Harry Potter e a Neta de Voldemort escrita por Thaty Shinoda


Capítulo 3
Capítulo 2 - As "palavras carinhosas" dos gêmeos Weasley


Notas iniciais do capítulo

História originalmente escrita com Sheila Farias.
Porque existem histórias que quando não são contadas ou finalizadas, ficam na sua mente lhe perturbando até que as deixem sair.



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Capítulo dois - As "palavras carinhosas" dos gêmeos Weasley

 

— Ein, você viu? A garota nova caiu aqui, acho que devíamos preparar uma espécie de festa de boas vindas a ela. – Rony comentou casualmente, nada casual enquanto se esparramava mais no sofá do salão comunal. Estava cheio e sonolento, Harry o tinha visto repetir o pudim de rins duas vezes, e nem falara do empadão. Em compensação Rony parecia uns dois metros mais alto e magro que no ano anterior, e ele gostaria de saber porque pensava em coisas assim, provavelmente por causa da sua própria barriga estufada e o sono bom que o acolhia no calor da Sala comunal.

Hermione revirou os olhos exasperada enquanto fazia Bichento correr em volta do corpo atrás do ratinho de borracha com o qual estava o distraindo. Era agradável ficar ali, falando bobagem e relaxando depois de um bom jantar e uma boa recepção quente, ainda que o verão tivesse no fim e o salão comunal tivesse aquecido demais para aquele dia. Ele se espreguiçou e ergueu muito reto, comentando no mesmo tom interessado do amigo.

— Eu vi uma morena com ela. Você viu? Aquela que lhe disse na estação, a que me empurrou?

— Que quase fez seu queixo deslocar? E eu não estou falando isso porque você despencou sobre a gaiola de Edwiges. – Hermione ergueu os olhos afiados e brincalhões para o amigo. Harry lhe lançou um sorrisinho sarcástico.

— Estou curioso, só isso. Sabrina é legal, apesar de eu achar que uma recepção seria muito. – ele acrescentou quando o ruivo se animou. Não deixou de notar Hermione mau humorada e olhando pra baixo resmungona com isso, e indicou ela com o queixo. Rony, de forma idiota piscou para ele sem entender, e Harry revirou os olhos verdes antes de continuar. – Mas estou curioso sobre essa garota, nunca vi ela por aqui antes.

— Vai ver é transferida também.

— E veio pra Grifinória direto porque nós somos especiais. Dois por um, huh? – Gina sorriu debiloide, se aproximando e dando uma palmada na cabeça do irmão. Mas trazia um sorriso de quem sabe das coisas, que não demorou a dividir com Hermione, em palavras rápidas e baixas que fez a outra se encolher envergonhada.

— Eu jamais teria idéia. Nunca!

— Pois é. – Gina se sentou e levou os joelhos ao queixo, observando Harry atentamente. Após um instante ela deixou sair um suspiro.

— Seus olhos não parecem mais sapinhos cozidos, você está começando a ficar com cara de preocupação de velho, Harry. Verão complicado?

Harry corou profundamente e desviou o olhar da ruiva Weasley. Rony ao seu lado se dobrava e bufava de tanto rir, até mesmo Hermione não conseguiu segurar a risada e Harry se perguntou como Gina conseguia parecer tão desembaraçada diante das palavras que indicavam seu antigo amor platônico por ele. Pigarreou uma vez, depois outra e abriu os lábios para falar, mas quando ela lhe deu um sorriso meio de canto, malvado, ele entendeu que estava gostando de tirar uma com a cara dele e desistiu, ficando acabrunhado e envergonhado. Só então ela ficou com as orelhas um pouco vermelhas e deu de ombros, girando os olhos pro retrato que se abria.

— Desculpa, não resisti à brincadeira.

E o assunto entrou na sala, fazendo alguns dos alunos a sua volta pararem de conversar e olhar pro retrato, curiosos. Sabrina agora levava as vestes de bruxo como todos eles, o roupão de verão totalmente negro com os fechos prateados que cobria até os tornozelos e por sobre a saia e camisa com a gravata da grifinória vermelha e dourada que a identificava como uma das leoas, portanto era mais pela novidade e beleza que atraia os olhares dos que estavam ali. Todos queriam saber quem era a garota nova, e porque fora transferida, um status de celebridade que ele já havia passado e esperava, para o bem dela, que logo passasse. Alguns garotos se adiantaram e só então ele notou que eles pareciam tão interessados quanto na garota que entrava com ela.

