Harry Potter e a Neta de Voldemort escrita por Thaty Shinoda


Capítulo 4
Capítulo 3 - Amor bandido


Notas iniciais do capítulo

História originalmente escrita com Sheila Farias.
Porque existem histórias que quando não são contadas ou finalizadas, ficam na sua mente lhe perturbando até que as deixem sair.



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Capítulo três – Amor bandido

 

Sabrina alcançou Morgana, que andava rapidamente até as masmorras, onde teriam suas duas primeiras aulas do dia: Poções. No dia anterior elas haviam feito uma ronda pelo castelo, acompanhadas a contra gosto da morena pela monitora Hermione, o que de alguma forma fora bom. Primeiro porque Sabrina não se perdeu nos corredores essa manhã, segundo porque seu plano mirabolante numero um: Transformar Morgana numa pessoa social e agradável, havia começado a render frutos. Era um retrocesso ela ter sido tão violenta essa manhã, quando no dia anterior elas haviam rido tanto e até começado a dar passos para uma amizade sólida com a morena de cabelos lanzudos. Cabelos que Morgana, por vontade própria e num comportamento digno, resolvera escovar e se oferecera para dar um jeitinho, toda empolgada. Hermione não se ofendera, graças a Merlim, com aquilo. Era um começo.

Mas agora, a estaca zero de novo. Sabrina nivelou os passos de marcha com a amiga, irritada.

— O que está fazendo, Morgana?

— Indo para a sala de aula, o que parece?

— Você sabe que não estou falando disso, não use esse tom, eu o conheço. O que combinamos ontem de noite?

Morgana fez beicinho, parecendo uma menina e Sabrina ficou impressionada. Se ela fosse uma mãe, ou um menino isso funcionaria bem. - Ah Sá, eu não estou com a mínima vontade de desculpar aqueles panacas, eu nunca precisei da amizade deles antes, por que preciso agora? – Como não era ela olhou a amiga cruzar os braços, birrenta, com censura e crueldade.

— Realmente, você nunca precisou da amizade deles antes, né!? Eu acho que era por isso que você vivia na deprê, porque não tinha amigos aqui, além do Cedrico, do Arthurzinho e do Rich, claro. – Viu a amiga recuar, magoada, e suavizou. - Qual é Morg? Dá mais uma chance a eles, eles são legais! Sim eles são! Eu aposto que se te conhecessem antes eles iam parar de te botar apelidos, mas eu também aposto que você nunca se deu ao trabalho de ser simpática para ver se eles falavam com você.

— Ah, e o que você queria que eu fizesse? Colocasse uma plaquinha de procura-se amigos no meu pescoço?

A verdade é que realmente nunca antes ela se mostrara receptiva. Para que? Ela era assim, se protegia antes que o mal acontecesse. Quando elas haviam se conhecido a muitos anos, por causa da irmã mais velha de Morgana que se casara e fora para a Espanha com o marido, Morgana tinha sido tão intragável, que Sabrina a odiara...bom na verdade as duas eram crianças medonhas e competitivas, mas ainda assim, Morgana podia ser um demônio pior e bem encrenqueiro quando assim decidia.

Era uma pena, porque realmente se sentira sozinha por longos quatro anos, até mesmo Hermione ela evitava, simplesmente porque achava a outra metida, com toda sua inteligência, e que andava com Harry e Rony. Isso sim a intimidava. Sabrina sorriu.

— Não seria má idéia... Você poderia fazer rosetas e ensaiar um grito de guerra, ficar pulando pelos corredores. Se eles não fossem seus amigos, poderiam te dar uns trocados. - e as duas começaram a rir, quando Hermione chegou. Estavam muito próximas da sala de poções agora.

— Qual a piada? Eu também estou precisando rir um pouco hoje. Ugh. – ela passou por um fantasma bem em cheio, tendo calafrios na espinha enquanto o ser etéreo a xingava por não olhar por onde andava.

Realmente elas se lembravam de sua expressão essa manhã, parecia completamente incomodada e chateada.

