República Evans escrita por Carol Lair


Capítulo 19
O Coquetel




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Capítulo 19 – O Coquetel

James terminou de fazer o laço em sua gravata e sorriu para seu próprio reflexo no espelho. Ele trajava um terno preto que certamente deixaria sua mãe orgulhosa. Enquanto ajustava o paletó, o barulho da maçaneta do banheiro girando o despertou para a realidade. James virou-se para olhar e se deparou com Evans num vestido azul escuro e longo, de cetim, com mangas rendadas. Seus cabelos acaju estavam presos no alto da cabeça e seus olhos verdes estavam chamando ainda mais atenção com o contorno escuro do delineador.

Ela estava simplesmente estonteante. James pensou em dizer-lhe aquilo na mesma hora, mas não o fez. Aquilo poderia fazê-la se esquivar.

– Evans, por acaso você arrumou o quarto enquanto eu estava no banho?

– Hum... Sim. – ela abaixou o olhar, corando. – Não aguentei.

– Mas isso aqui é um hotel! Existem camareiros, já ouviu falar?

Evans suspirou e se sentou sobre a cama para calçar um par de sapatos pretos. James reparou que os saltos eram enormes. Reparou, também, que Evans ficara absolutamente incrível com eles.

– Eu sei, eu sei. Mas eu estava entediada. – ela se explicou, colocando-se de pé.

James a olhava, estagnado.

– Bom... Vamos? – ele indagou, balançando a cabeça.

Evans assentiu.

Em seguida, os dois saíram do quarto juntos e James repentinamente flagrou-se sem palavras para iniciar um diálogo com ela. Ocorreu-lhe, então que, embora morasse com Lily Evans havia quase três meses, ele nunca tinha ficado tão próximo dela como estivera naqueles últimos dois dias. Normalmente, quando chegavam do trabalho, Evans sempre ia para seu quarto estudar ou arranjava alguma coisa para limpar, mantendo-se sempre ocupada. E, aos finais de semana, James raramente ficava em casa, portanto, eles mal se encontravam.

E mesmo que trabalhasse com Evans lado a lado, havia dias em que ela simplesmente não parava na sala que dividiam. Mas sempre que ela estava lá, James inevitavelmente observava o perfeccionismo com o qual ela fazia questão de executar toda as suas tarefas. E tal preocupação com o trabalho despertou nele um imenso interesse. Por que Evans se dedicava tanto a um estágio que sequer lhe oferecia uma garantia de efetivação? Por que ela era tão exigente consigo mesma?

O fato era que Lily Evans o intrigava demais. A princípio, ela chamou-lhe a atenção pelo modo formal com o qual o tratara nos primeiros dias. Mas depois que pôde conhecê-la melhor, todos os aspectos peculiares de sua personalidade passaram a despertar ainda mais seu interesse. E exatamente por ter se dado conta daquilo, nos breves instantes em que estiveram em silêncio no elevador, James ficara sem palavras.

O salão de festas do hotel tinha o teto todo ornamentado com gesso e grandes lustres de cristal. Todos os conhecidos advogados, promotores e juízes do Fórum estavam ali, conversando e bebendo champagne.

– Bom, eu vou ver se tem algo sem carne no buffet. – Evans anunciou, quebrando o silêncio incômodo, assim que adentraram o salão. – Já volto.

Ela começou a se afastar e James permaneceu olhando-a de costas, ainda um pouco entorpecido pela intensidade de seus pensamentos. Emmeline Vance surgiu ao seu lado e ele sequer notou.

– E aí, James!

– Hey.

Um garçom passou trazendo uma bandeja com algumas taças. James pegou uma para si e uma para Emmeline.

– Finalmente você apareceu, essa festa está uma chatice, só tem gente velha. – Emmeline comentou, bebericando a champagne.

James olhou para um grupo de promotores mais adiante. Todos certamente tinham mais de cinquenta anos. Havia uma velha pianista no fundo do salão e a música lenta que ela produzia parecia confirmar o que Emmeline dissera.

– É, você tem razão. – ele falou, sorrindo pelo canto da boca, ainda varrendo o salão com os olhos.

– E o que fazer numa hora como essa? – Emmeline indagou, suspirando. – Rezar para acabar logo?

– Bem, nessas horas eu bebo.

– Ah, sim. – ela sorriu, erguendo sua bebida. – Essa já é a quarta taça.

– E há quanto tempo você está aqui?

Emmeline riu.

– Não faço ideia. – ela chacoalhou os ombros. – Só sei que Moody e Bones me alugaram por mais de meia hora. Sabe qual era o assunto? As novas emendas do Partido Conservador. Eu não mereço isso em pleno sábado à noite, não é?

James teve de concordar com ela.

– Definitivamente, não.

– Então me entretenha, James. Não vamos deixar que nenhum desses chatos se aproximem de nós!

