República Evans escrita por Carol Lair


Capítulo 21
O Plano de Lorens




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Capítulo 21 – O Plano de Lorens

O clima na república só voltou à normalidade no início de dezembro. Aos poucos, Lily foi se esquecendo do episódio da festa "surpresa" e finalmente parou de reclamar da mesa de snooker.

Outra coisa que dezembro trouxe consigo foi a proximidade das tão aguardadas férias de Natal. Os alunos de Hogwarts ficavam ainda mais ansiosos nesta época do ano, principalmente os estudantes que pertenciam ao time oficial de futebol. A cada semana, os treinos tornavam-se cada vez mais intensos, uma vez que o início do campeonato se daria em janeiro, logo após o retorno das aulas. Conforme a abertura do campeonato se aproximava, o número de alunos assistindo aos treinos noturnos aumentou proporcionalmente. E, com isso, a fama de James como melhor atacante se espalhou pela universidade e ele rapidamente assumiu o posto de capitão do time.

O antigo capitão, um zagueiro alto do último ano de Engenharia, foi obrigado a deixar o time por conta de uma lesão grave no tornozelo. E então, o treinador repassou o título para James e deixou-o responsável por encontrar um zagueiro para substitui-lo. James fixou um aviso no mural principal da faculdade, convocando os interessados a escreverem seus nomes numa lista anexa e comparecerem ao treino da próxima semana.

Na quarta-feira, o número de inscritos já havia se esgotado. James apanhou a lista, que estava preenchida desde a primeira até a última linha, e leu-a atentamente, próximo à entrada do Salão Principal. Seus olhos foram atraídos para um nome em especial. Segurando uma risada debochada, James ergueu a cabeça e avistou Evans passando por ali.

– Evans!

Ela estava conversando com Anita e Lorens. Ao ouvi-lo chamá-la, Evans virou-se lentamente para ele.

– O que foi?

James sabia que ela ainda não o havia perdoado por completo por conta da festa que ele, Sirius e Lorens haviam organizado sem consultá-la. Mas após duas semanas desde o ocorrido, Evans já estava consideravelmente mais flexível.

– Você nem imagina quem está achando que tem chances de entrar para o time de futebol.

– Não imagino e nem estou interessada.

– Mas eu estou! – Lorens interveio, curiosa. – As inscrições já se encerraram?

– Sim. – James respondeu, abrindo um largo sorriso. – E tem até francês achando que tem chances de entrar no time.

Evans ficou muito vermelha, enquanto as amigas soltaram risadinhas.

– Ele me disse que estava pensando em entrar e eu o incentivei.

– Ah, é mesmo? – James assumiu uma expressão desdenhosa. – Você acha que ele tem chances, Evans?

– E por que não teria? – Evans cruzou os braços.

– Lily, você já assistiu a alguma partida do campeonato francês? – Lorens perguntou, fazendo uma careta. Evans negou com a cabeça.

– Franceses são péssimos em futebol. – James explicou, tranquilamente. – Lamentavelmente péssimos.

Evans rolou os olhos e suspirou.

– Louis joga futebol desde criança. Nacionalidade não tem nada a ver com talento, então pare de ser preconceituoso, Potter. – ela retrucou, aborrecida. James percebeu que talvez aquele não fosse um dia bom para usar seu sarcasmo com Lily Evans. Ela se virou para as amigas e continuou: – Vamos almoçar?

– Vamos, estou morrendo de fome! – Anita exclamou. – Já almoçou, James?

– Sim. – James respondeu, voltando a ler a lista. – Lorens, o Bill também se inscreveu para a vaga. Não sabia que ele jogava futebol.

Lorens caiu risada.

– Ele não joga. – e, voltando a ficar séria, acrescentou: – Reprove-o, James.

– Vou pensar com carinho no seu pedido.

Em seguida, as três garotas se despediram dele e entraram no Salão Principal.

–--

Após terem se servido, as três avistaram Alice acenando para elas do outro lado do refeitório. Lily, Anita e Lorens se dirigiram à mesa da amiga e se acomodaram.

– Vocês não vão acreditar! – Lorens começou a contar durante a refeição. – O diretor da minha peça adiou nossa apresentação e mudou, sem consultar ninguém, o lugar onde nós ensaiávamos. Recebi um e-mail dele hoje cedo só comunicando.

– E mudou para onde? – Alice quis saber.

– Para um lugar muito longe, perto do Canons Park. Vou ter que atravessar a cidade todos os dias. – Lorens não parecia nada contente. – Acho que até a morte parece mais agradável.

Lorens continuou falando mal do diretor durante o resto do almoço. Ele era mal-humorado, metido a cult e mandava os atores repetirem cenas o tempo todo. Depois que terminou de almoçar, Lily abriu seu livro e se concentrou na leitura. Ela não demorou muito para perceber que as amigas haviam parado de conversar e levantou os olhos do livro a fim de entender o motivo.

Lily teve absolutamente certeza de que flagrou Lorens gesticulando para as amigas, que a olhavam atentamente. E então, Lily compreendeu que elas estavam conversando silenciosamente, por meio de gestos e leituras labiais, para que ela não ouvisse. Sobre o que elas estariam conversando? Por que Lily não podia saber o assunto?