— Foi pior para ele do que para você, Granger. - era Draco Malfoy seguido por Crabbe e Goyle, seus dois gorilas. O garoto tinha um dom para entradas satíricas e triunfais! Ou isso ou seguia o grupo de Harry pelos corredores esperando a melhor oportunidade, pensou Sabrina.

O olhar de Malfoy travou em Morgana e ele pareceu hesitar, impressionado. A morena ergueu a sobrancelha, e começou a avermelhar de raiva. Era agora, Malfoy era o pior quando a humilhava, a anos era assim, ele a chamava de Lembrol. Porque era redonda e sempre o fazia lembrar de algo desagradável. Seu estomago se revirou com aquele pavor misturado com desagrado que sentia sempre que era perseguida com brincadeirinhas. Obviamente, não precisava ter se incomodado.

— Olá. – Em sua voz arrastada o cumprimento saiu meio cantado. – O grupo do Pottinho está aumentado de forma muito interessante esse ano. Quer dizer que além da ruivinha linda, mas mal educada, também temos uma beldade morena? De onde você veio, linda?

Foi tão chocante e antiquadamente lisonjeiro que nenhuma das três conseguiu achar a voz para dar uma resposta digna. Só travaram no corredor e ficaram o olhando, embasbacadas. Quer dizer, de alguma forma ele fizera a primeira frase soar como se ele analisasse o grupo de Harry como um cientista observando ratos de laboratório e depois, puff, sua voz estava suave como de um antigo cavaleiro cortes. Quem diria que Malfoy poderia fazer coisas assim? Não era a toa que apesar de ser a coisa mais desagradável no castelo, ele tinha filas de meninas sonserinas correndo atrás dele. Até mesmo algumas lufanas e corvinais, e pelo que constava a Hermione, Parvati dava risinhos quando ele cruzava os corredores. Os hormônios podiam ser coisas incompreensíveis, mas se ele usava aquele tom, bom...

Foi Morgana quem se recuperou primeiro, fazendo uma cara de deboche evidente ao piscar repetidas vezes, como se flertasse.

— Vim dos seus piores pesadelos, Malfoy, fantasiada de lembrol, para lhe trazer a memória de algo muito desagradável a noite: Uma garota que te despreza e te acha tão nojento quanto uma lesma gigante esmagada no tabuleiro de Poções. Nã . – Para seu triunfo, o trocadilho dera muito certo, e ele a observou com mais atenção, percorrendo seu corpo de cima a baixo e abrindo e fechando os lábios como um peixinho dourado no aquário.

Elas teriam rido, se os outros alunos não tivessem chegado e Rony já não viesse de prontidão com Harry para entrar no que só podiam ver como uma briga eminente. No mesmo instante a porta da sala se escancarou, e Snape saiu da sua masmorra, se arrastando como um fantasma de mau agouro, e fazendo a atmosfera ficar mais fria e doentia com suas palavras cortantes:

— O que está havendo aqui?

Para sua surpresa Draco não os denunciou, apenas dando a retórica breve antes de entrar na sala, ainda confuso enquanto analisava Morgana.

— Nada professor, nós só estávamos conversando.

Snape deu um olhar de desprezo para elas e os mandou se ajeitarem rápido em seus lugares. Era a primeira vez que Sabrina via o professor de poções, e sentiu um medo quase animal, misturado com repulsa pelos cabelos sebentos e desprezo por alguém tão desagradável que aparentemente queria testa-la e reprova-la, com uma só aula.

— Esse ano vamos estudar poções mais avançadas, portanto eu não vou tolerar as suas incompetências. A começar por você, Longbotton - ele olhou para Neville de esgela, o que o fez estremecer - O que estudaremos será muito perigoso. E qualquer falha que você se der ao luxo de cometer poderá explodir não só seu caldeirão, mas a masmorra inteira, portanto nada de "esquecer" de alguma coisa ou de uma medida. Quanto a você, Potter. – ele firmou o olhar com precisão cortante em Harry que comentou baixinho com Rony:

— Tava demorando...

