República Evans escrita por Carol Lair


Capítulo 18
Distorções Noturnas


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, tudo bem?

Eu gostaria de dedicar esse capítulo para a leitora izzie s2 (https://fanfiction.com.br/u/436925/), que me enviou uma linda recomendação! Querida, suas palavras mexeram comigo, fiquei realmente feliz com a surpresa! ♥
Nem acreditei no que li ainda, preciso reler toda hora HAHAH ♥

Bem, agora, o capítulo:



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Capítulo 18 – Distorções Noturnas

A porta do quarto quinhentos e um foi escancarada por Lily. A primeira coisa que a ruiva reparou foi que havia apenas uma cama de casal. Respirando fundo, ela colocou sua pesada mala ao lado da cama e olhou inconformada para Potter, cujo sorriso tipicamente malicioso já estava estampado em seu rosto havia muito tempo.

Maravilha. – Lily comentou com ironia.

– Concordo. – Potter falou, num tom divertido, fechando a porta.

A suíte não era muito grande, mas passava a impressão de ser muito confortável. No centro no cômodo, de costas para a cama, havia um sofá de veludo e, diante deste, havia uma enorme televisão presa à parede. Mas enquanto olhava ao redor para conferir a disposição do quarto, Lily tentava organizar, mentalmente, todos os acontecimentos daquele dia.

– Bom, eu estou morrendo de sono. Vou me trocar e ir dormir. – Potter quebrou o silêncio.

Antes que Lily pudesse responder, porém, Potter puxou sua camisa para cima, despiu-a e jogou-a sobre o sofá.

– Potter! – involuntariamente, Lily baixou os olhos para não olhá-lo. – O que você tem na cabeça? Como assim você vai se trocar na minha frente?

Potter riu.

– Eu durmo só com as roupas de baixo, Evans, então não preciso necessariamente me trocar. – explicou ele, com naturalidade. – É só tirar tudo, sabe?

– O quê? – Lily fitava os olhos dele, tentando não imaginá-lo naqueles trajes. – Hoje você não vai dormir desse jeito, ouviu bem?

Mas Potter lhe lançou um olhar confuso. Falsamente confuso.

– Por quê?

– Porque eu estou aqui!

– Ah, grande coisa, Evans! – Potter sorriu e alisou seu tórax muito bem definido. – Estamos no século vinte um, pelo amor de Deus.

– Acho que nós deveríamos estabelecer algumas regras de convivência para esse final de semana.

Aquilo o fez rir mais uma vez. Enquanto disparava seu riso pelo ambiente, Potter avançou alguns passos em sua direção, fazendo Lily dar a mesma quantidade de passos para trás, já podendo sentir suas bochechas começarem a esquentar.

– Precisamos de regras, Evans? Mas nós não somos adultos?

Lily respirou fundo, tentando obter um pouco de calma para conseguir ignorar tamanho cinismo. Sentou-se no sofá e apalpou suas almofadas, a fim de se certificar de sua maciez. Potter, ainda orgulhosamente sem camisa, a observava com um brilho divertido nos olhos.

– A primeira regra é: ambos os ocupantes deste quarto deverão dormir devidamente vestidos. – Lily começou, levantando o dedo indicador.

– Por mim, tudo bem. Na minha opinião, eu estou devidamente vestido para dormir.

– Você vai dormir como uma pessoa normal, Potter, foi isso que eu quis dizer! – Lily explicou, finalmente voltando a olhar para ele, mas desviando os olhos logo em seguida. Maldito tórax.

– É aí que você se engana. Para sua informação, muitas pessoas normais dormem apenas com as roupas de baixo. Você deveria tentar também, aliás.

Lily lhe lançou seu olhar mais mortífero. Levantou-se do sofá e, a passos largos, andou até ele.

– Potter, eu vou falar mais uma vez... – Lily recomeçou, num tom de voz aparentemente calmo. – Você vai, sim, dormir vestido e vai, sim, colocar uma roupa agora.

– Mas–

– Por favor, Potter!

– O quê? Você, me pedindo um favor? – ele se admirou, alargando seu sorriso. – Bom, como eu posso recusar? Certo, Evans, eu acho que posso fazer esse sacrifício por você, afinal, você já admirou demais os meus músculos.

– Ora, me poupe.

Potter andou demoradamente até sua mala, abriu-a e fez menção de tirar as calças, mas Lily rapidamente interveio:

– Regra número dois: ambos os ocupantes deste quarto deverão se trocar dentro do banheiro. Ouviu bem, Potter?

–--

Naquele momento, no centro de Londres, Sirius Black acabava de entrar no famoso pub Três Vassouras. Sem olhar para os lados, andou na direção do balcão que rodeava a área do bar e encontrou Justine Molloy, com os cabelos castanhos presos em um coque bem feito, sentada de costas para o resto do ambiente e bebendo um drink, sozinha. Ele se sentou ao seu lado.

– E aí, o que está bebendo?

Justine virou o rosto lentamente para fitá-lo, com um sorriso acintoso nos lábios vermelhos.

– Black Sunrise. Quer experimentar?

Black Sunrise? – ele repetiu, compreendendo o trocadilho. – Parece bom.

– É bem hermético, na verdade.

