Harry Potter e a Neta de Voldemort escrita por Thaty Shinoda


Capítulo 5
Capítulo 4 - Tristeza


Notas iniciais do capítulo

História originalmente escrita com Sheila Farias.
Porque existem histórias que quando não são contadas ou finalizadas, ficam na sua mente lhe perturbando até que as deixem sair.



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Capítulo Quatro - Tristeza

 

No dia seguinte algo surpreendente aconteceu. Morgana simplesmente voltou a taxativamente ignorar Harry e Rony. Sabrina estava exasperada enquanto via a outra fazer um olhar distante e girar os olhos para outro lugar quando por infelicidade um dos garotos dizia algo a ela. Mas isso era misericordioso em vista das vezes que a morena simplesmente dizia uma resposta atravessada para coisas banais como: "Você pode pegar minha pena que caiu aos seus pés, por favor?"

— Não! Levante a bunda daí e faça seus servicinhos sujos, Potter! Tenho cara de sua empregada?

— Desculpe!

— Ela me envergonha. – sussurrou a ruiva para Hermione, que assustada baixara a pena para olhar para a garota.

Mas não tinham tempo para ficar pensando no extresse de Morgana porque naquele dia tiveram uma dobradinha de História da Magia, e uma aula particular de Feitiços quânticos que se mostrara tão difícil que todos estavam massageando os braços e mantendo a língua dentro da boca para dar uma folga, já que por três horas haviam a enrolado e proferido fórmulas de encantamento em latim como maquinas.

Na hora do jantar todos pareciam um pouco desanimados, já que passariam o tempo livre enfurnados na biblioteca com a redação dissertativa de um metro que o Professor Binns havia passado sobre a queda de Grindewaldd. Morgana e Sabrina já estavam sentadas na mesa da Grifinória quando Rony e Harry chegaram. Hermione se detivera para falar com McGonagall sobre assuntos de monitoria.

— Nós precisamos falar com vocês. - Rony arriscou, corajoso.

— Na verdade com você, Morgana. - Harry tinha uma expressão de extrema convicção no rosto.

— Porque precisam falar comigo?

— Para começar, você não tinha voltado a falar conosco? Por que está nos tratando com estupidez de novo?

— Eu não consigo ver o que fizemos de errado! Quer dizer, você se jogou por cima de mim no banco, não tenho culpa se você se machucou...- Tentou o moreno, ponderando sobre o que só podia ser o motivo para ela ter aquela atitude.

Sabrina deixou os lábios despencarem. Rapidamente fazendo gestos de corte com o pescoço para tentar fazer Harry não continuar suas palavras. Eles observaram a mudança no rosto da morena, que de branco foi se tornando rosado, depois vermelho berrante e finalmente quase azul de tão roxo. Se de vergonha, ou raiva, ficou difícil presumir até que ela abrisse os lábios.

— Eu me joguei por cima de você? Eu estava tentando te impedir de asfixiar com uma mosca varejeira! – Era como se ela acreditasse na própria mentira, tão convincente ela foi nas palavras. Harry ergueu os ombros, mas estava um pouco envergonhado com a forma que ela interpretara suas palavras.

— Eu não quis dizer que você...

— Isso não muda o fato de que você ficou do nada toda arrisca, e passou a nos ignorar. – Rony abanou a mão, como se aquilo não importasse. – Pensei que poderíamos começar uma amizade, nos conhecemos esse ano, assim como Sabrina, e estava indo tudo bem até-

— Ah Rony, você não deveria ter dito as quatro palavras da fúria. – Sabrina protegeu seu prato da explosão.

Nos conhecemos esse ano, hã? Eu o conheço a mais tempo Rony Weasley, e quer saber o motivo de não fazer questão de começar uma amizade com você? Porque você é um idiota! Um idiota completo. São uma dupla de tontos, que enxergam nada mais que o próprio umbigo e ainda assim apenas se ele não for tão gordo que possa sair rolando por uma escada! Francamente! Se Sabrina quer ser amiga de vocês e me forçar a agüentar sua companhia, pior para ela. Não sou obrigada a ser simpática com gente tão mesquinha e fútil quanto você! Era de se esperar que com toda sua condição fosse mais humilde! – Sorriu com escárnio, olhando para as vestes esfarrapadas do ruivo com um olhar critico. Parecia vagamente Malfoy em seu pior dia, e Sabrina ergueu um dedo.

— Olha isso já foi longe dem-

Mas não pôde completar a frase porque Morgana pegou sua mochila e partiu em marcha como um redemoinho para fora do salão. "Olha o estresse e a TPM aí, minha gente, sai de baixo que lá vai a bomba atômica...Hoje não vai ter diálogo que acalme ela." , Sabrina pensou.

— Não foi como eu esperava. – Harry deu um sorrisinho amarelo, observando o amigo se sentar no banco como um estivador e resmungar "Idiota" repetidamente enquanto puxava pãezinhos e pastelão para seu prato.

— O que aconteceu com ele? - disse Hermione sentando-se ao lado de Sabrina, e observando Rony furar as batatas assassino. Ela franziu o cenho.

— Hm. Morgana. Melhor não falar. – Harry olhou Sabrina mau humorado. – Eu sei que ela é sua amiga, mas eu preciso falar, vocês são muito diferentes. Você é simpática, e ela só seria pior se nascesse de novo e caísse na Sonserina.

