Intercâmbio escrita por LaisaMiranda


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa a demora para postar. Eu nunca demorei tanto. Só que o cabo da bateria do meu notebook resolveu parar e eu tive que esperar meu pai arrumar, por que a história só estava registrada nele. Agora eu já salvei ela no pendrive para não ter esse problema. Vou postar o novo capítulo.

Espero que vocês não tenham desistido!!!!



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Naquele mesmo dia, me lembrei de que era o aniversário da minha mãe. Com tanta coisa acontecendo nessas poucas horas; o ataque de Nico, hospital, bebedeira, amaços e o almoço, eu quase me esqueci. Pedi o notebook emprestado da Lacey e liguei o Skype. Havia pedido para Vanessa ir até a minha casa e conectar a Web Cam para os meus pais, eles não eram chegados em tecnologia.

Eu estava na sala. Já era noite e tudo estava escuro, não quis ligar a luz. Enzo tinha ido trabalhar e Lacey e Nico estavam no quarto deles.

Desejei feliz aniversário para a minha mãe, Maria. Ela estava linda, era muito parecida comigo, tinha a pele morena. Os cabelos tingidos de preto estavam amarrados num rabo de cavalo e ela usava seus óculos habituais. Meu pai, Seu Leonardo, não mudava nunca. Ele estava com os mesmo cabelos brancos e um sorriso amarelado na boca. Sempre admirei os dois, por ser tão felizes em todos esses anos. Quem dera eu ter a mesma sorte deles.

— Estou morrendo de saudades, filha – disse minha mãe, meus olhos se encheram de lágrimas.

— Eu também mãe.

— De mim também, né? – perguntou Vanessa aparecendo para dar olá. Ela fazia isso em cinco e cinco minutos.

— Também - respondi rindo.

Vanessa também não tinha mudado nada. Continuava com a pele branca e os cabelos louros ondulados. Sempre disse que ela parecia uma barbie.

Conversamos bastante tempo, eu chorei, ri e me diverti. Vanessa, sem duvida, estava deixando tudo mais divertido.

Meus pais já estavam cansados, pois no Brasil já era bem tarde, então eles foram descansar. Porém, continuei conversando com a Vanessa.

— Você vai dormir aí em casa, é? – perguntei rindo.

— Eu vou. Seus pais sentem falta de uma filha, se é que me entende.

Ela jogou o cabelo para trás, fingindo não se importar.

— Você não sabe a vontade que eu estou de te abraçar agora - eu disse.

— Eu também sinto falta disso - respondeu ela, então se lembrou de algo. - Ah, nem te contei. Ontem eu fiquei com um gatinho.

— Nem me fale - murmurei.

— Mas foi só um beijo, numa dessas baladas. Não deu em nada, como sempre. Espera aí! - ela parou de falar e olhou espantada para a Web Cam. - Você disse "Nem me fale". O que isso quer dizer?

Respirei fundo, esquecendo de que ela podia me ver.

— Não acredito! Vocês se beijaram de novo?

— Ele me beijou - deixei bem claro.

Ela me olhou desconfiada, sabendo que eu estava escondendo mais coisas.

— Tá! Nos beijamos - confessei. - Mas ele estava bêbado e você sabe como termina a história.

Vanessa revirou os olhos.

— Sei. Ele disse que não se lembrava de nada. Típico!

— Pior que não.

— Como assim?

— Ele se lembra do beijo, inclusive disse isso na minha cara - exclamei, dando de ombros. - Mas não se importou.

— E você?

— Eu o que? - me fingi de boba.

— Você se importou? Sentiu alguma coisa? - não precisei dizer. Vanessa me conhecia. E dessa vez ela estava vendo meu rosto pelo computador. - Eu sabia.

— Eu não sei o que eu tô sentindo. Mas aquele beijo mexeu comigo de alguma forma - contei, me lembrando de cada detalhe. Em momentos como estes, eu me pegava pensando nele.

— Só cuidado para não se machucar. Você sabe como você se apega fácil.

— Eu sei. E não vai acontecer mais - disse decidida.

— Você não pode garantir isso - disse Vanessa, me olhando sério.

— Eu sei. Mas não é por causa de mim que eu estou falando isso.

Enzo deixou claro que aquele beijo foi só isso. Um beijo. Eu não tinha que ficar me iludindo nem nada. Só que o fato de ele ser lindo não facilitava as coisas para mim.

