Ação e reação escrita por Florrie


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui postar. Espero que gostem :)



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Todos os amigos do seu irmão eram idiotas, alguns mais que outros.

Contudo, aquele novo amigo não parecia idiota. Na verdade, ele lhe passou mais a impressão de sinistro do que de idiota. Ramsay Bolton não era exatamente um cara feio, mas tinha algo sobre ele que o fazia difícil de olhar. Talvez fossem os olhos tão claros que pareciam desprovidos de cor ou talvez o sorriso desprezível que aparecia vez ou outra. Tommen não precisou olhar para ele mais do que duas vezes para saber que não iria querer se aproximar dele, era como se algo dentro de si lhe dissesse que era uma péssima idéia.

Quando contou sua impressão para Myrcella, logo depois do rapaz ter ido embora de sua casa, a garota riu.

– Você não acha que está exagerando um pouco? – Ela perguntou deitada na sua cama jogando para o alto com os pés um de seus travesseiros. – Ele foi educado o jantar inteiro.

– Educado e assustador.

– Eu vou ter que admitir que o cara me deu um pouquinho de medo, mas acho que se deve ao fato de Joffrey parecer adorá-lo. Qualquer pessoa que mereça tanta admiração do nosso irmão não deve ser de confiança. – Myrcella desistiu de brincar com o travesseiro e decidiu sentar-se. – Ele já foi embora de qualquer maneira, deve estar indo para o aeroporto nesse momento.

– Porto Real agradece.

Seu comentário arrancou risos dela.

– Rosamund o achou bonito.

– Rosamund acha todo mundo bonito.

– Ela não acha Ty bonito. – Myrcella respondeu.

– Quem acha Ty bonito?

Sua irmã apenas sorriu como resposta. Ela levantou-se da cama e andou até ele para depositar um beijo na sua testa.

– Eu vou dormir, você devia fazer o mesmo.

– Boa noite.

Ela saiu do quarto e ele foi para o computador já ligado. Estava decidindo se deveria assistir uma comedia ou um filme de ação quando a porta do seu quarto abriu. Em um primeiro momento pensou se tratar de Myrcella, mas assim que se virou seu sorriso morreu. Quem estava parado a poucos passos dele era Joffrey.

– O que foi?

– Isso é jeito de falar com seu irmão mais velho? – Joffrey perguntou com uma falsa seriedade. Tommen cerrou os punhos. – Você não foi muito simpático com o meu convidado.

– Ele é seu convidado, é seu dever ser simpático.

As respostas teimosas costumavam enfurecer seu irmão. No passado Tommen aceitava tudo sem lutar, mas ele estava crescido agora, não era mais um garotinho medroso. Tommen mudou, mas Joff não, então quando sentiu uma mão agarrar o seu braço e o erguer com violência o garoto não se surpreendeu.

– Com quem você pensa que está falando?

O maior idiota de Westeros.

– Saia Joffrey, eu não sou um daqueles garotinhos que você amedronta. – O aperto ficou mais forte. – Saia do meu quarto!

– Você é um desses garotinhos Tommen, você sempre vai ser.

O garoto conseguiu empurrá-lo, mas a vitoria durou pouco, momentos depois Joffrey o agarrou novamente, mas dessa vez torceu seu braço e a dor que passou a sentir era forte.

– Me solta!

– Quer que eu quebre o seu braço Tommen?

– Eu não tenho mais oito anos!

– Não, mas eu ainda sou capaz de quebrar esse braço fraco. – Joff continuou e Tommen gritou.

Para sua sorte, pouco tempo depois, uma voz conhecida gritou na porta.

– O deixe em paz Joff.

Tommen se viu livre do aperto. Virou o corpo rápido e deixou-se tombar na mesinha do computador. Seu irmão encarava Myrcella com raiva por ter sido interrompido, mas sua irmã não pareceu intimidada. Ele sempre quis ser como Cella, inteligente e corajosa, nada poderia amedrontá-la, nem mesmo Joff.

– Eu sou seu irmão mais velho Myrcella.

– Eu sei, por isso mesmo deveria ter um comportamento melhor. – Ela disse com um tom ameaçador. – Irmãos mais velhos devem proteger os mais novos, não ficar agredindo eles.

Joffrey não respondeu, apenas saiu do quarto lançando um olhar irritado para Myrcella.

