Newt x Thomas Newtmas Nós temos uma escolha escrita por Theo


Capítulo 6
Capítulo 6




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POV'S THOMAS

Entro como um furacão na casa dos mapas, seguido por Newt, Caçarola e Chuck. Arranco a lona de cima da maquete, me apoiando sobre a mesa.

– Ele correu por aqui. – digo eu, apontando uma das entradas na reprodução.

– Ela vai pra um desses números. Mas não sabemos qual... Sabemos?- indaga Newt.

– Não. – respondo.

– Não. – diz Chuck.

Olhamos pra Caçarola, que está encarando a maquete. Ao ver os olhares fixados nele, ele se afasta dois passos.

– Não olhem pra mim, sou só um cozinheiro.

– Só um corredor sabe decifrar esse mapa, Tommy. – diz Newt.

– Ah, que lindo. E agora? – pergunto.

Newt me encara, como se estivesse esperando que eu raciocine. Demora algum tempo para eu entender.

– Não. Não, não e não. Não vou encarar aquele lunático outra vez. – digo eu, me afastando enquanto balanço a cabeça.

– Tommy, ele é o único que pode ajudar.

– Tudo bem. Mas vocês falam com ele. Eu posso ajudar a encontrar o Minho, mas não me façam conversar com o Ben.

– Eu falo com ele. – diz Newt.

– Obrigado. – agradeço.

– E eu vou voltar pra cozinha. Alguém tem que alimentar esses mortos de fome. – diz Caçarola.

Caçarola e Newt saem, e eu volto a atenção pro mapa.

– Hey, Thomas... – é a voz de Chuck.

– Sim?

– Sobre o Alby... eu não acho que ele tenha morrido em vão.

– Como assim? – me viro pra ele.

– Se não fosse por ele, Minho estaria morto agora. E você provavelmente estaria também. Minho teria sido devorado se Alby não tivesse aparecido, e nada garante que você conseguiria voltar a tempo.

– De qualquer maneira, ele morreu. Poderia ter sido evitado.

– Talvez não. – afirma ele. – De qualquer forma, eu sinto muito.

– Eu sei, Chuck. – digo eu, esfregando a mão em seu cabelo. Ele me encara com as sobrancelhas levantadas, e eu me afasto um pouco. – Isso foi... ridículo. Não farei isso de novo.

– Ok. – diz ele.

Chuck sai, me deixando sozinho. Antes de ir pro dormitório, dou uma última olhada no mapa. Cubro-o com a lona novamente e vou em direção a porta.

***

Passa-se algum tempo até Newt voltar da enfermaria. Ao vê-lo, vou ao seu encontro.

– E aí?

– Ben disse que o caminho pode levar a qualquer número. O labirinto muda, se lembra?

– Droga... que horas são?

– Não sei. Mas deve estar amanhecendo.

– Você acha que o labirinto vai abrir hoje de manhã?

– Claro. Como todos os dias.

Eu abraço Newt forte.

– Estou preocupado. – digo eu.

– Todos nós. – diz ele, ainda em meio aos meu braços. Depois, ele se afasta um pouco, olhando-me nos olhos. – Mas vai dar tudo certo.

– Não se usa clichês em uma hora como essa...

– Besta. – ele me dá um leve soco no ombro.

Sorrio pra ele. Ouvimos um barulho alto vindo de um pouco mais adiante, e as portas enormes de concreto se abrem. Me aproximo de lá, onde a maioria dos meninos está se reunindo. Com o coração na boca, tomo frente e fico parado mais adiante, preparando-me para entrar. Newt fica ao meu lado, depois Caçarola, depois Winston. Antes de entrarmos, ouvimos a voz de Gally:

– Vão entrar nessa brincadeira sem nós?

Me viro, ele está segurando alguma coisa. Parecem coletes. Ao lado dele, está Ben, vestindo um também. Ele entrega um para cada um de nós, depois coloca nele mesmo, e ficamos um ao lado do outro.

– É tudo ou nada. – diz Gally.

Olho para Newt. Ele segura minha mão forte.

– Agora. – digo eu.

Saímos em disparada para dentro do labirinto. Gally, Winston e Newt correm para um lado, enquanto eu, Caçarola e Ben corremos para o outro. Ben toma frente e passa por uma abertura, forçando eu e Caçarola a correr mais rápido.

– Por aqui! – grita ele.