— É que na verdade quando ela era...bem vocês sabem, monstrinha, vocês fingiam que ela era invisível.

— Não! Isso não é justo, tentamos falar com ela muitas vezes.

— Sim, eles tentaram, só que ela sempre saía correndo - Hermione confirmou.

— É que ela pensava que vocês iam zoar com a cara dela. Eu até que tentei dizer pra ela primeiro escutar vocês, depois tirar as conclusões, mas ela é muito cabeça dura, pior do que eu.

— Deixa pra lá. - falou Rony, dando de ombros – Você é nossa amiga, ela que se mantenha longe. Não faço questão da companhia.

— Ah, sim. Hehe. – A ruiva pôs um sorriso amarelo, enquanto Harry concordava com a cabeça. Se preocupava com a amiga, e doía ver a outra estragando tudo para si mesma. Hermione estendeu a mão e apertou a dela, um sorriso compreensivo e sensível nos lábios.

— Vamos comer antes que esfrie, huh? Essa torta de rins e abóbora está deliciosa. – Depois, sussurrou a outra. – Tenho certeza que os três vão mudar de opinião com o tempo. Os meninos são doces.

Sabrina concordou com a cabeça, desanimada. Mas no fim, estava faminta.

Mais tarde, enquanto estavam na biblioteca, estudando os primeiros deveres que tinham, Rony ergueu os olhos do seu livro, apoiando as mãos no rosto. Desanimado e sonolento.

— Não agüento mais, preciso de pausa e ar fresco. – olhou mau humorado a volta do salão, vendo cada cubículo lotado de cabeças baixadas sobre livros e pergaminhos. Abria a boca de novo quando deu um salto, muito ereto de susto quando Madame Pince sibilou atrás de si, quase em sua orelha o costumeiro:

— Shhh.

— Ouch. Não disse nada! – arregalou os olhos para a bibliotecária que se afastava com uma pilha de livros, coçando a nuca desgostoso. Hermione ergueu a cabeça do livro que consultava, a atenção aparentemente focada no gesto de Rony.

Percebendo isso ela corou furiosamente e começou a juntar suas coisas. – Podemos pegar os livros e terminar os deveres na sacada de inverno.

Todos os outros três concordaram, aliviados. Harry tinha certeza que teria pesadelos se não saísse dali daquele clima pesado de poeira e estudos. Quase saltou com a idéia da amiga. Gostava da sacada de inverno. Era um promotório enorme e murado na Torre do relógio, muito amplo e agradável, com vidros entre as grandes balaustradas que dava vista a toda a Floresta proibida e os campos alem do castelo.

Muitos estudantes iam ali se aproveitar das mesas de ferro fundido e da vista aberta e menos opressora da biblioteca para terminar os deveres ou apenas passar um tempo com os amigos. Sendo um lugar tão próximo – pelo que diziam – da passagem para o Salão comunal da Corvinal, também era muito mais freqüente ver por ali estudantes daquela casa, o que para ele significava topar com Cho e observa-la de forma segura, rir e brincar com o grupo de amigos, enquanto esquecia as lições e os resmungos dos dois melhores amigos. Todos se arrastaram até a bibliotecária, preenchendo seus cartões de empréstimo e respirando felizes o ar puro até a torre. Sabrina saltitava feliz, ela não havia ido até a sacada, e conforme comentava o caminho todo, ouvira os irmãos Summers falar muito daquele lugar durante suas cartas.

Ao chegarem viram que metade dos estudantes em ano de NOM's e NIEM's tivera a mesma idéia. A sala estava cheia de cabeças mais velhas, as mesas para quatro ou seis quase todas ocupadas com seu falatório e brincadeiras, longe do besouro que era a funcionaria dos livros. Pareciam descontraídos e felizes, ainda que já estivessem lotados de deveres naqueles anos infelizes de exames. Fred e Jorge apanhavam de uma furiosa Angelina Johnson que carregava o dever fumegante nas mãos. Hermione pareceu chocada com tamanha crueldade e eles riram, depois observando Jorge fazer um piparote com a varinha e o dever voltar ao normal, intacto. Angelina resmungou e se afastou, enquanto os gêmeos juntavam uns garotos da Corvinal e Lufa-lufa ao seu redor para falar desse novo logro. Os "Deveres em chamas", perfeito para acabar com os nervos do seu amigo cdf, pelo que podiam ouvir.

— Heh, vou pedir um desses para eles, que acha Mione? – os olhos do ruivo pareciam carregados de diversão e malicia psicótica.

— Tente, Rony Weasley. – Disse ela entre dentes, bufando irritada quando ele correu alegremente aos irmãos.

Harry se sentou a mesa, desanimado por não ter avistado sua paixão platônica. Depois distribuiu suas coisas enquanto observava Sabrina que parecia meio distante. Seus olhos estavam meio presos e atentos nos gêmeos Weasley, com uma expressão indecifrável enquanto ela torcia e remoia a correntinha fina de um colar de prata delicada, com um pingente de brilhantes escarlates em formato de metade de um coração. Hermione também percebeu e antes de apontar a pena prendeu os olhos na ruiva.

