Avatar: A lenda de Mira - Livro 2 Ar escrita por Sah


Capítulo 18
A guarda


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas consegui. Novo capítulo.
Tive semana de provas na faculdade, semana que vem é a de trabalhos, o próximo capítulo também atrasará ( vou fazer o possível para que isso não aconteça)



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Meelo

Já faz algumas horas que a única coisa que eu vejo é água. O horizonte azul desaparece em contato com o céu, formando uma paisagem totalmente azul. Nari está dormindo. Ela choramingou um pouco antes de cair no sono, e como ela ,eu também estou cansado. Nossas roupas estão sujas de fuligem, e o peludo ainda está ferido.

Ele não parou para descansar, o medo foi tanto que ele ainda ofega de tensão. Minha garganta está seca, ver toda essa água só me deixa pior.

— Tio, Meelo. Onde estamos? – Nari diz sonolenta.

— Não precisa se preocupar com isso. Eu sei que o Peludo nos levará para um bom lugar. – Eu falei tentando não apavora-la.

Mas, eu mesmo não sei onde estamos indo.

O sol está começando a ficar forte, e agora eu sinto que o Peludo está começando a diminuir. Vejo pássaros e meu coração se enche de esperança, há terra por perto.

No horizonte eu vejo uma praia, cercada por grandes prédios. A areia branca reflete a luz do sol nos meus olhos, assim eu não consigo ver claramente. Peludo aumenta a sua velocidade na direção da praia.

As pessoas apontam enquanto sobrevoamos. São pessoas minimamente vestidas. Elas parecem surpresas. Peludo pousa em cima do que eu imagino ser uma lanchonete.

Nari afaga a sua cabeça.

— Muito bem, Peludo! – Ela diz. — Tio Meelo, aonde vamos agora?

— Vamos encontrar um jeito de voltar para casa.

— Tire logo esse bicho daí. – Um homem roliço de cabelos negros desgrenhados e olhos verdes, usando uma espécie de uniforme azul, diz.

Ele estava em baixo do prédio, nos olhando impaciente. Várias pessoas também olharam para gente.

Eu tirei a Nari de cima do peludo.

— Vamos Nari, acho que você também está com sede.

Eu segurei a Nari no colo e pulei de cima do prédio. Antes de atingir o chão eu fiz uma espécie de cama de ar e pousamos suavemente.

As pessoas ficaram ainda mais impressionadas e aplaudiram quando nós olhamos para elas. Até o moço de uniforme azul parecia deslumbrado.

— Vocês são da guarda? Mil perdões.

Guarda? Acho que pode ser uma chance de termos alguma chance de saber onde estamos assim mesmo com as roupas sujas e com a aparência diferente dos outros eu confirmo.

— Sim, eu sou da guarda. O senhor pode-me dizer onde estamos?

— Estamos na praia de Sunza no norte de Multar.

Multar? Estávamos em Laogai? A viagem é de mais de seis horas. Há quanto tempo estamos voando?

— Tio Meelo, o peludo está indo embora!

O grande bisão levantou voo, fazendo com que o vento se movimentasse, atrapalhando nossa visão. Nosso único transporte, eu não posso deixa-lo ir

Impulsionei-me e saltei. Consegui agarrar os pelos do bisão, ele guinchou e se sacudiu com força. Estávamos cada vez mais alto. Nari gritava aflita. Assim eu não tive alternativa. Larguei e saltei e com toda a minha força e concentração, eu planei, usando as minha roupas como apoio.

Nari me abraçou com força.

— Vamos para casa. – Tentei confortá-la

— E o peludo?

— Ele vai encontrar o seu caminho. – Eu espero.

Uma parte das pessoas haviam se dissipado, mas alguns nos olhavam como se fossemos algum ídolo.

— Vocês estão com sede? Fome? – O moço de azul disse.

Meu estômago roncou em imaginar comida. Mas água agora era bem mais importante.

— Você teria alguma bebida?

Ele nos acompanhou até a entrada da lanchonete.

Era a coisa mais estranha que eu já havia visto. O chão e o teto eram de um tom de vermelho gritante, as mesas eram amarelas, o lugar estava cheio, uma fila enorme de pessoas e um cheiro de carne pungente estavam no ar. Os funcionários montavam sanduiches em uma velocidade assustadora. Parecia mais uma fábrica do que uma lanchonete

Ele nos serviu um copo de uma bebida escura e borbulhante. O cheiro era doce.