Passei mais uma hora conversando com a Vanessa e depois desliguei o notebook. Quando me levantei para colocá-lo em cima da estante, reparei no vaso que usamos no jogo de mais cedo. Os papeis ainda estavam lá. Não resisti e os abri.

FELICIDADE

COMPAIXÃO

CARINHO

Eram as letras coladas, formando essas três palavras. Qual será que era a palavra que Enzo tinha usado? Descartei compaixão. Porém tampouco achava que felicidade ou carinho pudessem ser o sentimento dele. Será que ele tinha mentido? Não colocado o que realmente estava sentindo?

Escutei a porta se abrir e me virei. Eu sabia que era ele. Apressei-me e joguei os papeis de volta no vaso. Ele acendeu a luz e ficou surpreso ao me ver.

— Você chegou cedo hoje - disse, tentando não me comportar de forma estranha. Mas realmente ele tinha chegado mais cedo. Ainda eram dez horas da noite.

— O movimento estava fraco. Will achou melhor fechar o bar mais cedo - ele tirou o casaco. - O que está fazendo aqui no escuro? - perguntou desconfiado.

— Estava falando com meus pais pela internet. É o aniversário da minha mãe hoje.

Ele não disse nada por um momento e não achei que fosse dizer, mas me surpreendi quando ele começou a falar de novo:

— Eu queria te agradecer – disse ele, sua voz era quase um sussurro.

Não entendi por que ele estava me agradecendo. Enzo se aproximou.

— Ontem você me trouxe para casa - disse ele, ainda com a voz baixa e com um certo tom de timidez. - Obrigada.

Ele me olhou nos olhos e eu quis sorrir, mas me contive.

— Eu faria isso por qualquer pessoa – repeti o que ele disse para mim naquele dia, tentando me comportar do mesmo jeito que ele fez. Mas eu não era ele, e claro que não consegui.

Para a minha surpresa ele sorriu e era um daqueles sorrisos verdadeiros, um dos poucos que já tinha visto. Então ele percebeu o vaso do meu lado. Tentei disfarçar, não queria que ele soubesse que eu estava mexendo naqueles papeis. Enzo colocou a mão em cima do vaso.

— O que você escreveu naquele jogo? - perguntou, sem olhar para mim. Eu não sabia por que ele queria saber disso.

— O que foi que você escreveu? - perguntei em tom desafiador, pois eu era a única que sabia que ele tinha mentido. Seu sentimento não era raiva. O meu era.

— Eu disse o que eu escrevi - ele sorriu meio malicioso.

O que eu estava fazendo? Eu não podia falar mais com ele. Ficar perto dele...

— Acho que eu vou me deitar - disse rapidamente.

Enzo ficou me olhando, parecia nem piscar.

— Eu não te entendo, sabia? - comecei a dizer. - Uma hora você não fala comigo. Outra você é carinhoso, e em outro momento você... - eu ia dizer me beija, mas não tive coragem. - O que você quer?

Eu nem sei como, quando ou por quê eu comecei a falar aquelas coisas. Só sei que as palavras saíram da minha boca e eu não pude detê-las.

— De verdade? Eu não sei - ele parecia estar sendo sincero. - Pela primeira vez eu estou confuso desde... - ele não continuou.

— O quê? - perguntei demonstrando minha curiosidade. O que ele queria me falar?

— Nada - respondeu Enzo, então olhou para baixo.

— Eu vou me deitar - disse por fim.

Era o melhor que eu tinha para fazer. Me virei e escutei a voz dele, quase inaudível:

— Carinho.

Meu coração acelerou.

— Eu sinto carinho - Enzo terminou a frase, revelando o sentimento do jogo. Me virei e o encarei, mal acreditando.

Eu sinto carinho. Carinho por quem? Tentei ver se conseguia descobrir enquanto olhava para aqueles olhos azuis. Enzo deu alguns passos para frente. Eu sabia o que ele tentaria fazer. E eu não deixaria dessa vez. Por mais que eu quisesse, eu não podia permitir de novo.

— Não - disse baixinho, mesmo parecendo que minha voz queria dizer sim. Não pude nem deixá-lo chegar tão perto do meu rosto, pois eu tinha certeza que cederia novamente. - Você não pode me usar quando você quiser e depois fingir que nada aconteceu. Eu tenho sentimentos.

As palavras não saíram como insultos, elas saíram suaves, como se eu estivesse conversando sobre algo relativo.