— Bonito colar, Sá. É um presente especial, ou...? - Sabrina desviou o olhar, corando como se tivesse sido pega fazendo algo errado.

— Foi meu ex-namorado. Ele morreu ano passado de forma trágica. – seus olhos se desviaram a Harry, que se encolheu sem entender bem o porque diante da curiosidade que ela demonstrou. - Desde que ganhei esse colar não tiro por nada, ainda mais agora. Com ele sinto que ele sempre está comigo.

— Ai, que bonitinho - disse uma voz atrás dos três. Era Cho que vinha de braços atados com uma garota bonita de seu ano. Gwyneth Ortholan, se Harry bem lembrava. Era pelo que sabia sua melhor amiga. Harry quis se enfiar num buraco e morrer quando Gwyneth pegou seu olhar abobado em direção a Cho. - Que história romântica.

— Cho, até que enfim nos reencontramos, da ultima vez não conseguimos falar, como está? – Sabrina deu um sorriso para a outra e logo apresentou a amiga a eles.

— É uma linda história, Sabrina. Quisera eu ter um presente assim do meu verdadeiro amor. – Ponderou Cho, ficando triste rapidamente.

Harry arregalou os olhos, querendo morrer naquele exato instante, dividido entre culpa e ciúmes. Hermione o olhou, notando sua expressão sombria e apertou os olhos desconfiada, ao que ele forçou um sorriso falso nos lábios.

— Um amor, Cho. Não o verdadeiro. Te disse isso, mas você insiste. – Gwyneth suspirou com profundidade, dando tapinhas no braço da amiga. Sabrina sorriu desanimada.

— Mas eu entendo o que Cho sente, me sinto assim também.– Ela voltou a olhar Harry e ele se sentiu mais mal ainda, com aquele sentimento indefinido de culpa que não sabia o porque.

Sabrina sorriu tristemente, como Cho fazia, se perguntando o porque não conseguira reunir ainda a coragem certa para perguntar a Harry o que queria. Queria saber como Cedrico morrera, suas ultimas palavras, o que exatamente tinha acontecido. Tia Victória, a mãe de Morgana, falara como fora por cima, metade porque era a única com força o suficiente para encarar aquilo, metade porque era boa em fazer as pessoas se sentirem melhor. E exatamente por ser uma adulta, ela não dissera mais do que seria necessário para eles, evitando a dor futura que Sabrina poderia sentir. Lembrou-se do dia que soubera, ela sendo acordada na Espanha pelo pai, com chá gelado e biscoitos, Morgana prorrompendo com a mãe e Cecile, a irmã mais velha, das chamas verde esmeralda, o rosto transformado em lagrimas e dor. Depois Arthur em choque murmurando no sofá consigo mesmo, e Richard chorando e fungando como um menino inconsolável agarrado a ela. Vladmir Summers e seu pai, impotentes do outro lado da sala, em silencio e dor por ver seus filhos tão novos e tão sofridos com a tragédia.

Naquela mesma noite conversara com o pai a primeira vez sobre coisas do passado. Sobre sua mãe, sobre a fugida deles da Inglaterra, a fugida da Guerra contra as Trevas que acontecia. E sobre Voldemort, principalmente sobre ele.

Percebeu que chorava, e enxugou as lagrimas rapidamente. Em volta deles caíra um silencio pesado, e angustiante que fazia Harry, Gwyneth e Hermione se revirarem constrangidos na cadeira. Sabrina forçou um sorriso.

— É mesmo uma história muito romântica, que pena que tem um final triste.

Hermione sacudiu a cabeça com firmeza, naquele seu jeito mandão e feminino tudo ao mesmo tempo. - Não pensem assim, se não tivermos esperança de que há um final feliz, toda luta vira inútil. – Ela falava com a seriedade de alguém que já pensara e passara por muito disso, e seus olhos procuravam o de Harry que observava tudo estático.

O garoto concordou com a cabeça com um gesto a amiga. Sabia que ela dizia isso a ele, principalmente. Porque sabia que ele se culpava e o que sentia em relação á Cedrico, e por mais que Sabrina aparentemente não tivesse muito a ver com os problemas de Voldemort e a guerra que explodia a sua volta – afinal, eles não sabiam da verdade. – Cho tinha muito a ver com isso. E com a culpa que ele insistia em colocar em si mesmo. Sentiu uma mão morna no seu ombro e ergueu a cabeça para ver Cho sorrindo timidamente a ele. Seu estomago deu uma fisgada e ele se encheu de algo quente e reconfortante.

— Ai, que bonitinho - disse uma voz em falsete à frente deles, e todos se viraram para encarar, assustados. - É muito romântico. – Fred indicou Cho e Harry com a cabeça, e os dois ficaram imediatamente da cor dos cabelos do Weasley. – É bonitinho!

— Para com isso, Fred. – Hermione revirou os olhos, notando que o a voz do gêmeo tinha um agudo tom de falsete, obviamente imitando Cho.

— Como é que vocês sabem quem é quem? Pra mim os dois são iguais.

— Ah Cho, com o tempo você se acostuma e acaba sabendo, as vozes são diferentes e... - começou Hermione.

— E eu sou o cara com o J no peito, ele com o F, sacou? – Jorge fez cara de desapontamento para Cho. – Estávamos ouvindo e quer saber? Achei tudo muito bonitinho.