— Como?

— Nada, professor. - Harry olhou Snape com uma sobrancelha erguida, um sorriso idiota nos lábios. Mas com desafio.

— Bem, cometa um deslize, ouviu bem, um deslize e ficarei muito feliz em te mandar para detenção. - Snape fez uma pausa e sustentou o olhar em Harry, com determinação, até que o garoto desviasse a contragosto. - Senhorita Lair, quero testar seu conhecimento, não tolerarei alunos na minha classe que não sejam menos que letrados na arte alquímica. Hoje teremos a primeira aula em teoria. Vocês não estão me ouvindo? O que estão esperando para pegar pergaminhos e penas?

Assim passaram-se as duas aulas de Snape, cheias de "elogios" e olhares que estremecem. No final da segunda aula, Snape resolveu finalmente testar as habilidades de Sabrina para poções e começou a fazer inúmeras perguntas. A garota não agüentava mais ter que dizer onde se achavam algumas ervas e o que se fazia com elas, enquanto o professor fazia uma cara horrível porque ela acertara todas. Quando a aula finalmente acabou, ela estava tão exausta e chocada que teria corrido pro dormitório.

— Esse cara é um carrasco. Como é que vocês agüentam ele, hein? Se minha avó não tivesse sido professora de Poções de aulas extras nas férias para os alunos com mais dificuldade, eu estava perdida.

— E olha que isso é só porque estamos na primeira semana, ele é muito pior do que isso.

— Tá brincando, Harry, sério? Ah, eu não vou agüentar por muito tempo não, viu? Se eu for para as detenções por todo o segundo semestre, será por culpa dele. E qual é a dos olhares cortantes para você?

— Aparentemente ele odeia Harry por ser o Harry. Deve ter inveja da fama dele, ou dos cabelos não oleosos, o que você acha? - quando Morgana disse isso com um tom engraçado na voz, e um sorriso sarcástico para Harry, todos pararam e olharam para a cara dela.

— O que? - disse a garota com o rosto corado.

— Você falou com o Harry, Morg.

— E...? – começava a se arrepender de dar ouvidos a Sabrina, francamente...

— Bem, me corrija se estiver errado, mas até agora pouco você estava nos ignorando. - disse Rony sabiamente. Ela hesitou, olhando o ruivo com um resquício de ódio de antes.

— Tudo bem, se vocês preferem que eu os ignore, pra mim tanto faz.

— Não. - disse Harry - não é isso. Mais é que você parecia que não ia mudar de idéia muito cedo, só isso. Fico feliz que você não me odeie, e, bem me desculpe por... – só que ele não conseguia achar um motivo exato para se desculpar. Então deu de ombros enquanto Sabrina a abraçava, orgulhosa. A morena suavizou, mas só um pouquinho.

— Bom... - Rony estava muito vermelho - então desculpa, por aquilo que eu disse na sala comunal, e me desculpe por quando...

— Tá ok. – Ele parecia tão miserável, ela tinha coração e foi misericordiosa parando a fala dele. Mesmo porque sabia que se ele voltasse a desfilar todas as afrontas, se arrependeria. Deu tapinhas animadores nos ombros de Rony, que sorriu com uma cara melhor.

Nesse instante, para o desgosto de todos, Draco vinha passando e parecia menos chocado que antes. Com confiança o garoto enlaçou seus ombros, como se fosse um cara legal e descontraído, ou algo assim.

— Ah Morgana, agora que você esta se redescobrindo, não vai querer ser vista do lado desses idiotas, vai?

Morgana sorriu, retribuindo o abraço, o que fez todos escancararem os lábios e Malfoy se encher de si mesmo. Em seguida ela caminhou mais a frente, o deixando parado em frente de uma estátua e se desvencilhando com violência enquanto virava as costas.

