Avatar: A lenda de Mira - Livro 2 Ar escrita por Sah


Capítulo 23
Consequências




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Meelo

Fiquei com Nari sozinho naquela casa. Eu precisava pelo menos tentar protegê-la. Saira saiu daqui sem nenhuma explicação. Os sons que vinham lá de fora me fizeram recuar.

Por alguns minutos, nada se ouvia.

— Nari, fique aqui. Eu vou ver o que está acontecendo.

Ela me puxou pela camisa.

— Não vai, Tio Meelo. – Ela disse com medo.

— Eu prometo que volto logo.

Havia fumaça em todo o lugar. Só era possível ver clarões azuis e vermelhos.

Fui envolvido pela fumaça. Ela era quente. Fiz o ar abrir caminho.

O que eu vi foi Saira entre Mira e um garoto estranho. Ele não usava uniforme, será que ele era da guarda?

— Mira? – Eu gritei.

O garoto olhou para mim.

— Parece que tudo fica mais cansativo. Paiku vamos embora.

As luzes pararam por alguns segundos.

— Parar? – Ouvimos um grito.

Como ele conseguiu ouvi-lo daqui?

— Saira está aqui. – Ele gritou de volta.

Essa fumaça está impedindo de ver o que acontece. Onde está Riku?

—Mira, me ajude. Vamos dispersar essa fumaça.

Ela me olhou e assentiu.

Mostrei para ela como fazer um redemoinho inverso. E assim fizemos a fumaça ir embora. O que vimos depois disso foi assustador. O chão estava esburacado e com poças de lava fumegante. Muitas casas estavam com os muros destruídos.

Riku desviava alguns raios que uma garota de cabelo comprido jogava, e um rapaz mais velho vestido com um macacão vermelho nos olhava ao longe.

— Saira? – Ele gritou enquanto se aproxima da gente.

— Paiku...

— Já não disse para você me chamar de mestre!

Eles se pareciam de alguma forma.

— Pessoal, aquele esquisitão de roupa colada e cabelo branco é meu irmão.

Irmãos? Olhando melhor era possível notar a semelhança;

Ele pareceu transtornado e andou na nossa direção em passos rápidos. Aonde ele pisava a lava se desviava.

— Esquisitão?

—Isso vai ser muito chato. Vamos embora. Conheço uma forma de leva-los ao deserto.

Mira demonstrou interesse.

— Riku! – Ela gritou.

Mas ele nem olhou. Já era de se esperar. Ele e a garota estavam concentrados em sua própria batalha.

— Ele não vai vir, até que a batalha termine. – Ela disse.

—Não temos muito tempo. Paiku não vai me deixar levá-los, ele provavelmente vai prendê-los e eu serei presa por traição.

Eu ainda não havia pensado, o que acontecerá com ela por estar nos ajudando? E por que ela está fazendo isso. Nós nem nos conhecemos direito. O olhar de Saira estava firme, quando o garoto ficou bem próximo.

— Saira! Eu já disse isso. Não ajude estranhos, principalmente se eles são procurados!

— Eu faço o que eu quiser! Sou maior e cuido do meu próprio nariz.

— Mamãe não ficaria feliz com isso .

— Ela não está mais aqui para se importar. – Ela disse com pesar.

— Você será perdoada. Você sempre é.

— É esse o grande problema mestre Paiku. – Ela disse sarcasticamente.

Um barulho forte chamou novamente nossa atenção. Meu cabelo se arrepiou inteiro. O ar estava carregado de eletricidade. Olhamos para ele e vimos a garota caída.

— Dena. – Paiku gritou. – Cadê o Ren. Preciso dele agora.

Mas o garoto de cabelo azul não estava mais a vista.

Ele nos encarou e fez movimentos estranhos.

— Saira. È melhor você sair daqui.

E com mais movimentos, ele dobrou a terra e fez com que ela fosse afastada.

— Mira. – Eu chamei a atenção dela.

Mas já era tarde. Paiku a atacou com um grande bloco de pedra que se liquefez em lava quando chegou perto dela.

Meus olhos arderam. O enxofre era pesado.

Quando eu os abri. Vi Mira Envolta em uma bolha de ar e chicotes de água pura . Eu nunca havia a visto dobrar mais de um elemento. O garoto também pareceu surpreso.

— Avaataaar? – Ele gaguejou.

— Nos deixe ir Paiku. – Sai disse em um sussurro.

— Mas...

Ele parecia confuso.

— Riku. Vamos logo. Deixe a garota! – Mira ordenou.

Como um animal treinado, ele finalmente a ouviu e se distanciou da garota caída.

— Leve Dena com você. Diga a verdade para seus superiores e nos deixe continuar.

Ele foi se distanciando devagar e seu olhar cruzou com o de Riku. A tensão era palpável.

— Não quero deixá-lo ir assim. – Riku disse em um tom estranho.

Dessa vez Mira entrou a sua frente.

— Eu não quero saber o que você quer. Nós temos uma missão, e você vai comigo. É por minha culpa que você está nesse estado. Eu não quero ser responsável por mais nenhuma de suas loucuras.

Parece que a razão finalmente estava entrando em sua cabeça.

Saira estava suja de cinzas e suas roupas em frangalhos.

— Não se preocupe. Eu estou bem. – Ela disse quando eu a ajudei a levantar.

— Você pode me dizer o que aconteceu? – Foi Mira que perguntou.

— Sim, eu posso. Mas podemos ir logo? Paiku está confuso, mas logo ele voltara a razão.

A obedecemos.

