uma e fique com ela! – ele foi duro novamente.

— É algo que quero saber. – ela usou um tom doce como se o que tivesse pedido não fosse grande coisa e como se estivesse tentando entender o porque ele estava sendo ríspido. Belo teatro o dela. Ele bem sabia que ela estava tentando o provocar. Não podia deixar que ela vencesse aquilo. – Não entendo o porque não deveria me contar.

Ele lutou para não revirar os olhos. Respirou fundo novamente pela terceira vez e trocou de posição incomodado.

— Álamo. – começou ele – O tom marfim é incomum e não é em qualquer lua que a madeira pode ser retirada para a fabricação de varinha. Você combina com qualquer tom claro por isso, por mais que insistam em fantasiá-la como uma de nós, naturalmente você parecerá deslocada. Além do mais, seria estupidez negar que sua arte em duelos vai além do extraordinário. – ele parou antes que seus próximos padrões de escolha soassem como mais elogios. A viu abrir um sorriso quase imperceptível.

Ela finalmente pegou a varinha. Era comprida, fina e delicada nas mãos dela. Hermione a girou habilmente entre os dedos e suspirou. Encarou Draco.

— Cinzas de Hipogrifo, certo? – ela devolveu a varinha de volta a caixa e a colocou sobre a mesa. – Detesto voar.

Ele ficou apreensivo. Bem, ele não sabia sobre aquilo. Uma daquelas varinhas tinha que ser a certa. Pegou a caixa da varinha de Álamo, a fechou e a separou das demais. Empurrou a outra caixa para Hermione e deu a ficha técnica:

— Século XVII, cedro, lágrima de sereiano, 35 cm, rígida. Oito donos desde a fabricação. – viu Hermione pegar a caixa com rapidez.

— Essa é uma das cinco varinhas com lágrima de sereiano feitas no século XVII? – ela estava surpresa – Está me dizendo que essa é uma das cinco varinhas que eles fizeram com a única amostra de lágrimas de sereianos que já foi colhida na história do mundo? – ela parecia quase sufocada pela fascinação. – Eu não sabia que uma delas havia ido para sua família.

— O rei Carlos I presenteou a família. Ele havia aumentado os impostos portuários e um navio pirata conseguiu escapar pagando com a amostra das lágrimas. Parte dos Malfoy eram responsáveis pelo recolhimento de impostos aquela época. Eles que levaram a amostra até o rei, portanto nada mais justo. – explicou Draco.

— E por que a escolheu para mim? – perguntou ela com interesse.

Ele soltou ar impaciente sabendo que deveria demonstrar fazer pouco caso daquilo.

— É uma Grifinória e uma das grandes características dessa casa é a lealdade. E se tem uma coisa que eu realmente sei sobre você é que é esperta demais para ser enganada. Acredite, sei bem disso. – disse e ela pareceu bem satisfeita com aquilo. – Por isso escolhi alguma especial e rara que fosse feita de cedro. Acredito que a madeira seja um fator dominante na fabricação de varinhas, não o artefato mágico que as compõe.

Ela franziu o cenho.

— Por que?

Ele deu de ombros.

— É possível conseguir pelos de unicórnio, músculo de coração de dragão, fênix que doam penas em qualquer lugar. São seres mágicos. Madeira está em todo o lugar, mas é necessário o tempo certo, a pessoa certa e o corte certo para que possam se tornar varinhas. Soa muito mais especial do que qualquer ser mágico. – explicou.

Hermione o encarou de uma maneira que nunca havia feito antes. Como se tivesse sido surpreendida e estivesse tentando entender se havia sido de uma forma boa ou de uma forma ruim. Quando ele pensou que ela fosse sorrir, ela apenas respirou fundo e pegou a varinha. Draco percebeu que havia cometido um erro assim que a viu nas mãos de Hermione. Era uma varinha grande, bem trabalhada porém rude para as mãos de uma mulher. Não parecia encaixar com a figura de Hermione. Talvez a própria Hermione não tivesse reparado naquilo, ela parecia bastante fascinada com a varinha, mas o objeto respondeu por si e tudo que restou para ela fazer foi devolvê-lo a caixa e coloca-lo de volta sobre a mesa.