Mas Lily sabiamente resolveu aguardar. Abaixou os olhos de volta para o livro e esperou um pouco para voltar a olhar para as amigas, a fim de confirmar suas suspeitas. Um minuto depois, quando fechou o livro e levantou a cabeça, Lily flagrou Alice e Lorens fazerem uma leitura labial de algo que Anita falava, sem produzir qualquer som.

– Do que vocês estão falando? – ela perguntou.

– Mas nós não estamos falando. – Alice respondeu.

– Não é a primeira vez que eu pego vocês cochichando! – Lily afirmou, lembrando-se de uma situação parecida que presenciara algumas semanas antes. – Vocês pensam que eu sou idiota?

– Claro que não, Lily. – Anita parecia aflita. – Mas acho que foi impressão sua, sério.

Lily lhe lançou um olhar reprovador.

– Eu vi vocês fazendo leitura labial uma da outra.

– Lily, por favor, não exagere! – Lorens exclamou, rindo despreocupadamente. Em seguida, ela se levantou e jogou a mochila nas costas. – Bom, vou ver se o Chris me dá uma carona até o metrô na moto dele. Se eu não voltar, é porque consegui. Até mais tarde!

Todas responderam-lhe um 'tchau', menos Lily, que permanecia aborrecida, de braços cruzados, olhando para Alice e Anita.

– O que é que vocês estão me escondendo? – Lily questionou mais uma vez.

– Não é nada! Pára de ficar imaginando coisas! – Anita insistiu. – Aliás, acho melhor desocuparmos essa mesa. O salão está ficando muito cheio, não acham?

Lily rapidamente percebeu que Anita quisera apenas mudar de assunto ao sugerir que saíssem dali. Mas não adiantaria dizer-lhe que havia decifrado suas intenções, afinal, Anita já deixara claro que não pretendia contar a Lily o que estavam escondendo. As três se levantaram da mesa e, sem conversarem, começaram a se dirigir à saída do refeitório. Quando alcançaram as escadas que as levariam ao jardim de entrada, Anita parou de andar e levou as mãos à cabeça, assustada.

– Acabei de me lembrar! – ela exclamou, arregalando os olhos. – Tenho que entregar um trabalho amanhã e não tirei xérox dos textos que preciso ler! Vou correndo fazer isso antes que me atrase para o estágio! Tomara que a fila esteja curta! Tchau!

E ela saiu correndo antes que Lily ou Alice pudessem dizer qualquer coisa.

– Mas o que deu nela, Alice?

– Você não ouviu? – Alice perguntou, num tom de obviedade. – Ela se esqueceu de tirar xérox e se a fila estiver muito longa, ela vai se atrasar para–

– Alice, chega. – Lily a interrompeu, irritando-se. – Eu não sou idiota. Eu percebi que a Anita estava mentindo.

Alice assumiu uma expressão absolutamente desconcertada. Ela sabia que Lily a conhecia muito bem, portanto, resolveu que não adiantaria continuar negando.

– Ok, Lily. – ela admitiu, claramente desconfortável. – Você tem razão. Agora respira fundo e esqueça tudo isso, certo?

Como assim? – Lily franziu o cenho, mais confusa do que antes. – Como você quer que eu me esqueça? O que vocês estão me escondendo?

– Eu não posso te contar, Lily! – Alice disse, em tom de súplica. Ela olhou para os dois lados, como se estivesse se certificando de que ninguém as observava, deu um passo à frente e sussurrou: – Espera até sexta-feira, ok? Eu juro que você vai gostar.

– M-mas–

– E não conte para elas que eu te adiantei isso! – Alice avisou, muito séria. – E não, eu não vou te contar mais nada. Já fui legal demais por hoje.

Lily estagnou e ficou em silêncio por alguns segundos, compreendendo. Então suas três melhores amigas estavam tramando alguma coisa para ela. Mas o que poderia ser? Ainda faltavam praticamente dois meses para seu aniversário e a próxima sexta-feira seria um dia aparentemente comum do calendário. No que consistia aquele plano? Por que Lily não podia saber de nada? Aonde Anita teria ido?

–--

– Você demorou, Anita! – Lorens reclamou quando a avistou. – Foi difícil despistar a Lily?

– Ah, mais ou menos. – Anita respondeu. – Mas ela já está muito desconfiada. Precisamos tomar cuidado.

As duas viraram o corredor e pararam à entrada do Salão Principal. Por um tempo, ficaram ali, caladas, com os olhos passeando por todos os alunos que almoçavam.

– E aí, você está vendo ele? – Lorens indagou, após um tempo observando.

– Humm... não, nada.

– Então vamos para o jardim, ele deve estar lá.

Anita e Lorens andaram rapidamente, passaram pelo Saguão de Entrada e saíram para a área externa do campus. Encaminharam-se na direção dos bancos próximos ao lago, onde muitos alunos costumavam se sentar para ler e conversar no horário do almoço.

– Não é ele ali? – Anita puxou Lorens pelo braço e o apontou com o queixo.

Lorens apertou os olhos para enxergar melhor.