Antes que pudesse lhe devolver uma resposta bem humorada, James avistou Evans se aproximando. Reparou que ela assumira uma involuntária expressão surpresa ao perceber que Emmeline estava cheia de sorrisos para ele. Em seguida, uma advogada interrompeu sua caminhada, chamando-a para apresentá-la a um grupo de pessoas e obrigando-a a desviar a atenção dos dois. Subitamente, James sentiu-se um pouco desconfortável. O que ela poderia ter pensado?

– O que acha? – falava Emmeline. – Será que sentiriam nossa falta?

– Como?

– Se saíssemos de fininho. – ela repetiu, num tom maroto. – E fôssemos para outro lugar. Será que sentiriam nossa falta?

James a olhou pelo canto do olho. Percebeu, então, que Emmeline talvez estivesse flertando com ele, provavelmente incentivada pela quantidade de champagne que havia ingerido. Imediatamente, voltou seus olhos para Evans, que ouvia atentamente o que a advogada tinha a lhe dizer. Em seguida, lembrou-se de que fazia algumas semanas desde que saíra com uma mulher pela última vez. Mais precisamente, desde que começara a investir em Evans de verdade, depois da festa de Halloween. Sentiu-se intimamente tentado a tomar uma atitude.

Mas ele se lembrou de que havia conseguido fazer Lily Evans rir pela primeira vez, poucas horas antes. Pôde ouvir o som de seu riso ecoando em sua memória. Foi então que James soube que a queria de verdade. Foi só então que compreendeu: ele estava apaixonado por Lily Evans.

– Acho melhor ficarmos, Emmeline. – James concluiu.

Emmeline franziu a testa.

– Tem certeza?

Ela colocou a mão em seu peito e passou os dedos por seu paletó.

– Absoluta. – ele respondeu, olhando dentro de seus olhos azuis.

– Ok. – Emmeline concordou rapidamente, abaixando a mão, um pouco constrangida. – Bom. – ela pigarreou, sem jeito. – Eu vou ao toalete, com licença.

–--

Quando Lily se dera conta de que Potter estava flertando com Emmeline Vance, ela estacou. De repente, uma advogada simpática da vara trabalhista surgiu diante dela e a convidou a se aproximar, sem imaginar que a estava salvando de uma situação horrivelmente embaraçosa. Lily rapidamente afastou Potter e sua cafajestice de seus pensamentos e aceitou seu convite. Os participantes da roda iniciaram uma discussão a respeito do discurso que o Juiz Dumbledore fizera na convenção, mais cedo naquele dia, e Lily mergulhou na conversa por completo.

Pouco depois, o advogado famoso com quem ela estivera conversando ao final da convenção, Goldfinch, também se aproximou e entrou no debate, que agora girava em torno da crise econômica da União Europeia. Lily se impressionou com a retórica bem desenvolvida do homem. Goldfinch não demorou a convencer as demais pessoas de que seu argumento era o mais bem fundamentado, até mesmo Lily se viu convencida de que as medidas recessivas impostas pela União poderiam resolver o problema.

Outras pessoas se aproximaram e algumas se afastaram para falar com alguém que estava passando por ali. Não demorou muito para que a roda fosse se desfazendo aos poucos.

– Vamos nos sentar, Srta. Evans. – Goldfinch disse, apontando para uma mesa vazia. – Fiquei muito interessado em seus planos, mais cedo. Acho que temos tempo para conversar agora.

Os dois se acomodaram, um de frente para o outro, enquanto Lily dizia:

– Pretendo escrever sobre os furos das leis de controle de exportação em minha monografia.

– Quer trabalhar com isso depois da faculdade? – perguntou ele, animado, coçando a barba grisalha.

– Ah, não... Pretendo ser juíza.

Goldfinch sorriu.

– Isso vai ser fácil para você.

– Não vou me iludir pensando assim. – Lily suspirou. – Mas é meu sonho e eu vou me esforçar muito para conseguir.

– Eu estou falando sério. – o homem reforçou, sério. – As coisas podem ser muito, muito fáceis para você.

Goldfinch chamou um garçom e pegou duas taças de sua bandeja, oferecendo uma para a ruiva.

– O-obrigada. – Lily agradeceu, ainda tentando entender o que ele quisera dizer.

– Você tem ideias interessantes, Srta. Evans. Sou advogado há vinte e sete anos, já trabalhei com todo o tipo de gente, você deve imaginar. Mas nunca conheci alguém que tivesse ideias como as suas. Principalmente alguém tão jovem como você.

– Obrigada, Dr. Goldfinch.

– Ah, me chame de Alfred.

Lily forçou um sorriso sem graça. De qualquer forma, não se sentia à vontade para chamá-lo pelo primeiro nome. Lily tinha sérios problemas com primeiros nomes. Aquilo a fez se lembrar de Potter. Onde ele estaria naquele momento? Aos beijos com Vance, no banheiro? Agarrando-a em cima de sua cama?

– ...e até o Primeiro Ministro já me disse isso uma vez, Lily. – Goldfinch havia começado a chamá-la de Lily, sem que ela tivesse lhe dado a permissão. – Eu posso ganhar várias causas somente com a firmeza do olhar. Se você observar bem o tipo de pessoa que tem no júri e usar as palavras certas, a causa é sua.