— Fique aqui Malfoy. Porque eu não quero ser vista do seu lado idiota!

xxXXxx

Sabrina e Morgana tinham acabado de sair da aula de Transfigurações, que fora particularmente engraçada, pois a Profª Minerva os fizera transformar suas cadeiras em cavalos, com eles montados em cima. A de Neville, que tinha se transformado em um pangaré com encosto e pernas de cadeira, tinha saído correndo pela porta ligeiramente aberta e havia percorrido o castelo inteiro com ele em cima e a professora correndo atrás. Morgana e Rony ainda riam quando chegaram no salão principal para almoçar. Então Sabrina de repente se lembrou de que havia esquecido a pena e tinteiros na sala de Transformações e arrastou Morgana para ir apanha-lo com ela.

— Mas você anda cada vez mais desligada, hein Sá? – Era idéia comum entre as duas que Sabrina tinha algum problema congênito de memória. A ruiva era tão desligada que não era difícil a ver com olhares ausentes, um dedo nos lábios para pensar no que exatamente tinha esquecido segundos antes.

— Ah Morg, não chateia! Ai caramba, não olha, mas aquele imbecil do Malfoy tá vindo pra cá. Esse cara deve estar nos seguindo, um stalker?

— Ah, me esconde pelo amor da Deusa, Sá! Não deixa ele me ver ele vai me lançar uma azaração, tenho certeza. – a morena se escondeu encolhida contra Sabrina na porta da sala de Transfigurações.

— E eu que sou azarada em seu lugar? – sussurrou a ruiva olhando com um sorriso amarelo para a frente. Puxou Morgana pelo braço e começou a andar.

— Ei, Morgana! - Draco acenava freneticamente - Espere!

— Não pára, continua andando, finge que não tá ouvindo... - Tarde demais, Malfoy se postou na frente delas, as impedindo de seguir adiante.

— Tá fugindo de mim, Summers?

— Esse menino deve ser um prodígio em Adivinhações! – exclamou a ruiva prendendo o riso.

Draco fingiu não escutar e continuou, encostando-se na parede e tirando dali um objeto cristalino que começou a lançar no ar. Desconcertadas elas viram que era um lembrol. Deuses!

— Sabe Morgana, eu estive pensando...eu fui muito grosseiro com você nos anos anteriores e para me redimir dos meus "pecados", eu pensei se você não queria ir tomar uma cerveja amanteigada comigo na próxima visita a Hogsmeade, seria uma boa forma de me desculpar. E olha, isso é para você. – Pôs o lembrol em suas mãos, com um sorriso encorajador. – Nunca tinha percebido, é bonitinho, vê?

— Demais, o jeito que a luz bate no vidro, não é? Por acaso, é muito interessante e digno você me convidar para uma cerveja amanteigada, é uma boa forma de se redimir, passar um tempo do seu lado, como desculpas... – ela sorriu meio boba e Draco ergueu a sobrancelha.

— Isso, boa menina, se você encara assim estamos no caminho certo! - Sabrina não conseguiu se controlar e soltou uma risada, que logo tampou com as duas mãos na boca. O garoto era impossível, sequer considerara o sarcasmo na voz da morena.

Morgana estava vermelhíssima de raiva e parecia que ia explodir, no mesmo instante. Ele só podia ser retardado mental, não era possível que alguém se tivesse em tão alta conta que não notasse o absurdo de tudo aquilo. A pergunta era: porque? Porque ela, no fim? Quer dizer, ela sabia que Draco Malfoy odiava perder, mas sei lá, ele podia tentar com Sabrina, se quisesse? Observou a ruiva e a deu um beliscão, notando as risadas baixas. Mas de alguma forma, observando o loiro – o que tinha que ser bem sincera, fizera muitas vezes quando era mais nova. – ela se sentiu muito bem consigo mesma. Quase podia sei lá, passar as mãos pela cintura e desfilar cheia de si pelo castelo. Só curvas, e olha só o que conseguia? Quão hipócrita e idiota eram os homens? Respirou fundo e disse:

— Olha Malfoy, vamos entrar em um consenso. Quer se redimir se mantenha longe de mim em Hogsmeade, tudo bem?

Ele não parecia feliz, a fitou profundamente. - E a nossa cerveja amanteigada, Summers?