Sirius riu da definição que ela dera para o drink. E, indiretamente, para ele.

– Querida Rosmerta. – ele chamou a bela mulher atrás do balcão. – Um Black Sunrise para mim, por favor.

– É para já. – Rosmerta respondeu, piscando com um olho só.

Justine suspirou e comentou, num tom casual:

– Não sei se você vai gostar do drink, Sirius. – ela apoiou o queixo na palma da mão. – É um pouco amargo. Por isso o Black no nome, sabe.

E então ele reparou que ela estava provocando-o. Sirius apreciava o jeito naturalmente insinuante de Justine que, assim como ele, possuía um modo próprio de flertar. Ele se levantou de seu assento e se aproximou da jovem. Inclinou-se para murmurar a resposta em seu ouvido:

– O nome Black pode significar muitas outras coisas, querida.

– Sua bebida. – interrompeu Madame Rosmerta. Ela depositou o copo diante do casal e se afastou para atender outro cliente na outra extremidade do balcão.

Sirius bebeu um longo gole, enquanto Justine o observava com um imenso interesse. Pouco tempo depois, os dois estavam aos beijos, completamente alheios a tudo o que os rodeava. Os drinks de ambos foram esquecidos. E, quando os beijos se tornaram decididamente despudorados, alguém pigarreou ao lado do casal, o que fez Sirius parar tudo para verificar o que estava havendo.

– Anita...?

– Oh, olá, Sirius! – ela o cumprimentou, como se não tivesse pigarreado de propósito, segundos antes. – Coincidência te ver aqui!

Sirius evidentemente não havia se esquecido de que Anita também estaria no Três Vassouras naquela noite. Entretanto, ele não esperava ser surpreendido por ela num momento como aquele, afinal, o pub tinha dois andares, era consideravelmente grande e estava sempre lotado às sextas-feiras. Justine olhava interrogativamente para Anita, como se estivesse esperando que ela fosse embora logo.

Enquanto Sirius pensava em alguma coisa que pudesse dizer, um rapaz alto, de cabelos cacheados e expressão absolutamente sorridente, apareceu atrás de Anita e a enlaçou pela cintura.

– Já pediu alguma bebida? – ele perguntou, mas depois seguiu os olhos dela direcionados para Sirius e acenou: – E aí!

– Henry, esse é o Sirius. Ele também mora na mesma república que eu. – Anita o apresentou.

– Tudo bem, Sirius? – Henry estendeu-lhe a mão, simpático.

Sirius apertou a mão do rapaz e Justine acenou, abrindo um sorriso amarelo.

– E aí, o que estão bebendo? – Anita indagou ao casal, a fim de quebrar o silêncio repentino.

Black Sunrise. – respondeu Justine, arqueando uma única sobrancelha. – É muito bom, acho que você deveria provar. Quero dizer, acho que você já provou várias vezes, não é?

Sirius riu discretamente da insinuação de Justine. Ele não cansava de se surpreender com a criatividade dela ao formular respostas. Justine era absolutamente ótima com as palavras.

– Sim, já pedi esse drink inúmeras vezes. – Anita contou, provavelmente não entendendo a mensagem subliminar contida nas palavras da outra. – Tantas que já até enjoei. É muito doce.

Foi então que Sirius ficou em dúvida se Anita realmente não havia compreendido o trocadilho que Justine fizera com o seu sobrenome e o nome do drink. Observou-a com interesse, tentando descobrir.

– Eu vou pedir uma cerveja. – Henry falou.

– Eu acho que também vou de cerveja hoje. – Anita concordou e virou-se para Madame Rosmerta, acrescentando: – Duas cervejas amanteigadas, por favor!

Pouco tempo depois, Madame Rosmerta retornou trazendo duas canecas da famosa cerveja do pub. Após pagarem, Anita e Henry se despediram do casal e se infiltraram na pista de dança. Novamente sozinhos, Justine voltou à antiga posição e puxou Sirius pelo colarinho de sua camisa.

– Quero descobrir onde é que você é doce. – ela disse, entre um beijo e outro.

–--

Quando James saiu do banheiro, agora usando uma regata levemente justa e um short esportivo, encontrou Evans esticando um lençol sobre o único sofá que havia na suíte. E ele rapidamente compreendeu o que ela pretendia com tal atitude.

Mas Evans demorou para finalmente notar sua presença, portanto James aproveitou para observá-la por um momento. Parecia que ela estava medindo com os olhos os centímetros que sobravam de cada lado do lençol, a fim de estendê-lo de modo completamente simétrico.

– O que está fazendo, Evans? – ele resolveu perguntar, com a intenção de anunciar seu retorno ao quarto. Ela estava tão concentrada em seu cálculo que até se assustou.

– Você estava pensando que nós iríamos dormir juntos nesta cama? – Evans sacudiu a cabeça, acrescentando: – Não, não vamos.

– Mas não seria má ideia. – ele comentou, distraído.

O rosto de Evans adquiriu uma cor tão vermelha e uma expressão tão enfurecida ao mesmo tempo que James julgou impossível sugerir o que chamava mais atenção. E, diante de tal situação, ele decidiu que aquele seria o melhor final de semana dos últimos meses.

– A terceira regra é que você está proibido de se insinuar para mim. – Evans enunciou, categoricamente.