– Quando eu for juíza, vou observar minuciosamente os advogados com firmeza no olhar para não cair nessa. – Lily respondeu, enquanto esgueirava o pescoço disfarçadamente para tentar localizar Potter mais adiante. Não havia nenhum sinal dele por perto.

Goldfinch riu e passou a mão pelas entradas calvas da testa. Em seguida, arrastou o braço sobre a mesa e tocou na mão de Lily, que não escondeu sua surpresa. O que ele estava fazendo?

– Por que não começa agora, querida?

Antes que Lily pudesse se questionar a respeito da óbvia ambiguidade daquela pergunta, ela sentiu a perna roliça do homem roçar na sua, por debaixo na toalha da mesa. E então, ela compreendeu. Goldfinch estava propondo-lhe alguma coisa muito suja. Retirou sua mão debaixo da dele, sentindo seu coração começar a se acelerar.

– Acho que não.

– Lily, querida, você é tão jovem. Eu posso, num piscar de olhos, ajudar você a ser a mais bem sucedida advogada e, mais tarde, a mais conhecida juíza, quando você terminar de se formar. Como eu disse, as coisas podem ser bem fáceis para você.

– Ouça, eu–

– Não precisa responder agora, minha querida. – ele a interrompeu, diminuindo o tom de voz. Sua querida? Lily jamais sentira-se tão enojada. – Se mantivermos um contato próximo, se é que me entende, vou poder cumprir com minha promessa assim que você terminar a universidade. O que acha?

Àquela altura, Lily estava totalmente sem palavras. Sua vontade era a de se levantar, berrar-lhe todos os xingamentos que conhecia e ir embora. Mas ela simplesmente não podia fazer aquilo, não naquele salão bem decorado, não ao som daquele solo de piano, rodeada por todos os principais funcionários do Fórum. Além do mais, quem era ela perto de um homem tão importante como Alfred Goldfinch? Em quem acreditariam, caso ela o delatasse?

Era preciso respirar fundo e erguer a cabeça. Seja firme, mais tarde você desconta no esfregão.

– Doutor Goldfinch. – ela começou, procurando manter sua voz firme. – Eu posso conseguir sucesso na minha carreira com meus próprios esforços, muito obrigada.

Ele riu, debochado.

– Bem, eu posso complicar ou facilitar as coisas pra você.

– E por que o senhor faria isso? Não acabou de dizer que minhas ideias são boas?

– E você acha que eu realmente dei ouvidos às suas ideias? Pelo amor de Deus, Evans. Você tem dezenove anos, não sabe de nada. – Goldfinch se inclinou para frente, voltando a ficar sério, como se estivesse perdendo a paciência. – Veja bem. Acho que você não entendeu. Eu posso transformar todos os seus projetos em realidade, posso transformar você em uma juíza famosa e também posso ajudá-la a ter tudo o que desejar. Como já lhe disse, você não precisa me responder agora. Mas lembre-se: qualquer pessoa na sua idade faria de tudo para ter essa chance. Eu não rejeitaria uma proposta como essa sem pensar duas vezes, ainda mais se fosse jovem como você. Pense bem, querida.

Depois de terminar de falar, Goldfinch se endireitou e a encarou, parecendo se divertir às custas de sua expressão perplexa. Lily ainda estava se obrigando a acreditar no absurdo que ouvira. Os olhos escuros dele brilhavam.

– Eu não preciso pensar. – Lily disse, tentando controlar ao máximo o volume de sua voz. Levantou-se, acrescentando: – Minha resposta é não. Com licença.

Lily deu meia volta e começou a se afastar. Detestou ter sido tão educada. Como ele ousava ser tão desrespeitoso? Ela sequer lhe dera liberdade para tal! Imaginou se todos os homens influentes que encontraria no meio jurídico fossem daquele jeito. Ainda totalmente transtornada, Lily abriu caminho por entre as pessoas e saiu do salão, buscando se afastar de Goldfinch e sua mesquinhez o mais depressa que pôde.

Ela apertou o botão do elevador milhares de vezes, impaciente. Sentia um misto de repulsa com raiva. Repulsa pela proposta que ele lhe fizera. Raiva por ter reagido de modo tão passivo. Como era horrível não poder ter gritado umas verdades para aquele machista! Era simplesmente revoltante e a sensação de impotência só crescia dentro de seu peito. E não ter ninguém com quem desabafar tornava tudo ainda mais difícil de lidar.

Dentro do elevador, Lily sentiu seus olhos marejarem duas vezes. Respirou fundo e não se permitiu chorar de raiva. Quando alcançou o quinto andar, correu para o quarto quinhentos e um e, antes de abrir a porta, lembrou-se de Potter. Será que havia alguma possibilidade de ele estar ali, com Emmeline Vance? Não, ele não teria coragem de levar a mulher para um quarto que estava dividindo com Lily, ainda mais sem avisá-la.