– Sim! – ela concluiu, satisfeita. Mas logo depois, fechou o sorriso. – Quem é que está com ele?

– Ai, não. É a Sarah.

– Não vamos nos precipitar, eles só estão conversando. – Lorens suspirou, esperançosa. – Vamos esperar um pouco.

Anita e Lorens resolveram aguardar atrás de uma árvore particularmente frondosa. Dali, elas possuíam uma vista perfeita dele e Sarah, que conversavam animadamente sentados lado a lado em um dos bancos.

– Acho que chegamos tarde, Lorens. – Anita comentou, após Sarah ter colocado a mão sobre o joelho dele.

– Calma, Anita, eles pararam de sair há séculos! – Lorens disse, rindo baixinho. – Eles estão só conversando.

Observaram mais um pouco, em silêncio. Pouco tempo depois, Sarah bagunçou os cabelos do rapaz, fazendo-o rir.

– Só conversando? – Anita debochou. – Não dou cinco minutos para eles começarem a se pegar.

– Concordo. – Lorens admitiu, a contragosto. – É melhor falarmos com ele antes que todo o planejamento dê errado. Vamos?

– Claro. – Anita sorriu, sem tirar os olhos do casal mais adiante. – Você acha que ele vai topar?

– Lógico que vai! Ele adora a Lily e está louco para sair com ela. – Lorens falou, convicta. – Eu te contei que ele conversei com ele na semana passada, não contei? Ele acabou confessando que só não a convidou para sair ainda porque não conseguiu encontrar uma abertura para tocar no assunto. Você conhece a Lily, sabe que ela não dá muito espaço. Então foi por isso que resolvi dar um empurrãozinho.

Anita suspirou, sonhadoramente.

– A Lily vai ficar um pouco brava quando descobrir o que fizemos, mas depois ela vai nos agradecer.

Me agradecer, Anita. O plano foi meu, ou você se esqueceu?

– Ora, vamos logo, Lorens!

E as duas foram decididas na direção do rapaz.

–--

Na noite de quinta-feira, Alice chegou em sua casa desejando apenas se jogar em sua cama e dormir para que o dia seguinte chegasse logo. Anita e Lorens haviam concluído a parte principal do plano e agora só restava aguardar até que o momento certo chegasse. Mas seus desejos não poderiam ser atendidos naquela noite, pois aquele era o seu dia de preparar o jantar.

Quando ela abriu a porta da sala, encontrou Bellatrix e Sarah conversando no sofá.

– Ainda não me conformo, Bella! – Sarah dizia, indignada. – Desde ontem eu não consigo parar de pensar sobre o que é que as nossas vizinhas queriam conversar com ele!

– Pára de drama, Sarah. – Bellatrix replicou, sem dar importância. – Com certeza não deve ser nada que interfira em seus planos.

Alice imediatamente compreendeu sobre o que a prima estava falando. Ao verem-na, Sarah e Bellatrix a cumprimentaram com acenos e voltaram a falar. Alice decidiu trancar a porta da forma mais demorada possível para poder continuar ouvindo.

– Interferiu sim, Bella! – Sarah insistiu, preocupada. – Antes das duas chegarem, nós estávamos combinando de sair no fim de semana. Mas depois que elas foram embora, ele só voltou para se despedir de mim. E hoje ele nem respondeu minhas mensagens!

Segurando uma risada, Alice deixou sua bolsa sobre uma mesinha ao lado da porta e se encaminhou para a cozinha. Ela definitivamente estava se sentindo satisfeita. O plano de Lorens não só beneficiaria Lily: involuntariamente, ele acabaria prejudicando Sarah. A situação não podia ficar melhor do que estava.

Marlene estava na cozinha quando Alice entrou.

– Alice, que bom que você chegou!

– O que houve?

– Você não vai acreditar. Desde que cheguei do laboratório, não consegui entrar no nosso quarto. E sabe por quê? Porque a Helena resolveu se trancar lá.

– Mas de novo? – Alice assumiu uma expressão de completo desânimo.

– Pois é. – Marlene suspirou, aborrecida. – Sirius me contou que ela brigou feio com o Remus ontem porque eles resolveram ir para um bar depois do treino.

– Ela ficou com ciúmes? – Alice franziu as sobrancelhas, confusa.

– Não sei se foi por isso. Meu palpite é que tenha sido porque eles provavelmente beberam cerveja e a Helena tem nojo de álcool. Fora que ela também detesta o Sirius e o James, que também estavam com ele.

Alice revirou os olhos. Em seguida, ela se adiantou em direção ao armário, a fim de separar os ingredientes que iria cozinhar.

– Helena vai acabar destruindo o relacionamento dela se continuar com esses chiliques. – ela comentou, enquanto apanhava o pacote de arroz e o colocava sobre a bancada, ao lado da pia.

– Concordo. – Marlene disse, se aproximando. – Mas ela não fala mais comigo, então eu não posso ajudá-la.

– Aliás, já está na hora de vocês pararem com isso, Marlene. O clima dessa casa já ficou pesado o suficiente depois da minha discussão com a Bella. Não precisamos de mais brigas.