Escorregamos no musgo das pedras, e Caçarola cai, perdendo posição. Eu e Ben ficamos mais a frente, e ele puxa meu braço, me arrastando pra uma fenda. Começo a ter dificuldades pra respirar, mas não paro de correr. Vendo minha situação, ele começa a rir.

– Não aguenta a barra, huh? – diz ele, num tom sarcástico.

– Cale a boca! – grito eu.

– Vai ter que fazer mais que isso se quiser ser um corredor... – replica ele,

Olho pra ele, mas desisto de falar qualquer coisa. Continuamos correndo, até que não consigo mais suportar a falta de ar, freando bruscamente. Bem para também, um pouco mais adiante. Caio sentado no chão, buscando qualquer fração de fôlego que me dê forças.

– Tudo bem – diz ele – olhe no compartimento do seu colete.

Obedeço, e só então noto a garrafa de água que estava ali.

– Gally colocou em apenas dois coletes. Um está com você, e o outro com Newt. Lembre-se, é só uma garrafa. Tem que dar pra nós três.

É aí que olhamos pra trás e percebemos que Caçarola sumiu.

– Oh, mértila. Cadê ele?

– Ele caiu. – digo eu.

– E você não me avisou? Mas que mértila, fedelho!

– Eu não percebi que ele se perdeu, droga! – digo eu, me defendendo.

– Ah, isso é ruim. Isso é muito ruim. – diz ele, andando de um lado pro outro – E agora? Ele não sabe voltar!

Não respondo nada. Apenas bebo um gole generoso da garrafa. Finalmente recomposto, guardo a garrafa no colete.

– Precisamos ir. – digo eu.

– Eu sei. – diz ele – Não me diga o que fazer.

– Mas eu não...

– Cale a boca, Thomas. – diz ele, tomando frente e voltando a correr.

Sigo Ben novamente. Dessa vez, num ritmo moderado. Passamos pela fenda e encontramos um lugar com uma espécie de parede de cor marrom. Paredes de metal.

– Você já viu esse lugar? – pergunto.

– Não... – diz ele.

Mais adiante, vemos um verdugo morto. Com muita cautela, nos aproximamos do corpo. Há um líquido espalhado pelo chão, algo branco e melequento.

– Eca... – digo, fazendo uma careta enquanto passo por cima daquela gosma.

Tem alguma coisa piscando ali. – diz Ben.

– Onde?

– Ali. – ele aponta pra uma luz vermelha que não para de piscar.

Me aproximo dele e aperto os olhos para enxergar melhor. Porém, não adianta.

– Vamos ter que virar essa coisa.

– O quê?! – exclama ele – Você pirou? Eu não vou tocar nessa coisa! Vai que tem algum veneno, sei lá!

– Ora Ben, vamos lá! – digo eu, segurando uma extremidade do corpo – Me ajude aqui.

Ben faz uma cara de nojo, mas obedece. Ele segura a cauda da criatura e puxa, enquanto eu empurro pra cima. Conseguimos virar o verdugo, mas algo me chama a atenção. Quando pego no objeto, uma onda de destruição invade meu corpo.

– O casaco do Minho. – digo eu, pegando no pano rasgado e ensanguentado.

Ben olha pro casaco, e depois para mim.

– Não... – diz ele.

Estou destruído por dentro. Me abraço ao pano, e uma lágrima desce pela minha bochecha. Não é justo. Nos sacrificamos por ele. Perdemos Alby por causa dele. E agora ele estava morto? Aquilo tudo martela dentro da minha cabeça, enquanto procuro forças pra me levantar. Ben está apoiado na parede, cabisbaixo. Então foi tudo realmente em vão? Ter puxado Newt pra cima e deixar Minho ser devorado teria poupado a vida de Alby e talvez a de outros clareanos? Coloco as mãos sobre a cabeça, tentando acalmar as lamentações. Por fim, consigo dizer alguma coisa:

– Devemos voltar e dizer aos outros.

Ben também enxuga os olhos e olha pra mim, assentindo com a cabeça.

– O que vai fazer com isso? – indaga ele, olhando pro casaco destruído.

Não respondo nada. Só olho pro pano novamente e aperto os olhos, lamentando uma última vez antes de colocar o casaco no ombro e seguir caminho.

POV'S NEWT

– E agora, espertão? – indaga Gally.

– Espere. – respondo. Estamos completamente perdidos em uma fenda no labirinto. Ben ou Minho seriam bem úteis agora. Escuto um barulho alto vindo de longe. Pareciam enormes passos. Verdugos.