— O que é isso? – Eu perguntei.

— Isso é uma especialidade da casa. – Foi o que ele se limitou a dizer.

Nari não esperou e tomou tudo aquilo de uma vez. Ela parecia satisfeita.

A minha sede falou mais alto e eu cedi. O gosto era bom, ela como se eu tivesse bebendo balas. As bolhas faziam cócegas na minha língua. Quando eu terminei eu senti mais sede ainda.

— Você não teria água?

— Me desculpe, mas não vendemos água nesse lugar, mas se você quiser temos lanches deliciosos.

— Sim, por favor. – Nari disse.

Ele nos pediu para sentar em uma mesa.

Esperamos e ele trouxe dois sanduiches, o cheiro era nauseante, mas o meu estômago estava gritando.

A primeira mordida foi estranha. A carne não tinha a textura certa, e o pão era de um crocante barulhento. Dessa vez Nari não continuou.

— Isso tem gosto de comida de cão-urso-polar. E ela cuspiu o resto.

Eu também não continuei, mas o homem pareceu ofendido.

— Já que vocês não gostam da minha comida, me deem suas identidades e vão embora. – Ele falou decepcionado.

—Identidade?

— Sim, eu vou fazer a cobrança no seu regimento.

Tateei os meus bolsos. Claro que não havia nada.

— Nós podemos voltar mais tarde? Acho que esqueci meu documento.

Ele ficou surpreso e finalmente perguntou. Você não é da guarda? Vocês são estrangeiros ilegais?

Eu não falei nada

Ele se levantou.

— Vou chamar a guarda verdadeira. – Ele ameaçou.

Eu me levantei com tudo e peguei a Nari pelo braço.

Pessoas impediram nossa passagem, assim eu fiz a única coisa possível.

O vento que eu impulsionei, só abriu o nosso caminho. Sai de lá correndo com Nari em meus braços.

Eu nunca tinha estado em Laogai, mas a imagens que nos mostram não é tão diferente do que eu vejo. Os prédios são tão grandes quanto o de Republic City, mais novos até. Há muitas pessoas na rua, vendedores ambulantes e carros.

Eu nunca havia visto tantos carros juntos. Em Republic City, só a polícia e os mais abastados tem carros tão novos quantos esses.

Eu vi dois ou três mechas enquanto eu estava andando. Era raro vê-los em Republic City, só em operações policiais realmente importantes, mas aqui parecia ser um simples patrulhamento.

— Essas crianças estão aqui ilegalmente. – Alguém disse para todos ouvirem.

Um dos mechas se aproximou da gente.

— Vocês devem vir conosco. – O policial dentro do robô disse.

— Nós somos de Republic City! Precisamos ir para casa.

Ele não pareceu convencido.

Uma luz saiu do mecha.

— Vocês serão escaneados.

A luz me deixou cego por alguns segundos.

— Nenhum registro no distrito de Multar, nem na Nação de Laogai. Da onde vocês disseram que vieram?

— Republic City – Eu disse rapidamente.

— E onde estão os passaportes?

— Nós viemos para cá acidentalmente.

Aquele moço da lanchonete conseguiu nos alcançar.

— Oficial, eles saíram sem pagar. – Ele disse ofegante

— Mas você nos ofereceu. – Eu nunca sairia sem pagar, minha índole não permite.

— Foi por que eu achei que você era da guarda! – Ele retrucou.

— Olha a minha cara, eu só tenho 14 anos! --

— Mas você é um dobrador!

— E qual o problema?

A tampa do mecha se abriu, e sentado em um compartimento estava uma garota tão jovem quanto eu. Seu cabelo era laranja como o por do sol e seus olhos era um e cada cor, verde e castanho escuro, ela me lembrou a um gato-raposa de rua,

— Aqui em Laogai a maioridade começa aos 14. – Ela afirmou vendo a minha cara de surpresa.

Eu realmente havia esquecido isso, na aula de geografia a professora Kinbi nos disse sobre a falta de mão de obra que Laogai sofria. Primeiro a maioridade desceu para 16 anos, mas agora já estava em 14, pelo jeito as políticas de incentivo a reprodução não estão dando certo.

— A senhora irá prendê-los certo?

— Não vejo necessidade. Irei leva-los a embaixada de Republic City.

— Mas eles não pagaram.

— Pelo o que eu ouvi você ofereceu. Isso é mentira?

— Mas só porque eu achei que ele era da guarda.

