Avatar: A lenda de Mira - Livro 2 Ar escrita por Sah


Capítulo 24
Por outras vidas


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoa, a quanto tempo né. Me desculpem por não ter avisado. Mas, eu estou viajando só voltarei dia 10 de janeiro. Assim esse é o último capítulo do ano e o antepenúltimo do livro 2.

Obrigada a todos que me acompanharam nesse ano! Um feliz ano novo para vocês!



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Mira

Isso é muito mais do que uma coisa do mundo físico. Eu sinto abalos espirituais a todo o momento desde que aquele garoto, Ren, apareceu.

Há muito mais do que Saira está dizendo, e agora com a situação de Nari isso fica mais evidente. Mas agora eu tenho que chegar ao deserto, depois disso eu vou, eu prometo que vou ajudá-la.

Saira parece um pouco cansada. Eu não a conheço direito mas isso tudo parece muito pessoal para ela. Mas Meelo, está bem pior.

— Saira, quanto antes chegarmos ao deserto, melhor será para Nari, não é?

— Sim. – Ela concordou abatida.

Riku estava com energia total, e muito indiferente em relação a tudo.

Meelo carregou Nari como um bebe. Os lábios de Nari estavam roxos e sua pele mais pálida que o normal.

Saira nos levou pelos becos daquela cidade caótica. Tudo estava muito movimentado, sirenes iluminavam a rua e policias passavam pela via principal.

Chegamos em frente a uma casa grande, que ficava distante de todos o problemas. Ela estava escura, somente a iluminação da rua nos ajudava a enxergá-la.

— O dono dessa casa nos levará até o deserto. Ele é o único que pode.

Ela bateu com força na porta de carvalho escuro. Ouvimos móveis sendo arrastados antes de a porta entreabrir. Olhos escuros e curiosos nos encararam.

— O que vocês querem? – A voz era arrastada e preguiçosa.

— Senhor Dek?

A porta se abriu mais, e um senhor de barba comprida nos olhou com desdém.

— Saira? O que você faz aqui. A cidade está caótica.

Saira suspirou.

— Eu sei. Eu estou envolvida.

Os olhos dele se arregalaram.

— Entrem, agora.

Apressadamente nos adentramos na casa.

Eu tossi, havia muita poeira no lugar. A casa estava com móveis acumulados em todos os cantos. Tudo estava escuro e de repente iluminado por uma luz azul, olhei para o Riku. Uma labareda ofuscante pousava em sua mão.

O homem velho olhou para ele com choque e depois olhou para Saira.

— Você tem problemas sérios, garota. – O senhor falou.

— Eu sei, por isso preciso de sua ajuda. Temos que ir até o deserto de Sonar. Ren fez de novo.

Ela pediu para Meelo se aproximar com a garotinha nos braços.

O velho suavizou o olhar e eu pude notar um pouco de empatia.

— Certo. Vou ligar para eles. Se preparem o caminhão sai as seis da manhã.

Fomos acomodados naquele cômodos gelados. Logo que eu me deitei não consegui pensar muito. Todo o cansaço desses últimos dias pesaram e eu logo adormeci.

— A vida é imprevisível, mesmo para o Avatar.

Fui despertada por essa frase. Quando eu me levantei não estava mais naquela casa gelada. O céu estava escuro, mas a lua estava enorme.

— Korra? -- Eu disse para a mulher que me olhava com um sorriso.

— Mira. O céu não está bonito? -- E ela encarou o céu novamente.

— Céu?

Sim ele estava realmente lindo. Era como se ele filtrasse todos o meus problemas.

— Essa é uma das minhas últimas lembrança que eu tive com a Asami.

O olhar dela era aconchegante. Senti os seus sentimentos.

Korra me encarou, seu sorriso desapareceu.

— Você está com problemas. – Ela constatou o óbvio.

— Muitos.