– Você está bem? – Cella perguntou com se aproximando. – Eu pensei que ele tivesse parado com isso.

– Ele perdeu a paciência, mas é raro acontecer hoje em dia. – Aquela era uma meia verdade. – Estou bem Cella. Pode ir dormir.

– E se ele voltar?

– Eu sou capaz de me defender, de qualquer maneira, não acho que ele vá voltar. – Sua irmã deixou um sorriso fraco escapar. – Não se preocupe, Joff não faria nada de muito ruim comigo, afinal, nós ainda somos irmão e nossa mãe, apesar de tudo, ama a nós três.

– Me chame se alguma coisa acontecer, tudo bem?

– Tudo bem.




XXX




Robb desceu do ônibus em uma rua calada, o que era novidade se tratando da Baixada das pulgas. Ele observou ao redor, tinha umas duas crianças correndo pela a rua sem fazer muito barulho, uma menina de aproximadamente quinze fumando sentada na escada e um rapaz fazendo manobras no skate. Se não fosse por eles a rua estaria deserta.

Ele andou um pouco chamando a atenção da menina que lhe lançou um olhar desconfiado. Robb não se importou e continuou sua caminhada. Ela está por aqui, ele tinha certeza disso. Havia passado todos seus dias andando pela a baixada esperando encontrá-la, era um plano terrível – Jon havia explanado isso na ultima ligação –, mas no momento, era o único que ele tinha. Com a foto da sua irmã nos dedos ele se perguntou, pela a terceira vez naquele dia, se era mesmo sábio mostrar a foto dela ao redor. Ninguém sabe quem é Sansa Stark, pelo menos não aqui...

Ele também tinha outra foto, essa guardada na sua carteira, mas Robb tinha a impressão de que não a encontraria aqui. Uma coisa de cada vez.

– Quem é você? – Uma voz perguntou ao seu lado. Robb se virou com o semblante mal humorado. Era apenas uma menininha de cabelos muito escuros e olhos extremamente azuis. – Eu nunca te vi aqui. – Ela declarou.

A mãe dessa menina provavelmente não a ensinou a não conversar com estranhos.

Robb a ignorou, mas a menina o seguiu.

– Você é um traficante? – Que tipo de pergunta é essa? Ele voltou a olhar para ela consternado. – Essa sua tatuagem é o símbolo de uma gangue?

– Você não deveria perguntar essas coisas para estranhos.

A menina abriu sua boca pronta para lhe dar uma resposta quando uma voz feminina se fez ser ouvida do outro lado da rua. A garotinha correu ao encontro da mulher.

– Desculpe por ela. – Ele a conhecia. Era a prostituta bonita que tinha encontrado no seu primeiro dia em Porto Real. Ross, ele se lembra do seu nome, a mulher caminhou até ele segurando a mão da garotinha atrevida. – Minha sobrinha não costuma saber quando parar de falar.

A garotinha corou fortemente e Robb sorriu pela a primeira vez. Algo nela lhe lembrou Arya, sua irmãzinha tinha o mesmo filtro na língua que a menina.

– Essa é Barra. – Ross disse bagunçando o cabelo da menina. – Esse é um amigo da titia.

– Amigo? – A garotinha voltou a olhá-lo desconfiada. – Eu nunca vi ele.

– Ele é novo na cidade anjinho. – Ross explicou sem desviar os olhos dele. – Vá para dentro querida, eu vou falar com o meu amigo e já entro.

– Certo tia.

A menina saiu correndo atravessando a rua e só depois que ela fechou a porta Ross voltou a falar. A mulher ainda tinha um sorriso nos lábios.

– Está perdido senhor? Se bem me lembro seu hotelzinho fica no centro e não na baixada.

– Eu estava passeando.

– Escolheu um lugar curioso. – Ela olhou ao redor e depois voltou a encará-lo. Robb apertou os punhos irritado, o que ele fazia ali não era da conta de ninguém. – Não se irrite, como disse que se chamava mesmo?

– Robb.

– Robb. – Ross deu um paço para frente. – Eu posso ajudá-lo se me disser com o que está mexendo, eu costumo conseguir as coisas, pelo preço certo, é claro.

Ele compreendeu o que ela estava falando.

– Não estou atrás de drogas ou algo assim.

– Isso é um alivio. Um rostinho bonito como esse não merece ser estragado. – Ela tocou sua bochecha com a ponta dos dedos. – Não deseja entrar? Podemos conversar mais calmamente lá dentro.