— Isso é um problema seu.

O moço resmungou um pouco e a garota ameaçou prendê-lo por desacato. Ele foi embora sem discutir mais.

— Agora vejamos. Dois cidadãos de Republic City sem nenhum tipo de documento ou permissão para estarem em Laogai, enquanto a sua nação está em Estado de Guerra, o que vocês querem que eu pense que chegaram aqui por acidente?

— Parece difícil de acreditar, mas chegamos aqui voando em um bisão.

Seus olhos diferentes brilharam por um instante.

— Um bisão? Um bisão voador?

— Sim.

— E onde ele está agora? – Ela perguntou um pouco mais animada.

— Ele voou, provavelmente já está longe daqui. – Falei um pouco baixo.

Nari estava um pouco distraída com o robô e nem estava prestando atenção no que estávamos conversando.

— É verdade, eu ouvi daquele homem que você é um dobrador. Isso é verdade?

— Bem, sim.

— Você pode me mostrar?

— Mostrar?

— Sim, é que quase não há dobradores em Laogai, e os que existem tem altas patentes na guarda, ele quase nunca são vistos.

Fiz um pequeno truque, o que eu mais fazia quando eu era mais novo. Uma esfera de ar em baixo dos meu pés.

Os olhos dela brilharam mais.

— Você por acaso não tem algum parentesco com o Avatar Aang né?

— Ele é meu bisavô.

Antes ela estava em uma postura um pouco defensiva, assim ela relaxou de vez. Seu olhos passaram por todo o meu corpo. Será que ela estava procurando semelhanças.

— Venham, vou ajudá-los. A embaixada de Republic City não fica tão distante. E por acaso meu nome é Saira e sou uma grande fã do Avatar Aang, ele é minha figura histórica preferida.

— Meelo, e essa baixinha é a Nari.

Nari sorriu para ela.

— Ótimo só esperem um momento, meu turno está acabando.

Ela pegou um comunicado e disse algumas letras e número. E saiu do Mecha.

Ela tinha quase a minha altura, usava um uniforme padrão verde com o brasão de armas de Laogai.

— Você pode deixar o Mecha assim mesmo? Ninguém vai roubá-lo?

— A chave é ativada por sangue, ele pesa mais de 500 kg, e ninguém de Multar despertaria a ira da guarda. Em breve outro oficial virá, nossos mechas possuem localizadores.

Ela fez questão de explicar tudo o que estava acontecendo.

Ela nos levou por atalhos, longes das cheias avenidas. Becos escuros e estreitos que me deixaram um pouco incomodados.

— Estamos indo para a Embaixada mesmo? — Perguntei.

— É claro, vocês tiveram sorte, se fosse qualquer outro oficial, provavelmente você seria preso por imigração ilegal e essa garotinha iria para um orfanato.

Nari se apertou mais a minha mão.

— Tenho que levá-los a embaixada sem despertar qualquer curiosidade dos outros integrantes da guarda.

— Entendi.

Entramos em uma das avenidas novamente.

— A embaixada é nesse prédio.

Ela apontou para um prédio alto e espelhado, nele havia uma bandeira de Republic City.

Ouvimos um som.

Saira pegou o seu comunicador.

— Sim, sim. Podem me mandar a foto dos suspeitos, por favor? – Ela falou para o comunicador.

— O que houve, eu perguntei.

— Temos um código vermelho.

Isso não fez sentido para mim. Espero que não me envolva.

Ela pegou um aparelho celular de um dos bolsos do uniforme. E esperou.

Ela me olhou.

— Talvez você os tenha visto, eles também são de Republic City.

Ela me mostrou a foto de uma garota de cabelos negros e óculos escuros, sua pele era clara, seus traços bem familiares,e com ela havia um garoto de incríveis olhos azuis, seus olhos mostravam raiva e loucura. Seu rosto também estava coberto, e ele também era incrivelmente familiar. Tive um pressentimento ruim, muito ruim. Seria impossível esses dois estarem em Laogai, certo?

— O que eles fizeram? – perguntei hesitante.

— Eles se envolveram em uma briga na fronteira, pelo jeito destruíram vários veículos e machucaram alguns dos nossos. O que provocou a verdadeira ira da guarda. – Ela riu depois que falou.

— Do que está rindo? – Perguntei.

—É engraçado quando alguém enfrenta a ira da guarda, todos sabem disso, menos os estrangeiros é claro, ele não sabem que ninguém sobreviveu para contar história.


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