– E você acha que eu nunca tentei conversar com ela? – Marlene indagou. – Helena não me dá espaço para me aproximar. Eu já desisti, sinceramente.

Nos minutos seguintes, Alice e Marlene passaram a discutir o que poderiam fazer para o jantar. Após terem decidido, as duas começaram a preparar os ingredientes e, em pouco tempo, as panelas já estavam soltando vapor.

– Você acha que precisa colocar mais sal? – Alice perguntou, após provar um pouco do molho.

Marlene fez o mesmo e respondeu:

– Acho que está bom assim. E a Sarah não gosta de nada muito salgado.

– Então vou colocar bastante. – Alice decidiu, subitamente, fazendo Marlene rir.

A campainha soou ao mesmo tempo em que o jantar ficava pronto. Alice e Marlene se entreolharam, ao passo em que apanhavam as travessas nas quais as comidas estavam servidas e se encaminhavam para a sala, onde ficava a mesa.

Ao voltar à sala, Alice descobriu que a visita era Frank. Ele havia acabado de cumprimentar Sarah e acenou para Alice e Marlene, decididamente desconcertado.

– Frank, a Bella subiu agora há pouco para tomar banho. – contou Sarah. – Você não quer subir e tomar banho com ela?

Alice depositou a travessa com as batatas cozidas sobre a mesa, fingindo não ouvir. Marlene correu voltar para a cozinha para apanhar os pratos, os últimos itens faltantes para completar a disposição da mesa.

– Eu acho melhor voltar outra hora. – Frank respondeu.

Alice desejou profundamente poder ter visto a expressão dele naquele momento, mas achou melhor continuar distribuindo os talheres pela mesa.

– Mas você não veio para jantar? – Sarah perguntou.

– Eu vim, mas não tem problema, eu posso jantar em casa e–

– Oh, não, por favor, fique. – Sarah pediu, com um tom de gentileza forçado. – Bella vai ficar muito chateada se souber que você veio até aqui e resolveu ir embora. – ela pigarreou e continuou: – Alice, você poderia pegar mais um prato para o Frank? Acho que a Bella esqueceu de te avisar de que ele viria jantar aqui.

Alice olhou-a por cima do ombro e confirmou com a cabeça. Frank mantinha o olhar baixo, absolutamente constrangido.

– Mas é claro. – ela se esforçou para parecer simpática.

E então, Alice retornou à cozinha. Marlene estava lá, roendo as unhas, ansiosa.

– Alice, isso não tem cabimento–

– Não tem problema, Marlene. Eu já me acostumei. – Alice a interrompeu, pegando mais um prato e um par de talheres. – Ele namora a Bellatrix agora, então esse tipo de coisa vai ter que acontecer o tempo todo.

Assim que terminaram de pegar tudo, as duas voltaram à sala. Sarah e Frank já haviam se sentado à mesa e ela começou a tagarelar ininterruptamente, talvez para não permitir que o silêncio desconfortável entre Alice e Frank dominasse o ambiente.

Bellatrix desceu as escadas poucos segundos depois, com os cabelos negros enrolados em um coque impecável e exalando um perfume forte. Ela cumprimentou Frank com um beijo e se sentou ao lado dele, sorrindo. Alice tratou de se ocupar com seu próprio prato, que subitamente tornara-se muito interessante.

O jantar teria se passado em silêncio se não fosse pela tagarelice de Sarah. Marlene não parava de lançar olhares inseguros para Alice, mas ela não se atreveu levantar os olhos e encarar a cena que estava estampada diante dela. Queria terminar de comer o mais rápido possível para poder sair dali o quanto antes.

– ... E então a bebida acabou, foi horrível. – Sarah narrava. – Nunca mais vou a uma festa do pessoal de odonto. Além de muito desorganizadas, as festas também são muito mal frequentadas.

– Falando nisso, eu e os caras da Whisky de Fogo vamos dar uma festa nesse final de semana. – Frank disse algo pela primeira vez. – Todas vocês estão convidadas, claro.

– Que ótima notícia! – Sarah abriu um enorme sorriso. – Posso levar um cara?

– Claro que pode.

Alice quis acrescentar que provavelmente o rapaz ao qual Sarah se referia estaria acompanhado de Lily. Mas achou melhor se manter calada.

– Eu sei que a Helena é um caso perdido, mas ela não vai jantar? – Bellatrix perguntou, notando que o lugar da colega estava vazio.

– Acho que não. – Marlene respondeu.

– Não me digam que ela está em crise de novo. – Bellatrix rolou os olhos. – Meu Deus, não sei como vocês aguentam dividir um quarto com ela.

– Meninas, acho que nós deveríamos nos unir. – Sarah voltou a falar, muito séria. – Helena não sabe viver em comunidade e nós não somos obrigadas a aguentar isso, não concordam? O que vocês acham de nós...

Sarah voltou a tagarelar, agora sobre o que deveriam fazer para tirar Helena da república. Alice terminou de comer ao mesmo tempo que os demais, embora tivesse se esforçado para terminar antes. Ela imediatamente começou a recolher os pratos, a fim de arranjar um motivo convincente para poder sair dali e voltar à cozinha, já que ir para seu quarto estava fora de cogitação.