Robb ponderou um pouco e por fim aceitou. Ele de fato estava com fome e o seu dinheiro precisava ser economizado. Jon havia mandado alguma coisa e prometeu que o ajudaria, mas seu irmão não poderia bancá-lo nessa busca para sempre. A firma de segurança privada onde estava trabalhando não pagava tão bem assim.

Atravessaram a rua e subiram a escadinha que dava para a portinha azul. Entraram em um hall pequeno que tinha duas portas e uma escada. Ross começou a subir e ele a seguiu. No primeiro andar, mais duas portas, a mulher abriu a da esquerda e o deixou entrar primeiro.

Não era um lugar grande, mas era organizado. Parecia o tipo de lar familiar que tanto sentia falta. O sofá foi coberto por uma manta de crochê azul, o papel de parede era creme com pequenas florzinhas verdes, jarros coloridos estavam espalhados pela a mesa e cômodas e o tapete era vermelho e tinha a cena de um baile bordado.

Não parece à casa de uma prostituta, mas talvez ele estivesse sendo preconceituoso. Não deveria definir ninguém por informações previas.

– Sente-se, vou pegar o bolo na cozinha.

Enquanto ela saia da sala, ele se acomodou na mesa. A garotinha Barra apareceu segundos depois. Ela certamente não tinha mais que dez anos. Seus cabelos negros estavam agora presos em um rabo de cavalo mal feito.

– Venha cá. – Ele chamou. – Não vou morder, só vou ajeitar esse seu cabelo.

– Não tem nada de errado com o meu cabelo. – Ela respondeu, mas se aproximou do mesmo jeito.

– Minha irmã discordaria.

Barra ficou de costas para ele e Robb retirou o pompom cor-de-rosa do seu cabelo e prendeu de novo, dessa vez de forma perfeita. A garota saltitou até o espelho mais próximo e sorriu ao ver o resultado. Ross observava tudo da entrada.

– Não sabia que era bom com cabelos. – Ela comentou ao se aproximar. Um prato com bolo de chocolate foi colocado na sua frente. – Vá comer no quarto Barra.

– Tudo bem tia. – A menina pegou o prato e saiu correndo.

Um silêncio confortável se instalou. Robb comeu os dois primeiro pedaços sem sentir necessidade de falar nada. Ross quem quebrou o gelo.

– Então, Robb, no que posso ajudá-lo?

Ele apertou a foto entre os seus dedos e ela notou.

– Posso ver? – Perguntou e ele.

Ainda que relutante ele a deixou ver.

– Que garota mais bonita. – Ela comentou. Sansa sempre tirava esse tipo de reação das pessoas. Aquela era uma foto do álbum de tio Benjen, ele havia dado para Jon e seu irmão deu para ele.

Sansa estava sorrindo olhando diretamente para a câmera. Os cabelos ruivos estavam soltos e os olhos azuis brilhavam de animação. A foto foi tirada no aniversario de Beth Cassell e ele se lembrava de ver sua irmã cheia de expectativa para dançar com um garoto bonito primo de uma de suas amigas. Robb tamborilou os dedos nervoso querendo pegar a foto de volta.

– Está procurando por essa garota? – Ross perguntou colocando na boca mais um pedaço do bolo.

– Sim. Essa foto não é atual, mas é a única que eu tenho no momento. – Sua irmã não era mais uma garotinha, ele precisava lembrar. – Ela deve estar com o cabelo escuro ou pelo menos ela estava da ultima vez que a vi.

– É algo sua?

– É alguém importante.

Ross olhou novamente a foto como se fizesse alguma força para reconhecer.

– Eu tenho a impressão de que já a vi, mas não posso ter certeza. – Robb encheu-se de expectativas. – Você disse que ela tem o cabelo escuro agora.

– Tenho motivos para acreditar que sim.

Ross lhe devolveu a foto um tanto pensativa.

– Quando a olho eu tenho a impressão de conhecê-la, mas não posso ter certeza. – Suas expectativas caíram por terra. – Essa menina, ela também me lembra minha irmã, a mãe de Barra.

– Sua irmã?

A mulher voltou a sorrir.

– Sim. Mhaegen não era exatamente parecida com essa menina, mas tinha os mesmo cabelos ruivos e o mesmo sorriso também. – Ele logo notou que os olhos dela viajaram para um lugar longe, algum lugar no passado. – Ela era muito bonita, mas não posso dizer que foi muito esperta.

