Ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo e nem mesmo sabiam o que fazer naquele momento. Era um entardecer bonito numa área coberta de árvores em volta e com um chão de terra, grama e algumas pedras, flores espalhadas esporadicamente por poucos locais de onde estavam e na passagem das cavernas para o campo aberto, havia moitas de onde aquela senhora anã apareceu e atrás de nós uma grande parede de pedras e pedregulhos amontoados e juntos como uma montanha tomada pelos cuidados do tempo que fizeram um trabalho muito bom para nós esculpindo dentro da grande muralha uma caverna para qual usaríamos de abrigo durante aquela noite.

A criaturinha em nossa frente usava uma roupa medieval completamente estranha, robe vermelho com um colar oval com uma joia aparentemente preciosa no peito parecendo muito um medalhão e sua aparência era calma e paciente.

– Acalmem-se jovens viajantes, venho em paz apenas para assegurar tua chegada aqui e alerta-los dos perigos que rondam este local – dizia a mestra dos magos. E além do mais, hoje vocês festejarão para comemoração de tua chegada então deixem este local pois mais a frente encontrarão a vila de Lannaris onde a bondade ainda reina e, uma vez lá, procurem o prefeito da vila para dizer que eu os mandei.

– Você deve estar de brincadeira que vai ser simples assim que vamos conseguir agua, comida e um lugar para descansar sem perigo nenhum em lugar algum. – Perguntava Lorenna desconfiada

– É isso mesmo jovem amazona, porém não devem se acostumar com tal feito, pois sua jornada hoje é diferente da jornada de amanhã.

Os outros ficaram em volta sem saber o que dizer. Uns falavam sobre o tamanho, outros falavam sobre quem era e outros apenas observavam.

– Tá então pra onde devemos seguir? Temos pressa afinal já está escuro e não podemos nos arriscar por ai num lugar onde nem conhecemos – Martinato estava certo e junto com ele Lyu e Dudu se apoiavam nas palavras.

– Fique calmo também, pequeno glacinata, tenho um presente á vocês. – Por alguns instantes, algo se remexia dentro da roupa da velha anciã e parecia algo pouco amedrontador, dos pés até o pescoço seu robe vermelho mexia e então ela retirou de dentro do casaco um furão albino de nariz preto. Este é meu furão, seu nome é Mino e ele será seu guia durante a sua estadia neste local. Agora vão, pois hoje os festejos terão um grande motivo. – Ela andava falando e se movia para dentro da caverna sem saída e, então, desaparecera.

Ficamos pouco tempo observando o animal e então decidimos todos juntos seguir o pequeno furão para onde ele fosse nos levar. Aparentemente os que estavam presentes apenas pegaram seus pertences e seguiram em frente, mas nisso que aconteceu um dos membros de nosso grupo parou e ficou apenas observando como se estivesse pensando em algo que lhe disseram.

– Gente... Que dia é amanhã? Não me lembro de saber o dia... – perguntava Sabrina, coçando a cabeça e confusa.

No momento em que ela formulou tal questão, a mente de Vinicius veio a tona com pensamentos e raciocínios, ele se agonizava e andava pensando enquanto suas mãos estavam em contato com a boca num sinal de silencio quando de repente um tom mais alto veio de sua garganta.

– Hmmmm hmmm hmmm hmmm! Eu sei que dia é amanhã, mas tem uma única pessoa que não poderá saber disso. Juntem-se todos aqui ao meu redor menos você, Juliana. Já te explico o que é que falarei a todos.

Quando ele se juntou com todos, tentou em voz baixa dizer o que se passava mas sua mente estava a mil por hora e muita coisa pra se falar acaba se perdendo em mentes rápidas e então ele soltou de uma única vez: HOJE É ANIVERSÁRIO DA JULIANA! Iriamos comemorar com os pais dela no shopping pra pegar um cinema e depois só passear mesmo. Ela tá fazendo 16 anos hoje e eu acho que deveríamos tentar fazer algo por ela afinal ela nos salvou de alguns perigos no ano passado. Yash, a Gabs não tá aqui então você é o único que conhece ela o bastante pra saber o que ela quer de aniversário então desembucha o que souber.