Lily abriu a porta e descobriu-se sozinha na suíte. Suspirou aliviada. Arrancou os sapatos de salto agulha e desabou sobre a cama. Passou a mão pelo rosto e tentou esquecer tudo o que acontecera naquela noite. Pensou em fazer a mala e tomar o primeiro trem direto para Londres. Mas imediatamente desistiu, uma vez que não queria que seus chefes achassem que ela havia feito pouco caso da convenção. Não queria decepcioná-los.

Tudo dera errado. Assim que se afastara de Potter para conferir o buffet, tudo o que aconteceu em seguida estava completamente fora de seus planos. Tanto a conversa com Goldfinch, quanto a atitude de Potter em relação à Vance. Ele não a havia convidado para ir ao coquetel com ele, afinal? Então por que resolvera flertar com outra? Qual era o problema de Lily? Por que ela só atraía homens daquele tipo?

Sem conseguir encontrar qualquer resposta para suas perguntas, Lily jogou-se de costas na cama e cerrou os olhos. E finalmente uma lágrima solitária escapou pelo canto de seu olho.

–--

James saiu do elevador e destrancou a porta do quarto. Evans se assustou com sua chegada, sentando-se imediatamente na cama, enquanto passava os dedos ao redor dos olhos. Ela não ergueu os olhos para olhá-lo. A visão de Evans encolhida daquela forma o devastou.

– O que aconteceu? – perguntou ele, cautelosamente.

Nada. – ela respondeu, tentando parecer bem.

James sabia que ela havia mentido. Ele vira como ela saíra enfurecida do coquetel. Sua expressão desnorteada foi o que despertou a atenção de James, afinal, por que Evans iria embora tão cedo do coquetel para o qual estivera tão ansiosa?

– Você quer enganar quem com essa?

Evans finalmente olhou para ele. Seus olhos estavam vermelhos.

– Eu estou bem.

James deu um passo à frente.

– Eu sei que não está.

– Potter, por favor, volte para a festa. Não quero conversar.

– Tudo bem, então eu vou me sentar ao seu lado e esperar até que você queira.

Sob o olhar reprovador da ruiva, James se sentou e aguardou. Ele sabia que Evans era extremamente teimosa e não falava sobre seus problemas com praticamente ninguém. Mas James também percebera que, por guardar tanta coisa apenas para si, Evans entregava-se a todos os seus TOC's, numa tentativa de aliviar sua ansiedade.

Passaram vários minutos em silêncio, até que alguém bateu na porta, fazendo com que os dois voltassem suas cabeças naquela direção. Evans saltou da cama e olhou para ele, aflita.

– Atenda, por favor. – ela pediu, num sussurro.

– Por quê?

Por favor. E se for... Qualquer pessoa procurando por mim, diga que não estou.

James não poderia recusar um pedido daqueles. Evans o olhou apreensiva quando bateram, mais uma vez. Ele se levantou e andou até a porta, enquanto ela entrava no banheiro. James se deparou com Goldfinch, o advogado famoso com quem falara mais cedo.

– Esse não é o quarto da Srta. Evans? – perguntou o homem, olhando-o desconfiado.

– É, sim. Mas nós estamos dividindo por engano da recepção. – James respondeu.

– Ela está? Gostaria de falar com ela.

– Não. Acho que ela ainda não subiu.

Goldfinch não parecera convencido. Olhou para James com um certo desdém e disse, por fim:

– Diga que eu quero conversar com ela mais tarde. – enfiou a mão no bolso interno do paletó. – Esse é meu cartão. Peça para que ela me ligue.

Após entregar seu cartão a James, o homem virou-lhe as costas e saiu. Quando voltou a fechar a porta, Evans retornou ao quarto, com uma expressão nitidamente aliviada.

– Obrigada. – ela agradeceu.

– O que ele queria com você? – James indagou, começando a suspeitar de algumas possibilidades. O que faria um homem como Goldfinch sair do coquetel para procurar por uma estagiária, que havia acabado de ir embora da festa? Como ele já havia percebido que ela deixara o salão, se haviam apenas dez minutos que ela havia subido?

– Potter, por favor

– O que foi que aconteceu, Evans? – James insistiu. – Por que esse cara está atrás de você? Por que você foi embora tão cedo do coquetel, sendo que não parou de falar disso a semana inteira?

Evans bufou, impaciente. Naquele momento, James imaginou que ela estivesse preparando um longo discurso sobre a necessidade de respeitar a privacidade alheia. Mas ele não estava se importando com nada daquilo. Algo havia acontecido bem debaixo de seu nariz e ele não serenaria seus pensamentos enquanto não soubesse o que havia sido.

– Potter, entenda, eu só gostaria de pensar e ficar um pouco sozinha. Você pode respeitar isso?

– Não, não posso, Evans. – ele respondeu, sério. Ela o olhou indignada, como se não acreditasse em sua insistência. James pendeu a cabeça para a esquerda e acrescentou, num tom amigável: – Se meus palpites estiverem corretos, então essa não foi uma das melhores cantadas que você já recebeu, não é?

Evans arregalou os olhos e se sentou na cama novamente, agora com as costas apoiadas na cabeceira. Diante da reação silenciosa e distanciadora dela, James concluiu:

– Acho que acertei.

