É melhor arrepender-se por ter feito alguma coisa do que não ter feito nada – Giovani Boccaccio.

Meu corpo enrijeceu, na verdade havia uma briga entre meu cérebro, meu coração e meu corpo, todos escolheram fazer coisas diferentes, e quando tentei sair para trazê-la de volta, outra pessoal fez isso no meu lugar, senti meu estomago embrulhar e uma onda de ciúmes tomou conta de mim, eu é que deveria estar lá, aquele papel era meu, mas novamente perdi minha oportunidade. Desviei meu olhar, e sentei em uma das cadeiras da sala novamente, era hora de colocar meu raciocínio em ordem, o que tinha acontecido aqui? Nunca tinha visto a Kate agir desse jeito, e para piorar havia perdido a Med, novamente.

–Você não devia ter falado assim com ela – disse Hotche continuando a discussão, evitei prestar atenção por alguns segundos, mas estavam falando muito alto, na verdade estavam gritando, era impossível me concentrar em outra coisa.

–Ela começou a si meter em um assunto que ela nem domina – se defendia Kate.

–Acho que a doutora Tisdale tem razão – interferiu Morgan – Precisamos nos prevenir, qualquer erro no perfil, podemos perder outra criança.

–Confio no nosso gênio – disse Kate me olhando – Se ele disse que é um padrão....

–Na verdade se não fosse pela Med – interrompi-a - Talvez eu não tivesse descoberto o novo padrão.

–Duvido Reid, você sempre descobre as coisas - defendeu ela.

–Nem sempre – digo me levantando – Muitas vezes preciso que...

–Quem é o idiota que fez a Medison sair daqui quase chorando? – entrou um cara gritando, sim, o mesmo que tentou intervir que a Med fosse embora.

–Quem é você? – perguntou Morgan.

–Vocês não responderam a minha pergunta – ele estava nervoso.

–Sinto muito... John – digo lendo seu crachá – Foi apenas um mal entendido – tento mudar o clima.

–Um mal entendido? Deixa eu te dizer uma coisa, só por que vocês são do FBI, não quer dizer que podem sair pisando em cima dos outros, entenderam?

–Posso assegurar que não fizemos isso – Hotche tentou explicar.

–Digam o que quiserem, mas se eu bem conheço a Medson, se outra criança for raptada ela vai se culpar eternamente por isso, e se algo acontecer com ela, a culpa será toda de vocês – nem deu tempo de ninguém responder, porque ele já saiu da sala. Por um curto período um ficou olhando para o outro, estávamos tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

Abaixei a cabeça para pensar em uma solução, mas estava difícil de entender o que eu poderia fazer em relação a isso.

–O que faremos agora? – perguntou por fim JJ.

–Vocês eu não sei – comentei me levantando e pegando minha bolsa – Mas eu tenho uma coisa para fazer.

–A onde você vai? – Perguntou-me Rossi, quando já estava saindo da sala.

–Vou resolver um mal entendido – respondi me retirando de vez da sala.

Sai da delegacia e a primeira coisa que fiz, antes mesmo de dar a partida no carro, foi ligar para a única pessoa que pode descobrir onde a Medson mora.

–Meu anjinho você nunca me ligou tantas vezes, em um dia só, estou ficando mal acostumada.

–Garcia preciso que você descubra o endereço de Medson Tisdale.

–Só um minuto – respondeu, e escuto o barulho da digitação – Achei.

–Ótimo manda pra mim.

–O que acha que eu acabei de fazer? – brincou desligando o telefone, segundos depois, a mensagem de Penelope chega com o endereço, não ficava longe daqui. Dei a partida e sai.

Cerca de dez minutos depois avistei Medson sentada nos degraus que dava para a porta da entrada, parei o carro, o que à fez levantar os olhos, logo pude perceber que ela estava chorando, quando desci do carro, Med levantou-se de onde estava e foi em direção da porta.

–Por favor, só quero conversar.

–Não temos nada o que conversar Spencer – respondeu-me com um tom de choro, parecia confusa.

–Temos sim – corri em sua direção e segurei seu braço, obrigando-a à parar e olhar para mim.

–Me solta Spencer.

–Não vou te soltar, até você me escutar.

–O que você quer Spencer? Já escutei o bastante da sua amiga – ela começou a se bater, tentando se soltar de mim.

–Acalme-se – segurei seus ombros tentando deixa-la mais calma.

–Me solta – repetiu.

–Me escuta, por favor.

–Não quero escutar Spencer – respondeu chorando.

–Não faz isso – consolei-a, enxugando suas lagrimas, abracei-a e aos poucos ela foi se acalmando – Sinto muito pelo que Kate te disse – percebi que seu choro havia parado, aos poucos ela foi se afastando de mim, odiava perfila-la, mas ela parecia confusa, ela não estava entendendo o porque eu estar aqui.

–O que você quer Spencer? – questionou evitando me olhar nos olhos.

–Vim me desculpar.

–Você não fez nada, não tem por que se desculpar.

–É exatamente por isso que vim me desculpar – ela me olhou curiosa – Sinto muito por não te defender, ou não ter ido te impedir de vir embora.

–Esquece já foi.

–Sim já foi, mas quando se trata de você sempre faço isso, te deixo ir, resolvi mudar essa historia para variar um pouco.

–Tudo bem, você esta aqui agora – respondeu – Obrigada por vir atrás de mim Spencer.

–Você faz falta lá – falei sem pensar.

–Não para sua amiga – retrucou-a, abaixando a cabeça, aproximei-me coloquei meu dedos em seu queixo e delicadamente fui erguendo sua cabeça, obrigando-a a olhar para mim.

–Pode até ser, mas pra mim você fez falta – antes que ela pudesse responder algo, fiz a única coisa que passou pela minha cabeça, puxei-a para mais perto e a beijei.

“Aquele beijo inesperado... quase que roubado, foi o culpado por tanto amor...” – Jessika Nascimento.