– Meio complicado já que um dos desejos mais profundos dela é conhecer a HyunA, aquela cantora super sexy que os kpoppers babam ovo. Outros sonhos são coisas como conhecer ou morar na Holanda e ela ama dinossauros. – Eu comentava tentando lembrar outros mais simples.

– Não tinha algo menos complicado não, isso seria quase impossível porque nem sabemos onde estamos... Imagina agora achar a HyunA brincando com dinossauros na Holanda, complica né? – Mapa dizia rindo.

Eu, como sempre, abri um sorriso malicioso no rosto e sai da roda apenas dispersando o resto, virei pros outros e fiz um gesto para que me acompanhassem. – Vocês dizem ser difícil, mas eu não acho impossível, toda vila nos quadrinhos tem um feiticeiro ou mago capaz de criar ilusões então porque não correr atrás de verificar isso?

Todos concordaram em fazer tal sacrifício e então dar um feliz aniversário pra ela. Saímos no momento exato e apenas a puxamos prometendo contar amanhã o que se passou e o motivo de deixarem-na de lado para contar algo e então ela foi paciente e esperou. Chegando aos arredores da vila percebemos ser um local simples como as moradas medievais então as casas eram feitas de madeiras ou tijolos e o teto de madeira sempre, cores opacas e sem brilho como se tudo fosse velho. O local onde tínhamos de chegar era a casa do prefeito da vila que de cara avistamos afinal estava estampado na cara de quem não quisesse ver uma placa grande na primeira casa escrito “Casa do Grande Líder” e então, apenas adentramos para lhes dizer que havíamos chegado ao local e que fomos enviados da mestra dos magos.

Assim que chegamos, avisamos o prefeito de que a velha nos havia enviado para ficar no local por alguns momentos e então o Grande Líder de nome Galbatori nos ofereceu abrigo e comida já que estavam em época festiva de comemoração de um milênio de liberdade da escravidão do horrível e temido Lorde Phanton.

– Sabem crianças, há mil anos o Lorde Phanton nos obrigava a dar todo nosso alimento para ele e suas tropas levarem e trabalhávamos para ele em uma grande mina de ouro a poucos metros daqui. A escravidão tomou conta do coração de muita gente e eles resolveram se entregar de vez fazendo com que grande parte de nossos cidadãos fossem eliminados com o tempo, pois se esqueceram da imortalidade que possuímos aqui neste mundo. Uma vez esquecendo-se da imortalidade a pessoa se torna vazia e sem propósito para viver e então finalmente vem à morte leva-la consigo em suas asas negras. – Galbatori dizia a longa história ao decorrer do tempo, mas estávamos procurando algo a mais e então resolvemos perguntar afinal ele já deveria conhecer os moradores locais.

– Senhor, por acaso nesta vila existe algum grande mago ou ilusionista mental? Precisamos da ajuda dele para uma coisa, um presente para uma amiga que completa anos de vida hoje. – Vinicius e Lorenna perguntaram ao homem com voz baixa e sem deixar a aniversariante descobrir. Por sorte de todos, existia um grande mago que podia ajudar, mas isso custaria um pequeno preço de tristeza após o término do encantamento. Decidimos ir atrás do homem que poderia nos ajudar e então, agradecemos e apenas saímos em busca do feiticeiro.

– Vamos ter um plano então! Todos vocês procurem o feiticeiro e eu vou com ela passear pelo local pra conhecer melhor tudo. Nos encontramos em uma hora naquele moinho de vento ali na frente combinado? – Eu nunca tinha visto o Nico dessa forma, tão concentrado em fazer alguém ser feliz e sorrir do nada, mas isso não era problema.

Todos saíram em busca de quem precisavam e poucos minutos depois em uma casa mais simples que as demais encontramos um garoto de aparentemente seus 20 anos dentro de uma casa de tijolos vermelhos, lendo um livro e com óculos arredondados nas lentes. Aquele não podia ser o feiticeiro que estávamos procurando todo esse tempo... Deveria ser apenas o filho dele ou o neto, quem sabe bisneto ou algum aprendiz que estava tomando conta enquanto seu mestre não estava lá. Malu, Sabrina e Tomilheiro resolveram apenas adentrar o local e perguntar pelo velho mágico.