Ele a observou longamente, e com um senso vago de familiaridade incomodando atrás das orelhas. Tinha longos e brilhantes cabelos negros, descendo lisos pelos ombros até que se terminassem em cachos pelas costas e colo, a franja delicada escondia um semblante emburrado, de quem estava odiando aquele monte de vozes curiosas. Seus olhos, pelo que ele podia perceber eram castanhos de um tom mais claro que os cabelos quase negros, e meio amendoados – não como os de Cho, só...erguidos e bonitos, com os cílios grandes e ele podia apostar, um pouquinho maquiados. Bonitos. Assim como o rosto de coração, com a boca bem desenhada e vermelha que ele olhou bastante, até se sentir estranho e desviar os olhos. As vestes não ajudavam, mas ele podia notar a pele suave e branca ali, nos joelhos – todas as meninas usavam as saias um pouco altas assim não é? Reparou.

Até mesmo Hermione. Olhou a amiga assombrado. Na morena, por algum motivo, ele notava mais. Estremeceu e sorriu convidativo quando Sabrina os avistou e começou a se aproximou. Gina ficou tensa, e Hermione ao seu lado coçou a nuca.

— O que? – Os garotos balbuciaram antes de recepcionar as meninas.

Mas então os gêmeos chegaram mais cedo, despreocupadamente abraçando as duas meninas pelos ombros e as levando até onde o grupo deles já estava formado e esparramado no canto preferido do salão.

— Oi, tudo bem, Sabrina?

— Nossa, você quer um guaraná? - respondeu a ruiva, com um revirar de olhos. – Quanta originalidade... – mas ela parecia simpática a despeito de ter deixado todos eles com cara de idiotas completos.

— Ok, e o guaraná entra aonde? – Fred não perdeu o rebolado, dando um matador sorriso que fez a morena franzir mais o cenho e retirar as mãos de Jorge com violência.

— Ouch, desculpe. – Sussurrou o gêmeo, envergonhado de forma impressionante. – Você tem um bom apertão. – Ele piscou e ela o olhou meio...assassina.

— Deixa pra lá. Ok, vocês querem saber quem é a morena do meu lado? – Elas haviam ouvido isso pelo salão todo, fora engraçado, se não fosse trágico. E Sabrina podia rir do trágico. Morgana não. A coisa é que eles também a olhavam curiosos, e Sabrina simpatizara com os garotos, de forma que pelo menos elas podiam ficar sobre olhares curiosos com gente legal. Ela abriu os lábios para comentar algo engraçadinho e deixar as coisas animadas e pra lá, mas Morgana decidira que já dera, e ia acabar ali, quando Rony comentou, solicito.

— Bom na verdade nunca a tínhamos visto e como ela não foi selecionada...

— Bom pra você Rony Weasley, porque se tivesse visto com certeza não teria me enchido de baba de pufoso com aguarraz na aula do Snape ano passado! Imagino que as garotas lindas e perfeitas tomavam toda sua atenção. A humilde Morgana Summers, que esteve sentada do seu lado naquela aula, agradece a preferência e deseja com todas as forças que você vá a merda. – deu um sorriso de carranca e contemplou o silencio constrangedor e pesado que caiu sobre eles. Gina ergueu as mãos como se dissesse: Olha, eu não to nessa, sou legal, não me mate. Ao que Hermione acenou e fez também sua cara de trégua. Hipócrita, ela mesma já tinha feito sua cota de Morgana, a invisível antes.

— Uhh, Morgana, vamos com calma, lembra as pessoas que me ajudaram no trem? Então, eles são...

— Se você disser legais eu te enforco, eu tô avisando! Me deixa. – Ela deu um suspiro pesado e saiu pisando duro pelo salão. Havia mágoa e dor nos seus olhos anuviados de lágrimas, mas isso não a impediu de dar o dedo do meio com muita convicção a Lino Jordan que fez menção de a cumprimentar. Que gênio.

Sabrina cruzou os braços e os olhou como um juiz de bruxas levando-os a fogueira na Inquisição.