Evans suspirou e passou as duas mãos pelo rosto, como se estivesse com a mente muito longe dali. James se aproximou e se sentou de frente para a ruiva, que manteve o olhar fixo em algum ponto atrás de sua cabeça. James notou que havia muita raiva em seus olhos: ele nunca a tinha visto tão enfurecida antes.

– O que ele te disse, Evans? – James continuou insistindo. Ele podia sentir que faltava pouco para que ela desabafasse.

E, novamente, ele estava certo.

– Aquele velho idiota acha que pode me comprar só porque é rico e influente! – Evans falou de uma vez.

Instantaneamente, James sentiu uma raiva descomunal por Goldfinch. Se ele soubesse do que havia acontecido antes do homem ter ido procurar por Evans, ele certamente o teria recepcionado de modo diferente. Ao mesmo tempo em que queria ficar ao lado de Evans para ouvir seu desabafo e oferecer-lhe apoio, James também sentia-se tentado a descer de volta ao salão para dar um soco muito forte na bochecha saliente daquele advogado.

– Evans, eu–

– E sabe do pior, Potter? Aquele machista ainda me prometeu uma carreira de sucesso! – ela riu, sem humor. – Como se eu fosse aceitar!

– Ah, mas tem muita gente que aceita.

Nem me fale. – ela continuou, no mesmo tom inconformado. – O pior de tudo mesmo foi que eu tinha contado alguns de meus projetos para ele, e depois ele disse que nem sequer deu ouvidos ao que eu contei. Então por que me fez perder tempo? Eu tenho cara de otária?

James tentou se controlar, mas não pôde segurar o riso. Imaginou Evans falando compenetradamente sobre suas teorias, enquanto Goldfich imaginava qual seria a melhor forma de passar a noite com ela.

– Não, Evans, você não tem cara de otária. – ele respondeu, voltando a se concentrar na conversa. Evans finalmente dirigiu-lhe o olhar, um pouco aborrecida. – Mas, infelizmente, tem muita gente que aceitaria uma coisa dessas. Talvez Goldfinch ache que toda mulher bonita e jovem esteja procurando um... Patrocínio.

– Não acredito que você esteja defendendo ele! – Evans vociferou, semicerrando os olhos.

– Não estou! – James se apressou em se explicar. – Eu quis dizer que ele provavelmente já encontrou muitas mulheres como você que aceitaram a proposta. Lógico que ele foi um idiota por achar que você fosse igual. – percebendo que ela ainda não estava totalmente satisfeita com a justificativa, acrescentou: – Você tem toda razão em estar com raiva dele, Evans. Aliás, eu também estou com raiva. Se você me pedir, eu desço lá agora e quebro a cara dele.

Numa atitude claramente desacreditada, Evans cruzou os braços e desviou os olhos.

– Você não é muito diferente dele, Potter.

James repetiu a sentença mentalmente por várias vezes até ter certeza de que ouvira direito.

– Como é que é? – ele balançou a cabeça. – Mas o que foi que eu fiz?

– Não aguentou ficar cinco minutos sozinho e já foi flertar com a Vance. – Evans foi direta ao ponto e James definitivamente não esperava ouvir aquilo.

Mais uma vez naquela noite, James se encontrou sem palavras. Mas Evans nitidamente estava esperando por uma resposta. James precisou desviar os olhos do olhar intimidante dela para conseguir formular alguma coisa.

– Eu não dei em cima dela, Lily. – James afirmou, voltando a fitar aqueles olhos verdes. Ele preferiu fazer uso de seu primeiro nome para transparecer mais segurança. Ele precisava que ela acreditasse nele. Evans piscou algumas vezes. – Eu estava conversando com ela normalmente quando você–

– Potter, você não me deve satisfações. – ela o interrompeu. – Não precisa se dar o trabalho de mentir. Eu vi como vocês dois estavam.

Ela deu em cima de mim, Lily. E eu declinei. – James abriu um sorriso leve e passou os dedos por seus cabelos. – Afinal, eu já estava acompanhado.

– Pelo amor de Deus, Potter. – Evans revirou os olhos. Mas a vermelhidão crescente de suas bochechas não lhe passou despercebido. – Se ela te deu um fora, sinto muito. Mas, como já falei, você não me deve satisfações.

– Eu não estou mentindo. – James assinalou, olhando-a com firmeza. Não podia demonstrar que havia captado ciúme no que ela dissera; ele sabia que Lily Evans jamais admitiria tal fato. – E sim, eu te devo satisfações. Eu te convidei para ir comigo ao coquetel, não convidei? Então. Só vou voltar a descer se você também for.

E por quê?

– Porque você é minha acompanhante.

Evans abaixou os olhos. Ficou olhando para as mãos sobre o colo por um tempo, pensativa. James daria de tudo para saber o que ela estava pensando.

– Você deveria voltar. Eu não estou disposta a olhar para a cara daquele babaca, mas você não tem nada a ver com isso. Talvez Vance ainda esteja lá e ainda dê tempo para mudar de ideia.

James riu.

