Depois do amor escrita por Hana


Capítulo 12
Cinema.


Notas iniciais do capítulo

Presente.



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A manhã de sábado foi como o esperado, ouve a audiência de Léo, e o maldito saiu limpo na história. Muito foi contestado, porém por mais irritada que aquilo me deixava eu não esperava muito da justiça. Lia passou a tarde inteira em casa, nós conversamos sobre tudo, ela desabafou muito e até chorou. Falou que aquilo não deveria significar nada, era só sexo, ela já havia feito antes. Mas era uma memória ruim, ela se sentiu fraca e suja após o acontecimento, e com certeza não é assim que você deve se sentir quando transa com alguém. Ficar ao lado de Lia fazia eu me sentir muito feliz, poder ajuda-la e ouvi-la era gratificante para mim.

Quando eu havia terminado com Ian, Lia passou dias na minha casa, me chamava para ir em todas as festas e sempre me perguntava como eu estava. Ela sempre estava ao meu lado quando eu precisava, e eu nunca vou me esquecer disso. Lia sabia que por mais que as pessoas gostem de ficar sozinhas, ninguém gosta de se sentir sozinha. E era exatamente como eu me sentiria sem ela.

Fizemos brigadeiro, e assistimos vários episódios de Sex and the City, série favorita de Lia desde sempre. Ela achava extremante contemporâneo. Mostrava que as mulheres podem fazer e ser como querem, Carrie era uma deusa para Li.

— Nossa, se nossas vidas fossem um seriado seria demais. - Disse ela. - Tipo, todo mundo fala mal da TV pois a realidade não é essa, e eles mostram tudo muito perfeitinho. Claro que ninguém realmente acorda maquiada, mas eu gosto sabe, é um scape. Tudo seria melhor se acordássemos maquiadas e sem bafo.

Eu rí, mas concordava com Lia. Por mais que a vida não fosse nada como a mídia colocava, seria muito bom se fosse assim.

— Como está se sentindo sobre a sentença de Léo? - Disse. - Que na verdade não é sentença.

— Quero-o bem longe de mim. Quero que o mês acabe logo, para eu conseguir dormir em paz, sem pensar que eu possa estar gravida também. E já que a justiça não existe, quero esquecer. - Disse ela. - É mais fácil assim.

— E seus pais? - Perguntei.

— Eles querem tentar mais até colocar Léo no xilindró. - Respondeu ela. - Mas eu disse que não quero. Eu só quero esquecer, sabe?! As pessoas acham isso errado, mas por que é errado? Não, eu tenho todo o direito de escolher o que vai acontecer, e eu escolho esquecer!

— Você não está gravida, fique tranquila. - Respondi, e peguei mais uma colherada de brigadeiro. - Preciso te contar uma coisa, mas sei lá, com tudo acontecendo pode não ser a hora certa, mas...

— Ei, conta agora! Quero saber. - Disse ela.

— Bom, eu fiquei com uma pessoa na festa sabe. - Disse, rindo. - E ela me chamou pra sair, amanhã aliás.

— Sua ridícula! - Disse Lia jogando uma almofada em mim. - Por que não me falou nada? Me conta! Quem é?

Eu ri, sem saber como falar direito: _ O seu irmão...

— MENTIRA! - Disse ela, e começou a rir estéricamente. - Minha cunhadinha querida! Eu não acredito, ai meu Deus, como eu não to sabendo disso? Amei!

Eu ri de Lia. Claro que nós havíamos ficado apenas uma vez, mas para ser sincera, eu pensando um pouco em Fernando, um pouco demais eu diria.

DOMINGO.

Quando chegamos no cinema meu coração esfriou como gelo, e eu finalmente percebi que estava mesmo em um encontro com um galinha. Que merda que estou me metendo mesmo? Mas já estava lá, na fila para comprar pipoca. Percebi que não importava como Fernando era, ou como isso poderia acabar. Eu queria estar ali, então eu fui, e não há problema nenhum nisso.

— Quer refri, suco, água...?

— Não, deixa eu pago, Fê. - Respondi.

— Ok, duas cocas, por favor. - Disse ele para a atendente. - E duas pipocas grandes.

— Eu não como tudo isso! - Disse.

— Comi sim, eu lembro que todo mundo te zoava porquê você sempre foi boa de garfo, ok? - Disse ele, rindo.

— Seu ridículo, você é muito espertinho pro meu gosto, eu estava tentando fazer a linha magrinha aqui, ok?

— Não deu certo, me desculpe. - Ele riu.

— Que filme nós vamos ver mesmo?

— Um tal de... Magic Mike. - Respondeu ele. - O dois. É legal? Sobre o que?

Eu ri, não me contive: _ Bom... É ótimo, não vou estragar o filme só posso falar que você vai amar! - Disse. - E eu mais ainda...

Quando entramos na sala de cinema Fernando deve ter entendi totalmente meu sarcasmo. Logo Channing Tatum e seus amigos musculosos usando pouca roupa e 90% do tempo sem camisa começaram a dançar o mais sexualmente possível. É claro que eu aproveitei cada segundo que eu passei sentada naquela cadeira confortável, comendo minha pipoca grande e meu refrigerante tamanho família. Fê por outro lado, chegou no meu ouvido e disse:

— Muito espertinha você. - Ele riu. - Que filme é esse, meu deus? Não deixe meus amigos saberem que eu vim ver isso. - Eu só pude rir em resposta.

DOMINGO.

— É um filme muito bom, você tem que admitir. - Disse eu, quando saímos do cinema e andávamos para o estacionamento.

