Depois do amor escrita por Hana


Capítulo 8
Festa.


Notas iniciais do capítulo

Presente



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_ Sarah, me empresta seu batom, por favor. - Disse eu, olhando para minha cara pelo reflexo da janela do ônibus.

Jhonatan estava do meu lado, e Sarah logo atrás de nós. Lia havia ido de carro com seu irmão, e nós obviamente não aceitamos a oferta de carona, porquê ninguém ali quer morrer com 17 anos em um acidente de carro.

_ Claro. - Disse ela. - Você acha que o Hugo vai estar lá?

_ Provavelmente né, ele é amigo do Léo pelo que você disse. - Respondo.

_ Espero que ele fique comigo... - Diz ela, sem pensar. - Quero dizer, não estou implorando pra ele me beijar eu só quis dizer que, meu, se ele ficar com outra menina, bem, vocês sabem, seria, né, tipo...

_ Sim, nós já entendemos Sarinhah. - Respondeu Jho. - Agora acalme-se.

Quando descemos do ônibus não foi difícil encontrar Lia, ela estava com um vestido laranja tão fluorescente que parecia mais um cone do que uma pessoa. Jho logo se colocou a nossa frente e foi cumprimentar Fernando, irmão de Lia e seus amigos que mais pareciam cavalos. Todos em suas ridículas blusinhas de marca e cordões de prata.

_ Meninas! - Gritou ela, já muito feliz com um copo de vodka na mão. - Oh meu Deus, vocês estão lindas! Estou feliz que vieram! Eu sou tão sortuda de ser amiga de duas... duas... - Então ela fez uma cara de choro, seus lábios se contraíram e seus olhos se fecharam com força. - Eu amo vocês.

_ Tudo bem, Li. - Disse Sarah, segurando Lia pelas braços. - Acho melhor entrarmos.

_ Oi meninas. - Disse Fernando chegando perto de nós. Todos seus amigos estavam próximos, e Jhonatan já havia se enturmado de uma maneira que eu nunca conseguiria, então logo veio a minha cabeça "será só eu e Sarah cuidando dessa bêbada a festa inteira... Ótimo, nada mais divertido.

_ Oi Fê. - Disse eu. - O que deram pra ela? A festa mal começou, jesus.

_ Nada demais, não é mana. - Respondeu ele, tirando o copo transparente da mão de Lia. - Você conhece a peça, sempre foi fraca para bebida.

_ Eu nem estou bêbada seus merdinhas. - Disse ela, encostada no ombro de Lia, com os olhos fechados e corpo mole. - É só... é só a briza.

_ Sim, estão vamos curtir essa briza no banheiro, está bem? - Respondeu Sarah.

Os portões da casa aonde seria a festa ainda estavam fechados, a maioria das pessoas que haviam chego até então estavam do lado de fora esperando. Mas já conseguíamos ouvir a música tocando alto, e os ditos "organizadores" entrando e saindo com caixas de som e isopores abastecidos.

Fê assoviou fino para um menino moreno de cabelo enroladinho que estava prestes a passar pelo portão, mas parou ao ouvir o chamado. Foi correndo até ele, e depois de algumas palavras fez um gesto com a mão. Então eu e Sarah arrastamos Lia até o portão.

_ Deixaram ela entrar como favor pra mim, mas só Sarah e Lia, você não Amandinha. - Disse ele.

Merda, vou ter que ficar aqui com cara de paisagem e sozinha até essa festa começar, porquê Jho esta ocupado demais dando em cima de um dos amigos de Fernando.

_ Ah que isso, sem problema. - Digo, e me volto para trás. Ao meu redor a vário grupinhos de amigos e amigas, carros, motos, copos com sabe lá Deus o que dentro, cigarros e com certeza, muitas, muitas pessoas desconhecidas.

Pego meu celular pra ver se encontro certo conforto naquele aparelho que não se encaixa nada bem no termo festa, mas antes mesmo que eu possa desbloqueá-lo Fernando vem ao meu lado e fala:

_ Eu nunca te vi de vestido, e salto. - Diz ele, pegando um maço de cigarro dos bolsos. - Ficou bonita.

_ Obrigada. - Digo eu, olhando para aquelas pessoas ocupadas em suas conversas e expectativas. - Eu comprei pra vir aqui, sua irmã quem escolheu.

Eu estava usando um vestido preto bem justo no busto, sem mangas, cinturado e com uma saia rodada, muito mais curta do que eu pensei que seria.

_ Difícil mesmo são esses sapatos. - Completei, me referindo ao salto alto vermelho que emprestei de Sarah.

_ Por isso amo ser homem. - Diz ele, referindo-se aos seus tênis Adidas de cano baixo e preto. Coloca um cigarro na boca, e acende com um Bic.

