Newt x Thomas Newtmas Nós temos uma escolha escrita por Theo
POV’S THOMAS
– Eu vou voltar. – digo, me levantando.
– Vou com você. – afirma Newt.
– Woah, vai escurecer logo. Vocês tem certeza? – indaga Gally.
– Acabamos de perder o Minho. Não vamos perder o Caçarola. – diz Newt.
– Bom, se é assim... deixe-me ir com vocês. Posso ajudar. Ben, você vem? – diz Gally.
– Eu... Não. Foi mal gente, acabei de descobrir que o Minho morreu. Acho que se acontecer com o Caçarola eu não v0u aguentar a barra.
– Além disso – interrompe Teresa, pegando nos ombros dele – precisamos continuar te medicando, certo? Você não se recuperou da picada ainda.
– Tem isso também. – afirma ele.
– Então acho que é mais certo você ficar aqui mesmo. – digo eu.
– Obrigado. – ele agradece.
Teresa leva ele pra enfermaria, e eu, Newt e Gally voltamos pro labirinto.
***
Durante a corrida, permanecemos um pouco em silêncio. Mas Gally é uma daquelas pessoas que se incomoda com isso. Acho que nisso ele e Chuck são parecidos.
– Não devíamos nos separar. É mais seguro se permanecermos juntos. – diz ele.
– Concordo.- afirmo.
– É... acho que sim. É até melhor. – diz Newt.
O silêncio invade o labirinto novamente.
– Não vamos conseguir encontra-los sem ao menos uma pista. Digo... Caçarola deve ter feito um percurso diferente pra ter se perdido de nós.
– Eu sei. – digo – Eu e Ben seguimos por aquela fenda. – aponto pra uma passagem na parede. – talvez Caçarola tenha seguido direto.
– Então vamos por lá.
Obedeço, e passamos pela abertura oposta a fenda. Seguimos direto pelo corredor, e duas passagens se abrem a nossa frente.
– E agora? – indago.
– A gente chuta uma. – responde Newt.
Fecho os olhos e rezo pra escolher a abertura certa. Meu dedo para na da esquerda. Seguimos por ela, por uns cinco minutos, sem parar, sem pensar. Ela leva até um lugar familiar. Olho em volta: era o mesmo lugar que eu e Ben encontramos mais cedo.
– Droga... – resmungo.
– Algo de errado, Tommy? – pergunta Newt.
– É o mesmo lugar onde eu e Ben viemos parar.
Olho mais adiante e vejo o verdugo que havíamos revistado.
– E ali é onde... – minha voz falha. – encontramos o casaco dele.
Newt e Gally olham pro corpo desfigurado da criatura. Eles parecem se esforçar para não desmanchar novamente. Então, me lembro do propósito de termos virado o verdugo: a luz incômoda que não parava de piscar.
– Venham cá! – exclamo, correndo pra perto do verdugo.
– O que você está fazendo?! – exclama Newt, correndo para perto de mim acompanhado por Gally.
Me aproximo da criatura, a cauda virada pra cima, as patas numa posição esquisita. E nada da luz.
– Alguém esteve aqui. – digo.
– Como você sabe? – indaga Gally.
– Havia uma luz aqui. Uma luz vermelha. – replico.
– E daí? Talvez ela tenha parado, sei lá. Esse labirinto é maluco!
– Não, alguém esteve aqui! Pode ter sido o Caçarola! Ou até mesmo o próprio Minho! – garanto.
Newt e Gally se entreolham.
– Thomas. Sabemos que hoje foi um dia difícil. Mas o Minho... acho que você está enganado.
– Eu tenho certeza que foi um dos dois. – respondo. – Quem mais teria mexido?
Gally se agacha ao meu lado, botando a mão no meu ombro.
– Olha, Thomas, eu sei o que você quer ouvir mas--
– Sai daqui! – uma voz abafada ecoa em meio as paredes.
– Minho... que droga! – outro grito abafado. Mas espere... Minho?
– Vocês ouviram? – indago.
– Eu ouvi.
– Eu também. Era o...?
– Shh... Quietos. – faço um sinal pra eles se calarem. Um grito seguido de um choro é ouvido.
– Minho! – exclama Newt.
– Rápido, por onde devemos ir? – pergunta Gally, afobado.