– Pare com isso, Evans! – exclamou. Esforçando-se para voltar a ficar sério, James continuou: – Você jantou?

Não.

– Que tal uma pizza?

– De novo? – Evans perguntou, surpresa. James franziu a testa, em súplica. – Queijo?

– Mas é claro.

– Então talvez eu coma um pedaço.

James inclinou o tronco para frente para apanhar o telefone, que jazia sobre o criado-mudo ao lado da cama. Aquele movimento o fez ficar muito próximo dela. Mas ele não se deixou levar e rapidamente voltou à sua posição inicial. Evans continuou encarando-o interrogativamente, seu rosto corado deixando-a ainda mais bonita. Ele respirou fundo, falou com a recepcionista e fez seu pedido. Quando encerrou a ligação, anunciou:

– Vai demorar vinte minutos.

– Ótimo.

Jantaram a pizza, enquanto James fazia o possível para que não ficassem em silêncio. Primeiro, contou a Evans sobre a primeira vez que quebrara o braço, aos sete anos. Depois, contou-lhe sobre como quebrara os dois, aos dez. Por fim, narrou uma situação mais recente na qual Sirius tomara emprestada a moto do pai e quebrara uma perna ao sofrer um pequeno acidente envolvendo o atropelamento de um canteiro de flores, aos dezessete anos. James, que estava na garupa, saíra ileso.

– E o que o pai dele disse? – Evans quis saber antes de levar mais um pedaço de sua fatia à boca. Mais uma vez, ela estava usando talheres para comer a pizza.

James já havia notado que Evans nunca contava histórias como aquelas, sobre seu passado, sua adolescência e infância. Talvez precisasse ganhar um pouco mais sua confiança para que ela tomasse a iniciativa. Mas naquele momento, James já estava perfeitamente satisfeito só de vê-la bem depois da situação desconfortável pela qual passara no coquetel, portanto não exigiu nada.

– Nada. – respondeu. – Os pais do Sirius são bem ausentes, sabe? Ele vivia na minha casa, minha mãe costumava dizer que ele era como um filho para ela também.

– Ah, sim, faz sentido. Por isso ele é inconsequente desse jeito.

– Ele era pior quando éramos mais novos.

Terminaram a pizza e ficaram em silêncio. Em seguida, Evans se levantou e começou a recolher os pratos, como se pretendesse lavá-los, exatamente como havia feito na noite anterior.

– Camareiros, Evans. – James lembrou-a, mais uma vez.

– Ah, não. Eu preciso limpar alguma coisa. – ela lhe direcionou um olhar cansado. – Essa noite foi péssima e eu preciso limpar.

Foi então que James encontrou a oportunidade que estava procurando.

– De onde surgiu essa sua mania de limpeza?

Pois não?

– Se você responder, prometo não fazer nenhum comentário enquanto você lava os pratos. – James propôs, piscando com um olho só.

Evans refletiu por alguns segundos antes de voltar a se sentar.

– Ora, Potter, eu nasci desse jeito, não sei quando isso "surgiu". – fez uma pausa, pensativa. – Minha mãe é um pouco assim também. Quero dizer, minha mãe é muito assim. – Evans levou as mãos à boca, raciocinando. – Meu Deus. É tudo culpa da minha mãe!

James não pôde evitar uma breve risada diante de seu espanto.

– Você precisa aprender a extravasar sua ansiedade de outras formas.

– Potter, gostar de tudo limpo não tem nada a ver com ansiedade. – ela retorquiu. – Tem a ver com higiene.

– Então por que você precisa limpar quando tem um dia péssimo? – James indagou, usando as mesmas palavras que ela utilizara. Pela expressão desconcertada que ela assumira, ele soube que usara um argumento determinante naquela discussão.

Evans respirou sonoramente.

– Bom, vou tentar te explicar. Minha mãe é um pouco... rígida, digamos assim. E gosta de tudo muito organizado e limpo. Então uma das pouquíssimas formas de conseguir ser elogiada por ela era limpando bem alguma coisa. – ela explicou, pausadamente. James notou que o assunto não parecia ser tão fácil para ela; Evans mantinha os olhos baixos, como se fugisse de seu olhar. – Como minha mãe é um pouco fria e não é muito de conversar, eu encontrei na limpeza uma maneira de estabelecer um vínculo com ela. E encontrei na organização uma forma de ser reconhecida e elogiada por ela. – Evans abriu um sorriso fraco. – Mas admito que passei a vida inteira frustrada por não ter conseguido nenhum dos dois. Então eu acho que limpar e arrumar são duas coisas que preciso fazer quando me sinto desse jeito, sabe? Não que eu não goste de limpar, claro.

– Eu entendi o que você quis dizer. – afirmou ele, num tom ameno. Aquela havia sido a primeira vez que James ouvira Evans falar sobre algo pessoal. E ela mal imaginava o quanto aquela breve confissão fora esclarecedora para ele. Provavelmente aquilo também fosse a explicação para Evans ser tão dedicada aos estudos e ao trabalho.

– Aposto que está me achando louca. – ela quebrou o silêncio.