Draco o pegou em silêncio e o juntou com a outra varinha rejeitada. Arrastou a última caixa para ela e sentiu sua apreensão levá-lo ao nível do nervosismo. Aquela tinha que ser a varinha.

— Século XVIII, Lima-prata, sangue de unicórnio adulto, 30 cm, bastante rígida. Somente três donas. – disse.

Hermione puxou a caixa para si.

— As histórias dizem que é uma boa madeira para oclumência e legilimência. – comentou ela.

— Mito. – ele afirmou.

— É muito bonita. – ele viu que ela não foi capaz de evitar comentar quando levantou a caixa para analisar mais de perto.

— É a única varinha feita por encomenda na história da família. Leanor Malfoy foi quem mandou que fosse confeccionada. Ela exigiu essa varinha após dizer que a que o seu marido tinha lhe dado era uma varinha infiel. Evidentemente não era bem sobre as varinhas mágicas que ela reclamava, mas essa em especial foi a única combinação de Prata-lima com sangue de unicórnio registrada na história. Leanor Malfoy conseguiu prodígios na arte da psicologia, vidência, oclumência e legilimência com essa varinha, por isso o mito da madeira, isso começou só no século XIX. – contou Draco.

— Sim, me lembro de ter lido sobre Leanor Malfoy, mas nunca se falou muito sobre sua varinha. – Hermione tornou a colocar a caixa sobre a mesa – Foi por isso a escolheu para mim?

— Não. – respondeu ele sabendo que ela havia tentado se encaixar na história que ele contara e não tivera sucesso.

— Por que a escolheu para mim então? – ela queria saber.

Dessa vez ele estava realmente incomodado. Deveria omitir sobre a verdadeira razão. Era uma estúpida razão, suas outras escolhas haviam sido bem fundamentadas, porém essa havia sido quase que uma aposta. Não havia nenhum motivo específico que o fez escolher uma varinha de Lima-prata. Sabia que Hermione abandonara a matéria de adivinhação no terceiro ano de Hogwarts, sabia que não era por sua incapacidade, e sim pela controversa metodologia de ensino de Sibila Trelawney. Tanto que Hermione se provara excelente na arte da clarividência e legilimência com o passar dos anos naquela guerra. Mas mesmo assim aquilo não era nela uma característica marcante. Talvez ele pudesse justificar que o sangue de unicórnio adulto fosse puro demais assim como ela parecia estando inserida no meio de Brampton Fort, mas essa justificativa era ainda mais estúpida do que o real motivo que o levou a escolher aquela varinha.

— A escolhi porque é a varinha mais bonita do estoque de honrarias. – disse de uma vez. Era sem dúvida a mais bem trabalhada de todas as varinhas da família Malfoy. A madeira por si só já a diferenciava de qualquer outra, mas a simplicidade e elegância com que havia sido esculpida era de tirar o fôlego e sempre que colocava os olhos nela, não conseguia deixar de compará-la com Hermione. Aquele objeto nas mãos dela seria quase que o complemento que lhe faltava. Hermione ergueu as sobrancelhas surpresa e por alguns segundo a viu parecer desconcertada, o que o fez entender que ela havia compreendido bem a razão da escolha. Foi quando soube que deveria ter calado a boca. Com que finalidade ele havia revelado aquilo? Por que? Sentiu-se o mais imbecil dos homens. Limpou a garganta e tentou amenizar o efeito do silêncio naquela sala – Lima-prata era muito comum no século XIX depois que os rumores sobre a madeira se espalharam, mas quando se viu que era apenas mito, a demanda caiu e quase todas foram perdidas.

Hermione assentiu evitando o olhar.