James riu antes mesmo que pudesse tentar evitá-lo. Como ela conseguia ser tão involuntariamente engraçada?

– Evans, essas regras são suas, não minhas.

– Potter, tente cooperar, ok? – Evans respirou fundo, parecendo disposta a não se irritar. – Eu vou dormir neste sofá, você pode ficar com a cama. Vamos fazer de tudo para que nossa convivência neste fim de semana seja a mais pacífica possível. Certo?

James balançou a cabeça negativamente.

– Não. – disse ele, se aproximando alguns passos na direção dela. Ela o olhava com uma expressão completamente aturdida, como se perguntasse "Como assim, não?" – Eu fico com o sofá. Você vai dormir na cama.

Ainda com o mesmo semblante de desentendimento, Evans pronunciou algumas palavras sem sentindo, procurando elaborar uma resposta. Mas James voltou a falar antes que ela conseguisse:

– Isso não é discutível. Eu fico com o sofá.

E, após dizer sua última sentença, ele se jogou sobre o mencionado estofado. Evans levou as mãos à boca.

– Não, Potter. Eu demorei sete minutos para conseguir deixar o lençol na posição correta e–

– Você acha mesmo que eu vou dormir em uma cama e deixar você dormir em um sofá? Por favor, Evans.

Ela parecia estar sem palavras. James se questionou se toda aquela surpresa se devia unicamente ao seu gesto cavalheiro. Por que Evans estava tão abismada com sua atitude? Não era de se esperar que ele interviesse diante da hipótese ilógica de tê-la dormindo em um sofá, para que ele ficasse com a cama?

Aparentemente, Lily Evans achava que não.

– Tem certeza, Potter? – ela perguntou, apoiando as mãos na cintura, olhando-o desconfiada. – Não pense que vou tolerar que você me acorde durante a madrugada para dizer que mudou de ideia.

Abafando uma risada, James se levantou e parou de frente para ela. Olhou dentro de seus olhos verdes e inquietos, que subiam e desciam, alternando entre seus olhos e sua boca. James sentiu-se tentado a dar um passo à frente e puxá-la para um beijo. Evans desceu o olhar para sua boca mais uma vez. Será que ela estava pensando na mesma coisa?

– Você gosta de parecer indiferente, mas eu já percebi que isso não passa de um mecanismo de defesa. – James respondeu, levantando o braço para tocar o rosto dela. Tocou uma mecha de cabelo que contornava seu rosto e colocou-a atrás de sua orelha. Evans não se mexeu. – Por que você quer tanto se apegar a essa imagem?

Houve um minuto de silêncio. James se aproximou um pouco, mas hesitou, temendo pela reação dela. Embora ela parecesse querer que ele seguisse em frente e a beijasse, Evans era uma pessoa completamente imprevisível. Ele temia que, agora que estava tão perto de derrubar a muralha dentro da qual Evans guardava seus sentimentos, tal passo em falso arruinasse todo o progresso das últimas semanas.

– Eu vou me trocar. – Evans decidiu, por fim. James reparou que a respiração dela estava falha. Ela virou-lhe as costas e se dirigiu ao banheiro, fechando a porta logo em seguida.

–--

Uma hora depois, o pub Três Vassouras estava absolutamente lotado. Sirius e Justine haviam permanecido no mesmo lugar, junto ao balcão do bar, que agora também servia de apoio para muitas outras pessoas.

Por conta do aumento do número de gente, a temperatura do ambiente subira consideravelmente, mesmo que muitos equipamentos de ar condicionado estivessem funcionando. Portanto, Sirius e Justine resolveram pedir outra bebida.

– Eu sei que você ainda está com a McKinnon. – Justine disse, subitamente, enquanto esperavam para serem atendidos por Madame Rosmerta.

– Sim, eu estou. – Sirius confirmou, imaginando aonde Justine queria chegar.

– Eu não gosto de sair com homens comprometidos.

– Mas eu não sou comprometido, querida. – Sirius explicou-lhe, pacientemente. – Eu e Marlene não somos exclusivos.

– Ela sabe disso? Algo me diz que ela nem imagina que você está aqui comigo agora. – Justine rebateu, arqueando as sobrancelhas.

Madame Rosmerta finalmente chegara para atendê-los, sem imaginar que estava salvando Sirius de uma situação absolutamente constrangedora. Mas o que dera em Justine? Ela nunca havia lhe cobrado qualquer explicação sobre sua vida pessoal. Além do mais, Marlene não precisava ficar sabendo quando ele tinha encontros com outras mulheres, assim como ele não gostaria de saber quando ela saísse com outro homem. Pelo contrário; ele simplesmente detestaria se ficasse sabendo de algo.

– Outro Black Sunrise, por favor. – pediu Sirius, afastando aqueles pensamentos de sua mente.

– Para mim também.

– Certo!

Justine só voltou a falar depois que Madame Rosmerta depositara os drinks diante dos dois. Sirius experimentou o seu e o achou extremamente amargo. Definitivamente não havia qualquer dose de açúcar dentre os seus ingredientes. Perguntou-se, então, por que raios Anita afirmara com tanta segurança que achava aquela bebida doce demais.

– Você acha que aquela loira que mora com você vai contar para a McKinnon que nos viu aqui?