Marlene rapidamente se prontificou a ajudá-la e Frank, para a surpresa das duas, fez o mesmo. Sarah subiu para seu quarto e Bellatrix se jogou no sofá e ligou a televisão, convidando Frank a se juntar a ela.

– Eu já vou. – ele respondeu, colocando o último prato sobre a pilha.

Frank também ajudou Alice e Marlene a levarem todas as sobras de volta à cozinha. De repente, o som de uma porta batendo pôde ser ouvido, proveniente do andar superior.

– Eu vou ver o que aconteceu. – Marlene falou, olhando para o teto e deixando os copos que trazia sobre a pia. – Acho que a Sarah foi provocar a Helena, como sempre.

Ela saiu da cozinha, deixando Frank e Alice sozinhos. Ele colocou a pilha de pratos sobre a bancada, mas não se mexeu. Alice manteve os olhos baixos, implorando mentalmente para que ele fosse embora. Não era possível que não houvesse um único lugar dentro de sua própria casa em que ela pudesse ficar à vontade.

– Alice? – ele a chamou, em voz baixa.

Ela se virou lentamente.

– Sim?

– Você também está convidada para ir lá em casa, nesse final de semana.

Alice parou um segundo para pensar.

– Posso levar o Gideon?

– Gideon? Da minha sala?

– Sim. – Alice franziu o cenho, como se não estivesse entendendo os motivos para a perplexidade dele.

– Vocês estão saindo?

Não. Não estavam. Na verdade, Alice havia acabado de se lembrar do rapaz. Lembrou-se, inclusive, de que fazia semanas desde que haviam se falado pela última vez. Mas aqueles eram meros detalhes que não importavam naquele momento.

– Estamos. – Alice mentiu.

Frank abriu um sorriso fraco.

– Tudo bem, então. Vá e leve ele.

– FRANK? – Bellatrix o chamou da sala.

Frank pareceu se assustar com o chamado, como se tivesse acabado de acordar de um susto. Ele balançou a cabeça, acenou para Alice e saiu do aposento. Ela suspirou e enterrou o rosto entre as mãos, esperando que aquela noite terrível acabasse logo.

–--

A tão esperada sexta-feira finalmente chegou. Aquela manhã se arrastou de forma lenta e Lily passou a aula inteira perguntando à Alice sobre o que iria acontecer mais tarde. Mas Alice apenas desconversou e abriu um sorrisinho maldoso, deixando Lily ainda mais curiosa.

Lily chegou em casa no fim da tarde, acompanhada de Potter. Abriu a porta da sala esperando encontrar as amigas com a misteriosa surpresa. Mas a casa estava vazia. Potter se dirigiu diretamente para a cozinha, enquanto Lily se sentava no sofá, decepcionada. O que as amigas estavam lhe escondendo, afinal? Será que haviam se esquecido? Será que Alice mentira sobre a data para que Lily não desconfiasse de mais nada?

– Evans, tem um recado aqui para você!

Lily se colocou de pé no mesmo instante e correu para a cozinha. Potter apontou a porta da geladeira e ela encontrou um papel rasgado, fixado sob um ímã, preenchido com a letra de Lorens.

Lily, por favor, não saia de jeito nenhum. Quando eu e Anita chegarmos, você vai entender.

P.S. Espero que você não nos mate.

Encontrar aquele bilhete apenas atiçara ainda mais sua curiosidade. Aonde as amigas teriam ido? O que ela iria entender? Por que ela não podia sair? Lily simplesmente não poderia estar mais inquieta do que estava naquele momento. Guardou o papel no bolso da calça jeans, ainda absorta em questionamentos.

– Anita e Lorens vão demorar para voltar? – a voz de Potter soou atrás dela.

Lily chacoalhou os ombros.

– Acho que sim, não sei. Sirius e Remus estão lá em cima, ou ainda não chegaram?

– Sirius saiu com Marlene e Remus foi encontrar Helena. – Potter apoiou o quadril na bancada, ao lado de Lily. – Estamos sozinhos.

Eles estavam sozinhos. Lily se deu conta de que não ficavam completamente sozinhos desde o final de semana em Oxford. Potter olhava fixamente para ela, como se estivesse tentando ler seus pensamentos. Nas últimas semanas, Lily tivera aquela mesma impressão sempre que percebia que Potter a estava observando. O olhar de deboche que ele costumava ostentar claramente desaparecera depois da conversa séria que tiveram após a visita de Narcissa. Agora, o olhar de Potter era decididamente interessado.

Mas em quê ele possivelmente estaria interessado? Lily balançou a cabeça, tentando afastar aquele pensamento infundado.

– E aí, qual é a sua programação para hoje à noite? – Potter perguntou, quebrando o silêncio.

Lily colocou uma mecha da franja atrás da orelha, pensativa.

– Tenho dois artigos para ler para segunda-feira, pensei em fazer isso hoje. – ela respondeu. – E a sua?

– Ora, pelo amor de Deus, Evans, hoje é sexta-feira! – Potter riu. – Bom, eu ainda não tinha nada planejado. – ele se endireitou, deixando de se apoiar na bancada. – Mas já que estamos sozinhos, podíamos fazer alguma coisa juntos. O que acha?