– O que aconteceu com ela. – A pergunta saiu antes que pudesse controlar.

– Se envolveu com pessoas erradas, de pouca confiança. Ela acabou conhecendo o pai de Barra, um homem mais velho e muito rico, passaram algumas noites juntos e ele lhe prometeu o mundo, mas é isso que todos os homens ricos prometem a garotas como nós. – Seu sorriso agora era triste. – Acredito que ele nem se lembrava do nome dela depois de uma semana, mas ela se lembrava do dele e quando Barra nasceu... Minha irmã disse que a menina era a igualzinha ao pai e que um dia ele viria buscá-las.

Mas ele não veio, completou em sua mente.

– Ela morreu antes da minha sobrinha completar um ano. Acreditou na sua ilusão até o ultimo segundo.

– Eu sinto muito.

– Não sinta, não foi sua culpa. – Ela responde. – Eu perdi a minha irmã, mas ganhei Barra. Eu vou garantir que ela seja mais esperta do que a mãe foi.

Outro momento de silêncio. Robb aproveitou para terminar o bolo, ele precisava voltar para as ruas e caminhar na esperança de que Sansa fosse aparecer – ou que algum plano infalível viesse a surgir na sua mente. Quando colocou o garfo no prato sentiu a mão de Ross pousar no seu braço.

– O que quer com essa menina?

Robb, por um breve segundo, pensou em contar mais do que devia, porém logo se lembrou de onde estava e como havia chegado ali. Ninguém era confiável o bastante, nem mesmo esta mulher que não parecia ser má. Ele olhou para a foto da sua irmã e então olhou para Ross.

– Sabe, ela me parece uma menina boa e eu odiarei levar um homem ruim até ela.

– Eu não sou ruim, pelo menos não do jeito que está pensando. Eu... Ela é importante. – Ross continuava desconfiava e ele pensou no que poderia dizer para convencê-la. Não posso contar a verdade, mas talvez meia verdade sirva. – Eu perdi algumas pessoas no passado, ela é uma delas, agora tenho a chance de encontrá-la.

A mulher o analisou por alguns instantes como um juiz antes de proferir sua sentença.

– Você me parece sincero então lhe darei um voto de confiança, deve ficar honrado, eu não o faço muito. – Ela se levantou e andou até uma cômoda onde pegou um caderninho e uma caneta. – Você tem celular, certo?

– Sim.

– Dê-me o seu numero e eu ligarei caso veja a sua garota.

Robb hesitou e isso a fez revirar os olhos.

– Não se preocupe, não sairei divulgando seu numero pelos cantos. – Ele pegou a caneca e anotou seu numero, enquanto o fazia ela comentou: – Você com esse jeito misterioso e cheio de segredos... Minha irmã o teria adorado.

Ele não respondeu, apenas devolveu o caderno e agradeceu pela comida.

– Venha, eu lhe levo até lá embaixo.

Quando chegaram à calçada Ross o abraçou sorridente e então olhou para o prédio do outro lado da rua.

– Os irmãos Stone não voltaram. – Comentou mais para ela do que para ele.

– Como?

– Oh, nada importante. Vá com cuidado Robb, a baixada ainda é perigosa, especialmente para quem vem de fora.




XXX





Myrcella envolveu Rosamund em um abraçado quando a garota esgueirou-se até o banheiro com o rosto molhado com suas lagrimas. Ela sentiu um aperto no coração, eu a encorajei pensou culpada. Robert Brax lhe passou a impressão errada de seus sentimentos, ele sempre sorria e sempre era doce quando estava com Rosamund, costumava, até mesmo, elogiar sua prima quando se sentavam para conversar. Myrcella se orgulhava em saber ler as pessoas, mas aparentemente suas habilidades não eram tão boas assim.

– Eu sinto muito. – Ela falou enquanto esfregava suas costas em uma tentativa vã de consolá-la. – Ele é um idiota se acha que aquela garota é melhor do que você.

– Mas ela é bonita. – Suas palavras prendiam por causa do choro. – Bonita e muito mais interessante do que eu.

– Não seja tola. – Foi tudo o que respondeu.