— Ok, eu conheço minha amiga, qual de vocês a chamou de gorda, rolha de poço, e essas coisas idiotas que as crianças fazem?

Todos pareceram culpados. Com exceção de Gina e Hermione, os garotos simplesmente evitaram seu olhar. Até mesmo Harry Potter, e ele lhe parecera tão tímido e bonzinho como um cordeiro. As pessoas podiam se enganar, o velho bulling de meninos contra meninas durava bastante. O que a surpreendeu, os Gêmeos Weasleys pareciam os mais velhos ali, ainda que ela percebesse, provavelmente serem os mais imaturos. Suspirou profundamente e se sentou no sofá, cutucando uma almofada sem os olhar, brincando com as franjas douradas.

— Comecem a desfilar sua fila de bulling...

Jorge pareceu incerto. – Você quer dar nomes aos bois?

— Sim.

— Olha, tem certeza? – Fred parecia ressabido, como se esperasse que Morgana descesse com uma panela para dar em sua cabeça. Gina gemeu.

Foi Rony quem começou a despejar tudo como se uma enxurrada descesse de seus lábios, uma confissão para um padre, aparentemente.

— Bem, ano passado eu e o Harry estávamos conversando sobre quem queríamos levar ao baile e...bem, eu disse para ele convidar a monstrinha Summers. Disse isso de forma bem...ruim. Eu acho que ela tava ouvindo, né?

— Brilhante, Einstein.

— Mas eles humilharam todo mundo naquele dia. – Hermione correu em sua defesa, lembrando-se de sua própria humilhação. – Não que isso torne as coisas melhores – Logo voltou a olhar os meninos feio, se lembrando que era o outro lado ali. Sabrina quase riu.

— Ok, é um trauma. Só isso?

— Na verdade - Fred pareceu confiante depois disso. - Fomos nós que inventamos o "monstrinha" e também a chamávamos de rolha de entupir privada, chuta que é macumba, elefante de duas pernas Summers ...Hum deixa eu ver...

— Ah - disse Jorge - tinha também: bolinho do Hagrid; explosivin defeituoso; prima do Crabbe e Goyle; lua ambulante;...

— ...hum e também tinha: a garota super gordurosa; nerd baleiênco; cdf cegeta;...

— Ainda tem mais? - a voz de Sabrina estava alguns tons acima do normal, embasbacada.

— É, mais alguns - disse Fred - tem o Buda de Hogwarts; dragão de óculos; guerreira japonesa às avessas; irmã do Neville; super, super, super, super, ceguinha; e - ele respirou profundamente - telettubie moreno.

— "E Telettubie moreno"? - Sabrina estava vermelhíssima, o que fez Harry lembrar de tio Válter tendo um ataque de raiva. Realmente eles tinham pegado pesado - Eu te mostro quem é o telettubie moreno. - disse ela serrando os punhos. Hermione a segurou bem a tempo de a impedir de pular no pescoço de Fred.

— Calma, Sabrina. Respira, pronto. Toma – Hermione conjurou um copo de água com açúcar e o deu a Sabrina, que começou a pensar: "Se lembre da técnica dos números, vamos lá. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze...

Finalmente, depois de chegar ao número duzentos e trinta e sete, ela se acalmou e disse para os gêmeos, que a estavam olhando com cara de tacho:

— Vocês são criativos, e completamente imbecis, não há que negar. Ela odeia vocês, e ela tem razão, porque se eu estivesse aqui ia fazer vocês se arrependerem de terem sido cuspidos pela sua mãe. – O silencio imperou. De novo. E ela se perguntou se estava exagerando, afinal eram garotos, fazendo o que todos faziam...de uma forma meio débil mental, e forçada, mas o que não te mata te fortalece. Claro, Morgana nem tinha obrigação, nem iria falar com eles, ela tinha um longo e árduo trabalho pela frente. E isso tudo porque gostara daquele pessoal, gostara mesmo, como se visse um lado bom e divertido de filhos malvados. Olhou Harry intrigada. – E você? Menino que sobreviveu, Testa Rachada. - "Que gratuito, Sabrina." Se repreendeu.

— Eu não disse nada. – ele parecia ofendido.