— Voltamos para o Summers, é um avanço. – sussurrou Sabrina, atentamente. Morgana a beliscou de novo.

— Cala a boca, Sabrina. - arremeteu Morgana furiosa - Draco Malfoy, enquanto eu estiver em sã consciência, pode esquecer esse negócio de cerveja amanteigada, linda e todos esses adjetivos ridículos. E se algum dia eu não estiver, vou ter pelo menos a sensatez de procurar alguém que não ache que é um favor sair com ele como desculpas!

— Qual seu problema? Não foi o que eu quis di...

— Eu disse NÃO! - E lhe deu as costas, enquanto Malfoy se retraia com o berro. Agora parecia louca; melhor. Saiu arrastando Sabrina que gargalhava muito alto.

Depois que as duas já estavam bem longe Sabrina começou:

— Ora, linda Summers boa menina, por que você não pode ir tomar uma cerveja amanteigada com o Draquinho?

— Pare com isso, eu ainda não entendi o que deu nele! Porque não vai você? – ela fez um sorriso malvado.

— Porque ele convidou a você e não a mim.

— Isso quer dizer que se ele convidasse você iria?

A ruiva corou, exasperada. – Morgana, não foi isso que eu quis dizer...

— Ah, agora não adianta negar, linda, você já falou e...- Sabrina se afastou, brusca, com Morgana gargalhando. - Pois é, pimenta nos olhos dos outros é refresco! - Sabrina não respondeu, entrando apressada no salão principal.

xxXXxx

— ...E eu tinha o melhor professor de Herbologia na Corcions, sério, ele tinha dado aulas no Brasil, não escuta essa. – Sabrina começou a rir sozinha, enquanto eles a olhavam de sobrancelha erguida.

Estavam depois do almoço andando de um lado pro outro ás portas das estufas para "perder as calorias", segundo Morgana, o que denunciava uma meia obsessão que Sabrina vinha notando na amiga. Há poucos instantes tinham constatado que teriam que agüentar três aulas com a Sonserina em pleno começo de semana por um ano inteiro, e de forma meio engraçada Morgana fizera uma conjectura de dar pena, mas não se aprofundaram muito no assunto. Agora Sabrina vinha contando histórias de sua antiga escola, para passar o tempo.

— Então, no Brasil existem muitas gírias sabe? Meu professor tentava ser enturmado, e entrava na sala: Como estas, beleza? Assim, sabe? Espanholizando o português, era cômico.

— Para mim parece triste! – Harry franzia o cenho, tentando imaginar a professora Sprout "inglezando" gírias brasileiras. – Muito triste.

— Eu ria. Por falar em Brasil, ei, Morgana. – E então começou a enumerar nos dedos. - Lembrei: na ultima carta Caio te mandou um beijo na boca, Cali te mandou um beijo no rosto e Denis te mandou um apertão na bunda. – As duas gargalharam, para desespero dos outros três. Aquilo era rude não? Sabrina se pôs a explicar. – São amigos nossos, do Brasil, lá as coisas são um pouco diferentes, é a forma de brincar. Não é sério, sabe?

— Vocês tem muitos amigos em comum e em lugares diferentes, deve ter sido incrível viajar tanto! – comentou Hermione enquanto entravam na estufa.

Para sua surpresa Draco Malfoy entrou mudo, sem sequer olhar duas vezes para eles, o que fez Rony franzir o cenho. - O que será que aconteceu? O Malfoy simplesmente não perde a oportunidade de nos azucrinar!

— Melhor assim. Eu não quero ser obrigada a mandar ninguém para detenção, vocês sabem. – Rony a olhou incrédulo.

— Isso ta começando a subir a sua cabeça Hermione.