Pôs a mão no peito e imitou uma queda feminina de amor para trás. Fred piscou os olhinhos carinhosamente.

— É tão romântico.

Nenhum deles conseguiu evitar o sorriso, nem mesmo Cho, que era imitada. Fred sorriu a ela, se desculpando de forma bem humorada. Jorge observou Harry atentamente, o garoto ainda parecia estático e vermelho, não só com a brincadeira de antes, como com a mão de Cho que agora apertava enquanto ela sacudia com as risadas. O gêmeo Weasley negou com a cabeça.

— Tome uma atitude, homem! – ele murmurou se sentando na cadeira em frente a Sabrina. Harry rosnou e tentou mudar para uma pose mais descontraída, quando Cho finalmente afastou os dedos. Queria berrar para ela voltar a toca-lo, e corou mais ainda.

— Vivo dizendo isso a ele! – Rony se aproximou se sentando agora do outro lado da ruiva.

— Do que estão falando? – Cho pareceu curiosa e Fred deu de ombros, como a dizer que não era nada.

— Certo...Cho, Michael está nos chamando, vamos lá começar esses deveres logo. – E elas se afastaram com acenos de até mais.

— Esse é nosso garoto, derrota Você-sabe-quem sem problemas, mas uma garota? É amedrontador.

— Agora, isso é besteira. – Harry bufou encarando Jorge com olhos apertados. – Não sei do que estão falando.

— Sim, está estampado em cores laranja em sua testa. – Fred começou a ponderar.

Sabrina desviou os olhos dos gêmeos para o garoto e depois para Hermione, que deu de ombros enquanto eles entravam em uma discussão acalorada. Isso de alguma forma era alarmante para a ruiva e ela arregalou os olhos, desconfiada. Depois se ergueu de súbito, espalmando as mãos sobre a mesa.

— Preciso ir ver como está a Morg. – Rony franziu o nariz, dando de ombros. – Nos vemos.

— Que amiga você é Sabrina, é tão bonitinho. – Fred insistiu e ela lhe mostrou a língua, enquanto girava para a saída.

— Sim, tchau bonitinho. – Fred corou violentamente e ficou em contraste com os cabelos, mas mesmo assim não deixou de exibir um sorriso maroto. Quando saiu da sacada, Sabrina ouviu as brincadeiras dos outros mudarem o alvo.

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No outro dia, Morgana estava mais calma. Pelo menos era o que parecia à Sabrina, pois quando ela acordou, antes das aulas, Morgana estava com uma cara ótima. Viu a amiga começar a adejar como borboleta pelo quarto e franziu o cenho. Ela mesma estava meio tonta de sono, e dividida entre falar ou não sobre algo incomodo com a amiga. Morgana se aproximou e plantou um beijo em sua bochecha, animada.

— Certo. Quando cheguei ontem você havia esvaziado metade de uma caixa de chocolate com um mau humor do cão. E hoje isso?

— Tive um sonho lindo...

— Sim? Com seu amado...

— Fica quieta, aqui as paredes tem ouvidos. E a resposta é sim. Eu sonhei com ele sim. – Sabrina se ergueu, sem encarar a outra depois forçou um sorriso.

— Vou tornar as palavras de ontem do Fred minhas "ah...que bonitinho". E não, o que tem ouvidos não são as paredes e sim os bisbilhoteiros que ficam atrás das paredes. Bom dia, Parvati! – ela olhou para a indiana fixamente pelo espelho da penteadeira onde se dedicava a escovar os longos cabelos ruivos. A menina sorriu e se levantou como se nada houvesse acontecido. Morgana a fuzilou com os olhos, depois riu.

— Fred Weasley disse algo bonitinho para você?

— Se você não fosse tão boba teria visto a história. Pelo menos eu acho que era o Fred Weasley não o Jorge, tinha um F, mas não vou contar agora. E não comece com esse tom, sei o que quis insinuar.

— Sei que sim estou surpresa, é só. Não quero falar desse assuntou. Pronta? Mione já desceu para lidar com os alunos do primeiro ano.

Elas desceram saltitantes o caminho pelas escadas que mudam de lugar, encontrando a morena de cabelos lanzudos no caminho. Após um breve instante em que se detiveram para ajudar a outra a dar instruções e secar magicamente poças que escorriam do banheiro de Murta-que- Geme antes que algum segundo anista mais escorregasse, elas seguiram para o café-da-manhã.

No caminho deixaram Hermione inteirada do caso com Malfoy, quando esta perguntara o que afinal havia ocorrido para que Morgana fosse falar com ele. Hermione não parecia tão engraçada quanto Sabrina com o assunto, se dedicando mais em tecer comentários depreciativos sobre a doninha saltitante e as deixando a par de um numero considerável de problemas que o trio tivera com ele antes. Morgana deu um olhar de tamanha admiração á Mione quando esta contou do soco na cara de Malfoy que Sabrina teve um leve ciúmes.

— Temos Defesa contra as Artes das Trevas com Corvinal, hoje! – Harry pronunciou assim que sentaram, Morgana se virou e começou a conversar com Neville atentamente.

— Sim estou aflita com isso. Precisamos de uma professora boa, esse ano.

Sabrina ergueu a sobrancelha de um ao outro, notando a gravidade que se instalava em suas palavras. Algo estava acontecendo ali que ela não entendia?