Ela sabia que sua amiga queria que ela falasse coisas horríveis de Lyanna Mormont para proteger seu ego ferido. Entretanto, Myrcella não achava justo apedrejar uma pessoa que nem sabia o que tinha feito. Lyanna era novata, tinha entrado há uns dois meses em pleno ano escolar. A garota era bonita e forte, o tipo que conseguia colocar medo com apenas um olhar, mas que também podia ser doce e corar com historias de amor. A nortenha não tinha culpa sobre Robert, na verdade, Cella duvidava muito que a garota ao menos soubesse dos sentimentos de Rosamund pelo garoto.

– Eu a odeio. – Rosamund anunciou se afastando enquanto limpava as lagrimas com as costas das mãos. Myrcella suspirou. – É culpa dela.

– Não fale isso, Lyanna nem sabe que você gosta do Robert. – E talvez nem o próprio Robert soubesse. Talvez seus sorrisos fossem mesmo gentileza, mas deu a impressão errada. – Existem muitos outros garotos em Porto Real, não fique agindo como se Robert fosse único.

– Você não entende Cella, nunca esteve verdadeiramente apaixonada.

– Não é verdade, eu namorei Rollam Westerling ano passado e gostava muito dele.

– Aquilo definitivamente não foi um namoro de verdade. – Myrcella estava pronta para rebater quando Rosamund continuou: – você o namorou por comodidade. Sua mãe o adorava, seu avô o aceitava, ele era bonito e legal, todo mundo gosta dele, todo mundo esperava que vocês dois ficassem juntos...

– Isso... Isso é ridículo.

– Você sabe que é verdade.

– Está enganada. Ele era legal.

– Jura? Tem tantos caras legais nesse colégio Cella e nem por isso eu quero namorá-los. – Rosamund não chorava mais, contudo seus olhos ainda estavam vermelhos, aquilo lembrou Myrcella de não se irritar. – Seu irmão é um cara legal e você não me vê querendo ficar com ele.

– Joffrey? – Perguntou assustada.

– Tommen.

– Você namorando Tommen seria estranho.

– Esse não é ponto. – Sua amiga disse encostando-se na pia. – Me diga, qual foi motivo do termino?

Suspirou procurando as palavras adequadas.

– Nós decidimos que éramos muito melhores como amigos do que como namorados. – Respondeu.

– Exatamente! – Ela teria tentado responder, mas como sempre, Rosamund foi mais rápida. – Vocês eram amigos e só. Eu sei que a senhorita não sentia borboletas no estomago quando o via ou tinha um mini ataque do coração quando ele te tocava. Vocês mal se beijavam.

Ela não tinha argumentos contra isso, mas não quer dizer que meu namoro foi de mentira.

– Você nunca esteve apaixonada por alguém antes Cella e conseqüentemente nunca teve o coração quebrado.

Ela sentiu o rosto esquentar de raiva.

– Podemos voltar ao foco da conversa? Você no caso.

– Tudo bem, eu já estou melhor. – Ela sorriu após falar. Sua súbita raiva se acalmou. – Se ele quer tanto Lyanna Mormont que fique com ela.

Quando a ultima aula acabou, Myrcella saiu junto com Rosamund e entrou no corredor abarrotado de outros alunos. As duas precisaram desviar de algumas pessoas até chegar ao portão principal onde a escadaria as levaria até a calçada. Ela não viu seu irmão em lugar nenhum, mas pelo o que lembrava, ele tinha comentado que iria andar pela cidade depois das aulas, era um daqueles momentos em que Tommen preferia ficar só. Provavelmente o veria apenas no jantar.

– Vai para casa?

Rosamund perguntou enquanto acenava para o pai que estava parado ao lado de um carro branco.

– Mais tarde. – Respondeu. – Bom almoço em família.

Elas despediram-se e cada uma partiu para um lado. Myrcella não queria voltar para casa tão cedo, hoje seu irmão traria seus amigos e ela podia passar uma tarde sem ouvir os comentários idiotas de Tywin Frey.

Caminhou pela a avenida da seda passando por algumas lojas de alta costura. Ela parou da frente da Spicer, a loja da mãe de Jeyne Westerling – e de Rollam. A senhora Sybell tinha sua marca espalhada por Westeros e alguns lugares de Essos. Myrcella se lembrava de Jeyne contado a historia da sua avó que começou criou a marca que agora pertencia a sua mãe, a primeira loja foi fundada em Lannisporto, era algo pequeno e discreto até que se tornou um símbolo de bom gosto. Em Porto Real a loja tinha dois andares e funcionava em um antigo bordel – quase todos os estabelecimentos da avenida da seda foram bordeis –, a fachada era bonita e as roupas escolhidas para a vitrine enchiam os olhos.