A aula se passou normalmente. Eles tiveram que replantar Feijoins, uma flor com pétalas marrons e miolos rosas que soltavam um cheiro de feijão estragado e que tinham a propriedade de curar furúnculos e pequenas feridas. Deu um pouco de trabalho, afinal eles tinham que aturar aquele cheiro sufocante e observar se a flor tinha gostado do local - se tivesse ela fazia o miolo ficar alaranjado por alguns instantes. A de Mione teve que ser trocada três vezes até achar o vaso que gostava; as de Harry, Sabrina e Morgana, uma vez cada; e Rony foi o único da classe a conseguir que a sua ficasse satisfeita com o primeiro vaso, e ganhou dez pontos para Grifinória além de elogios da professora, que dizia que ele tinha uma forte e ótima intuição e conexão com sua planta. Mais tarde Rony diria : Imagina, conexão com aquela coisa fedorenta .

E após a aula, foi a vez de se jogarem nos bancos aproveitando o sol do comecinho do Outono que raramente aparecia por entre nuvens de chuva, enchendo as árvores que perdiam as folhas no terreno com padrões bonitos. Ficaram por breves instantes conversando novamente sobre a antiga escola de Sabrina, seus amigos e histórias engraçadas que elas haviam passado, enquanto Hermione olhava feio e ralhava com as crianças do primeiro e segundo ano que azucrinavam alguns arbustos sensíveis pelo terreno.

Em dado momento Rony começou a cutucar Harry, indicando Morgana com a cabeça com muita ênfase, e o garoto o olhou como se tivesse crescido uma anteninha entre seus cabelos. O que diabos ele queria dizer? Então o ruivo girou os olhos para a entrada do castelo, e todos eles observaram Cho Chang descer por ali com sua vassoura e o resto do time de Quadribol. O coração de Harry se acelerou e ele abriu um sorriso lento, observando como o sol enchia os cabelos da oriental de matizes brilhantes, de tão lisos e negros que eles eram no rabo de cavalo alto. Cho parecia um pouco triste e quando os viu acenou animada, ao que Sabrina respondeu, surpreendendo todos menos Morgana. A garota pareceu murchar como uma bola.

— Nos conhecemos no trem, ela é muito legal. – A ruiva explicou, animada.

— Legal, duas chances, ein Harry?

— Cala a boca. – o moreno cerrou os dentes, sibilando para o ruivo entre eles enquanto as meninas o olhavam perdidas por sua vez. – Não é nada.

— Ah é, Morgana, você é bem próxima de Cho não? Ano passado vocês estavam sempre juntas... – Rony sondou.

— Não, eu estava sempre junto ao Cedrico e meus irmãos. – Ela mordeu os lábios com força de repente, força suficiente para arrancar sangue enchendo sua boca com um gosto de ferro e sal.

— Cho andava com Cedrico e vocês? Nossa Hogwarts é tão pequeno.

— Sim, bem eles... Morgana?

A morena se lançou a frente, pondo as duas mãos sobre a boca de Harry com tanta gana que o garoto tombou para trás com ela por cima do seu corpo, meio de lado. Doeu, mas não deu muito tempo de fazer mais que por um cotovelo para trás para amortecer as duas quedas. Por instantes que pareceram perpétuos os dois se congelaram. Ele roxo como uma beterraba, os olhos verdes do tamanho de bolas, e ela branca como um fantasma, só as maçãs das bochechas coradas depois de um tempinho. Na posição Harry sentiu o coração dela disparar com força contra seu próprio peito quando ela ergueu os olhos para encontrar os dele, depois os castanhos se enxerem de lágrimas e então ela se afastou e soltou um lamento. Segurou o joelho que agora tinha um esfolado vermelho por onde saia sangue.

Nenhum dos outros três se moveu, nem mesmo Hermione que estava parada a alguns metros fazendo acenos com a varinha para afastar uma garotinha do salgueiro voador antes que ela fosse atingida em cheio. Ficou ali, com a varinha em riste e a cabeça virada para o lado. Sabrina deixou o queixo despencar, com uma suspeita que ninguém a não ser ela e Morgana entendiam, ao que a morena negou com a cabeça para ela, perigosa.