Estou tão ansioso quanto eles. Mas hesito antes de continuar. E se não for o que estamos pensando? E se for uma armadilha? E se Minho tiver sido picado ou sei lá, modificado?
– Esperem. Precisamos de cautela.
– Precisamos correr, isso sim! O tempo está passando! – exclama Gally.
– Eu sei mas... e se não for o que pensamos? Pode ser uma armadilha.
Os dois hesitam.
– Certo... Além do mais, não pode ser ele mesmo. O casaco estava todo destroçado e cheio de sangue então... é.
Novamente, gritos e um choro são ouvidos de longe.
– É a voz dele. Tommy... e se for realmente ele?
Paro pra pensar um pouco.
– Só há uma maneira de descobrir. Newt, você me empresta sua faca? – peço.
– Claro. Tome aí. – diz ele, me entregando a arma.
Puxo a cauda do verdugo e desfiro a espada conta ela várias vezes até finalmente arrancar a seringa de lá. Assim eu estaria armado.
– Podemos ir agora. – digo eu, devolvendo a faca.
Nós três deixamos o verdugo e corremos em direção aos prantos do garoto. Paramos em vários cantos, perdidos, mas os gritos sempre voltam e conseguíamos pegar o caminho certo. E é em um desses cantos que as vozes ficam muito mais sonoras. Estamos perto.
– Ali! – grita Gally, apontando pra uma passagem.
Newt o segue, e eu vou logo atrás. Porém, um dos gritos parece vir de outro lugar.
– Pra trás! – é realmente a voz do Minho.
– Gente, espera! – grito eu.
Eles param, e eu sigo por outra passagem.
– Me deixa! – outro grito, dessa vez mais próximo do que antes.
– Não, não, não! Vamos lá! – a voz de Caçarola fica mais nítida.
Paro na frente de uma parede. É um corredor sem saída, fechado para os dois lados. Porém, o som está seguramente vindo do outro lado. Gally e Newt chegam por trás de mim, e eu olho para eles.
– Precisamos pular esse muro.
POV’S NEWT
Tommy se abaixa e entrelaça as mãos.
– Primeiro você, Newt.
Obedeço, e subo nas mãos dele. Ele me ergue, e eu agarro a parte de cima da parede, fazendo força para subir. Consigo passar metade do corpo, depois me arrasto e caio de pé no chão de concreto. Não vejo nada, apenas quatro paredes me cercando, e uma saída mais adiante. Gally sobe na parede e puxa Thomas, e os dois pulam ao mesmo tempo, provocando um barulho muito sonoro em meio ao labirinto. Ouvimos outro grito, dessa vez por causa do susto causado pelo barulho.
– Minho, por favor... Quem está aí?
– Caçarola! – exclamo.
– Newt? – Caçarola aparece, virando pela quina da parede mais adiante.- Ainda bem.
– Onde você se meteu? Meu Deus, tivemos que voltar da clareira atrás de você! – diz Gally.
– Caçarola, tá tudo bem? – pergunta Tommy.
– Comigo sim. Minho... ele é outra história.
– Pelo menos sabemos que ele está vivo! Cadê ele?
Caçarola olha pra trás.
– Eu... eu não sei o que fazer sobre ele.
– Qual é o problema? – indaga Gally.
Caçarola olha para nós e balança a cabeça.
– Vocês precisam ajudar. – diz ele, se virando.
Nos entreolhamos e seguimos Caçarola pelo corredor. Ele vira em uma fenda, onde há outro lugar cercado por quatro paredes. Olho em volta, há um rastro de sangue. Sigo o rastro com os olhos lentamente, até que a visão de Minho abraçado aos joelhos com a camiseta branca banhada em sangue me faz cambalear pra trás. Era realmente ele. Ali, na minha frente, encolhido, a expressão cheia de medo.
– O que há de errado com ele? – pergunta Thomas.
Olho para Caçarola também, esperando que ele responda. Ele olha para Minho, e se volta para nós.
– Eu não sei o que fazer. Eu não consigo tirar ele dessa, ok? Eu tentei carrega-lo, mas ele é pesado demais. Eu não sei, depois do Alby ele... surtou. Quando eu o encontrei ele se assustou e começou a correr como um maníaco. Eu o segui por não sei quanto tempo até que... um verdugo o atacou e ele machucou o ombro. Não sei o que houve com essa criatura depois, acho que morreu. Bem, ele seguiu por uma fenda e achou esse lugar. Fico feliz que estejam aqui.