Sirius pensou um pouco antes de responder:

– Não sei, Justine. Já te disse, eu e Marlene não somos exclusivos. Anita sabe disso.

– Você não parece se importar em ser discreto, isso é fato. – Justine constatou e, um pouco enciumada, acrescentou: – Mas também não abre mão daquela McKinnon. Aliás, o que é que você vê nela?

Obviamente, Sirius não pretendia responder àquela pergunta. Apenas riu e resolveu melhorar o clima, puxando-a para um beijo. Justine pareceu concordar que aquela era a melhor resposta. Depois de alguns minutos, quando pararam para tomar fôlego, Sirius virou o rosto para dar uma olhada no pub e avistou Anita do outro lado do balcão, aos beijos com Henry, os dois parecendo grudados um ao outro.

– Justine... – Sirius começou, sem tirar os olhos do outro casal. – Sabe, você pode estar certa, é melhor eu falar com a Anita... Já volto.

Justine não tivera tempo de argumentar. Sirius se apressou em direção ao casal, sem imaginar que a explicação para sua vontade repentina de ir sanar sua dúvida era apenas um pretexto para falar com Anita e, consequentemente, afastá-la de Henry.

– Anita. – Sirius a chamou.

Anita e Henry se soltaram e se viraram para Sirius. Ela piscou algumas vezes para ter certeza de que era ele mesmo.

– O que foi? – perguntou ela, um tanto sem reação.

– Preciso falar com você. – Sirius disse, num tom aborrecido. Em seguida, acrescentou: – Em particular.

Anita e Henry se entreolharam. Henry, um tanto a contragosto, se afastou o suficiente para não ouvir a conversa.

– Vamos lá para fora, é melhor. – Sirius sugeriu, não se importando em parecer um pouco impertinente.

– O que aconteceu? – Anita parecia preocupada.

– Vou te contar em um minuto.

Sem esperar sua confirmação, Sirius começou a caminhar em direção à saída do pub e Anita o seguiu. A noite estava nublada e a ventania gélida anunciava a aproximação do inverno, o que fez com que Anita abraçasse a si mesma para tentar se proteger do frio.

– Sirius, está frio! Seja rápido! – ela pediu, um tanto mal-humorada.

– Certo. – Sirius passou a mão pelos cabelos, selecionando as melhores palavras. – Você sabe que eu ainda estou com a Marlene, não é?

– Às vezes você é quem parece se esquecer disso. – Anita disse, sem demonstrar nenhuma alteração em sua expressão.

Mas o que havia acontecido com as mulheres naquela noite? Por que todas estavam despejando-lhe sentenças ácidas daquela maneira?

– Bom, isso não é verdade. – Sirius recomeçou. – Eu e ela não somos exclusivos, Anita. Você sabe disso, não é? Enfim, eu só gostaria de saber se você pretende contar a ela que me viu com Justine aqui hoje à noite.

Anita arqueou uma sobrancelha, como se não acreditasse no que havia acabado de ouvir.

– Diante de toda a situação, você está preocupado se eu vou contar para a Marlene que você estava aqui com outra? – Anita deu um passo à frente, olhando dentro de seus olhos. – Sério mesmo, Sirius?

– Foi exatamente isso que eu te perguntei, não foi? – Sirius não estava entendendo o que a amiga queria insinuar com aquele tom intimidador.

– Bom, mas você não acabou de dizer que vocês têm um relacionamento aberto? Então, qual o problema se a Marlene souber?

Sirius a olhou de modo desconfiado. Por que Anita subitamente se tornara tão hostil?

– O que aconteceu com você, Anita?

Anita respirou fundo e cruzou os braços:

– Comigo? Nada, Sirius. – ela parecia cansada. – Eu só acho que se você está preocupado se a Marlene vai descobrir sobre hoje à noite, então talvez o relacionamento de vocês não sejarealmente aberto, não é mesmo?

– Mas é claro que é aberto!

– E ela sabe disso? – Anita reforçou sua teoria. – Vocês já falaram sobre o assunto? Ou só porque ela se esqueceu daquele episódio na festa de Halloween, você acha que ela vai se esquecer de todas as suas escapadas?

Sirius desviou o olhar.

– Marlene sabe que podemos sair com outras pessoas. – ele disse, por fim.

– Então, Sirius, se ela souber sobre hoje, ela não verá qualquer problema. Você não deveria se preocupar.

– Você vai contar a ela?

Anita suspirou.

Não, Sirius. – ela balançou a cabeça, como se não acreditasse no que estava prestes a dizer: – Você vai. Você precisa conversar com a Marlene. Se o status do relacionamento de vocês está claro para você, certifique-se de que está claro para ela também.

E após finalizar sua sentença, Anita deu meia volta e entrou novamente no pub.

–--

Quando Lily saíra do banheiro, já vestindo seu pijama ultra largo, Potter estava confortavelmente deitado no sofá, de barriga para cima, segurando o celular diante dos olhos. Ele não desviou sua atenção do aparelho para encará-la quando ela atravessou o quarto para chegar até a cama. E Lily agradeceu internamente por aquilo, já que não imaginara que teria de dividir o quarto com outra pessoa quando escolhera colocar aquele pijama velho em sua mala. Tudo o que ela não precisava era que Potter fizesse piadas a respeito dele.