— Eu não estou chorando. E você não está bêbado - disse, sem parar de encará-lo, ele também não desviou o olhar. - Então qual seria a desculpa agora? - perguntei.

Esperei a resposta que não veio de imediato. Quando estava quase me arrependendo de ter dito tudo aquilo e pronta para dar meia volta, ele começou a falar. E não estava sendo grosseiro. Apenas falava normalmente.

— Eu podia te responder qualquer coisa. Qualquer coisa que você quisesse ouvir - ele olhou nos meus olhos. Fiquei nervosa por um instante. - Eu podia te beijar agora, de um jeito que você não resistiria. Ou eu podia dizer a verdade. A verdade do porque eu sou do jeito que eu sou - ele respirou devagar. - Eu podia dizer que eu gosto de você, mas eu nem sei se isso é verdade.

Ele continuou, mas não olhava mais para mim.

— A única coisa que eu sei é que quando estou perto de você eu faço coisas que já não faço há muito tempo. E eu me lembro por alguns segundos, da pessoa que eu costumava ser - disse, voltando a me olhar. - E talvez por isso. Só por isso eu esteja aqui agora. Ou talvez não. Talvez eu esteja errado sobre tudo o que eu acabei de dizer. Mas como vou saber? Eu não sei de nada.

Eu respirava com força. O que foi isso? O que ele tinha acabado de me dizer? E por que me disse tudo isso?

— O que aconteceu com você? - perguntei sem medo.

Ele abaixou o olhar e respirou fundo.

— Não aconteceu nada - disse ele, no mesmo tom de antes. Enzo tentou passar por mim para ir embora, mas eu entrei na frente.

— Não! - exclamei. - Aconteceu sim - disse, olhando em seus olhos. Me lembrando de cada palavra que Lacey tinha me dito hoje.

— Por que você acha que eu vou te contar? - ele voltou a usar seu tom grosseiro, mas senti que ele estava forçando o tom. Ele não queria me tratar assim.

— Eu não acho - respondi, abaixando os olhos. - Eu quero. Eu quero que você me conte - quase supliquei.

Ele demorou para voltar a falar.

— Eu nunca devia ter beijado você - ele passou por mim, quase me derrubando.

O que eu foi que eu fiz? Como fui louca de perguntar e dizer essas coisas? Eu estava tremendo dos pés a cabeça. Eu simplesmente não tinha mais controle sobre mim quando estava perto dele.

***

Tudo o que eu queria era parar de pensar em Enzo e curtir o meu domingo sossegada, mas parece que Deus não queria isso. Além de não conseguir tirar esse cara da minha cabeça, eu tive uma surpresa e um motivo para que meu domingo não fosse nada sossegado.

Por causa do que aconteceu, Nico estava se comportando de maneira estranha, como se pudesse morrer amanhã. Ele queria fazer tudo e a qualquer hora. Queria aproveitar a vida de todas as maneiras possíveis. E queria que todos ao seu redor estivessem aproveitando também.

Antes do almoço acabei escutando, por acidente, uma conversa entre Lacey e Enzo. Os dois estavam na cozinha. Ele estava falando de mim, sobre a conversa que tivemos ontem à noite.

— Me fala a verdade, você contou? - ouvi ele perguntar para a irmã, enquanto eu ainda não tinha entrado na cozinha.

— Não. Eu juro - prometeu ela.

— Então por que eu acho que ela sabe de alguma coisa? - indagou Enzo, nervoso.

— A culpa foi sua! - exclamou Lacey, dando lição de moral. - Você bebeu e falou mais do que devia.

Eu queria ter escutado mais, só que não foi possível. Digamos que Nico me pegou com a boca na botija. O bom foi que ele pareceu não desconfiar disso. Apenas sorriu e disse que teve uma ideia fantástica, então me puxou para a cozinha, onde Lacey e Enzo, instantaneamente, pararam de conversar.

Nico contou sua, então, mais nova ideia. Ele queria que todos saíssemos juntos para aproveitar o dia.

— Um passeio? - perguntou Lacey, empolgada. - I love it!

— A Giselle ainda não viu vários lugares de Londres, então achei que podíamos levá-la para conhecer - disse Nico, animado. - E faz tempo que não saímos todos juntos.

— Deve ser porque a gente vive no mesmo teto - começou a dizer Enzo, num tom seco. - E não queira ver a cara do outro por mais um segundo.