Voltei a casa para pegar Nari.

— Nari? – Eu perguntei.

Mas não ouve respostas. Meu coração começou a pulsar rapidamente. Com toda essa confusão será que ela saiu?

Sai de lá gritando o seu nome.

— Nari!

Saira me olhou preocupada.

— Ela não está lá?

Mas eu não consegui respondê-la. Eu só conseguia pensar em Nari sozinha, assustada ou talvez até ferida. Airon iria me matar e eu nunca conseguiria me perdoar.

Saira olhou para mim. Mas ela estava olhando para trás de mim. Seu olhar parecia assustado. Mira também levou o seu olhar e assim eu me virei.

O garoto de cabelo azul estava com Nari no colo. Ela estava desacordada.

— O que você fez Ren? – Saira perguntou.

— Me desculpe Saira. Eu fiz de novo.

O que ele fez de novo?

— Saira. O que ele fez! O que você fez com a Nari. – Falei entrando em posição de ataque.

Ele a deitou com cuidado no chão e se afastou.

Eu corri até a minha sobrinha. Ela estava gelada. E seus lábios roxos.

Uma tristeza me invadiu. Eu não estava conseguindo me mover, ou olhar para nada. A visão dela naquele estado me fez ter visões de um passado esquecido.

Quando eu ainda não conseguia compreender o que eu era. Quando eu fui levado por aquelas pessoas. Quando eu matei aquela moça.

Eu havia sido levado por uma desconhecida. Ela colocou algo estranho em minha boca e eu desmaiei. Quando acordei estava em um lugar escuro, e podia ouvir vários choramingos. Demorou muito tempo para amanhecer, quando isso aconteceu ,percebi onde eu estava. Mesmo sendo tão novo eu tinha ouvido histórias dos seqüestradores. E eu senti medo, mas tive controle. Consolei as outras crianças e planejamos. Nós iríamos sair dali.

Uma pessoa que estava conosco era a filha do presidente, Beka. Então eu sabia que eles não mediriam esforços para se esconder.

Naquela época Beka era um bebe chorão. Eu não conseguia acalmá-la de jeito nenhum. A mulher de cabelos escuros vinha e nos dopava a cada escândalo que ela provocava. Acho que foi nessa época que ela pegou raiva de mim, quando eu não agüentei mais as suas crises e junto com os outros nós fizemos ela ficar calada.

O plano era claro, quando fosse a noite, e eles estivessem dormindo Hila iria abrir um buraco no chão e eu iria chamar a atenção deles. Um plano um pouco ingênuo. Nós só tínhamos sete anos, pareceu que iria dar certo. Mas claro que tinha alguém nos vigiando o tempo todo. Lembrei do garoto que teve que pagar por nossa desobediência. Qual era o nome dele? Isso eu não consigo lembrar e eu me odeio por isso. Ele era um dobrador de ar como eu. Um pouco mais velho.

— É só para servir de exemplo. Ele é do ar, e nós já temos 3 deles. – A mulher falou friamente.

Com as mãos atadas eles espancaram um garotinho de apenas oito anos. E eu e Hila fomos obrigados a assistir.

Nós não tínhamos mais esperança. E quando eles tentaram me levar para o desconhecido. Eu fiz, eu tirei todo o ar do pulmão daquela mulher. Eu vi seus olhos sangrarem e seus lábios ficarem roxos. Eu vi quando a alma deixou o seu corpo.

Os outros seqüestradores ficaram assustados. Mas já era tarde. As outras crianças atacaram também. Até Beka fez a sua parte.

O fogo chamou atenção, e nosso cativeiro foi descoberto.

Quando a policia chegou, eles ficaram confusos. Sete crianças mataram por meios cruéis seus seqüestradores, foi chocante.

O garoto que tinha sido espancado, escapou com vida, mas ele não podia mais andar ou sequer dobrar.

Por alguma razão desconhecida. Isso foi limpo da nossa memória, todas as sete crianças esqueceram, inclusive eu.

— Meelo? – Eu ouço sua voz distante.

Nari ! É a primeira coisa que vêem a minha cabeça.

Olho para cima. Eu estou deitado, mas me levanto de uma vez.

Vejo seus cabelos escuros e seus olhos dourados.

— Mira? Onde está Nari!

Ela suspira.

— Meelo, Saira está com a Nari. Ela disse que pode ajudar.

— Onde ela está.

Ela me ajudou a me erguer, nós estávamos em outra casa abandonada.

Saira estava sentada no chão, com a pequena e delicada Nari em seu colo. Seu olhar demonstrava preocupação mas também havia confiança.

Seus olhos se ergueram quando percebeu minha presença.

— Meelo, me perdoe. Eu não achei que o Ren ainda podia fazer isso.

— O que ele fez? – Eu perguntei com raiva.

— E da natureza dele. Ele já fez isso comigo uma vez.

— Fez? E o que você fez para acordar?

— Isso não é só uma questão física. E muito mais espiritual.—Ela falou passando a mão no cabelo de Nari.

— O que eu preciso fazer?

— Nós precisamos de outro dobrador de sangue. Ren a fez entrar em coma, ele pode fazer isso, alterar nossa fisiologia e com isso abalar nossas almas. – Ela falou pausadamente.

— Por que ele fez isso com ela?

— Há coisas que ele não pode controlar, por isso ele normalmente fica isolado, eu não entendo do por que terem o soltado e muito menos terem o mandado em uma missão.

— Eu acho que tenho uma ideia do por que. – Mira nos interrompeu. – Acho que eles sabem o que eu quero fazer.


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