Harry disfarçou puxando seu livro de horários. – E outra aula com a Sonserina mais tarde. Herbologia.

Sabrina soltou um grunhido, e até mesmo Hermione sorriu um pouco, antes que Morgana desse uma cotovelada com força nas costelas da ruiva, que comentou alegremente.

— Para quem tá conversando com Neville, parece bem inteirada no assunto aqui, Morg.

— Ah fique quieta, por Merlim. Vamos falar com meus irmãos. – e arrastou a outra que só teve tempo de dar a ultima colherada no mingau.

— Morgana, eu queria comer!

— Isso, você lembra o que significa, Morgana? – Um garoto ergueu o olhar da revista de quadribol que lia, atentamente observando a morena, de cima abaixo.

Era alto, com cabelos muito negros e espetados para cima, num tom brilhante que vagamente lembrava o da menina que olhava. Seus olhos eram de uma cor de mel linda e expressiva, que brilharam enquanto ele escrutinava a outra, mas não demorou para seus lábios vermelhos como uma maça suculenta se abrissem em um sorriso de boas vindas. Ao seu lado um garoto mais baixo se virou e ergueu do banco, se adiantando para abraçar as duas pela cintura. Parecia cheio de si, com seus cabelos castanho claros na altura dos olhos, repicado com uma franja graciosa que caia sobre os olhos de um tom de mel ainda mais vivo que o do irmão. Seu rosto lembrava muito o formato do de Morgana, de maças redondas e delicadas, enquanto o irmão mais velho tinha os maxilares bem definidos com uma sombra de barba delimitando os mesmos. Enquanto Arthur era forte com o peito amplo e músculos bem definidos de um jogador artilheiro, Richard era menor e mais contido, esguio e ágil, ainda que sua camisa esticasse e definisse os músculos o suficiente para fazer a garota da Grifinória que passou por eles suspirar. Ainda mais quando ele estufou orgulhoso de si mesmo.

— Aparentemente não! Mamãe nos mandou uma coruja! É para tomar conta de você. De agora em diante você nos obedece em tudo, entendeu mocinha? Então se sente aí e pare de passar fome.

— Pff, se enxerga Richard! Não preciso que tomem conta de mim viu? – ela revirou os olhos e se aconchegou mais no abraço. Era uma cabeça menor que o irmão mais novo e tremendamente carinhosa com os dois. Arthur sorriu abertamente, fitando Sabrina cúmplice enquanto ela punha um brownie de chocolate nas mãos de Morgana em aparente tédio e se sentava a frente do garoto.

— Não conte com isso. Sabrina concorda!

— Ela está levando a coisa longe demais.

— Não fique muito feliz, mamãe mandou fazer o mesmo com você, antes que você tropece nos próprios pés de novo. – A ruiva fez uma careta, encabulada.

— Foi só uma vez.

— E que tombo! Que tombo! – Richard gargalhou, as lágrimas ameaçando correr de seus olhos.

— Argh. – ela deu um beliscão no garoto, depois em Morgana que o seguia nas gargalhadas. Seu rosto pegava fogo.

— Que gracinha ela vermelha, se não te considerasse minha irmã agora, te dava um beijo na boca. Sério. – a menina corou e Arthur ergueu uma sobrancelha, desviando os olhos e dando um sorriso secreto para si mesmo.

— Parem aí os dois. – A cor foi subindo ao rosto de Morgana rapidamente, as bochechas estufadas.

Era tão ciumenta quanto possível, mas nesse caso não se podia dizer se em relação aos irmãos, ou a melhor amiga. Morgana era possessiva com quem amava, as vezes dava um certo medo. Infelizmente não tinha o suficiente de experiência com o sexo oposto para que Sabrina tirasse a duvida se seria assim em um relacionamento também. A ruiva se aproximou mais de Arthur quando Richard as espremeu no banco e fungou o ar, com um sorriso malicioso.

— Nossa, tá muito perfumado, hein Arthurzinho? Quem é a felizarda dessa vez?

Morgana se apoiou na mesa, olhando Arthur com atenção enquanto comia o brownie. Eram seus preferidos afinal.

— Uma garota do sétimo ano da Grifinória. Acho que você a conhece, é a Angelina Johnson.

— Uhh...cê quer morrer agora ou quer esperar ela matar a Angelina primeiro? - sussurrou Sabrina no ouvido de Arthur.

— Desde quando você sai com Angelina? Achei que um dos Gêmeos estivesse com ela. – Sem querer que ficasse evidente, Sabrina se virou muito rápida para Morgana, atenta e meio desanimada. Mas a morena deixou o deslize da amiga passasse quando Arthur bateu com a revista em sua cabeça, se erguendo do banco agora.

— Merlim, você não muda nunca, sempre a irmã ciumenta! Vamos, vou levar vocês a sua aula, seja ela qual for. – Deu de ombros ajudando Sabrina a se erguer.

Os quatro começaram a caminhar lentamente para fora do salão.

— Ah, olha quem fala. Richard, você é mais ciumento que ela!

— Eu ciumento? Não brinca, Sá, se minha irmã está feliz, eu estou feliz, é meu lema.

— Não o meu. – Arthur sussurrou desagradado. Sim, a família Summers era um poço de ciúmes possessivo.