— É um filme muito... Feminino. - Respondeu. - Quer dizer, eu sou hétero, velho!

— Ah, Fernando, para com essa besteira. - Disse. - O que te faz gay é gostar de pinto, mas assistir homens seminus dançando sensualmente.

Ele riu: _ As vezes você é engraçada sem perceber. Eu gosto disso.

— Que bom! Gostou de pelo menos uma coisa do nosso passeio.

— Não, Mandi. - Disse ele, chegando no carro e abrindo a porta para mim. - Eu gostei de tudo, até mesmo dos machos.

Eu ri e entrei, fechando a porta: _ Cinema é sempre bom. Eu amo filmes, amo mesmo. Aprendi como meu pai, sem querer a gente fica igual as pessoas que nos cercam.

— Eu gosto também - Disse ele, já sentado no banco do passageiro. - Mas não conheço muito, infelizmente.

— Eu posso te ensinar o pouco que sei.

— Pode ter certeza disso. - Disse ele rindo.

— Fê... - Disse, cortando o clima. - E o julgamento da Lia?

— Bom, você já sabe o que aconteceu, certo? - Respondeu Fernando. - Eu, papai e Lia sentamos para conversar mas ela insiste em deixar isso pra lá. Ela quer ir para a faculdade de São Paulo, e não vai demorar muito pra isso acontecer, e esquecer. Eu já disse que não concordo, o que Leonardo fez foi...

— Foi maldade pura. - Disse. - Parece coisa de novela, mas acabou acontecendo na vida real. Mas aqui, o mocinho não se dá bem, e o vilão não para o pato.

— Infelizmente, essa é a vida que vivemos. - Disse ele. - Depois que conversamos também, você disse aquilo sobre eu saber que Lia é inocente e certa na história, e não me importar sobre o que as pessoas andam dizendo, eu fiquei mais calmo. Ando evitando quase todos meus "amigos" só tenho Kyle e Breno do meu lado agora. Mas tudo bem, a vida é melhor quando sabemos quem realmente é seu amigo.

— Pode ter certeza disso. - Respondi. - Talvez possa parecer ruim agora, e é ruim. Mas como Lia disse, é melhor esquecer. Depois de um tempo ninguém mais lembra.

Ele me olhou com aqueles olhos de bebê, e sorriu tão docemente que mal parecia ele. Fernando sofria muito por sua irmã, e por mais que quisesse matar Léo, preferiu fazer a vontade de Lia.

Eu sorri para ele de volta, e fui me aproximando de sua boca, lentamente, como se fosse totalmente natural aquele movimento. Fernando tinha lábios grossos, muito parecidos com os de Lia, eram lindos. E quando eu os toquei com os meus, pude sentir sua barba rala e grossa, Fernando me beijou com tanta doçura e ternura que eu me sentir como a muito tempo que não sentia, querida. Seus lábios eram macios, sua língua também, meus dedos passavam pelo seu cabelo e os fios pareciam lã. Logo me levantei do meu assento, e sem medo algum eu fui para seu colo. Lá estava eu, aonde eu nunca na vida pensei que estaria, me agarrando tão intimamente com Fernando em seu carro do estacionamento do shopping.

Ele passava sua mão pelas minhas roupas, e eu me entregava aquela sensação que parecia certa, eu não via ali nada de errado, ou mal visto, era puro. Logo ele encontrou minha pele, minha barriga, e eu senti um pouco de vergonha na hora, não era sarada nem gostosa, era uma barriga normal. Mas ele parecia não ligar, por continuou indo para cima, e encontrou meus seios, suas mãos dançando em minha pele, e eu esquentava a cada toque que ele dava. Meus Deus, como eu queria aquilo.

Eu já não era mais virgem desde que namorei Ian, mas mesmo assim havia muito tensão em ficar com alguém que não fosse meu ex namorado tão intimamente assim. E agora tudo parecia diferente, uma pessoa nunca tem o mesmo toque, beijo, cheiro, calor e sensação que o outro. E Fernando fazia aquilo ir a um nível intenso, onde não eram necessárias palavras e cada movimento parecia preciso.

Eu me entreguei, se as pessoas achavam errado ouviriam meu mais sincero: foda-se. Deixei Fernando fazer o que ele queria, e eu fiz o que eu estava afim. Minhas mãos saíram do seu cabelo, e foram indo para sua cintura, para a bainha da calça, que estava muito larga naquela cintura, e eu fui procurando, passando pelas camadas de roupas sem ao menos ligar. E então, eu o encontrei, e foi nesse momento que...

"Toc-toc"

Pulei ali mesmo, levando um susto. Estava tão ligada ao que estava acontecendo naquele carro que não ouvi o guarda do estacionamento se aproximar. Pulei muito rapidamente para o banco do passageiro e olhei para Fernando com uma cara de culpada, sorrindo. E ele me retribuiu com um olhar safado.

— Quase. - Disse ele, baixinho só pra mim ouvir.

Ele abaixou o vidro do carro, e disse:

— Seu guarda, como posso ajudar?

— Sugiro aos senhores que deixem o estacionamento, por favor. - Disse. - Outros carros estão procurando um lugar para parar.

— Sim, senhor. - Disse ele.

Eu ri, e Fernando também. Eu fiquei envergonhada e ao mesmo tempo feliz. Flertar, beijar alguém que você gosta e aproveitar os poucos momentos que tivemos me deixava contente, fazia eu me sentir corajosa. E era ótimo se sentir assim.


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Notas finais do capítulo

...



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