— Então... – ela o observou sem saber o porque da culpa.

— O Harry meio que é um herói, sabe? Se ele não diz nada, ele contribui. – Gina palpitou pesarosa.

— Ah, é. Bom... – "Muito gratuito."— Realmente, ela tem motivos de sobra para odiá-los. E se eu conheço bem a minha amiga, vocês vão ter que se ajoelhar e se arrastar pelo castelo inteiro antes dela pensar em perdoar vocês. Mas... eu acho que posso dar um jeito nisso, se vocês prometerem que nunca mais vão inventar esses apelidos imbecis para ela.

— Nós nem temos mais motivos para isso, a não ser que ela odeie ser chamada de gost... - Harry deu um pisão no pé de Jorge - ai, Har...ah, quer dizer, linda, legal, maravilhosa, exuberante...

— Bem melhor, mas com ela nunca se sabe. Bom, amanhã temos aula, e eu estou realmente, realmente cansada. – se espreguiçou com um bocejo e se ergueu. As meninas a seguiram, em um passo quase coordenado.

Engraçado como pareciam simplesmente ser amigas. Assim. Sabrina chegara e entrara e nenhum deles parecia achar isso estranho.

Talvez fosse melhor.

Só deitado em sua cama, foi que Harry lembrou-se: Ele tinha algo em privado a falar com Rony e Hermione, algo de Sirius e sua viagem a Hogsmeade.

xxXXxx

No dia seguinte, Harry acordou com a gritaria e a choradeira de Dino Thomas. Antes de abrir os olhos conseguiu distinguir as palavras: morto, engoliu e mamãe. Harry se espreguiçou e perguntou a Rony, que já estava de pé:

— Quem morreu?

— Hum...pelo que entendi o cachorro do irmão dele engoliu a mãe dele. Agora, como é que um cachorro engole uma pessoa, hein? - perguntou Rony a Simas, que também tinha acabado de acordar.

— Não é nada disso. O cachorro do irmão do Dino engoliu a mãe do gato dele. Olha o filhote que ele tem nas mãos.

— Ah...mas Dino, meu velho amigo, a vida é assim: agente nasce, cresce, se reproduz e morre. - disse Rony, tentando suavizar a choradeira escandalosa de Dino. Não funcionou a não ser que o Weasley quisesse que Thomas se revirasse e esperneasse de choro.

— Fica quieto, Ron.

— Ok o que aconteceu? Alguém foi atacado? É uma briga? – Hermione prorrompeu pelo quarto esbaforrida. Seus deveres de monitora andavam a deixando bem cheia de si, e a oportunidade de entrar ali, com a varinha em riste e gesto de importância a deixavam incrivelmente exuberante e brilhosa, como se cintilasse de emoção.

— Hermione! - Rony arquejou e se jogou atrás dos lençóis para esconder sua samba canção e camisa puída, como uma donzela melindrosa.

Hermione revirou os olhos, e ofendeu Neville perguntando se não era novamente o sapo dele. Harry sentiu ganas de rir. Quando terminaram de explicar, Dino soluçava e Rony estava enrolado dos pés a cabeça, só com a franja de cabelos ruivos e o rosto de fora. Um silencio caiu, embalado pelos soluços e Harry sentiu que a qualquer momento ia soltar as risadas da cara da amiga.

Pelo jeito ela não fora preparada na monitoria para aquilo.

— Francamente! - Ela exclamou alto, e segurou a manga do pijama de Dino o levando para a porta. – Acho que vou te levar para Madame Pomfrey, uma poção para acalmar, sei lá.

— Aposto que te ensinaram só a parar azarações não é? Insensível. – berrou o ruivo para a porta quando ela se cerrou. Neville se sentou na cama, alisando as calças do pijama.

— Minha mãe me falou disso uma vez...tpm masculina. – sussurrou como se queimasse em sua língua, depois eles caíram na gargalhada. Se arrumaram rápido antes de descer ao salão comunal. Até mesmo a loucura, Harry sentia falta disso. – De qualquer forma, Trevo realmente sumiu, se o virem me dêem um alô. Bom dia. – ele beijou Gina no rosto e saiu com ela para o café, o que fez Rony travar e observar enfurecido.

— Se eles namorassem ela me diria não?