— É sem dúvida rara e exótica. – comentou ela. Estendeu a mão e a pegou. Draco sentiu sua última esperança querer decepcioná-lo. Não havia nenhum motivo forte que garantisse que aquela varinha escolheria Hermione. Mas foi quando ela respirou fundo olhando para a varinha em sua mão que ele dobrou sua atenção e soube que talvez pudesse ter acertado. Os olhos dourados dela foram para cima dele e então tornaram a descer para a varinha novamente. Ela trocou o objeto de mão, abriu e alongou os dedos. Ele esperou pelo que ela fosse dizer esperançosamente, mas demorou mais alguns segundos para que ela limpasse a garganta e dissesse: - Disse que ela só teve três donas. Uma foi Leanor Malfoy. Quem seriam as outras duas?

Aquela era uma história que sua família buscava sempre omitir.

— Início do século XX. – ele tentou se lembrar com detalhes – Louis Malfoy se casou com uma sangue-puro, mas ela não era de alto nascimento nem de nenhuma família tradicional da época. O que é uma vergonha. Essa varinha estava entre as três escolhas dele para ela e embora a história conte que a varinha não a escolheu, ela se recusou a usar outra. – pausou – A outra foi Victoria Malfoy. Meio do Século XX. Era a filha mais nova de Jamie e Alexandra Malfoy. Ela entregou a varinha quando se casou.

Hermione sorriu. Ele achou bonito como aquilo apareceu naturalmente em seu rosto. Ela tornou a empunhar a varinha e analisá-la mais de perto. Depois de um longo minuto em silêncio, o minuto que ela usou para redesenhar cada mínimo detalhe da peça em sua mão, ela finalmente ergueu o olhar para Draco e arrastou a caixa vazia de volta para ele.

— Vou ficar com essa. – ela disse.

— Ela a escolheu? – perguntou ele.

— Parece que sim. – respondeu ela e ele se perguntou o porque daquele fato. – Parece uma varinha especial, mas com nenhuma história muito grandiosa. Ela certamente encontrou algo em comum comigo. - a guardou – Um dia talvez eu saiba o porque ela me escolheu. - deu as costas a ele e caminhou de volta para as portas de vidro. – Estava apostando em alguma?

— A de Álamo me parecia a escolha perfeita. – disse ele enquanto juntava as caixas e as guardava. - Meus homens sempre temeram duelar com você.

Ela ficou em silêncio um bom tempo. Por mais que aquilo acabasse sendo um elogio, ela não demonstrou nenhum apreço pelas palavras. Ele não entendeu.

— Acho que eu não preciso mais de uma boa varinha para duelar. – foi o que ela disse usando uma tom baixo e uniforme. Então ele entendeu.

Deu a volta na mesa e foi até as portas assim como ela para olhar também a movimentação no jardim interno. O silêncio entre eles não era mais incomodo como antes e ele percebeu que ignorar um ao outro parecia uma boa forma de lidar com aqueles momentos que certamente tornariam a acontecer, principalmente agora que dividiriam a mesma casa. Notou também que não era tão perturbador manter uma conversa sem o interesse de ofendê-la ou ser agressivo, por mais que não gostasse da mulher, viveria com ela para o resto da vida. Talvez pudesse encontrar uma forma de ser simples e objetivo sempre que precisasse. Eles trabalhariam para encontrar uma boa forma para lidar um com o outro. Sua mãe e seu pai haviam conseguido. Não seria impossível.

— Vamos. – deu as costas para ela e seguiu para porta. – Temos que fazer a tão esperada aparição como Sr. e Sra. Malfoy.

Ela levantou o olhar para ele e Draco soube com aquele olhar que Hermione lamentava o mesmo que ele naquele exato momento. Aquela noite ainda não estava nem perto de acabar.


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Notas finais do capítulo

Oppaaaaaa.... alguém casou nesse capítulo! haha Adoro essa parte das varinhas. Fico imaginando o tanto que o Draco teve que pensar na Hermione e pra fazer três escolhas perfeitas pra ela. Também adoro essa interação deles de "já que agora a gente tem que conversar, então vamos conversar né, fazer o que?" hahaha Espero que tenham gostado do capítulo! Domingo tem continuação do casamento. Não esqueçam de deixar um comentário! :)

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