— Ok. Então eu posso contar que o Malfoy me chamou pra tomar uma cerveja amanteigada em Hogsmeade e eu aceitei e estou feliz, certo? – A morena piscou os olhos repetidas vezes um braço no de Arthur outro no de Sabrina enquanto eles iam animados pelos corredores.

— Quê! - disseram Rich e Arthur em uníssono e um pouquinho alterados. Morgana e Sabrina riram.

— Você não pode estar falando sério!

— O Malfoy? Nem pensar!

— Não, ela não está falando sério, Arthur! Parem com isso. – Sabrina revirou os olhos, ainda rindo dos dois alterados.

Mas foi o bastante para que eles as apertassem as duas entre o corpo dos dois e olhassem e rosnassem por todo o caminho, discursando firmemente como caras da Sonserina não eram o bastante para nenhuma das duas. Como os da Lufa-lufa eram debilóides - com exceção deles dois é claro – e que os da Corvinal eram de bancar os sabidinhos. Os Grifinórios? Um bando de convencidos que costumavam quebrar corações como faziam poções! No fim elas estavam meio tontas com a enxurrada de palavras, imaginando que deveriam morrer secas e solteiras, ao que Arthur concordou. E Richard disse que daria os primeiros gatos a cada uma delas, e que Morgana já havia começado bem com sua gata de estimação Yuê.

— É sua melhor companhia, vai por mim. – ele ponderou, animado.

— Em Hogwarts ninguém é legal o bastante para vocês.

— A não ser as garotas, vocês podem ter muitas amigas.

— E nós dois. Família feliz!

— Desde que apresente elas a vocês?

— E que elas sejam lindas. – Morgana concordou com Sabrina, sorrindo sarcástica.

— Vocês aprendem rápido. – Os quatro riram enquanto as meninas davam tapas em suas cabeças de brincadeira. Arthur pareceu muito animado quando eles se apoiaram na porta da sala, gesticulando para contar a novidade.

— Garotas, escutem só: eu fui promovido a Capitão do time de quadribol da Lufa-Lufa. Richard está no lugar de Ced como apanhador! – O silencio pesou, e as risadas morreram em seus lábios quando eles se deram conta do que havia sido dito.

— Todo mundo segue em frente, certo? – Morgana foi a primeira a falar, o rosto congestionado em uma careta apertada, os lábios finos e ríspidos enquanto seus olhos faziam as poças de lagrimas que logo começaram a cair.

Arthur abraçou a irmã, o rosto duro como talhado em pedra, como sempre ficava quando ele falava de Cedrico. A morena soluçou em seu peito e ele deslizou os dedos pelos cabelos negros a apertando e piscando para evitar as lagrimas que ele segurara desde que vira o primo, e melhor amigo, virado olhando com olhos vazios para o céu noturno. Ele era o mais velho dos Summers, estava lá quando Harry chegou, vira tudo e o choque o deixara estático. Sabrina se deixava afundar em Richard do outro lado, se achando seca e vazia enquanto as lagrimas pinicavam seus olhos.

Antes que mais alunos se juntassem a sua volta, observando com uma incomoda curiosidade os meninos encolheram os ombros e se afastaram, de cabeças baixas das duas garotas que entraram na sala desanimadas. Quando o trio entrou se deparou com as duas chorando abraçadas e correram aflitos até elas. Rony parecia desconfortável, olhando a volta como que a procura do motivo de tamanha tristeza.

— O que aconteceu? Olha foi o Malfoy de novo? Nós podemos- - Se travou, desajeitado.

— Podemos ajudar em alguma coisa? - disse Harry.

Como resposta as duas garotas apenas levantaram seus rostos inteiramente molhados, tentando suprimir as lagrimas devastadoras.

— Vocês podem trazer o Cedrico de volta? – Morgana soluçou, agarrando as barras das vestes com força. Harry se encolheu, achando que o olhar que ela lhe dava era meio hostil, e a culpa o invadiu de novo.

Não demorou para Hermione se deixar cair para a frente, abraçando as duas enquanto Rony dava tapinhas desconcertados nas costas de Morgana que franziu os lábios trêmulos em agradecimento.

Harry sentiu lagrimas aflorarem nos olhos dele também e se encolheu todo, com uma revolta que crescia no peito. Por Voldemort, pela dor que ele causava a essas garotas, a Cho, a Neville que observava tudo calado e fazia uma cara desconsolada enquanto lembrava com certeza dos pais no Saint Mungus. E a ele também, com seus pais mortos, e a tantas outras pessoas pelo mundo que viam a família despedaçada pelas ações de um homem mesquinho em busca de poder.

— Eu sabia que era desanimadora, mas não pensei que fosse tanto! – os olhos se voltaram para o fundo da sala, onde a professora Lilandra Blacklight saia com as vestes rastejando atrás de seus passos, fitando os alunos nas carteiras atentamente.

Eles observaram a mulher dar um passo a frente, fitando Sabrina fixamente antes de seus lábios travarem em um sorriso apertado e ela parar ao lado de sua mesa, as unhas compridas tamborilando na capa de um livro e um olhar ausente e indecifrável. Rapidamente eles se separaram e sentaram em seus lugares, desconfortáveis e tímidos diante da cena que haviam feito e do olhar azul gelo da professora que os fitava. Sabrina enxugou os olhos constrangida.