– Temos que continuar. – digo eu.

– Então vamos rápido. Acabei de sobreviver a um ataque, não quero ser devorado. – diz Winston.

Voltamos a correr, seguindo um corredor extenso. Gally aponta para uma abertura, e seguimos ele. Há musgo pelo chão, e eu escorrego, mas consigo me manter em pé e sigo atrás dos dois. Em determinado ponto da travessia, escutamos passos próximos, e aumentamos a velocidade evitando topar direto com um verdugo. Tomo frente e corro o mais rápido que posso, esquecendo dos dois que estão atrás de mim. Porém, de repente, me choco com violência contra outro corpo.

– Gah! – exclamo, me desequilibrando e caindo sentado no chão. Ao abrir meus olhos, me deparo com Tommy. Um alívio instantâneo se instala no meu corpo.

– Thomas! – exclamo, enquanto o abraço forte.

– Hey, hey! – diz ele, rindo.

– Vocês estão bem? – indaga Gally.

– Sim, sim. E vocês?

– Também. Escutamos passos, achamos que eram verdugos. Mas espere, cadê o Caçarola? – indaga Gally.

– Ele... nos perdemos dele. – diz Ben.

– Perderam? Como assim ‘‘perderam’’?

– Ele ficou pra trás enquanto corríamos. – diz Tommy.

– Mértila, fedelho! E agora?

Um curto silêncio toma conta do local. Ficamos quietos, olhando um pro outro. Por fim, Gally se volta pra Thomas.

– Acharam alguma coisa?

Thomas fica cabisbaixo. Ele gagueja alguma coisa, mas não entendo bem o que é.

– ...Thomas? – indago eu, me aproximando.

Ele puxa alguma coisa do colete. Um pedaço de pano azul, rasgado e manchado de sangue. Não entendo de início, mas ao desamassar o pano, o formato de um casaco de cor azul claro surge nas minhas mãos. Meus olhos se enchem d’água, e sinto um aperto forte no peito. Não podia ser.

– Thomas? Isso é... ?– pergunta Gally, boquiaberto.

Tommy abaixa a cabeça, e Ben começa a chorar baixinho.

– Mértila... – digo eu, em meio a um soluço.

Tommy me abraça. Abraço ele de volta, totalmente desolado. Começo a chorar pra valer, a dor consome meu corpo por inteiro. Tommy chora também, e isso começa a contagiar os outros, até mesmo Gally, que dá um soco na parede, gritando um ‘‘NÃO!’’ alto o suficiente pros meninos da clareira ouvirem. Parece que uma represa se rompeu dentro de cada um de nós. O Minho não merecia isso. Embora fosse meio cabeça quente as vezes, ele era uma boa pessoa. E era meu melhor amigo.

Demora algum tempo até eu me levantar, puxando Thomas comigo. Ele me abraça outra vez, e nós cinco voltamos em direção à clareira.

***

São meio dia agora, aproximadamente. Acabamos de chegar à clareira. As coisas parecem em ordem por aqui. Andamos todos cabisbaixos, Thomas mais atrás com a blusa dele em mãos. Os meninos da clareira vão formando um corredor ao nosso redor, ansiosos pra encontrar todos a salvo. Em vez disso, os rostos esperançosos e alegres vão se desmanchando a medida em que caminhamos, uma vez que ao invés de Minho, há apenas um casaco destruído nas mãos de Thomas. Vejo Teresa abraçada a Chuck, o garoto começa a chorar baixinho. Nós cinco seguimos para a floresta, e paramos no coração dela, amarrando o casaco em uma árvore. Depois, um a um, nos retiramos. Por mais que doa, sabemos que precisamos seguir em frente. Sempre foi assim, e assim será até conseguirmos sair desse maldito inferno.

***

A clareira está um grande vazio. Todos trabalham em silêncio, não se escuta nenhuma conversa paralela. Ninguém está realmente a fim de falar. Até mesmo Chuck, que nunca para quieto, está sentado, olhando pro nada. Eu e Tommy estamos abraçados, minha cabeça deitada no ombro dele. O silêncio não é tão incômodo. Porém, alguns momentos depois, Gally aparece e quebra o clima fúnebre:

– Alguém viu o Caçarola por aí?

– Não... É verdade, ele não foi com vocês? – indaga Teresa.

Gally arregala os olhos.

– Ele não voltou direto pra cá? – pergunto, me levantando.

Gally olha pro labirinto, e depois para nós.

– Oh, mértila.

***


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