If It Was All Just Normal. escrita por Srta Who


Capítulo 17
Nenhuma Mancha. Nenhum Nome.




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“Amarelo é a cor da concentração, disciplina, comunicação, que ativa seu cérebro, e indiscutivelmente a cor mais iluminada de todas. O azul por outro lado é purificação, amabilidade, paciência e serenidade. ”
As pessoas costumam dizer que ambas as cores são complementares, não apenas esteticamente, mas também psicologicamente falando elas são quase perfeitas juntas.
O que não é uma surpresa para mim, já que, minha mãe sempre amou o efeito de um vestido do azul mais escuro com alguns acessórios amarelos, como ela disse certa vez:
“Essa combinação é como sempre ter uma carta na manga”
Mas mesmo com tantas experiências que revelavam a positividade dessa união nunca esperei me sentir tão bem próxima a alguém que quase exalava azul, nunca pensei que me sentiria tão bem apenas por ter a amizade de John Smith.
Algumas semanas atrás, antes da confusão do beijo e da irmã dele ficar doente, o ajudei a pintar a sala do apartamento. Não que ele tivesse me pedido, apenas passei para uma, agora típica, visita depois da faculdade, e o encontrei com dois galões de tinta e todos os moveis cobertos com plástico encarando as brancas paredes das quais tanto reclamava. Então apenas fiz o que qualquer amiga faria estando na mesma situação, prendi o cabelo e começamos a pintar a parede transformando sua sala num paraíso para qualquer adorador do azul mais azul.
Depois é claro como boa camarada que sou peguei a tinta restante para digamos, dar um ‘’up’’ no cabelo de John. A expressão dele ao sentir a tinta escorrer por sua cabeça foi impagável. O astrofísico me perseguiu com um pincel em punho por mais de cinco minutos, até que se cansou e declarou trégua temporária. Para minha sorte a tinta não era permanente, e aproximadamente três horas depois de eu chegar em casa recebi uma mensagem em meu celular, era uma imagem de seus fios agora de volta a cor marrom com a legenda:
‘’Você realmente ia me pagar se essa coisa não tivesse saído do meu cabelo”
Desatei a rir no mesmo instante.
Na verdade, a presença daquela nova cor em minha vida me mudou muito considerando que faz apenas quatro meses que o conheço. Contudo tenho certeza de que minhas mudanças não eram graças a uma nova coloração, pois essa tonalidade esteve presente em mim desde sempre, a bandeira de meu país é azul afinal!
–Rose! No que está pensando? – Perguntou Shereen encarando-me, percebi que ainda estávamos no meio do shopping e eu segurava vestido azul escuro.
–Nada.
–Então vamos logo provar as roupas. – Sorri.
–Claro, deixa eu só pegar mais uma coisa.
–Não demore, Tyler.
E então havia o verde, esperança, abundancia, cura, paz, equilíbrio, e eu estava sentada a frente do homem que exalava verde, sim, acho que verde é exatamente o que define Matt Smith, consigo vê-lo nessa cor. Um verde profundo seria perfeito para ele.
Eu amo essas três cores.
–Você ainda está aí? – Perguntou minha amiga com um pouco de raiva. Será que eu estava segurando aquele casaco verde com o vestido azul e o colar amarelo há muito tempo? Se sim, devo parecer uma louca no meio da loja encarando fixamente o chão e apertando as peças nas mãos. Que bobagem a minha.
–Desculpa! Desculpa! Estava pensando numa coisa.
–Vai provar essas? Tem certeza? As cores não vão combinar juntas. – Disse olhando para as coisas em minhas mãos.
–O que? Do que você está falando? É claro que elas funcionam!
–Estou avisando. Agora vamos! – Shereen praticamente me arrastou até o provador. Acho que estava com medo de eu demorar ainda mais.
–Viu só? Eu estava certa. – Comentou minha amiga quando eu finalmente provei as roupas. – As cores brigam entre si. Talvez um tom diferente de verde ou de azul...
–Não. Tem de ser esses tons!