— Não é isso professora, desculpe, é que...

— Você não me deve desculpas, Srt. Lair, eu não estou brava e nem criticando vocês. Acho que é muito melhor soltar suas emoções do que guardar elas para si...foi só uma brincadeira, me desculpe. Bem classe, podemos começar, correto? Acho que vocês todos a esta altura já devem me conhecer e...me temer. - um burburinho se espalhou pela sala e depois de alguns instantes a professora continuou com um sorriso. - E eu peço que vocês não se assustem com essa minha aparência, digamos assim...meio...vampiresca. - Sabrina olhou para Morgana e depois para Harry, que estava sentado do seu lado, erguendo as sobrancelhas surpresa. – E eu tenho grandes noticias. Primeira: eu não sou uma vampira, ou estaria arrastando as unhas no quadro e gemendo. Apenas gosto de contos de Bran Stoker e Anne Rice, já ouviram falar dos dois? Grandes bruxos, tinham uma habilidade incrível de distorcer a realidade para deixa-la mais romântica aos trouxas...e ganhar rios de dinheiro com isso! Segunda: eu também não sou o que pareço ser, isso quer dizer, que não sou um Severo Snape de saias, vocês estão seguros. – Ela passava pelos alunos, analisando a todos com uma expressão de quem se divertia com tudo aquilo. Parou em frente a Harry e piscou. - Não que ele não fique melhor nelas do que eu, principalmente se for um bicho papão. Concorda, senhor Longbottom? – Neville liderou as gargalhadas enquanto a professora voltava a frente da sala. - Não conte que eu disse isso, é claro, ele já passa tempo demais na minha sala tentando me ensinar como devo ministrar minhas aulas. É isso aí, é assim que eu gosto de uma sala de aula, alegre e descontraída. Bom, vamos ao que interessa...abram o livro na página 147, hoje falaremos de Veelas. Cuidado, garotos...

E assim transcorreu a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas: alegre e bem-humorada, como a própria professora. Não era difícil imaginar que teriam bons momentos naquele ano, e melhor ainda era saber que metade da turma agora achava a aparência gótica da professora não medonha mas genial. Com certeza alguns garotos, como Rony, cairiam completamente apaixonados por ela.

Ao final da aula, os alunos, antes temerosos, agora conversavam animadamente, enquanto se encaminhavam para mais uma "excitante" aula de História da Magia.

— Senhor Potter, podemos conversar? – Lilandra ergueu a cabeça dos seus manuscritos quando a turma saia e olhou Harry com um sorriso convidativo. Ele concordou, deixando que a turma toda saísse antes, e se perguntando o que diria a professora quando ela finalmente começou a falar.

— Lupin me disse que você tem especial interesse em Defesa contra as Artes das Trevas. Disse que você é bom nisso.

O garoto aguçou o olhar, observando a professora que se traia com um sorriso de canto, obviamente divertida com a confusão dele. Ela conhecia Remus então? E eles falavam sobre ele e suas habilidades nas aulas? Se sentiu um pouco constrangido, tentando decifrar o que ela queria dizer com aquela conversa.

— Me falou também que você anda descontente com o fato de que Voldemort voltou, e você não pode fazer muito a não ser ficar aqui na escola como se nada tivesse acontecido. Disse que você é curioso e que tem tendência a...fazer coisas que não deveria.

Ele se sentiu pior. Desconfortável agora, enquanto permanecia em silencio deixando que ela o analisasse. Nem mesmo o fato dela dizer o nome de Voldemort lhe alarmou tanto. Estava dividido entre se sentir revoltado e invadido, e entre descobrir o porque ela estava lhe dizendo aquilo tudo, como se esperasse que ele reagisse ao fato dela saber tanto sobre a vida dele. Estaria ela dizendo que era um apoio no time de Dumbledore? Mas seus olhos se arregalaram quando ela continuou.

— Bom, a ultima parte quem me disse foi Padfoot na verdade. E creio que também tenho que lhe dizer algo sobre a caverna, ás 16:00 na visita a Hogsmeade. – Ela o observou com os olhos brilhantes.

O garoto limpou a garganta, depois molhou os lábios. Conheceria ela seus pais? Era por isso que ela conhecia Sirius? Porque nenhuma duvida havia agora de que ela conhecia Sirius. Isso o alarmou, nada sabia sobre a professora, e ela seria confiável? Seria na casa dela que Sirius estaria? A mulher abriu os lábios em um sorriso e negou com a cabeça.

— Não...sou muito nova para ser da época de seus pais. Veja, Dumbledore está muito preocupado com você, e seu padrinho se importa muito com sua educação...e sua curiosidade. É por isso que pedi essa conversa. Eles acharam que seria bom que eu me mantivesse aberta para, digamos, suas duvidas. Um canal de contato, uma professora em horas extras sempre que precisar? – Seus olhos brilharam.

— E uma forma de me manter aqui em Hogwarts, quieto. – Ele constatou, cerrando o maxilar. Lilandra fez um meneio de cabeça, condescendente.

— Uma forma de te treinar, Harry, para que você não se mate.