Mas Potter não fizera qualquer piada ou dissera qualquer coisa por muito tempo.

Quando Lily se acomodou na cama e apanhou seu próprio celular para ver as horas, descobriu que Louis lhe enviara algumas mensagens havia poucos minutos, desejando-lhe uma boa convenção e uma boa noite. Abrindo um sorrisinho discreto, Lily desbloqueou o celular para lhe responder e, assim, os dois iniciaram uma conversa que se estendeu por um bom tempo. Lily esperava as respostas de Louis com ansiedade, mas sempre esperava alguns segundos para voltar a abrir o aplicativo e digitar a resposta. Afinal, não podia parecer uma desesperada.

O quarto permanecera no mais absoluto silêncio por quase uma hora. E então, o alerta de uma mensagem enviada por Potter surgiu diante de seus olhos. Lily encarou o celular com um ar de dúvida, mas não virou o rosto para olhar o sofá. Por que ele lhe mandara uma mensagem se estava a, no máximo, quatro metros de distância dela?

Potter: Estou com fome, e você? (11:29 PM)

Lily também estava. Mesmo sem compreender a razão para ele estar lhe dizendo aquilo por meio de uma mensagem de celular, respondeu:

Lily: Também. (11:30 PM)

Potter: E com quem você está falando, hein? (11:30 PM)

Ah, lá estava o motivo. Intrometido como sempre. Lily finalmente virou-se para verificar o sofá e observou que Potter permanecia deitado da mesma forma.

– Vou dormir. – Lily avisou. – Posso apagar a luz?

– Mas você não disse que está com fome?

– Sim, mas são onze e meia, Potter. – ela respondeu, num tom impaciente. – Não é mais hora de comer. Eu nunca como depois das dez.

Lily pôde ouvir a risada de Potter do outro lado do quarto. Mas antes que ela pudesse reclamar, ele se colocou de pé e caminhou lentamente até a cama.

– Se eu ligar para o serviço de quarto e pedir uma pizza, você me acompanharia?

– Mas são onze hor–

– Vamos lá, Evans. – ele bateu palmas, sorrindo. – Tente vencer esse TOC. Dormir com fome é a pior coisa que existe.

Como ele se atrevia a chamar seus princípios de TOC's? Lily levava uma vida muito bem organizada, obrigada.

– Não, Potter, eu preciso dormir agora, já está tarde. E amanhã quero acordar bem cedo para não me atrasar para a palestra de abertura, que começa às oito. Além do mais, a cozinha do hotel já deve estar fechada.

Mas Potter já havia se inclinado para apanhar o telefone que estava sobre o criado-mudo. Ele se sentou na cama, ao lado de Lily.

– Boa noite. Gostaria de saber se a cozinha ainda está aberta. – e, ao ouvir a resposta, ele abriu um sorriso enorme. – Funciona vinte e quatro horas? Puxa, que legal. Eu gostaria de pedir uma pizza metade frango e... – ele abaixou o fone e olhou para Lily. – Qual pizza você quer?

Não quero pizza nenhuma!

– Três queijos? Palmito? Escarola? – Potter ignorou-a e, aparentemente, não conhecia muitos sabores vegetarianos para pizza.

Lily suspirou, cansada.

– Eu não como nada que seja feito junto com carne, independente do que for. Então se você vai pedir pizza de frango–

Potter imediatamente levou o fone de volta ao ouvido.

– Desculpe, me enganei. Eu quero uma pizza inteira de três queijos. Quanto tempo demora? – ele fez uma pausa. – Ok. Obrigado.

Lily estava boquiaberta. Potter ostentava um sorriso vitorioso nos lábios.

– Potter, por que fez isso? Não precisava ter mudado, eu não estava pensando em comer pizza alguma à essa hora e–

– Você não comeu nada quando passamos em casa para buscar as malas e agora quer ir dormir sem jantar? Quando foi que comeu pela última vez? No almoço, em Hogwarts?

Foi então que Lily reparou que estava extremamente faminta.

Talvez. – ela respondeu, contrariada. – Mas mesmo assim, eu–

– Seu celular está cheio de mensagens, Evans. – ele comentou, após ter abaixado os olhos para o aparelho esquecido no colo de Lily. Ela fez o mesmo e percebeu que Louis continuava mandando mensagens e, cada vez que uma era recebida, o celular acendia.

Ela apressou-se em responder. Havia se esquecido completamente da conversa com Louis. Potter esgueirou o pescoço para espiar e Lily sequer notara: estava concentrada demais na resposta. E assim permaneceram por alguns minutos.

– Então quer dizer que o francês está bêbado num bar e resolveu encher a ex-namorada de mensagens? – Potter sugeriu de repente, num tom maldoso.

Imediatamente, Lily encolheu o braço para ocultar a tela do celular.

– Em primeiro lugar, Louis não bebe. Em segundo lugar, ele não está num bar, ele está na casa dele, na cama, me desejando boa noite. Em terceiro lugar, isso nem é da sua conta.

Potter soltou uma risada incrédula.

– Claro, Evans, claro. – ele balançou a cabeça afirmativamente. – Sexta-feira à noite mandando mensagens para a ex. Com certeza ele está deitado na cama, pensando em você. Aham. Muito provável.