– Não estamos na clareira ainda. – diz Gally.
– O que vamos fazer com ele? – pergunta Caçarola.
Penso um pouco.
– Podemos simplesmente levantá-lo, fazer ele andar? Digo, Caçarola, você não consegue mas... Gally, você pode carrega-lo? – pergunto.
– Não, não vai funcionar, ok? Ele dá um surto toda vez que você chega perto. – diz Caçarola.
– Talvez ele me escute? – tento novamente.
– Talvez. – concorda Caçarola.
– Escutem. Eu uh... O labirinto vai fechar logo. Não podemos ficar aqui. Então, temos que fazer ele se levantar ou teremos que...
Olho pra Gally, como se tivesse entendido o que ele quis dizer.
– Estou tentando. Tenho tentado por horas. Eu não consigo nem fazer ele olhar pra mim. – Diz Caçarola. Depois, ele se vira para mim. – Newt?
Me ajoelho em frente á Minho. Ele está encolhido, o olhar fixado no chão. Ver ele assim me deixa entristecido. Mas preciso ajuda-lo.
– Minho? Sou eu. – digo.
Ele não responde, só começa a tremer.
– Eu preciso que você me escute, ok? É importante.
Novamente, silêncio. Começo a escolher as palavras certas para usar.
– Você é mais forte que isso. E você sabe disso. Vem, vamos sair daqui.
Acho que ele está escutando, mas as palavras parecem entrar por um ouvido e sair pelo outro. Começo a me preocupar, ainda temos que retornar pra clareira. Mas a situação do Minho não ajuda em nada.
– Minho, se você está me escutando, apenas olhe para mim.
Lentamente, ele levanta os olhos e me encara, mas depois volta o olhar para o chão.
– Ótimo. Agora, preciso que você se levante. Você consegue?
Ele não responde.
– Ele está em choque, Newt. Não tem ajuda para isso. – diz Gally.
– Eu sei o que você está sentindo. É um dos piores sentimentos do mundo. Perder alguém que gosta, um amigo. Mas você precisa se levantar, Minho. Agora. Todos na clareira estão esperando. E nós não temos tempo para ficar aqui.
– Eu... não consigo. – gagueja ele.
Começamos a ouvir um barulho suspeito vindo de longe. Dessa vez, não tinha como errar: eram realmente verdugos.
– Droga. Precisamos ir. – diz Thomas.
Eu me levanto e olho para a passagem. O lugar aonde tínhamos pulado estava a alguns metros. Em compensação, os verdugos estavam mais perto. Me volto para Minho.
– Minho, temos que ir. Você está ouvindo?!
Ele não responde. Gally e Thomas se afastam.
– Vem, Newt. Não tem tempo.
Não vou deixar Minho para trás desse jeito. Acabei de descobrir que ele está vivo, e não vou ser eu quem vai deixar ele morrer. Me ajoelho perto dele, e ele dá um surto.
– Não consigo, não consigo! Eu...
– Sai dessa, Minho. Por favor!
– Você não pode ajuda-lo, Newt. Precisamos sair daqui.
Os verdugos começam a grunhir, e sabemos que eles estão bem próximos. Numa última tentativa, levanto a mão e dou um tapa com toda a força na cara dele.
– ANDA! – Grito eu.
Minho bota a mão no rosto e me olha pasmo. Um verdugo se choca contra a parede atrás dele, e só então ele agarra minhas duas mãos e eu consigo levantá-lo.
– Vamos! – grita Gally.
Nós cinco deixamos o local e corremos para a parede de onde tínhamos pulado. Dessa vez, é Gally quem nos dá impulso. Primeiro Caçarola, depois Minho, depois eu. Quando Thomas sobe, o verdugo aparece atrás de Gally.
– Mértila! – exclamo.
Eu e Tommy estendemos a mão, e por um tris, Gally escapa. Puxamos ele para cima, e pulamos para o outro lado.
– Temos que ir. – diz Gally.
– Minho... – murmura Caçarola.
– Rápido! – Gally começa a correr.
Obedecemos, e corremos de volta em direção à clareira.
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