_ Seus tênis são bonitos. - Digo. - Bem melhores do que os que seus amigos usam, parece que estão de salto alto, como eu.

Ele ri, e depois de soltar a fumaça responde: _ São tênis para academia, na minha opinião, e não são tão feios.

Fernando e eu já nos conhecíamos a muito tempo, desde que eu comecei a frequentar a casa de Lia quando viramos amigas. Mas desde que eu havia arrumado um namorado, nós perdemos o contato e fazia um bom tempo que não conversávamos assim.

_ O que você entende sobre moda meu caro? - Digo, rindo. - Calado!

Ele traga mais uma vez, e segura os lábios para não rir, contendo a fumaça. Olha para mim, e oferece o cigarro. Eu havia fumado só uma vez, no primeiro ano com as meninas, mas não havia gostado nem um pouco. Olhei bem para ele, com uma cara séria e preocupada. E sem pensar, peguei aquele cigarro, enfiando-o na boca e tragando de uma vez, sem engasgar.

_ Sei mais do que você à dois anos atrás, sua emo! - Diz ele, e eu caio na risada.

_ Essa fase de mexas coloridas e roupas pretas passou, aleluia! - Respondo. - Hoje sou mais feminina... Pelo menos nas festas.

Ele traga mais uma vez, e olha para meus olhos. Fernando era bem diferente de Lia, não pareciam nem um pouco irmãos. Ele era muito alto e forte, já tinha seus 23 anos e um cabelo louro escuro. A única coisa que tinha em comum com Lia eram seus olhos castanhos escuros.

_ É, passou. Agora você cresceu. E cá entre nós, se você não fosse uma prima pra mim, já tinha te levado pra bem longe daqui. - Diz ele, e sorri maliciosamente.

Eu rio, porquê sei que é brincadeira. Fernando sempre foi assim, um galinha que aparenta não se importar com nada. Mas no final das contas, ele se importa com o que realmente interessa, como estudos e família. O cara era dentista, ganhou bolsa de odontologia e hoje estava no último ano de faculdade.

Sábado.

Quando entramos na festa, a musica parecia explodir nossos ouvidos. Fui logo procurar as meninas, e Sarah estava sofrendo para manter Lia longe das bebidas. Jhonatan foi dançar, porquê ele faz isso maravilhosamente bem, e não digo isso porquê somos amigos e eu o amo, e sim pois ele realmente dança maravilhosamente bem!

_ Eu tive um sonho uma vez, em que eu arrumei um namorado. - Disse Lia, enquanto estávamos no banheiro feminino, tentando forca-la a vomitar mais para melhorar logo. - E ai eu descobri que era um sonho enquanto estava no sonho, porquê, dã, eu nunca vou namorar!

A festa era em uma propriedade muito bonita, com gramado e piscina. O local aonde faziam churrasco foi a "pista de dança", haviam até contratado DJ. Dentro da casa só podíamos usar o banheiro, ou ir pegar bebida. A noite parecia linda, com uma lua bem cheia e estrelas no céu.

Demorou um pouco mas Lia finalmente voltou ao normal, então nós fomos tentar curtir a festa. Sarah, eu e Li dançamos muito, desde funk até axé, o que tocava não importava, nós simplesmente estávamos nos sentindo livres e muito, muito felizes. Bebi um pouco do copo de todo mundo que passava por mim que eu tinha uma certa amizade, mas sabia do meu limite. Isso me fez ficar um pouco no ar, dando risadas bobas e sorrisos ingênuos. As vezes parávamos de dançar e sentávamos próximo a balada, comentando as roupas das meninas, os gatinhos que haviam por lá, e chegamos até a falar de ETs, e o que tem depois da nossa galáxia. É claro que como estávamos meio bêbadas nossas bocas viraram um cu, de lá só saía bosta. E claro, muita risada.

Enquanto tocava a clássica Macarena, Sarah foi seduzida pelo seu ficante moreno, alto, bonito e sensual Hugo. E a responsabilidade de ser babá de Lia ficou para mim, já que Fernando estava provavelmente nos cantos com alguma menina, ou, algumas.

Continuei curtindo meu momento quando puxaram meu cabelo.

_ Ai, caralho! - Disse eu, me virando para encarar quem fosse.

Era Pedro, um dos amigos de Fernando. Eu fiz uma careta, não gostava daquele menino já fazia 6 anos, desde que ele havia me chamado de gorda quando eu tinha apenas 12 anos e estava brincando na casa de Lia.

_ Ei, você cresceu. - Disse ele, chegando perto até demais.

_ Todos nós. - Disse secamente.

_ Quer dar uma volta? - Perguntou ele.

_ Hum, obrigada, mas não. - Disse eu, me virei novamente, e continuei dançando no ritmo da musica.

Então recebi mais um puxão de cabelo, agora muito mais forte do que o anterior. Já estava muito mais do que alterada e não me faltou coragem para dizer:

_ Ta maluco moleque? Vaza! - Respondi, alto e rude.