– Potter, só porque você não é assim não significa que todos os outros sejam iguais a você.

Lily bloqueou o celular e cruzou os braços. Potter permanecera sentado ao seu lado na cama, encarando-a sem piscar. Lily subitamente reparou que suas pernas quase se tocavam de tão próximas que estavam. Quando estava prestes a se afastar um pouco, a campainha do quarto tocou.

– Mas já? – fez Lily.

Potter atendeu a porta. Voltou com a caixa de pizza, colocou-a sobre a cama e a abriu. O cheiro do queijo derretido invadiu as narinas de Lily e ela rapidamente teve de concordar que Potter tivera uma ótima ideia.

– Bom apetite. – Potter disse, enquanto arrancava uma fatia.

– Espera! – Lily falou, subitamente. – Vamos ver se temos pratos! – ela pulou da cama e correu para a bancada sob a qual se encontrava um frigobar. Abriu a portela de madeira e sorriu, aliviada. – Temos! Ótimo! Assim você não vai espalhar as migalhas da massa pela cama!

Lily pegou dois pratos e entregou um para Potter, que estivera observando-a como se segurasse o riso. Mas a ruiva não percebeu.

Espera. Você come pizza com garfo e faca? – ele questionou, reparando que ela também trouxera alguns talheres.

Lily voltou a se sentar ao lado da caixa da pizza.

– Mas é claro! – ela tinha um tom de obviedade. – É anti-higiênico comer com as mãos. Todo mundo sabe disso.

Lily se serviu de uma fatia e começou a comer fazendo uso dos talheres. Potter a assistia, abismado.

– Já vi que ainda vou ter muito trabalho para memorizar todos os seus TOC's. – disse ele, posicionando o prato de modo que ficasse exatamente embaixo da pizza em suas mãos. Lily ficou bastante satisfeita ao vê-lo tomar cuidado para não sujar a cama.

– Não chame higiene de TOC, Potter. – ela o corrigiu, categoricamente.

Potter resolvera não discutir. Devorou dois pedaços de pizza ao mesmo tempo em que Lily terminava de comer metade de sua primeira fatia. Os dois conversaram pouco durante a refeição, uma vez que estavam com muita fome.

– Eu não aguentaria um terceiro pedaço, Potter, você dividiria esse comigo? – Lily perguntou após um tempo, colocando mais uma fatia em seu prato.

– Óbvio. – ele respondeu, enquanto pegava o último pedaço de pizza que restara na caixa.

Quando terminaram de jantar, Potter deitou-se de barriga para cima na cama, parecendo muito satisfeito. Lily apanhou os pratos e os talheres e os levou consigo para o banheiro, numa atitude automática de organização. Afinal, depois de comer, eliminar a sujeira da louça era absolutamente necessário. Desde criança, a ruiva era regida por aquela regra imprescindível.

– Não acredito que você vai lavar a louça do hotel, Evans! – Potter surgiu à porta do banheiro, olhando-a horrorizado. – Pode parar com isso! Agora!

Lily se assustou com o tom grave dele. Fechou a torneira e o encarou.

– Mas não tem detergente no quarto, eu nem conseguiria lavar direito. Era só por desencargo de consciência, Potter. – ela suspirou e franziu a testa, procurando as melhores palavras para explicar sem que se parecesse com uma louca: – O problema é que eu não conseguiria dormir em paz sabendo que tem um monte de louça suja a poucos metros de mim. Os restos de comida podem atrair insetos, sabe? Fora que–

– Evans! Amanhã nós vamos passar o dia fora, as camareiras do hotel vão vir aqui limpar tudo! – Potter tinha um tom quase suplicante. – Deixa isso de lado. Eu sei que você consegue. Venha.

Ainda sem entender os motivos para tanta preocupação, Lily deixou que Potter tomasse os pratos de sua mão e a conduzisse para fora do banheiro. De volta ao centro do quarto, ela voltou a falar:

– Então esconda esses pratos bem longe de mim, senão vou ter que levantar no meio da noite para lavar. Falo sério!

Potter sorriu.

– Não duvido. – ele falou. – Vou esconder os pratos de você mais tarde, fique tranquila.

E, inesperadamente, Lily sentiu vontade de rir. Afinal, aquela situação se tornara absolutamente cômica. Lily teve de concordar que Potter tinha razão em estar perplexo com suas intenções de lavar a louça na pia do banheiro de um hotel. O que eu tenho na cabeça?, ela se perguntou, enquanto tentava conter o risinho tímido. Contudo, quando seus olhos encontraram com os de Potter, Lily não conseguira mais segurar a risada. Os dois gargalharam.

– É, talvez eu tenha TOC. – ela admitiu, ainda um tanto relutante.

– TALVEZ?

– Sim, talvez. – Lily reforçou. Ela jamais admitira tal fato em voz alta antes. – Aliás, já faz dez minutos que comi e ainda não escovei os dentes! – Lily subitamente assumiu um semblante preocupado. – Que descuido.

Lily voltou a entrar no banheiro sem reparar que Potter balançava a cabeça negativamente, como se não conseguisse acreditar no que estava acontecendo.