James riu.

– Claro que não.

– Então por que está me olhando desse jeito? – Evans parecia irritada.

– Porque, pela primeira vez, você me contou alguma coisa sobre você. – James respondeu, com sinceridade.

Evans rolou os olhos, como se não acreditasse no que ele havia dito. Ela voltou a se levantar e apanhou os pratos usados. E então, começou a caminhar para o banheiro.

– Cumpra sua promessa. – disse ela, sem se virar para olhá-lo. – Nenhuma palavra sobre isso.

James deitou-se na cama, rindo.

– Nenhuma palavra.

–--

Na manhã seguinte, quando Lily abriu os olhos, o quarto já havia sido invadido por intensos raios de sol. Por um segundo, ela havia até se esquecido de que estava no hotel, em Oxford. E, em poucas horas, ela finalmente voltaria para casa.

Espreguiçou-se demoradamente e virou o rosto. Arregalou os olhos na mesma hora. Potter estava dormindo ao seu lado. Ainda em choque, Lily se sentou na cama. Eles provavelmente haviam pegado no sono durante a conversa, no meio da madrugada.

Potter estava dormindo de bruços, num sono profundo. Usava a mesma camisa social da noite anterior e sua gravata jazia estendida pela cama, entre os dois.

– Potter!

Ele se mexeu sutilmente, mas não fez menção de abrir os olhos. Lily procurou saber que horas eram, mas seu celular estava sem bateria e ela se esquecera de colocá-lo para carregar antes de dormir. Aquilo a preocupou. Sem bateria, seu celular não iria soar o alarme que ela havia programado. E se tivessem perdido a hora?

Lily voltou a se virar para Potter e afastou uma mecha escura dos olhos dele.

James.

Ele abriu os olhos lentamente.

– E-Evans.

– Em primeiro lugar, por que você dormiu na minha cama? Nós tínhamos combinado outra coisa, não?

– Bom dia para você também, querida. – ele bocejou, despreocupado.

Lily revirou os olhos.

– Temos que nos apressar. Você sabe que horas são? – ela perguntou, afastando as cobertas da cama.

Potter se sentou preguiçosamente, enquanto coçava os olhos com força.

– É claro que não sei. Você programou o despertador, não é?

– Sim, mas meu celular descarregou durante à noite.

Potter arregalou os olhos. Levantou-se imediatamente e atravessou o quarto, em busca de seu celular. Encontrou-o no braço do sofá e pegou-o para verificar as horas.

– São onze e meia, Evans.

– O QUÊ?

– O ônibus do Fórum ia sair às oito, então talvez ele já tenha saído.

– TALVEZ? VOCÊ DIZ ISSO COM ESSA TRANQUILIDADE? – Lily estava desesperada. – O que vamos fazer, Potter?

– Vamos voltar para Londres por outros meios, ué.

Lily mal conseguia respirar, imaginando o que seus chefes estariam pensando dela naquele momento. Será que a mandariam embora por sua irresponsabilidade? Será que pensaram que ela havia ido embora na noite anterior, já que mal havia permanecido no coquetel? Ela teve certeza de que não a convidariam para a próxima convenção. Sua carreira mal havia começado e já poderia ser dada como encerrada.

– Eles vão nos mandar embora, Potter.

Potter riu alto. Era impressionante como ele achava graça em tudo o que ela falava. Impressionante.

– É claro que não vão, Evans. Agora vá se trocar, nós vamos dar um jeito.

– Mas o promotor Moody–

– Amanhã você diz que passou mal, tanto faz. – Potter falou, começando a jogar algumas coisas em sua mala. – Nós temos tempo para inventar uma desculpa.

Lily foi ao banheiro se trocar e, quando voltou para o quarto, Potter já estava trajando roupas casuais. Ela arrumou sua própria mala da forma mais organizada possível e, em seguida, se preparou para arrumar a cama.

– Evans, temos que fazer o check-out até o meio-dia. – a voz entediada de Potter voltou a palpitar.

Lily se viu obrigada a deixar a arrumação de lado e os dois desceram para a recepção do hotel. Potter fizera questão de pagar pelas duas pizzas e Lily não conseguiu encontrar forças para discutir, uma vez que seus pensamentos estavam voltados para a triste ideia de que seria despedida no dia seguinte. Como Potter podia estar tão tranquilo com toda aquela situação?

O dia não estava nada bonito. O céu nublado e cinzento trazia uma certa ameaça de chuva. Lily saiu do hotel puxando sua mala e Potter veio logo atrás dela. Andaram alguns passos em silêncio, ambos imaginando qual seria a melhor forma de retornarem à Londres.

– De carro, Londres fica a uma hora daqui. – Potter falou, por fim.

– Não me diga! – Lily disse, sarcástica e impacientemente. – Por acaso você tem carro?

Para variar, Potter começou a rir.

– Tem um ponto de táxi bem ali, Evans. – ele apontou para o outro lado da rua.

– Está louco? – Lily indagou. – Quanto você acha que o motorista vai cobrar para nos levar até lá?