— Tinha uma mosca. Ela ia entrar na sua boca, uma mosca enorme. – disse ela entre dentes cerrados. Sabrina começou a abrir um sorriso e Morgana estremeceu, mas seu olhar ficou mais assassino.

— Sei, uma mosca. Porque você ta vermelha assim? Ta bem?

— Não idiota, meu joelho ta doendo, não ta vendo que to me esvaindo em sangue? – De fato, ela parecia que ia chorar a qualquer momento de dor. Começou a se erguer e depois disparou como uma chibatada para longe quando Harry tentou a ajudar, solicito. Que situação estranha!

Rony soltou um assobio e olhou de Morgana, para Harry e depois Cho. – Acho melhor você não falar nada sobre aquilo agora. – Ele acrescentou pro moreno que ergueu o rosto dos joelhos que ele espanava, com cara de espanto. Rony fez uma cara de que era melhor prevenir.

— Do que vocês estão falando? – Morgana estava de novo irritada e arredia. Tinha feito uma cena e eles estavam entendendo tudo errado. Droga, queria socar Sabrina e tirar aquele sorriso brilhante da cara dela. Mas Hermione chamou sua atenção para dizer que alguém se aproximava.

— Sabrina! E oi Harry, nunca mais o vi pelo castelo. – Era Cho com a voz meio lastimosa. Deu de ombros para se desculpar, declarando. – O treino foi cancelado, andaram brincando com a grama do campo e ela esta chicoteando para todos os lados com tentáculos. Os grifinórios ainda não começaram a treinar, não Harry?

Harry parecia que ia explodir em alguns segundos, voltando a ficar roxo brilhante. Morgana não estava melhor, e piorou quando Sabrina se aproximou de Cho, a abraçando. Tinha certeza que agora ia acontecer alguma catástrofe, certeza absoluta, e por isso ela foi mancando até a ruiva e começou a puxa-la pelos braços a arrastando para a porta do salão.

— Bom ver você, Cho, preciso muito falar com...- seus olhos ficaram brilhantes quando avistou Draco Malfoy com Crabbe e Goyle atirando no ar alguma coisa de uma quarto anista baixinha e franzina, a fazendo de boba. – com Draco. Depois vejo vocês. Apoio moral. – Acrescentou quando Sabrina a questionou porque ela deveria ir junto.

"Com Draco?" Fez Hermione só com os lábios para Rony que negou para dizer que não sabia o que a tinha abduzido. Mais tarde ele provocaria Harry dizendo que era para disfarçar, mas agora ele estava mais interessado em ver como o amigo se comportava ao lado de Cho.

— Acho bom você devolver isso, Malfoy, ou chamarei Hermione. – disse Morgana assim que os alcançou, batendo o pé e bufando.

Malfoy pestanejou e girou para a olhar, desconfiado. Fez um gesto para Crabbe e Goyle que devolveram o cachecol para a corvina e se afastaram para analisar um baralho de snap.

— Isso é sua tentativa de ameaça, chamar a monitora?

— Morgana, olha, se isso foi só porque você estava com vergonha de Harry, não acho uma boa idéia... – Sabrina se virou para a amiga, os punhos do lado do corpo cerrados. A morena a ignorou, mas Malfoy não.

— Vergonha do Potter? O que ele fez? – Parecia realmente curioso, curioso demais. Morgana ergueu o nariz com desagrado. Era só uma desculpa e agora precisava se afastar estrategicamente, assim que Cho fosse embora o que olhando ao longe não estava perto de acontecer.

— Não é da sua conta, é claro. Então...

— Então? Você veio até mim. – Seu sorriso se iluminou, em compreensão. - Já sei mudou de idéia? Sei que não fiz a coisa certa da ultima vez, andei pensando, então sinto muito, claro. Agora que resolvemos vamos andando juntos ao povoado ou você prefere me encontrar lá? Eu gosto dessa, fica menos grudento. – Ele pos um dedo nos lábios pensativo. – Não gosto de garotas grudentas...

As garotas deixaram sair o ar em um som de mofa. Aquele garoto poderia ser mais convencido se fizesse um esforço? Era inacreditável. Morgana não conseguiu refrear a língua.