— Claro. – Mentiu o moreno com um sorriso animador.

— Acho bom mesmo - disse Rony muito vermelho - Senão eu ia ser obrigado a ir atrás dele com um soco inglês, tenho um guardado para isso. Você falou com Padfoot? – Diminuiu a voz ao passarem por um grupo de crianças nos corredores, espichando o olho para os bolinhos que elas levavam.

— Naah, ele esta me mantendo em um regime de sem contatos depois do que eu...fiz nas férias.

— Não foi boa idéia aquela de usar a capa para segui-lo, você sabe.

— Na hora você não disse isso.

— Estava distraído pela aventura. Bom dia, agora que estou decente. – Hermione estudava já o Profeta, aborrecida demais pelo que havia acontecido de manhã. Se absteve de comentar sobre o ocorrido e olhou Harry quando ele continuou.

— Eu só queria saber se ele realmente estava seguro, e se alimentando. O que é isso? – Ele se alarmou, observando uma casa ruindo nas fotos que se mexiam do jornal.

— Um ataque. – Sussurrou ela. – Em Essex, dizem que era casa de um ex comensal.

Harry ergueu a sobrancelha. Como que agora eles atacavam perto de sua própria casa? Não era dar muita sopa para o azar? Rapidamente Hermione, em sua toda sabedoria fez um muxoxo. – Acho que foi um auror. Estourando o esconderijo, digamos assim.

— Descendo na boca de fumo, entendi. Er...Bom dia Sabrina e...Morgana? – o ruivo começou a se encolher cada vez mais diante do olhar da menina que se aproximava a contragosto.

— Você pode, por favor, me dar o horário das aulas? – ela desviou os olhos de Hermione, falando quase robótica.

— Rony te disse bom diaa... – Sabrina cantarolou, ao que foi ignorada. Elas rapidamente começaram a falar baixinho e muito irritadas uma com a outra. Hermione tirou rápido um horário e a passou, sorrindo gentil. Morgana a olhou com frieza e virou as costas, resmungando. "Tomar café com meus irmãos, saudades de você, devia ir." A ruiva encolheu os ombros e se afastou dizendo que os veria nas aulas.

Foi a vez de Harry fechar a boca com raiva e exclamar exasperado. – A garota é intragável não?! Nem sequer deu oportunidade de pedir desculpas ou nada do gênero, fico pensando...

— Ah não me importo. Hermione, Gina está namorando Neville?

A colher caiu com força no mingau de Hermione, respingando em todo o jornal e ela começou a gaguejar. Imediatamente as bochechas e orelhas de Rony começaram a tomar tons de rosa, depois vermelho glorioso e Harry se preparou. Assim que Gina entrasse, viria o ataque.

xxXXxx

O dia fora cheio, de fato. Ele não conseguia direito entender o porque de Rony estar tão irritado com todo o acontecimento de sua irmã estar namorado. Um dia ela iria, e claro, ele mesmo estava surpreso com isso, não imaginara Gina e Neville aos amassos, era meio surreal, mas o fato dela estar muito mais...comunicativa perto dele dava alguns bons indícios de que ela seguira em frente. Tentou pensar em como se sentia em relação a isso.

Não era idiota, apesar de se fazer a maioria das vezes, e assumia que em algum momento percebera a forma diferente como ela corava perto dele, as fotos de Colin...aquilo era terrível, o fã clube, mas ele nunca particularmente dera muitos olhares mais cobiçosos a Gina. Ela era como uma irmã, e era bom saber disso no intimo, e como irmã ele estava satisfeito porque ela estava. O caso era: porque Rony não estava? Girou de barriga para baixo e virou o álbum de figurinhas observando que sua coleção quase completara. Jogou-o de lado desinteressado. Estava meio insone, talvez o fato deles terem ido dormir cedo por não agüentarem mais as trocas de farpas dos Weasley, tivesse contribuído para ele não conseguir ainda pregar os olhos. Olhou para fora da janela, a cabeça rodando com outras preocupações, e bem a tempo ergueu a varinha quando Rony afastou suas cortinas, sussurrando:

— Sabe o que é? É o fato dela não ter me contado. Ela passou o verão todo trocando cartas, eu imaginei que fosse algo assim, mas ela deveria ter me contado!