Ela arqueou uma sobrancelha.

– Que tipo de coisa? – Lily sentiu suas bochechas esquentarem e deu um passo para trás. – S-sair?

– Se você quiser, sim. Senão, podemos pedir comida e assistir a um filme aqui mesmo. – Potter sugeriu, de forma descontraída. Mas lá no fundo, Lily pôde captar um traço quase imperceptível de nervosismo em sua expressão.

Lily percebeu que seus batimentos cardíacos estavam desesperadamente acelerados. O que aquela sugestão poderia significar? Antes de irem à Oxford, Potter dissera-lhe abertamente que estava disposto a fazer com que ela mudasse sua opinião a respeito dele. E, de fato, os últimos acontecimentos fizeram com que Lily pudesse conhecê-lo melhor e descobrir suas inúmeras qualidades. Mas será que aquela era a única intenção de Potter por trás de tudo? Será que ele realmente estaria interessado nela? Verdadeiramente interessado?

– Bom, eu... – Lily começou a responder, sem saber muito bem o que deveria dizer. – Eu vou ler um dos artigos e depois podemos, hum... Podemos ver um filme. Pode ser?

– Claro que sim. – Potter piscou com um olho só e abriu um sorriso. – Bom, então vou tomar banho. Me avise quando terminar de ler, ok?

– Ok. – Lily concordou rapidamente.

Em seguida, Potter andou até a porta da cozinha e, antes de sair, lançou-lhe um olhar demorado. Quando os passos dele desapareceram escada acima, Lily desabou sobre uma cadeira, levando a mão direita ao peito. Céus, o que iria acontecer naquela noite? O que Potter esperava daquele encontro? Aquilo seria, no fim das contas, um encontro?

De repente, tudo fez sentido para Lily. Lembrou-se das amigas, que haviam saído, e percebeu que poderia ser coincidência demais que Sirius e Remus também não estivessem em casa. Será que Anita, Lorens e Alice haviam dado um jeito para deixar Lily e Potter sozinhos? Será que suas amigas haviam lhe arranjado um encontro com James Potter?

Ainda um tanto atordoada, Lily desistiu de tentar adivinhar e decidiu subir.

Mas Lily não conseguiu ler artigo algum. Depois que entrou em seu quarto, ela pegou o celular para escrever uma mensagem para as amigas e percebeu que suas mãos estavam tremendo. Perguntou a elas que horas voltariam. E, conforme Lily já esperava, nenhuma das amigas lhe respondeu, embora tivessem visualizado sua mensagem.

Diante de toda aquela situação, Lily resolveu continuar no quarto durante o tempo em que demoraria para ler o artigo. Normalmente, ela levaria por volta de quarenta minutos para terminar a leitura, portanto, Lily resolveu aproveitar aquele tempo para se preparar psicologicamente para o que viria a seguir. Respirou fundo três vezes. E se Potter tentasse alguma coisa? Será que daria certo? Aliás, por que ela estava se sentindo tão nervosa?

Mas antes que Lily pudesse terminar aquele raciocínio e chegar a uma conclusão um tanto óbvia, Anita e Lorens surgiram à porta do quarto, escondendo precariamente algumas sacolas de compras atrás das costas.

– Oi, Lily! – as duas a cumprimentaram, sorrindo de orelha a orelha.

– Mas vocês já chegaram? Onde é que vocês estavam? – Lily se levantou da cama, olhando-as severamente.

– Estávamos fazendo compras, querida! – Anita respondeu.

– Compras? Então tudo isso não era para eu ficar sozinha com o Potter?

– Como assim? – Lorens fechou o sorriso, sem entender.

– Sirius e o Remus também não estão, então percebi que eu e Potter estávamos sozinhos e pensei que–

– Não, Lily, nós saímos para comprar uma roupa para você! – Anita explicou. – Daquela vez em que saímos para fazer compras, você comprou livros, não se lembra? E cá entre nós, você está precisando de umas coisinhas novas.

– Então a surpresa eram... roupas novas? – Lily não não conseguiu esconder a decepção em sua voz.

Lorens riu alto e esticou a mão com as sacolas. Lily as apanhou, ainda sem entender.

– Claro que não, Lily! – Lorens exclamou, entre risos. – Essa é só a primeira parte do plano!

Plano? – Lily realmente não estava entendendo.

– Você tem um encontro às nove horas, se apresse! – Anita interveio e começou a empurrar Lily pelos ombros na direção do banheiro. – Você não vai querer deixar ele esperando, não é?

Lily imediatamente pensou em Potter.

– Um encontro? Com quem?

– Com o Louis, Lily, quem mais seria?

–--

Lily ficou os primeiros cinco minutos debaixo do chuveiro sem mexer um músculo, apenas sentindo o jato forte de água bater em seus ombros. O caos completo havia se instalado em sua mente. O que ela deveria fazer? Obviamente, ela e Louis haviam se aproximado após a festa de Halloween e sair com ele definitivamente estava em seus planos até então. Até uma hora antes.