— Mira. Eu não sou como os outros Avatares. Nós somos o mesmo espírito, mas cada avatar foi moldado com os acontecimentos da sua própria vida. Quando eu perdi o contato com as nossas outras vidas, eu quase desabei. Quando eu perdi o contato com Raava eu quase fui destruída.

Os sentimentos dela se refletiam em mim. Eu conseguia vê-la em todas essas situações e sentir tudo o que se passava com ela. A dor me inundou por alguns segundos antes de um sentimento de esperança me tirar desse transe.

Algumas memórias me vieram depois disso. Me lembrei de Haru nos vídeos e de tudo o que havia passado com ele. Será que eu também sentiria a dor dele? Por que eu ainda nunca tive contato com nenhuma outra vida além da Avatar Korra? Ele poderia me guiar, ele conhece mais desse mundo novo que qualquer vida passada.

Korra me olhou com preocupação.

— Tem coisas que se revelarão com o tempo. Mas por enquanto eu sou a única que pode te guiar. Assim eu te dou um conselho. Seja paciente e acredite um pouco nos seus amigos. Aqueles que estiveram ao seu lado em todos os problemas. Eles também são sua família.

— Mira, Mira! – Me sinto chacoalhada.

Abro os olhos e vejo aqueles olhos azuis. Ele parece mais calmo.

— Riku?

— Me pediram para te acordar. Dá para acreditar?

— Na verdade não.

Me lembro do encontro com a Avatar Korra. Ela me disse para confiar nos meus amigos, que eles também são minha família. Mas como confiar no Riku nesse estado? Apesar de tudo ele não saiu do meu lado não é? Ele teve todas as chances de fazer coisas piores, mas ele está aqui firme e forte.

Me levanto.

— Já está na hora. Tudo já está arranjado. – Ele diz se espreguiçando.

Meu corpo dói. O chão era duro, mas eu me sinto revigorada, como se minha mente estivesse leve.

Me encontro com o resto do grupo. Olheiras profundas são visíveis em Meelo. Ele não dormiu e nem descansou.

Eles envolveram Nari em vários cobertores. A respiração dela era difícil e inconstante. Passei a mão pela testa dela, estava fria.

— Ela não mudou. Está viva, mas é como se seu espírito não estivesse conosco. – Meelo lamenta.

E ele está certo.

O senhor Dek nos leva até os fundos da casa, lá um grande caminhão nos espera. Teremos que nos esconder nos fundos, junto com a carga.

Fazemos isso. Me sento ao lado de Riku no chão do caminhão.

— Você está diferente. Um brilho retornou ao seu olhar. Você não está sendo mais manipulada?

— Eu estava?

Sim estava, a única coisa que eu conseguia pensar era na aprovação do meu pai? Mas por que isso não me motiva mais? Eu quero ir até o deserto, mas não é por esse motivo.

Me aproximo de Meelo.

— Durma um pouco, deixe que eu cuido dela.

Ele hesita, mas me ajuda aconchegar Nari no colo. Meelo finalmente adormece. Espero que ele descanse bem.

Depois de um longo tempo, o caminhão para abruptamente.

Uma voz firme diz que chegamos.

Meelo acorda e Riku se levanta com energia.

Quando as portas se abrem um corrente de ar quente nos faz fechar os olhos. Eu olho para fora com dificuldade. Eu só vejo um infinito amarelo. O sol reflete na areia e vemos uma ondulação no horizonte.

Um senhor de meia idade se aproxima.

— Só posso levá-los até aqui. O caminhão não está preparado para a areia.

Toco meus pés na areia e sinto uma vibração familiar. Apesar de nunca ter vindo aqui.

— Saira, aonde vamos? – Meelo a intima.

Ela também sai do caminhão e aponta para algo que eu ainda não tinha visto. No horizonte há uma grande árvore seca e retorcida.

— Uau. - É só o que consigo dizer.

— Lá.- Ela aponta- Algumas pessoas vivem na carcaça da grande árvore.

Eu me sinto atraída de alguma forma para aquele lugar. Eu sinto que todas as respostas que eu preciso estarão lá.


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