Depois do amor escrita por Hana


Capítulo 6
Família.


Notas iniciais do capítulo

Passado de Amanda.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/606611/chapter/6

_ Amanda, eu vou com a Magda comer fora hoje, e você também vai. - Disse Andrew quando eu tinha uns 13 anos.

_ Hum, não. - Disse secamente.

Meu pai nunca foi muito pai, nós conversávamos sobre como estava a escola, minhas notas, planos de faculdade, o que eu queria comer quando a empregada faltava e o que eu queria de aniversário aquele ano. Ele nunca se quer me deu um abraço fora de datas especiais. Eu não o odiava, jamais, mas queria muito que ele me desse um beijo de boa noite e um elogio quando eu me arrumasse. Poxa, ele é meu pai! Minha mãe também não estava muito atrás. Eles me amavam, eu acho, mas sempre que tinham a chance de se livrar de mim eles a usavam.

Mamãe me ligava semanalmente, e falava que minha avó queria uma visita nas férias. Mandava um presente no meu aniversário, e perguntava como eu estava, mas no fundo eu não sabia se ela queria ou não realmente saber. A única pessoa que sempre queria de verdade era minha avó, eu passava horas com ela no telefone, conversando, desabafando. Ela me contou que depois que eu fui embora, minha mãe arrumou um emprego bom, e foi morar com o namorado, Otto. Ele era um rapaz muito legal e educado, que obedecia até demais a mandona Roberta. Sempre estava indo vê-los aos domingos, e levava presentes como flores para paparicar a sogra, dizia ela. Ela também rezava para que mamãe tomasse jeito, e quem sabe se casar, sossegar, tentar reconquistar o tempo que perdeu e ainda perde escolhendo ficar longe de mim. Sempre fui de me apegar a qualquer figura materna e paterna, principalmente meus avôs a avós.

Minha vó por parte de pai, também me tratava muito bem, eu sabia que ela gostava de mim, mas não conseguia ter a mesma intimidade e afeto que tinha pela vovó Fernanda. Era pra ela que eu pedia absorvente e tive "a conversa", sabia que podia contar com ela, mas mesmo assim não era igual.

Quando cheguei no Rio, meu pai já namorava a Magda. Loira, alta, bonita. Fazia comerciais para a TV e sonhava em virar atriz da globo. No começo, ela não gostava de mim e eu muito menos dela. Mas depois de um tempo, ela viu que eu não era uma rival, e sim uma coitada. Então por dó, começou a me tratar muito bem, conversava comigo e me levava presentes como batom e blush, que eu nunca usava. E eu comecei a gostar dela.

No dia em questão, quando eu tinha meus 13 anos, Andrew me obrigou a ir nesse tal jantar com ele e com Magda. Eu coloquei meu tênis azul, minha calça jeans de sempre, e meu casaco preto. E também recebi um:

_ Eu não vou sair na rua com você vestida desse jeito. - Vindo do meu pai.

_ Você quer o que, Andrew? Que eu me vista como a Magda? - Respondi, seca.

_ Quero que se vista como uma filha minha, trate de colocar um vestido, sua vó compra vários pra você todo mês. - Diz ele.

_ Mas eu não gosto deles! - Começo a ficar irritada.

_ Vista-os, é uma ordem!

Já no carro, me encontro em um vestido azul rodado ridículo, e tênis.

_ Porque está me obrigando a ir nesse lugar?

_ Vou pedir a Magda em casamento. - Diz ele

_ Oi? - Digo, e não sei porque acho muito estranho aquilo. - Uau, eu não queria ver isso.

_ Mas ela gosta de você e eu também, somos uma família e enfim, você quer sim.

_ Se você diz... - Respondo.

Depois de 5 meses planejando o casamento, ele finalmente se realizou. Eu usei um vestido branco, a escolha de Magda, e sem querer me diverti muito na ocasião. Até dancei com o meu pai. Foi grande, simples, elegante. E uma das noites mais legais que eu já havia presenciado. Depois de mais 5 meses, fomos morar em uma casa tão grande quanto a casa dos meus avos. Na verdade, um apartamento gigante, com 4 quartos, sem necessidade, de frente pra praia, infelizmente lindo, aonde eu comecei a me sentir em casa.

No ano seguinte ao casamento, eu já estava acostumada a vida que levava no Rio, e as idas e vindas da cidade grande para visitar minha família em Realeza. Mas quando eu menos esperava, uma das coisas que eu mais amo nesse mundo veio a minha vida. Quando eu vi aqueles olhos azuis escuros e aquele cabelinho loiro, parecendo ouro me apaixonei. João, simples como ele sempre foi, lindo desde o nascimento. Quando segurei meu irmão pela primeira vez, foi bem diferente do que eu esperava, eu senti algo tão forte dentro de mim, como se eu precisasse desesperadamente cuidar daquela criança com todas as minhas forças! Eu me sentia mãe daquele anjinho, tão pequeno. Eu senti amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Depois do amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.