Mais tarde, quando Potter já havia escondido a os pratos sujos em algum compartimento da bancada e Lily finalmente havia terminado de realizar sua impecável higiene bucal, os dois decidiram dormir. Assim que se acomodara na cama, Lily consultou o relógio do celular e constatou que era quase uma hora da madrugada.

– Boa noite. – ela disse, encarando o teto do quarto na escuridão.

Entretanto, Potter não respondera de imediato. Lily cogitou que ele já estivesse adormecido, mas, pouco tempo depois, a voz dele voltou a soar, do outro lado do cômodo.

– Eu me diverti muito essa noite, Evans. Durma bem, até amanhã.

Lily teve vontade de dizer que também se divertira, mas conteve-se. Afinal, desde quando ela e Potter se divertiam juntos? Aquela ideia a deixou intrigada. Ela e Potter realmente haviam se divertido naquela noite. Pela primeira vez, eles agiram como dois velhos amigos. Pela primeira vez, Potter não fizera piadas infantis e, pela primeira vez, Lily conseguira levar todos os seus comentários sarcásticos na esportiva. Pela primeira vez em dois meses e meio de convivência, eles pareciam ter se entendido.

Lily adormeceu pouco tempo depois, considerando que ter de dividir aquele quarto com James Potter havia sido algo inesperadamente positivo, no fim das contas.

–--

A manhã de sábado trazia um tempo fechado, de céu cinzento. Os fracos raios de sol invadiram o quarto quinhentos e um bem cedo, fazendo com que Lily despertasse antes do que havia planejado. Como de costume, a primeira coisa que quis fazer foi tomar seu banho matinal. Mas não pôde evitar dar uma conferida no sofá a caminho do banheiro. Potter dormia de bruços, tranquilamente.

Lily saiu do banheiro quinze minutos depois, com os cabelos molhados e já penteados, trajando um terninho feminino preto. Àquela altura, Potter já havia despertado e a encarava com os olhos semicerrados por conta da luz, seus cabelos mais bagunçados do que nunca.

– Bom dia, querida. – ele a cumprimentou, com a voz sonolenta. Bocejou sonoramente. – Dormiu bem?

– Mal dormi, na verdade. Fiquei com medo de perder a hora da abertura do evento.

Lily se sentou na beira na cama para calçar seus sapatos, tomada por uma sensação de pura ansiedade. Potter se encaminhou para o banheiro, mas Lily estava ocupada demais repassando mentalmente todos os acontecimentos previstos para aquela manhã. Assim que ficara pronta, ela desceu para tomar o café da manhã no restaurante do hotel.

Às sete horas, o ônibus fretado do Fórum St. Mungus levou todos os convidados para um auditório no centro da cidade, onde se daria a convenção. Durante o início manhã, num grande salão muito bem iluminado, os convidados do Fórum St. Mungus e de muitas outras instituições assistiram à abertura do evento. Em seguida, um desembargador aposentado de muito renome foi homenageado por conta do lançamento de seu livro. Lily naturalmente já havia lido a obra e se sentia honrada por poder presenciar tal acontecimento. James nunca tinha ouvido falar naquele homem.

Depois de receber as homenagens, o desembargador falou um pouco das últimas mudanças constitucionais e sobre a nova Suprema Corte do Reino Unido. Lily prestou atenção em cada palavra que ouvia. Desejou profundamente que, no futuro, ela também recebesse alguma honraria por alguma contribuição grandiosa.

Após o intervalo do almoço, os convidados retornaram ao salão. Durante a refeição, Lily acabara se sentando ao lado de uma promotora muito simpática e, portanto, quando retornaram ao auditório, a ruiva foi se sentar ao lado da nova conhecida. O que foi muito bom para James, que acabara por receber dois cutucões particularmente doloridos de Emmeline Vance após ter cochilado por dez segundos. Assim que despertara do descuido, James esticou o pescoço a fim de verificar se Lily havia visto. Mas, para seu alívio, ele sequer a encontrou na multidão de cabeças.

Vários advogados, promotores e juízes foram chamados ao palco para discursar sobre variados temas, como as novas emendas propostas pela Corte da Coroa no mês anterior. Lily ficou surpresa quando o evento se encerrou e lamentou-se internamente por ter passado tão rápido. James, por sua vez, abriu um sorriso aliviado e se levantou o mais rápido possível de sua cadeira, ansioso para deixar o auditório.

Após o encerramento, os convidados se encaminharam para o hall de entrada e começaram a comentar sobre os temas levantados pelas palestras. James se viu obrigado a conversar com algumas pessoas importantes que, segundo Emmeline, poderiam ser muito úteis no futuro. Algumas pessoas perguntaram sobre seus pais, mas James apenas lhes devolveu respostas automáticas. Depois de apertar uma dúzia de mãos, ele finalmente conseguiu se encaminhar para a saída do salão para esperar pelo ônibus fretado do Fórum St. Mungus. Ao lado da porta, James avistou Evans conversando animadamente com um homem de meia-idade.

Emmeline surgiu atrás dele e apontou para o homem com quem Evans estava conversando.

– Aquele é o doutor Goldfinch. – cochichou ela. – Ele é amigo pessoal do Primeiro Ministro. E tem uma carreira brilhante, não perde um caso há doze anos.