Myrcella ainda pensava em entrar quando uma figura conhecida apareceu na porta.

– Myrcella. – Jeyne chamou animada. Ela devia estar trabalhando na loja. – Venha aqui. – Myrcella foi puxada pelo braço e logo estava no interior da Spicer. Seus olhos foram atraídos para uma bolsa da nova coleção que tinha o famoso SS estampado na cor dourada. Jeyne soltou uma risada baixa ao seu lado. – Lindo, não é? Aquela mulher ali – Jeyne apontou discretamente para uma cliente que agora admirava um vestido verde, – ficou encarando a bolsa por uns cinco minutos, quase como se fosse uma obra de arte.

– Parece cara. – Comentou.

– Nada que uma Lannister não possa comprar.

– Não estava planejando gastar hoje, só queria passear mesmo.

– Caso mude de idéia você sabe a quem procurar.

Myrcella sorriu em resposta. Jeyne precisou atender uma garota que não conseguia se decidir entre dois vestidos. Ela achava muito legal da parte da Westerling trabalhar como vendedora na loja da mãe quando ela podia simplesmente gastar o resto do seu dia fazendo outra coisa. Myrcella tinha ouvido, uma vez, seu avô comentar que gostaria que Joffrey fosse mais como Jeyne.

Impossível.

Myrcella caminhou um pouco observando as roupas e as bolsas. Jeyne voltou alguns minutos depois, parecia um tanto irritada.

– Eu disse à garota que o preto lhe cai melhor, mas ela simplesmente insiste no prateado. – Myrcella sorriu. – Interessada em algo?

– Na verdade eu tenho que me despedir...

– Imaginei que você não iria passar a tarde inteira dentro de uma loja, por mais bonita que ela seja. – Foi surpreendida com um abraço afetuoso. – Volte sempre e quando quiser alguma coisa...

– Eu sei quem chamar.

As duas riram e Myrcella foi embora.

Já na calçada ela imaginou o que deveria fazer em seguida. Talvez olhar outras vitrines ou comer na sua doceria predileta. Andou por alguns minutos, ainda indecisa, quando sentiu o corpo bater em algo forte. Ela caiu para trás junto com sua mochila.

– Desculpe. – Ela conseguiu dizer antes de perder a voz ao ver em quem ela tinha batido.

Ele era, sem sombra de duvida, um dos rapazes mais bonitos em quem já tinha posto os olhos. Obviamente mais velho, talvez tivesse em torno da idade de Jeyne. Ele tinha o cabelo ruivo escuro e um rosto bonito, seus olhos azuis eram claros como o céu da manhã e a barba por fazer lhe dava um charme que fez seu coração dar pulinhos dentro do peito.

Ela provavelmente ficou o encarando, sentada no chão, feito uma idiota. O rapaz, provavelmente por pena, estendeu sua mão e a ajudou a se levantar.

– Desculpe, você está bem? – Ele tinha uma voz forte que fez seu estomago contorcer.

– Estou bem. – Ela conseguiu responder. – Eu que me desculpo, estava distraída.

As mãos dos dois ainda estavam unidas, ela notou. Ele também percebeu, pois logo depois afastou a mão. Um estranho silêncio caiu entre os dois, Myrcella queria encontrar algo legal para dizer, mas sua mente virou um papel em branco. Tudo o que ela conseguiu fazer foi olhar para ele e analisar sua aparência. Ele se vestia de forma modesta. Um jeans gastos e uma camisa de botão que estava com as mangas arregaçadas até perto do ombro. Ela pôde ver uma tatuagem no seu braço que só a fez ter idéias erradas. Rosamund diria que ele não tinha nenhum senso de estilo, mas Myrcella só conseguiu pensar que ele parecia perigoso. Maravilhosamente perigoso.

Sua apreciação foi interrompida pelas palavras dele.

– Desculpe novamente, eu preciso ir.

– Tudo bem. – Foi o que ela conseguiu dizer.

O rapaz foi embora e ela o observou partir.

Myrcella acabou suspirando. Eu não me incomodaria em trombar com ele de novo.



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Notas finais do capítulo

Comentários? - Eu adoraria kk
Beijos ;*