— Então você não gostou da ideia - disse Nico, sem demonstrar surpresa. - Novidade.

— Eu trabalho hoje, esqueceu? - indagou Enzo, sem emoção.

— Estou te dando o domingo de folga - disse Nico. - Aliás, acho que você está merecendo.

— Muito obrigado, mas dispenso - disse Enzo, recusando a oferta. Isso tudo era por que eu iria junto?

— Você prefere trabalhar? - perguntou Nico, horrorizado. - Eu não acredito!

— Onde você quer ir? - perguntou Enzo, depois de uma respirada lenta e paciente.

— Ao London Eye.

Fiquei animada depois que ele mencionou a roda-gigante. Eu queria mesmo ir para lá um dia. Por outro lado Enzo não pareceu gostar da ideia. Só ficou olhando para a cara de Nico, como se ele estivesse fazendo algum tipo de brincadeira sem graça, que ele não gostou.

— Não, obrigado - Enzo cuspiu as palavras, se levantando e saindo sem almoçar.

Não entendi por que ele agiu daquele jeito. O que tinha de tão chocante nessa roda-gigante que fez ele ficar assim?

— Eu vou falar com ele - disse Lacey, indo atrás do irmão.

— Não entendi - disse, depois que eu e Nico ficamos à sós. Quem sabe ele poderia me dizer o que estava acontecendo.

— Sabe o que acontece? - indagou Nico, aproximando a cabeça e falando baixo. – O Enzo não consegue perceber que memórias são boas. E que guardar rancor no coração é a pior coisa que um ser humano pode fazer.

Nico agora estava com essa mania de dizer as coisas em códigos ou em frases de reflexão. A doença, realmente, não lhe fez bem. E não ajudava em nada na minha curiosidade.

***

Às três já estávamos todos prontos para sair. Eu ainda não sabia se Enzo iria, então fiquei surpresa quando vi ele descendo as escadas.

— Não acredito que o convenceu - sussurrou Nico, só para que nós duas escutássemos.

— Eu tenho meus truques na manga - respondeu Lacey, convencida.

Dava para ver que Enzo não estava nem um pouco animado, mas ele estava ali. Eu queria ser uma mosquinha, para ter escutado o que ela tinha dito para convencer o irmão à ir conosco.

Levei minha câmera comigo e quando chegamos consegui tirar várias fotos da paisagem. Era simplesmente fabuloso. Não estava calor, mas tinha saído um solzinho naquela tarde. O céu estava aberto e maravilhoso. Estava tirando várias fotos e Lacey pediu que eu poupasse a bateria, já que de dentro da cabine da roda-gigante eu poderia tirar mais fotos legais.

Estava ansiosa para subir, mas tivemos que esperar numa fila. Enquanto não chegava a nossa vez, Nico estava explicando como funcionava. As 32 cabines podiam comportar 15.000 visitantes por dia e a volta completa tinha a duração de 30 minutos. Havia diversos pacotes oferecidos aos visitantes. Desde o simples "vôos" saboreando uma taça de champanhe, até a possibilidade de alugar sua própria Cápsula Privada com canapés, champanhe e vinho. É claro que esse não era o nosso caso. Iriamos entrar com mais umas quatro pessoas, além de nós.

Quando finalmente entramos na cabine do London Eye, (que tinha forma meio oval, e era tudo claro, onde não havia os vidros), senti realmente que estava nos olhos de Londres. A medida que íamos subindo, eu conseguia ver tudo. O grande rio Tâmisa, a enorme torre do relógio, a Capital toda da Inglaterra. Aquilo foi maravilhoso. Sem duvida nenhuma, seria uma das lembranças mais belas que eu levaria dessa viagem tão especial.

Tirei muitas fotos, o máximo que consegui. Em vários momentos percebi Nico e Lacey se beijando. Aquilo era romântico. E ainda tinham casais que alugavam o lugar para simples atos românticos. Eu não sei o que eu faria se pudesse um dia vivenciar uma experiência linda dessas.

Enzo não estava muito feliz. Ele olhava para a paisagem na sua frente, como se estivesse vendo algo normal, como uma pessoa atravessando a rua. Está certo que ele mora em Londres e já deve ter vindo várias vezes desde que foi inaugurado em 1999, mas mesmo assim. O London Eye era muito bonito para simplesmente nem aproveitar a turnê pelos 30 minutos.