Ele sentiu uma leve fúria, que continha a alguns dias, se adensando no seu peito. – Ficando aqui. Quero saber o que está sendo feito, aquelas garotas, estavam chorando porque Voldemort matou Cedrico, e o jornal fala sobre desastres atrás do outro. O Ministro simplesmente nega. Voldemort precisa ser parado!

— Sim. E você acha que consegue pará-lo sem instrução?

— E você vai me instruir para guerrear com ele?

— Lupin e Dumbledore não concordam com um treinamento de soldado para uma guerra. Você é muito jovem... – Ela encolheu os ombros. Ficara evidente para ele, Sirius não pensava assim.– Não! Ele também não concorda, eles querem te proteger. Mas você precisa saber se defender se um dia precisar disso. - E pela segunda vez ele notou que ela lia seus pensamentos. Lilandra sorriu. - É nisso que vou te instruir: Legilimência e Oclumência. Pesquise o que significa, e nos vemos daqui a duas semanas. – Voltou a assinar na folha, deixando-o calado e taciturno.

Claro. Duas semanas sem fazer nada, e ele ainda estava no escuro, preso em Hogwarts, protegido. Sentiu o peso em cima de si, e a raiva borbulhar mais em seu peito.

Então saiu dali batendo a porta.

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Depois de agüentarem o professor Binns narrar, e narrar, e narrar a "magnífica" história do Congresso dos Sereianos de 1879 durante uma hora e meia, eles levantaram-se com as caras amarrotadas e os olhos se pregando e dirigiram-se para fora do castelo até as estufas, onde aconteceria mais uma aula de Herbologia com a Sonserina. A professora Sprout estava absolutamente radiante naquela manhã e disse para todos com um enorme sorriso nos lábios:

— Venham comigo até a estufa quatro, quero lhes mostrar uma coisa. - Todos a seguiram com umas caras de indagação.

Quando chegaram até a porta, a professora Sprout passou distribuindo a cada um deles um abafador de ruídos, que eles geralmente usavam para cuidar de mandrágoras. Rony e Harry riram quando perceberam que Draco Malfoy tinha ficado com um púrpura e peludo, mas seus sorrisos fugiram dos lábios quando olharam para os seus próprios abafadores e descobriram que o de Rony era turquesa e que o de Harry era lilás, ambos peludos. A professora Sprout parou na porta da estufa e disse:

— Vocês já sabem como é que usamos estes objetos, portanto não tem necessidade de explicações. O que nós vamos presenciar será uma cena rara. Hoje de manhã quando eu vim ver como estavam minhas mandrágoras eu me deparei com uma das minhas preferidas entrando em trabalho de parto... - a professora olhou para os alunos como se os avaliasse e continuou - Bem...isso é uma coisa muito difícil de acontecer...sabe, elas darem a luz fora da terra, ainda mais em cativeiro. Portanto eu quero que vocês prestem o máximo de atenção, pois eventualmente eu pedirei uma pequena redação sobre isso. Estão todos prontos? Então tapem seus ouvidos muito bem, o grito de uma mandrágora prestes a dar a luz aumenta em três vezes a sua eficácia. No três eu vou abrir a porta. Um...Dois...Três.

A professora Sprout abriu a porta e a cena que viram a seguir foi a mais bizarra possível.

Uma mulher-planta, de no máximo trinta centímetros, muito feia, com folhas verdes por cabelos e raízes no lugar das mãos e pés parecia fazer força para abrir naturalmente um pequeno corte na região onde em um humano ficaria o coração. Os minutos arrastaram-se e quando a aula já estava ficando mais monótona do que a do professor Binns, pequenas sementes com silhuetas dos bebês que deveriam estar ali começaram a brotar do orifício, que agora já estava inteiramente aberto e mostrava uma matéria viscosa por dentro, caindo em um pote que a professora colocara embaixo da planta.

Harry percorreu todos na sala com o olhar e quando olhou para um canto a sua frente percebeu que Sabrina chorava e sorria ao mesmo tempo, junto com a professora com quem estava abraçada. Ele não entendeu muito bem porque as duas estavam chorando e achou melhor voltar a olhar para a planta para não perder nenhum detalhe. Quando finalmente as sementes pararam de cair, a professora Sprout andou até a planta pegando-a pelo cabelo e acomodando-a de volta no vaso, cobrindo este com terra fofa e úmida. Ela fez o sinal e todos tiraram seus abafadores.

— Vocês viram que coisa linda da natureza? - disse ela ainda emocionada - As sementinhas saem do coração da mãe.

— Isso é tão romântico - cochichou Malfoy para Crabbe com a voz esganiçada - Acho que vou vomitar. - Ele fez menção de enfiar o dedo na garganta e virou para o lado, só que Sabrina era quem estava lá, e sibilou com a cara impassível para ele:

— Levar foras é muito mais romântico, não Malfoy?

Malfoy a olhou com uma cara muito parecida com a de sua mãe e disse com a sua voz arrastada:

— Quem pediu sua opinião, Lair?

Como reposta, Sabrina simplesmente virou as costas e se voltou para observar o que a professora dizia. Depois de mais meia hora de explicações de como a planta fazia para abrir, sem ao menos se tocar, o buraco em seu peito e de plantar cuidadosamente as sementes nos vasos, os alunos foram dispensados, deixando ainda para trás uma professora Sprout muito emocionada e sorridente.


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