– Umas oitenta libras. Um trem para Londres sairia umas cinquenta libras para cada, além de demorar o dobro de tempo.

– Como você sabe dessas coisas?

– Eu morei aqui até agosto, ou já se esqueceu? – Potter sorriu e bagunçou os cabelos, como sempre fazia quando se sentia orgulhoso. Lily cruzou os braços, contrariada. – Vamos de táxi, então?

Atravessaram a rua e falaram com o primeiro taxista que estava ali, lendo o jornal dentro do carro. O homem se surpreendeu quando Potter lhe disse o endereço, mas o olhar fuzilador de Lily fez com que ele aceitasse na mesma hora.

–--

– Eles estão demorando, não é? – Anita comentou, olhando as horas.

– Deve ser por conta da chuva. – Remus sugeriu ao ouvir mais uma trovoada ecoar.

Sirius e Remus estavam assistindo a uma partida de futebol na televisão e Anita havia acabado de sair da cozinha, onde estivera almoçando. Lily havia lhe dito que chegaria por volta das nove e meia da manhã. Já havia passado da uma hora da tarde e a amiga não havia lhe mandado nem uma mensagem avisando-a do atraso.

Anita se sentou junto aos amigos no sofá para esperar por Lily. Sirius a olhou pelo canto do olho e voltou a assistir à televisão. Ele não falara com ela desde a conversa que tiveram no Três Vassouras. Mas Anita não se importou, afinal, ele mereceu ouvir aquelas verdades.

Lorens desceu as escadas e se jogou no encosto do sofá, com os olhos vidrados na televisão.

– Quem marcou o gol do Chelsea?

– Lampard. – Sirius respondeu, por cima do ombro.

– Como sempre. – ela comentou, distraída.

Anita espiou a tela e reparou que a partida estava nos acréscimos. Ela definitivamente detestava futebol. Um minuto depois, o juiz apitou, anunciando o fim da partida.

– Bom, eu vou lá para a casa da Marlene. – Sirius avisou, se levantando. – Volto mais tarde.

Anita não moveu um músculo quando ele passou por ela e saiu da casa. Mesmo com a chuva forte, ele saíra sem levar guarda-chuva. Em seguida, Remus virou-se para Anita e perguntou:

– Vocês não estão se falando?

Não.

– Anita, nós já temos a Lily e o James que vivem brigando.

– Era só o que faltava. – Lorens revirou os olhos.

– Eu sei, eu sei. – Anita concordou, num tom cansado. – Mas eu não posso fazer nada se o Sirius não gostou de ouvir umas verdades. Não acho certo o que ele está fazendo com a Marlene.

Antes que Remus pudesse lhe responder, Lily entrou na república, com os cabelos um pouco úmidos por conta da chuva. Anita correu cumprimentá-la.

– Como foi a viagem? – perguntou, aliviada. – Por que demoraram tanto? Eu tentei te ligar, mas caiu na caixa postal!

– Onde está o James? – Lorens questionou, também cumprimentando a amiga recém-chegada.

– Está pagando o táxi. – Lily respondeu.

– Táxi? Mas vocês não voltariam com o ônibus fretado? – Anita estranhou.

Lily suspirou.

Longa história.

James entrou na casa logo depois, com o casaco e os cabelos também molhados pela chuva. Anita virou-se para perguntar o que acontecera à Lily, mas reparou que a amiga tinha um olhar inquieto e, ao mesmo tempo, indignado. Ela olhava para os copos espalhados pela mesinha no centro da sala, para as almofadas e tênis espalhados pelo chão e, por fim, para as garrafas de cerveja que Sirius e Remus esvaziaram enquanto assistiam à partida. Anita se encolheu, já adivinhando o que viria a seguir.

– Eu fico dois dias fora e vocês conseguem deixar a casa assim? – Lily começou. – Vamos arrumar isso agora!

– Mas, Lily! – Lorens interveio. – Você não quer descansar da viagem antes?

– Não! – Lily respondeu, sem pensar.

Um olhar de desistência foi trocado por Remus, Anita e Lorens. Eles tinham ciência de que Lily tinha razão, afinal, sabiam que tinham culpa naquela bagunça. James despiu o casaco e se sentou no sofá, preguiçosamente.

– Como eu não passei o final de semana aqui, então não vou precisar arrumar. – ele pressupôs, abrindo um enorme sorriso. – Mas desejo uma boa sorte a todos.

– Ora, você que pensa, Potter! – Lily disse, abrindo um sorriso maldoso para ele. – Pode começar com o pó.

– Mas, Evans!

– AGORA!


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Notas finais do capítulo

Boa noite, queridos! ♥

Espero que tenham gostado do capítulo. Nele tivemos um pouco mais sobre a nova amizade entre Lily e James. Ela finalmente falou um pouco sobre seu passado e seus problemas pessoais. Vocês conhecem alguém com mania de limpeza também? Se sim, então, se puderem, me contem um pouco como essa pessoa age no dia a dia! ♥

Quero agradecer a todos pelo apoio!

Beijos,
Carol Lair (@carollairr)



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