Waves of Fate escrita por Lirael


Capítulo 1
Um novo início


Notas iniciais do capítulo

Oláá outra vez, pessoas. Como me pediram, aqui está a continuação de Wings of Fate. Achei necessário mudar um pouquinho o nome, sei lá, pensei em tantas coisas... "WINGS OF FATE 2", "WINGS OF FATE, O RETORNO" ou "WINGS OF FATE SEGUNDA TEMPORADA" não me pareceram bons o suficiente. E como vocês vão descobrir, o nome é mais apropriado a essa fanfic. Ela começa exatamente a partir do ponto em que Wings of Fate termina, ok?



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Ela se levantou antes dele. Dormira bem pelo resto da noite, é verdade, mas assim que seus olhos se abriram, ela se remexeu inquieta. A angústia tomou conta dela outra vez e ela soube que mesmo que tentasse não voltaria a pegar no sono. Ao invés disso, levantou-se, pegou a cadeira e a colocou de frente para ele, sentando-se em seguida. Em alguns momentos ele acordaria. Em alguns momentos ela teria que dizer a verdade e não tinha a menor ideia de como faria isso. A cada suspiro dele sua respiração parava. A cada movimento dele, seu coração acelerava tanto que ela se perguntava como é que ele não podia ouví-lo, batendo tão forte que ameaçava arrebentar as costelas e sair pelo peito. Ela estava com medo. Mas quem poderia culpá-la? A única pessoa com quem ela gostaria de falar sobre isso estava a meio oceano de distância. Sua mãe. Claro que ela sempre podia contar com Maudie ou com Astrid. Eram suas amigas. Mas parecia injusto que elas soubessem antes dele. O mesmo não aconteceria se fosse com Ellinor.

Então, Soluço remexeu-se na cama e Merida sentiu que o chão desaparecia embaixo de si. Ele estava acordando. Ela tremia tanto que tinha medo de acabar trincando os dentes. Ele se virou, bem devagar para o outro lado da cama, procurando-a de olhos fechados. Quando seus braços encontraram o vazio, ele abriu os olhos e ergueu a cabeça levemente, muito tenso, como se chocado. Ao virar-se outra vez, viu Merida sentada na cadeira diante dele e relaxou, deixando toda a tensão escoar dele com um suspiro. Era uma reação mais do que natural, depois da conversa que tiveram na noite anterior. Mas Merida estava séria, tensa como uma corda de arco e ficou subitamente rígida quando ele olhou para ela. Ficou alguns minutos assim, encarando-a, notando a palidez súbita no rosto dela, o modo como apertava os punhos com tanta força que as unhas deviam com certeza deixar marcas na carne, e ainda assim, tremiam. Ele nunca vira Merida daquele jeito, exceto quando...

Ele afastou a lembrança do dia em que ela o mandou embora, dizendo que ele não servia para ser seu marido. Respirou profundamente e preparou-se para o golpe.

- Bom dia. - ele disse, em um tom cauteloso.

Merida piscou, uma ou duas vezes, como se estivesse tentando decidir se havia alguma coisa naquelas palavras, alguma ironia ou significado oculto. Por fim, decidiu que "bom dia" significava apenas "bom dia", e franziu as sobrancelhas por ser tão neurótica. As palavras saíram antes que ela desse conta delas:

- Você gostaria de ter filhos? - ela perguntou com firmeza, mas sua voz tremeu e perdeu força nas bordas.

Soluço engoliu em seco, pego de surpresa com a pergunta. Olhou para ela, para a maneira como seus olhos azuis seguravam os seus e exigiam - não, imploravam - por uma resposta.

- Claro que eu gostaria de ter filhos, Merida. Acho que a maioria das pessoas espera isso, quando se casa. - ele terminou com um sorriso, tentando tranquilizá-la.

Um peso pareceu sair dos ombros de Merida, mas ela ainda não estava satisfeita com a resposta.

- Quantos? - Perguntou novamente.

Soluço riu, surpreso pelo interrogatório em plena manhã.

-Uns seis ou sete. - ele disse, sorrindo, esperando que seu tom a descontraísse. Mas Merida não relaxou. Parecia ainda mais pálida do que antes. Ele se sentou e pegou as mãos dela nas suas. - Merida, você está me assustando. Quer me dizer o que está...

- Estou grávida. - cortou ela, prendendo a respiração, olhando firmemente em seus olhos, tentando ler qualquer reação, qualquer sinal de decepção. Mas não achou nada. Soluço ficou imóvel, olhando para ela com uma expressão que não dizia nada. Como se quisesse ter certeza de que ele realmente tinha ouvido, Merida repetiu.

- Eu estou grávida, Soluço. - disse, baixando o olhar em seguida, observando um ponto muito interessante no chão.

Merida não estava olhando, por isso não viu a miríade de emoções que atravessou o rosto de seu marido. Choque, descrença, um lampejo de medo, aceitação, e por fim, felicidade. Quando finalmente assimilou o que Merida dissera, ele soltou um arquejo. Aquilo fez Merida olhar para ele. E ele riu. Como nunca havia rido na vida. Tomou seu rosto nas mãos e a beijou tão apaixonadamente que ela mal teve como responder seu ardor, por causa do choque de sua reação inesperada. Depois, ainda rindo, amarrou de qualquer jeito as tiras de sua prótese na perna, levantou-se, ergueu Merida nos braços e a girou pelo quarto, rindo, sempre rindo. No fim, ela acabou por se entregar à reação dele, rindo também ao descobrir que ele tornara tudo mais fácil. Banguela acordou com aquela algazarra toda, olhou para ele como se perguntasse se não era cedo demais para todo aquele barulho. Soluço parou de girar, colocou Merida no chão e segurou os dois lados da cabeça do amigo, olhando bem fundo em seus olhos antes de dizer, por sobre a respiração, quase sem fôlego:

- Eu vou ser pai, Banguela. - sorriu, ao ver as pupilas do dragão dilatarem, e gritou as palavras novamente, alto o suficiente para acordar os mortos ( e seu pai, dormindo no quarto ao lado) - Eu vou ser pai!!!

Dito isso, beijou o rosto de Merida e saiu assim mesmo, com as calças de dormir, sem camisa, todo despenteado e com a marca do travesseiro em um dos lados do rosto.

Merida e Banguela se entreolharam, a primeira, sorridente, o segundo, confuso e um pouco assustado. Ela riu da reação do dragão e simplesmente o abraçou, ouvindo logo em seguida a gargalhada ruidosa de Estóico vindo do corredor e misturando-se à voz de Soluço.

- E eu vou ser avô! - rugiu Estóico, numa altura que fez o chão e as paredes tremerem.

Ainda um pouco trêmula, com a mão direita pousada no ventre, Merida sorriu.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, por enquanto ainda não vou prometer postar toda sexta, só quando eu terminar Upside Down, ok?