– Com licença – dizia Sabrina com delicadeza – Procuramos o velho ilusionista que possa nos ajudar. O prefeito da vila nos disse que ele iria nos fornecer algo para o aniversário de nossa amiga...

O garoto levantou-se, colocou seu livro sobre a mesinha que estava ao seu lado e deixou seus óculos em cima do livro grande e marrom de páginas amarelas, caminhando em direção a nós num som de tacos de madeira se soltando do chão e então com uma voz suave e grossa apenas sorriu e pôs-se a dizer.

– Bem vindos a minha humilde morada. Chamo-me Sullen Joakin, mas podem me chamar apenas de Joakin e eu sou o “velho” que vocês procuram. – Ele sorria de forma encantadoramente feliz e não parecia ser nenhum pouco velho.

Thalles olhava com um tom de confusão e dúvida e assim os outros do grupo faziam se entreolhando e não entendendo nada. – Você deveria ser um velho gagá pelo que Galbatori nos explicou e não um rapaz de 20 anos.

O rapaz riu fervorosamente e então, sentou-se e convidou a todos a fazer o mesmo – peço perdão mas não tenho muito luxo em minha casa, sentem-se comigo e eu explicarei tudo que quiserem saber afinal eu já sei o motivo de virem aqui – o jovem então, após todos se sentarem colocou-se em sua cadeira de madeira velha de balanço e começou a explicação basicamente resumida.

– Vocês todos estão num país chamado Rune-Terra e neste momento estão na cidade pra onde me mudei na velhice, Lannaris. Vocês não são deste mundo e então estão todos confusos, mas eu explicarei tudo agora. Neste mundo, seguimos profissões diferentes e fixas na vida e então após todo nosso trabalho ter terminado podemos morrer em paz e renascer como grandes heróis continuando nossa vida onde paramos ou apenas mudamos de vida e profissão. Eu era um simples mercador que recolhia ervas há anos atrás e então fiquei curioso a respeito de como aquelas plantas ajudavam os outros a se curarem e se manterem jovens e então procurei Al De Baran, uma cidade ao norte daqui que possui a guilda dos Alquimistas. Estudei e me tornei então um alquimista iniciante e desde então minha pesquisa vem se completando há muito tempo sobre a poção da juventude. A basicamente 200 anos atrás meu corpo estava velho e comprometido por causa do tempo e então comecei minha pesquisa ao redor do mundo sobre o coração de Yimir. O coração de Yimir tinha o antigo poder de nos levar aos salões das valquírias antigas, sagradas guerreiras que podiam nos transcender de vida e nos tornar homens e mulheres melhores para que assim a vida nesse mundo não se tornasse perdida. Finalmente, depois de 10 anos procurando e pesquisando eu achei um pequeno cristal azul e branco no qual eu fiz um colar e quando coloquei no pescoço, apareci em um local muito bonito cheio de pilastras brancas e bem elevado, pois não se enxergava nada abaixo disso, somente nuvens grossas e um chão de piso de mármore bem polido e fixo ao chão que voava. Caminhei em direção ao final do local e avistei então uma série de grandes e antigos mestres das guildas de alquimistas, sábios, bruxos, mercenários, caçadores, bardos e odaliscas, ferreiros e muitos mais. Todos eles se curvavam diante de mim me oferecendo passagem em direção ao senhor mestre da alquimia e então ele me disse as exatas palavras.

– Seja bem vindo, jovem alquimista. Vejo que encontrou dificultosamente a direção do grande salão da vida. Você é um ser que possui um grande sentimento no coração e procura por mais sabedoria para ajudar o mundo, posso lhe oferecer isso se você quiser renascer com uma Valquíria. E então, quer ser mais sábio?