— Dá pra ser mais desagradável que você? Sério, você é repulsivo. Não, eu não aceitei convite algum e pode apostar nunca vou grudar em você, nem chegar um dedinho perto de você, idiota.

Draco sorriu, sarcástico. – Vou repetir, você veio até mim. Como posso ajuda-la, Morgana?

— Pra você: Summers!

— Ótimo, Summers, pra você: Draco. – Ele se aproximou se divertindo com a forma como ela se contorceu para longe de seus braços como se ele queimasse.

— Nunca o chamarei de Draco! E fique longe de mim, seu imbecil!

Sabrina resmungou, aquela conversa estava sem sentido e incomoda, para começar ela se via concordando com Draco sobre Morgana ter ido até ele. O que ela queria?

— Você veio trocar farpas? Entediada? – Draco parecia genuinamente confuso. Deu de ombros e se inclinou para a frente fingindo que ia beija-la. No intimo estava curioso, confuso e irritado com os foras que a menina se achava no direito de dar nele. – Tenho uma forma melhor de tirar o tédio, vem aqui vou te mostrar. AI!

Ele congelou, sentindo a bochecha arder quando o tapa estalou em seu rosto. Agora veja bem, aquela garota estava indo longe demais. Mas antes que ele pudesse fazer algo ela já tinha saído correndo para dentro do castelo, destrambelhada. O loiro ganhou até mesmo uma cara envergonhada da ruiva se desculpando por aquilo antes de seguir a amiga. Quando Cho Chang passou por ele, curiosa, ele sorriu, satisfeito:

— Ela é louquinha por mim. – Mas por dentro, estava aceitando o desafio que a Summers estava se mostrando ser.

xxXXxx

— Não tem a mínima graça. – Morgana mancava ainda, emburrada com as gargalhadas de Sabrina atrás dela. Estava se tornando um habito correr atrás de Morgana.

— No meu ponto de vista, tem. Principalmente porque eu nunca soube que você é tão maluca no dia a dia.

— Eu nunca, nunca, nunca vou sair com o Malfoy...e se um dia ele se aproximar de mim de novo vou...aaargh!

— Pra você: Draco! Mas você que foi atrás dele Morgana, não sei porque, mas ele tava certo. E o tapa! A cara dele. – Sabrina voltou a gargalhar e Morgana a fuzilou com os olhos.

— Pare com isso!

— Ok, quer saber o que acho? – Ela parou no corredor, muito séria. – A mim pareceu que você queria me ver longe de Cho.

Morgana continuou andando, mais para que Sabrina não visse a denuncia na sua cara do que outra coisa. Reuniu todo seu espírito e mentiu como se não houvesse amanhã.

— Isso é loucura, não me importo que você passe sua vida ao lado de Cho. Você tem razão, foi Harry, me senti esquisita, queria compensar. – Girou nos calcanhares, tentando parecer envergonhada. Sabrina engoliu aquela e acenou com a cabeça satisfeita.

— Imaginei que fosse. Que é outra coisa esquisita, você se jogou em cima dele porque?

— Porque eu te dou explicações? Tinha realmente uma mosca, sabe? Varejeira, enorme, e vocês estão cegos! Enfim. Salamandra Rastejante. – Disse a senha e o buraco do retrato girou. – Estou cansada, vou tomar um banho.

Mas Sabrina não engoliu aquela, só se esparramando na cama da amiga e pegando o livro que ela lia com interesse: "Como acabar com os sintomas da TPM. Um guia para bruxas incontroláveis" de Verônika Suplicy.

Para aquelas mulheres que agem como loucas, uma dica: se controlem e bebam uma xícara de chá de prímula selvagem antes de deitar! Isso explica muitas coisas. – Olhou um potinho cheio de folinhas de chá sobre o criado mudo da amiga.


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Notas finais do capítulo

Acho que as vezes me empolgo demais e escrevo muito. Tenho certeza na verdade... tá muito cansativo? O que acham?



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