Até o momento em que se dera conta de que James Potter havia mudado, como ela havia lhe pedido algumas semanas antes. Até o momento em que se dera conta de que ele estava tomando o maior cuidado do mundo para ter uma chance com ela, seguindo à risca todos os conselhos que ela lhe dera.

Lily saiu do banho e encontrou Anita separando todos os seus muitos pares de sapatos no chão do quarto.

– Lily, você tem que ir de salto alto. Eu tenho esse preto, que combinaria perfeitamente com o vestido que compramos; mas tenho também aquele marrom, está vendo? Então, ele ficaria ótimo...

Mas Lily não estava conseguindo se concentrar em nada e permitiu que Anita escolhesse qualquer um para ela. Anita sorriu e voltou a olhar para os sapatos com atenção, enquanto Lily colocava o vestido cinza escuro que havia ganhado. Em seguida, a ruiva correu secar os cabelos, com a ajuda de Lorens.

Lily só ficara pronta poucos minutos antes das nove. Saiu de seu quarto, deixando as amigas especulando sonhadoramente sobre como seria seu encontro, e atravessou o corredor. Bateu na porta do quarto masculino, mas ninguém respondeu. Será que Potter dormira depois de tanto esperar?

Mas Lily descobriu que Potter não havia desistido e ido dormir. Pelo contrário. Quando ela terminou de descer os degraus da escada, ele se levantou do sofá e virou a cabeça na sua direção. O sorriso que ele abriu foi tão grande quanto o aperto que Lily sentiu em seu peito.

Wow. – fez ele, contornando o estofado e andando até ela, olhando-a de cima abaixo. – Você disse que iríamos ver um filme, eu não achei que precisasse me arrumar tanto. – ele apontou para a camisa de um time de futebol que estava trajando. Lily abriu a boca para começar a se explicar, mas ele continuou: – Você está linda, Lily.

– James. – ela o chamou pelo primeiro nome, sem perceber. – Houve um imprevisto. Eu... – ela viu o sorriso dele se desmanchar. – Eu vou sair com Louis.

Ele demorou alguns instantes para absorver a informação.

– O quê?

– Anita e Lorens marcaram tudo com ele, sem me avisar. – Lily apressou-se em explicar, mordendo o lábio inferior. – Eu só soube agora, quando elas chegaram. – ela respirou fundo, procurando os olhos dele com os seus. – James, me desculpe.

Os maxilares de James pulsaram algumas vezes, mas ele não disse nada. Após alguns segundos em silêncio, Lily sentiu o celular vibrar. Era uma mensagem de Louis, avisando-a de que já estava esperando por ela em seu carro, em frente à república.

– Eu tenho que ir. – Lily disse, guardando o celular de volta na bolsa.

– Tudo bem. – James disse, por fim. Sua voz estava um pouco falha e ele não levantou os olhos do chão quando ela passou por ele.

Lily começou a andar na direção da porta, olhando-o por cima do ombro. Contudo, quando tocou na maçaneta, pensou em não sair. Cogitou, por alguns instantes, a ideia de ficar e assistir a um filme com James. Mas não parecia sensato. Por que ela trocaria a segurança de reatar o namoro com Louis, por um encontro com James Potter que poderia lhe render apenas alguns amassos e o eterno desconforto por ter de conviver com ele depois que terminassem?

Lily não podia errar.

– Boa noite, James.

– Boa noite, Evans.

Mas ela errou.

–--

Quando Sirius voltou para a república, acompanhado de Marlene, encontrou James jogando snooker sozinho. O amigo sequer parecera reparar em sua chegada: estava concentrado demais calculando o ângulo para encaçapar uma bola particularmente difícil.

Sirius esperou que James terminasse a jogada para indagar:

– James, você pode dormir aqui na sala hoje?

James confirmou com a cabeça, sem tirar os olhos da disposição das bolas sobre a mesa.

– Posso, claro.

– Não se esqueça de avisar o Remus.

Sirius tomou Marlene pela mão e os dois subiram para o andar superior. Antes de fechar a porta, porém, Sirius arrancou os tênis, puxou uma das meias e revestiu a maçaneta do lado externo com ela.

–--

Ao cerrar a porta atrás de si, Sirius conduziu Marlene diretamente para sua cama. Pouco tempo depois, ela já podia sentir a mão quente dele apertar sua coxa e o corpo dele pesar sobre o seu. Mas eles precisavam conversar, não podiam mais adiar aquilo. Sirius começou a subir sua saia de modo propositalmente lento e, antes que qualquer possibilidade de interromper o que estavam fazendo desaparecesse por completo, Marlene decidiu finalizar o beijo. Em seguida, ela afastou um pouco o rosto para poder encarar os olhos excitados de Sirius.

– Nós precisamos conversar.

E então, Marlene se sentou na cama, respirando fundo.

– Mas agora? – Sirius sentou ao seu lado e começou a beijar seu pescoço.

Sim.

Sirius se interrompeu e a olhou, aparentemente intrigado.

– Então diga, querida.

Marlene pigarreou, procurando as melhores palavras para se expressar.

– Bom, ontem eu discuti com a Helena de novo. – suspirou, aborrecida. – Eu não sei mais o que pensar, Sirius.