– Como é que você sabe dessas coisas? – James perguntou.

– Eu prestei atenção na palestra dele, oras. – Emmeline respondeu, abrindo um sorriso. – Vamos lá tentar falar com ele.

Os dois se aproximaram do advogado, que ouvia Evans falar com muita atenção.

– ...Porque, assim, a legalização de exportações de produtos altamente explosivos via...

– Boa tarde, doutor Goldfinch! – Emmeline se intrometeu, estendendo a mão na direção do homem. – Prazer, sou Emmeline Vance. Gostei muito do que o senhor falou sobre a Câmara dos Comuns. Foi muito interessante mesmo!

– Boa tarde, senhorita Vance. – Goldfinch apertou a mão de Emmeline, polidamente. – Fico feliz que tenha gostado.

James rapidamente percebeu que Evans não gostara nem um pouco de ter sido interrompida. Ela o fulminou com o olhar.

– Esse é James Potter, assistente dos promotores. – Emmeline continuou com as apresentações. – Ele e Evans trabalham juntos lá no Fórum. – ela acrescentou, abrindo um sorriso para Evans.

– Oh, então você trabalha com a senhorita Evans? – admirou-se Goldfinch, apertando a mão de James com força. – Deve ser tão inteligente quanto ela, eu presumo!

Evans abriu um sorriso enorme e orgulhoso, enquanto James tentava soltar a mão do aperto demorado do advogado.

– Não sei se chego a tanto. – James falou, num tom divertido. Percebeu que a cor das bochechas de Evans enrubesceram notavelmente. – Mas nós estudamos na mesma universidade e–

– Ah! Hogwarts? – Goldfinch perguntou, bem humorado, ainda segurando a mão de James. – Tem um excelente nome, essa universidade!

– Doutor Goldfinch?

Todos se viraram para encarar o velho promotor Crouch.

– O carro para nos levar para o hotel já chegou. – avisou ele, solene. – Dumbledore já está nele.

– Tudo bem, tudo bem! – Goldfinch concordou, finalmente soltando a mão de James. Virou-se para o trio e acrescentou: – Depois nós continuamos com o assusto, senhorita Evans. Foi um prazer, Sr. Potter e Srta. Vance.

Os três assistiram ao promotor Crouch e ao renomado advogado se afastarem na direção de um carro preto e luxuoso.

– E aí, Evans, sobre o quê vocês estavam falando? – Emmeline apressou-se em perguntar, curiosa.

Evans suspirou, ainda desapontada pela interrupção.

– Ah, ele falou sobre as novas emendas aprovadas na área de exportação durante a palestra, então eu estava contando para ele uma das minhas teorias para a resolução das leis, que são levemente contraditórias, referentes a exportações de produtos–

– Meu Deus, você estava falando com o melhor amigo do Primeiro Ministro sobre isso? – Emmeline estava boquiaberta. – Não acredito!

James reparou que Evans definitivamente não havia gostado da crítica. Resolveu intervir antes que a discussão se tornasse mais séria.

– É melhor irmos logo para o ônibus, ele vai sair daqui a cinco minutos.

Durante o percurso de volta para o hotel, a secretária do Juiz Dumbledore, Minerva McGonagall, avisara a todos os ocupantes do ônibus de que o coquetel de encerramento começaria às nove horas daquela noite. James havia se esquecido totalmente da cerimônia de encerramento. Virou-se para Evans, que olhava a cidade através da janela, um tanto desanimada.

– Você ficou chateada porque eu interrompi sua conversa nerd com aquele velho? – ele perguntou, receoso.

– Aquilo não era uma conversa nerd! – Evans começou, aborrecida. – Por que é que você cursa Direito se você acha que um dos maiores problemas de exportação não é uma tarefa a ser resolvida?

James respirou pesarosamente.

– Eu não fazia a menor questão de ir falar com ele. Foi a Emmeline quem quis ir conhecê-lo e eu só a acompanhei, não achei que–

– Não tem problema. – Evans o interrompeu, abrindo um sorriso fraco. – Sério.

Fizeram silêncio pelos próximos minutos. Evans voltou a admirar a cidade pelo vidro da janela, cruzando os braços na frente do peito.

– Posso te acompanhar no coquetel hoje à noite?

James só se dera conta do que havia dito depois de já tê-lo feito. Evans o olhou com seu típico olhar incrédulo.

– Mas–

– Como amigos, Evans. – James rapidamente acrescentou, sorrindo. Ela pareceu ponderar. – Acho que depois de termos dividido uma pizza, nós já podemos nos considerar amigos, não?

Evans riu e meneou a cabeça. Mas James perdera-se no som de seu riso. Ele finalmente aprendera a fazê-la rir. E aquilo só podia significar que James estava conseguindo encontrar uma abertura na muralha atrás da qual Lily Evans escondia seus sentimentos.


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Notas finais do capítulo

E aí, será que estou perdoada pelo atraso? Espero que sim! ♥

Mas e aí, gente, o que vocês acharam do capítulo? O que esperam desse coquetel, hein? Prometo que vai ter babado, hahaha! E o que estão achando do desenvolvimento de James e Lily? Me contem! ♥

Beijos e até o próximo capítulo,
Carol Lair (@carollairr)