Eu então aceitei a proposta do grande mestre e então fui magicamente teleportado pra uma sala pequena onde havia blocos de mármore em escadas e no topo uma grande mulher com armadura e uma lança, asas brancas e cabelos louros estava a me esperar. Ela me fez esquecer-se da minha vida e dos meus bens materiais e me deixou as memórias de honra da vida anterior e, desde então eu renasci como uma criança e tive o auxilio do grande mestre dos salões sagrados para me guiar até aqui. Após alguns anos como mercador decidi voltar a guilda dos alquimistas, mas uma luz me chamou para mais fundo do local, um cantinho onde eu nunca havia visto na vida. Decidi seguir a luz e fui levado novamente para a presença do grande mestre que me disse que não podia mais me tornar um alquimista, pois em minha vida passada eu havia feito mais que o que alquimistas faziam e então me nomeou um Criador e há poucos anos atrás, cerca de 180 anos atrás eu completei minha pesquisa sobre a poção da juventude e decidi ser a cobaia disso tudo. Desde então eu nunca mais envelheci, apenas amadureci e ganhei sabedoria ao longo dos anos que vivi desde então.

– Nossa! – Exclamaram os outros – Essa é uma história e tanto...

– Agora, vamos ao que interessa. Vocês querem uma poção de alucinação então precisarei de alguém que conheça os itens que querem fazer a pessoa alvo imaginar.

– Então sou eu, a Sabs e o Yokota – Eu comentei – Afinal eu conheci a HyunA, Sabrina esteve na Holanda a poucos anos pra visitar o local e os pais do Yokota trabalham no museu de SP, ele já viu dinossauros em conservação.

Todos nós demos um passo a frente e o rapaz começou a pegar alguns frascos e misturá-los com outros ingredientes e por fim ele abriu uma gaveta empoeirada e disse: Darei além das poções três mapas do nosso mundo pra vocês mas assim que chegarem em Al De Baran deverão pedir o mapa atualizado deste ano, foram descobertas novas localidades. Agora por favor, preciso de lágrimas de vocês e da saliva dos três aqui da frente.

Todos sem questionar apenas o fizeram, derrubando uma lágrima – às vezes com muita dificuldade – nos frascos e nós três – Sabrina, eu e Yokota – deixamos parte da saliva de nossas bocas em um tubo de ensaio. Afastamos-nos e deixamos o homem trabalhar afinal ele merecia um tempo de paz pra fazer as coisas devidamente bem feitas. Quando ele terminou, alertou que poucos efeitos como coceira no nariz e cansaço poderiam afetar a todos os que bebessem da mesma poção e como sempre ninguém levou á serio. Botamos na boca e bebemos, guardando um frasco pequeno para Juliana.

– Você salvou nossas vidas e fez a felicidade de alguém hoje, muito obrigado senhor...

– Joakin! – Exclamou ele com orgulho – Me chamo Joakin!

– Muito obrigado, senhor Joakin – Lyu dizia sem jeito.

Assim que voltamos para o moinho que havíamos combinado de nos encontrar, vimos Vinicius e Juliana chegando ao local e corremos pra falar com eles. Alertamos o pequeno jovem sobre o que fizemos e então entregamos o frasco a ele que de imediato bebeu sem questionar e não ver fazer efeito.

– O cara lá disse que só faz efeito em todos nós depois que ela começar a ver tudo o que ela quer ver, vamos fazê-la beber e ver o que acontece. – Dizia Isadora com firmeza. – Juuuu, vem cá menina! A gente conseguiu comprar suco numa venda ali perto daquela casa ali, pegamos um pra você também! – Isadora entregou o frasco a ela e, com sede supostamente a garota ingeriu tudo.

– Eu adorei o gosto, lembra muito manga e maracujá... do que é feito? – Juliana perguntava sem saber absolutamente nada sobre o produto.

Isadora então parou e pensou cuidadosamente e não sabia o que responder quando então resolvi me intrometer e apoiar minha mão no ombro de Isa. – É feito do choro das inimiga misturado com veneno das amiga.

– É isso ai, Yash sabe de tudo! Glória Yash, você me lembrou do que é feito. Obrigadão viu! – Isadora num tom irônico fez a mim rir que ocasionalmente fez Juliana rir também.

– Ai gente, só vocês mesmo... Aliás, já perceberam que esse moinho lembra muito a Holanda? Lá tem muito disso e as casa são tão parecidas com as de lá que eu até me assusto.

Vinicius começou a sorrir e então todos nós começamos a ver tudo pelos olhos dela. As casas com telhados triangulares, os moinhos de trigo e todo o jeitinho de pintura das casas, o lago ali próximo. Tudo parecia muito perfeito e estava... Só nos restava saber como fazer pra ela encontrar a HyunA e os dinossauros.