Depois que chegamos ao chão, Lacey pediu para tirarmos algumas fotos. Nico pegou a câmera e tirou fotos de nós duas. Depois entregou a câmera para Enzo e nós três pousamos para as fotos.

— Vem Enzo! - gritou Nico. - Entrega a câmera para alguém, para podermos tirar fotos, os quatro.

— Não - respondeu ele, desconfortável. - Pode deixar que eu tiro de vocês.

Nico fez uma cara feia para ele. Lacey tentou defender o irmão.

— Deixa - disse ela, calmamente. - Ele não gosta de tirar fotos.

É, eu já havia percebido isso.

— Pois eu gosto - disse Nico, puxando Lacey e arrancando a câmera da mão de Enzo. Os dois se afastaram e foram tirar fotos sozinhos.

— Que saco! - exclamou Enzo, se aproximando de mim. - Eu quero ir embora.

Ele não olhava para mim, mas eu sabia que a razão de ele querer ir embora, não era porque ele estava com tédio, mas porque o lugar lhe lembrava alguma coisa.

Fiquei encarando o rio Tâmisa na minha frente. O vento soprava forte agora, mas não era desconfortante. Enzo estava calado ao meu lado, com as mãos no bolso.

— Esse lugar é muito lindo - disse, para acabar com o silêncio, que já estava me perturbando.

— É - respondeu ele sem emoção.

— Você já veio aqui? - perguntei, olhando para ele.

— Já - respondeu, sem a mesma emoção na voz.

Eu queria conversar com ele. Sobre qualquer coisa, mas ele não falava nada, nem sequer respondia minhas perguntas direito. Me dei conta de que era a primeira vez que estávamos sozinhos depois da conversa de ontem. Ele me disse tantas coisas. Eu queria conversar mais, porém não sabia como começar.

— Estive pensando nas coisas que você me disse ontem - disse devagar, percebi ele se mexendo pela visão periférica. Enzo não olhou para mim, mas eu tinha certeza que estava ouvindo atentamente o que eu dizia. - Você disse que eu te faço lembrar como você era antes...

— É melhor a gente voltar - interrompeu Enzo, rapidamente.

— Espera - disse, pegando no braço dele. - Não vai. Eu paro de falar.

Por que eu estava fazendo isso? Por que eu me comportava tão estranho quando estava perto dele?

— Você não sabe o quanto eu tentei evitar que uma coisas dessas acontecesse - começou Enzo. Um vento soprou tão forte que seu cabelo caiu em seus olhos, ele passou a mão para trás para tirá-lo do rosto, e não olhava mais para mim quando voltou a falar, ele mirava o rio Tâmisa. - Por isso eu não queria uma mulher na minha casa. E muito menos uma tão bonita - Enzo abaixou a cabeça e depois de um tempo, voltou a me fitar. - Isso. Nós. Não vai acontecer. Eu não posso fazer isso.

Ele abaixou a cabeça.

— E por que não? - perguntei sem me envergonhar. Cada vez eu achava mais estranha essa atitude de minha parte quando se tratava em conversar com ele. Mas nossas conversas eram tão sinceras, que por pior que elas sejam, não me davam medo.

— Porque não - Enzo exclamou, de forma meio inaudível. - Porque uma vez já foi o suficiente para ferrar com a minha vida. Eu não preciso... Disso de novo.

Ferrar com a vida dele? Como assim? Esse segredo de novo! O que raios aconteceu com esse cara? E por que ele fez o que fez, por que me beijou, se agora tudo o que ele queria era se afastar de mim?

— Mas você quer? - fiz a pergunta, sem receio. Ele demorou para responder. - Não quer?

— Não vou negar que você tem algo... - ele disse olhando para mim. - Que me atrai, mas é só isso. Não se iluda com algo a mais.

Enzo se afastou indo em direção a irmã e o cunhado. E eu fiquei ali, parada, pensando e pensando onde fui que me meti. Mas eu era teimosa, e depois de ele ter confessado que pelo menos, tinha uma atração, eu decidi que descobriria de qualquer jeito o que tinha acontecido, só assim eu conseguiria dormir em paz, e poderia aceitar a rejeição dele de cabeça erguida.


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Notas finais do capítulo

Espero que não tenha perdido leitores por esse atraso!!! Espero que vocês estejam realmente gostando. Por favor, continuem deixando a opinião de vocês.



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