– O que foi que ela disse dessa vez? - Sirius rolou os olhos, demonstrando cansaço.

– Ela me disse que você saiu com Elisabeth Weiss, depois do treino, mais uma vez.

O rosto de Sirius foi tomado por uma expressão de completa surpresa, o que momentaneamente deixou Marlene aliviada.

– Sua amiga me odeia, você sabe disso, não é? – ele perguntou, unindo as sobrancelhas no centro da testa, receoso.

– Sirius, ela não insistiria tanto nesse assunto só porque não gosta de você. – Marlene alegou. – Seja sincero comigo, por favor. Você saiu com essa garota?

Sirius se ajeitou em seu lugar e voltou a olhar para ela, semicerrando os olhos.

– Eu saí com a Weiss algumas vezes, há um tempo. E ontem nós ficamos conversando depois do treino. Ela faz parte do time feminino de futebol e estava treinando na quadra ao lado. Foi só isso.

– Mas a Helena disse que viu vocês-

– Que nos viu saindo juntos? – Sirius abriu um sorriso compreensivo. – Sim, nós saímos juntos, Lene. Eu saí do Centro Esportivo com a Weiss, mas isso não significa que qualquer coisa tenha acontecido, nós nos despedimos nos portões de Hogwarts e cada um foi para um lado.

Marlene finalmente voltou a respirar.

– Helena não confia nos homens, Sirius. – Marlene explicou, notavelmente mais aliviada. – Mas ela nunca implicou tanto com qualquer outro namorado que eu–

Mas a morena se interrompeu. Não acredito que eu disse essa maldita palavra, ela pensou, voltando a se desesperar. Sirius tinha um olhar desconcertado.

– Olha, Lene, eu já te expliquei que nós não estamos namorando, não expliquei?

– Ok, Sirius. Desculpe. Eu sei que você tem pavor dessa palavra. Escapou. – Marlene rapidamente tentou reparar o erro.

E então, com um sorriso misterioso se abrindo no canto de sua boca, Sirius se reaproximou de Marlene e beijou seus lábios. O beijo começou lento, aparentemente inofensivo, até que o rapaz afundou os dedos entre seus cabelos e os fechou com força, puxando os fios de modo lascivo. Sem soltar retirar as mãos dali, ele voltou a deitá-la na cama, a fim de continuarem do ponto no qual Marlene os havia interrompido.

Poucos segundos depois, ela teve certeza de que parara tudo na hora certa. Afinal, Marlene certamente não teria conseguido reunir forças para fazê-lo se tivesse esperado que Sirius começasse a usar suas mãos e seus dedos mágicos, como ele passara a fazer logo que voltara a se deitar sobre ela.

–--

James achou que o desfecho daquela noite não poderia piorar, mas ele se enganou. Além de ter sido deixado para trás por Evans e ter sido obrigado a passar a noite no sofá, ele também não estava conseguindo dormir. No sofá perpendicular ao seu, Remus jazia adormecido, de bruços, havia muito tempo. James consultou o relógio do celular e percebeu que já estava deitado havia duas horas e sono era a última coisa que estava sentindo.

E então, ele ouviu um carro estacionar, muito possivelmente em frente à república. James instantaneamente pensou em Evans. Amaldiçoou-se por isso, mas não conseguiu evitar: levantou-se, apanhou os óculos e foi até a janela para espionar.

Muito lentamente, James abriu uma pequena fresta na cortina. Viu Evans sair de um carro preto e fechar a porta. Renoir não demorou para fazer o mesmo; ele contornou o veículo e parou ao lado de Evans, na calçada. Os dois conversavam baixinho, um de frente para o outro e James nunca desejou tanto poder ouvir o que diziam.

De repente, Evans começou a rir de algo que Renoir lhe dissera, próximo ao seu ouvido. James conhecia aquele riso muito bem e, por conta disso, vê-la exalando aquela alegria para outra pessoa provocou-lhe uma sensação de grave desconforto. Evans havia rido para ele daquele jeito apenas uma única vez, quando estavam no ônibus do Fórum, voltando da convenção.

Renoir colocou as mãos na cintura de Evans e a trouxe para perto. No segundo seguinte, James sentiu seu estômago naufragar dolorosamente.

Ele não quis terminar de ver os dois se beijarem. Afastou-se da janela e voltou a se jogar no sofá. Deitou-se com as costas viradas para a porta e esperou. Evans não demorou para entrar em casa. Ela trancou a porta da forma mais silenciosa possível e tirou os sapatos de salto alto para poder atravessar a sala e subir as escadas sem fazer barulho.

Enquanto ouvia-a se afastar na direção do andar de cima, James só tinha um desejo: esquecer.


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Notas finais do capítulo

Oi, gente! E aí, como vocês estão?

Pois é... Dessa vez não teve muita comédia e o final não foi tão feliz... Mas o que será que James vai fazer? Como será que foi o encontro da Lily? Me contem o que acharam, ficarei muito feliz! ♥

Obrigada por todos os comentários e recomendações até agora, vocês são incríveis!!

Muitos beijos e um ótimo fim de semana,
Carol Lair (@carollairr)