Harry fitou o amigo, todo bagunçado e meio perdido e sorriu.

— Você está contando os nós dos dedos pra não ir na cama dele soca-lo.

— O desgraçado! Nem sequer pediu minha benção.

Harry bufou, prendendo o riso. – Você terá que pedir minha benção quando finalmente chamar Hermione pra sair. – disse convicto. Rony pareceu horrorizado.

— Não vou chamar Hermione para sair, que idéia é essa?

— Ok, se você prefere negar pra sempre, quando ela arranjar alguém não reclame.

Rony o olhou desconfiado. – Hermione está de olho em alguém? – Depois fingiu que não era com ele e analisou uma meia velha de Harry a jogando longe. – Eu pensei que ela namoraria você...

— Hermione? – Harry arregalou os olhos, abismado. Rony só lhe lançou um olhar mordaz.

— Gina. Depois dos sapinhos, e toda aquela tensão com você perto. Mas você é idiota demais para perceber, ou se importar. Uma negação com as mulheres.

— E você, é um mestre, não? – Revirou os olhos e se perguntou, bem no fundinho, se era tão na cara assim que ele se sentia constrangido com aquele assunto.

Tinha uma garota que ele queria chamar para sair afinal. Desde o ano anterior. Mas quando via Cho, seu cérebro congelava, e ele parecia virar pasta, a ponto de praticamente preferir com alivio um duelo de comensais. Quão doentio aquilo deveria soar?

— Eu sei o que faço, jovem aprendiz, pode ficar ciente que tenho certa experiência... – deixou no ar. Harry o olhou desconfiado.

— Quem? Quando? - Aquilo começava a virar uma sessão de segredos, se permitiu pensar.

— Bom, Padma Patil.

— Sai dessa, Rony. Levar ao baile não é ter experiência.

— O depois é o importante. Veja bem, aquela noite quando...

— Quando você e Hermione praticamente gritaram a plenos pulmões que deveriam ter ido juntos, que você estava roxo de ciúmes e que depois veio chorar na caminha?

— Onde está meu amigo compreensivo? Você está esquisito. – Rony o olhou falsamente assombrado e depois só sorriu, consigo mesmo. - Em primeiro lugar: você viu eu me deitar depois da discussão com a Hermione, mas não viu quando eu saí, porque você já estava dormindo. E ok, não fomos tão longe, uns beijos e alguns amassos, o que já é mais do que você fez. Não é? – Harry corou. Ele prosseguiu com detalhes. - Bom, depois de discutir com a Mione eu fui deitar e fiquei um tempo pensando na vida, porque eu não tava com o mínimo sono. Aí eu resolvi dar uma voltinha e tentei te acordar, mais você parecia uma pedra. Então eu desisti e desci para a sala comunal na esperança de encontrar alguém que também estivesse com insônia, mas a única pessoa que tinha lá embaixo era a Morgana, que, como sempre, estava dormindo no sofá com um livro enorme na mão. Eu não falava com ela e passei pelo buraco do retrato para explorar o castelo.

"Fred e Jorge já tinham me dito que depois das festas aqui na escola, tirando as convencionais, o Filch nunca vigia muito, ele prefere ficar dormindo num armário de vassouras no quinto andar. Aí quando eu já tava nas escadarias de mármore, eu ouvi três pessoas me chamarem e virei para ver quem era. Era a Parvati, a Lilá e a Padma. Eu fiquei meio constrangido, afinal eu tinha dado o maior gelo na menina, mas parece que ela não tinha ligado muito para isso, e perguntou porque eu tinha saído do salão sem falar com ela. Nisso a Lilá e a Parvati foram saindo de perto e me deixando sozinho com a Padma. Até aí tudo bem, pensei eu, e a gente ficou conversando sentado na escada. De repente a madame Nor-r-ra apareceu e aparentemente foi chamar o Filch. Eu, que não sou bobo nem nada, sai correndo junto com a garota para gente não levar uma suspensão. A Padma disse que tinha um bom esconderijo para o Filch não nos pegar, e me puxou até uma salinha perto da torre de Astronomia. Eu fui na maior inocência, e quando agente chegou lá ela me disse que sempre tinha me achado um gatinho e me beijou. – O silencio entre eles poderia ser cortado com uma faca.