_ Se louco hein. - Disse ele, com os olhos bravos, e foi se afastando de mim. - Piranha!

Não deu outra, peguei o copo de água que eu estava segurando para Lia e sem pensar duas vezes joguei direto na cabeça daquele machista.

_ Vai se foder, moleque! - Disse e saí de lá sem ao menos olhar para trás.

Andei pelo gramado aonde estavam várias pessoas, como sempre andando em bando. Copos e pontas de cigarro pelo chão. Só pude ter pena de quem arrumaria tudo aquilo. Continuei andando pelo jardim, e achei um banco perto da piscina, afastado da maioria das pessoas, lá mesmo sentei. Me espreguicei, suspirei fundo. Ah, eu deveria sair mais, deveria curtir mais como Lia, eu sou muito caseira, pensei.

_ Posso sentar? - Ouvi uma voz rouca e cantada atrás de mim.

Quando olhei era Fernando, como sempre, com um cigarro na boca.

_ Jogue essa merda fora e sim, pode se sentar. - Respondi.

Então assim ele fez, e se sentou do meu lado. Suspirei fundo e encostei a cabeça em seu ombro, senti a macies da camisa branca sem estampa de algodão que ele usava.

_ Cara, fazia muito tempo que eu não vinha a uma festa. - Disse.

_ Por quê? É tão bom. - Disse ele.

_ Ah, Ian, claro. Ele não me deixava sair pra festas assim. - Disse. - Ele era um babaca, o mais babaca de todos.

_ Nunca deixe ninguém dizer o que você deve ou não fazer. - Disse ele. - Melhor conselho que posso lhe dar.

_ Sim, é verdade isso. - Disse. - Ele me tirou tudo o que eu gostava, minha liberdade, meus programas para sair, meus tempos livres, até mesmo amigos ele me tirou.

_ Eu percebi. - Disse ele. - Eu nunca mais te vi lá em casa desde que você começou a namorar o magrelo.

Eu ri, e desencostei do ombro dele.

_ Tudo tem seu lado ruim, Ian tinha muitos lados ruins. - Digo. - Mas o bom de namorar ele, era que eu nunca me sentia... só. Ser solteiro é ser solitário, e eu sempre fui uma pessoa muito carente de afeto, infelizmente.

Eu continuei olhando pra frente, fixamente para as pessoas que estavam bem longe agora, para a balada que estava ainda mais e suas luzes.

_ Ei. - Disse ele, então eu olhei para seus olhos. - Eu to aqui se você está tão carente assim, to bem aqui. - E sorriu.

Eu ri, e respondi: _ Ok, seu bêbado. Mas acho melhor voltarmos pra perto das pessoas, o que você acha?

_ Hum - Disse ele. E eu fui me levantando, ajeitando o vestido e me preparando para andar. - Acho que não. - Completou Fernando, e me puxou pelo braço. Eu cai como uma jaca podre em seu colo.

E quando percebi sua linguá estava dentro da minha boca, e eu continuei com os olhos abertos e espantados. Demorou um pouco até eu fecha-los, e perceber que eu gostava de estar ali, que eu queria beijar Fernando e que não era nada estranho beijar ele, não como eu imaginava que seria.

Ele passou sua mão pela minha cintura, costas... e descobriu minha bunda. Ei me arrepiei na mesma hora, mas tentei parecer o mais cool possível. Passava a mão pelo seu cabelo, e me concentrava em nossas bocas. Sua mão foi descendo, e descendo até finalmente achar a barrinha do meu vestido, e então ela foi subindo, e subindo e...

TIMMMMMMMMMMMMMMMM, meu telefone toca.

Tiro meus lábios do dele na mesma hora, e olho-o assustada. Mas ele só retribuí com um sorriso bobo. Sem ao menos sair de seu colo, pego o telefone e atendo a ligação sem ver quem era.

_ Alô - Digo.

_ Amanda! Aonde você tá? - Diz uma das vozes que eu mais conheço nesse mundo: Lia. Ela não parecia bêbada, pelo contrário, estava muito ciente do que falava. O único problema da ligação era que ela chorava muito. - Preciso da sua ajuda, meu Deus, eu fodi tudo! Preciso de você agora!

_ Li, onde você tá? Eu to indo ai, calma! - Levantei em um só pulo. E Fernando ao ouvir o nome de sua irmã também ficou de prontidão.

_ Eu fodi tudo Amanda! TUDO! - Ela chorou, e seu choro foi tão forte, que o soluço que veio depois apertou meu coração como nunca antes. - Eu fodi tudo!

Só pude olhar para Fernando, com os olhos arregalados e garganta ardendo. E correr pela festa, a procura de Lia.


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Notas finais do capítulo

...



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