–Então.... Vai ter de escolher uma das duas para usar. Não pode juntar esses dois. É simplesmente impossível.
–Achei que o amarelo deixaria tudo mais harmonioso... – Resmunguei.
–Amarelo combina com as duas cores separadamente, mas juntas.... Isso simplesmente não vai dar certo.
–Tudo bem... – Droga. Qual eu escolho? É claro que posso comprar as duas, mas eu só quero o colar e uma delas. Diferente da minha mãe, não gosto de esbanjar dinheiro à toa. Verde.... Eu adoro verde, mas, amo azul, e as duas ficam tão bem com o amarelo! O amarelo deveria fazer os dois funcionarem! Por que não funcionam juntos?
...
Cheguei em casa com uma sacola, onde haviam o colar e a peça que escolhi.
–Mãe, cheguei! – Gritei ao passar pela porta da frente.
–Rose. Foi rápida. Achei que tinha dito que iria comprar algo para usar em minha festa de aniversário daqui há duas semanas. – Ela respondeu aparecendo na porta da cozinha.
–E comprei.
–Não se escolheu só uma roupa para uma festa minha! Muito menos se escolhe uma em quarenta minutos!
–Mãe. Até parece que não me conhece. – Jack massageou as têmporas.
–Tudo bem, tudo bem. Só espero que não apareça de calça jeans. Se fizer isso eu te deserdo. – Dei uma risada, porque ela estava falando sério.
–Já te decepcionei uma vez?
–Quando apareceu com uma camiseta do Green Day na festa de natal.
–Isso foi há muito tempo. – Argumentei subindo a escada.
–Foi ano passado! – Ela reclamou.
–Uh... Desculpa?
–Não é o bastante. – Dei os ombros. – Tem uma carta para você!
–Uma carta? De quem?
–Não sei. Pus na sua cama. – Ela gritou. Já estava na porta do meu quarto. Quando entrei vi um envelope azul, quase a mesma cor do vestido que comprei. Mas nesse caso a cor me dava... Frio. Um frio mortal e fazia meu estomago revirar como quando se sente medo. Talvez fosse mesmo medo. Como alguém pode ter medo de um envelope lacrado?
–Que idiotice. – Murmurei como se houvesse mais alguém comigo. – É só um pedaço de papel. Que mal um pedaço de papel poderia me fazer? – Falei mais uma vez, mesmo que no fundo minhas palavras não me convencessem. – Coloquei a sacola sobre uma poltrona e sentei na beirada da cama encarando o envelope.
Ele tinha um tamanho mediano. Não tinha remetente. E a ideia de toca-lo me fazia tremer de uma maneira quase ridícula ao mesmo tempo que atiçava minha curiosidade. Era uma sensação estranha e enlouquecedora. Contrariando meus instintos eu o peguei em minhas mãos. Era um tanto pesado e algo como vários papeis balançavam dentro. Nenhuma mancha. Nenhum nome. Um envelope fantasma.
Apesar dos batimentos acelerados do meu coração dizendo ‘não’, minha mente inquieta foi mais forte. Eu o abri e derramei seu conteúdo sobre a cama.
–Não.... Não.... Não pode ser. – Eu não podia acreditar. Aquilo só podia ser uma brincadeira de péssimo gosto. Meu coração batia tão fortemente que senti que ele iria esmagar meus pulmões e quebrar minhas costelas. Não que os pulmões estivessem sendo muito úteis já que eu não conseguia respirar direito. Esfreguei e pisquei meus olhos, uma, duas, três, dez vezes. Mas aquilo ainda continuava lá.... Continuava me encarando, me desafiando. Era um pesadelo. Tinha que ser um pesadelo. Não podia ser real. Eu morri e estou no inferno. É. É isso. Eu morri. Só pode ser.
Espalhado em minha cama haviam cerca de 20 fotos de mim e do John. Inclusive fotos de nós.... De nós nos beijando no apartamento dele. Foto que pareciam terem sido tiradas de uma janela. Fotos de nós andando na rua e muitas outras. E o que mais me assustava. Entre elas havia uma folha de papel onde em letras enormes estava escrito.
“SE NÃO QUISER QUE ELAS VÃO PARAR NUMA REVISTA, ME ENCONTRE NO PARQUE DO CENTRO DA CIDADE A MEIA NOITE”
Se eu não morri ainda, essa seria uma boa hora.


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