— Ela simplesmente, se jogou assim para você?

— Sim. É por isso que lhe digo: As corvinas, cara. Elas que sabem das coisas. – Depois apertou os lábios, pensativo. – Ela nunca mais me deu bola, meio que ficou com um certo charminho, corando e essas coisas, me pediu para acompanha-la umas vezes. Eu não queria mais nada, então... – Mas Harry sabia a verdade, não era muito que não quisesse: Rony pensava em outra garota. E além disso, vendo as orelhas do amigo, ele soube. Rony nunca faria o que a menina fez, se jogando, não do jeito que provavelmente ela queria, e não para namorar, com Hermione sempre ali rondando. Rony começou a bocejar. – E bom, é o que eu te digo: as corvinas são realmente as melhores! Você deveria convidar logo Cho para sair. Ela vive chorando e se arrastando pelo castelo, mas da-se um jeito. Quem sabe Morgana não ajude, elas se conhecem de todo o lance de Cedrico. Taí um motivo pra falar com a extressadinha.

Harry cerrou os dentes diante daquela idéia. De forma impressionante, pensar em pedir ajuda para chegar em Cho para Morgana lhe parecia tão errado que ele não conseguia dizer pra Rony exatamente o porque. Era simplesmente...bizonho. Talvez só porque seria usar a garota, e eles haviam concordado no ponto de que ela não merecia mais magoas. Mas ainda, lembrando dos lábios da Summers, vermelhos e parecendo macios aquele dia, quase adormecendo, ele sorriu, e teve uma idéia completamente diferente sobre o que e porque aquela idéia era tão sem pé nem cabeça.

xxXXxx

— Bom dia para todos. – Sabrina parecia reluzente, mas Morgana ao seu lado estava de olhos vermelhos e uma cara de poucos amigos. Não havia muita novidade na careta.

— O que é que tem de bom? - retorquiu Hermione, e Harry pôde ver um certo triunfo no olhar que Rony deu para ela.

A culpa era sua. Antes de Sabrina chegar ele soltara como um idiota piadinhas sobre beijos, só para deixar Rony sem graça, mas o que conseguira fora que Hermione escutasse e começasse um interrogatório. Que Rony rechaçou com uma resposta crua: Não é da sua conta. A amiga parecia sem palavras e mais irritada que Morgana, se é que isso era possível. O garoto deu um olhar para Sabrina tentando dizer que não era com ela, a ruiva deu de ombros. Morgana estava olhando para o nada atrás de Lilá, que estava sentada na sua frente, quando Jorge, que acabara de chegar à mesa com Fred, arriscou e disse:

— Tudo bem, Morgana? Queria pedir desculpas por...

Como resposta, Morgana levantou da mesa e saiu pela porta do salão, sem deixar vestígios de que estivera ali. Sabrina olhou para todos, que haviam parado de comer, um pouco corada e disse:

— Desculpem-na, eu disse que não ia ser fácil convencer ela. Mais eu a dobro. Obrigada - ela agradeceu a Jorge que dera de ombros e se sentara em sua frente, passando uma cesta de muffins a ela. Ela agarrou um e começou a se levantar para a ir atrás da amiga, mas antes que chegasse ao fim da mesa voltou e disse, sem graça:

— Ah, só mais uma coisinha: não falem com ela até eu a convencer, tá? Melhor para vocês, eu acho. – E achava mesmo. Morgana fora misericordiosa em não soltar os demônios em cima deles.

— Tudo bem. - eles responderam em uníssono e Sabrina saiu.

— Nossa, essas meninas são temperamentais, não é? - disse Parvati, tentando soar agradável e olhando Harry com um sorriso enorme. Ela e Lilá estavam rondando a conversa deles, de orelhas em pé.

— Você também seria se te xingassem durante quatro anos e depois viessem falar com você como se nada tivesse acontecido. Qual o problema de todos vocês? - atravessou Hermione, se retirando também e seguindo as duas.

— O quê deu nelas hoje? – A indiana parecia chocada.

Harry deu de ombros.


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Notas finais do capítulo

Ahh esses gêmeos, queria tanto ter eles na MINHA VIDA, q KKKK



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