Depois do amor escrita por Hana


Capítulo 3
Meus Pais Me Odeiam


Notas iniciais do capítulo

Passado de Amanda



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Nada na minha vida foi muito fácil, mas eu havia me acostumado com aquilo fazia um longo tempo. Meus pais se separaram quando eu ainda era um feto, eles transaram sem tomar nenhum cuidado para a prevenção de uma gravidez não planejada. E isso resultou em uma grande briga na família da minha mãe, e uma conformidade absurda na do meu pai.

Quando eu era pequena, morava com a minha mãe, e só recebia algumas ligações do meu pai, via ele apenas no natal, e férias de final do ano. Mas todo mês lá estava a pensão enviada. 

Também fui criada por um bom tempo pela minha avó, ela fazia minha comida, passava minhas roupas, me arrumava para a escolinha. E minha mãe estava sempre muito ocupada com a faculdade, ou com alguma briga entre ela e meu avô, ou meu pai. Quando completei 3 anos, comecei a querer que minha vó fosse minha mãe, porque ela me criou, me deu atenção, brincou comigo, beijou meus machucados e contou histórias antes que caísse no sono. Minha mãe só me levava de carro para a escola, em silencio, e achava que aquilo era ser mãe. Mas convenhamos que com 21 anos de idade seja complicado ficar preso a algo.

Quando eu completei 11 anos, meu pai chegou para me ver no natal. Como sempre, trazendo um presente do meu avô e um da minha avó que eu só via uma vez ao ano, os pais dele. Minha mãe sempre ficava irritada com os presentes que sempre custavam muito mais do que o nosso estilo de vida poderia comprar, e falava que queriam comprar a minha atenção. Mas nesse natal, o que ela não sabia, é que era isso mesmo. Meu pai queria que eu fosse morar com ele, a quilômetros de distancia da minha avó materna. Tive que pensar, e repensar a proposta. Aonde eu morava com a minha mãe era pequeno, pacato, se chamava Realeza. Uma pequena cidadezinha litorânea muito simples. E meu pai, morava no Rio, exatamente o aposto de Realeza, a única coisa que tinham em comum era o mar.

Quando tirei minhas malas do carro, me arrependi no mesmo momento. Nenhum abraço, voz, comida ou cheiro fazia eu me sentir em casa. E eu sentia falta dos meus avós, dos meus amigos, da minha tranquilidade, até da minha mãe. O apartamento gigantesco não se comparava a casa apertada que eu vivia. As comidas prontas e cheia de gordura, nunca chegaria aos pés da comida caseira da minha avó. Os presentes caros, as roupas novas todo fim de semana, a tv com mil canais, nunca poderiam substituir os castelos de areia que eu fazia todos os domingos com meu tio Gustavo, nem o churrasco de sábado que juntava toda a família em casa, ou os doces que minha vó sempre fazia de tarde. A saudade durou muito, e ainda dura.

Quando eu entrei na escola, não conhecia ninguém. Logo fiz alguns amigos, que graças a Deus estão comigo até hoje me apoiando. Sarah, a ruiva mais engraçada desse mundo. Jhonatan, que se assumiu gay ano passado, e que é a figura mais legal e companheira que eu conheço. E Lia, a rainha da beleza. Ficamos anos juntos, e até hoje estamos na mesma escola.

— Andrew. - Digo.

— Não, não Amanda. - Corrigiu Nora, minha avó paterna. - Chame-o de pai.

— Diga. - Completa o belo moço, que na época tinha 24 anos, e acabara de terminar a faculdade de engenharia.

— Por que você quis que eu viesse morar com você? - Pergunto.

— Sabe, Amanda. - Disse ele, enquanto trocava os canais da tv. - Seu vô e sua avó acham que você merece uma boa educação, já que você é uma Eloni. Somos uma família de nome.

— E você também acha? - Encho-o de perguntas, na minha inocência de 11 anos.

— Eu concordo com o que sua vó decide. - Responde ele. - Ela disse que vai pagar tudo, então sim, eu também acho.

Algumas coisas nós não esquecemos, fica guardado lá no cantinho, por mais que nós achemos que não nos afete. E eu me pergunto, porque ele simplesmente não mentiu para mim?


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