Momentos escrita por NathyWho221B


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Hey genteeeee!!! Mais um capítulo lindo, BUT um melhor vem por aí, aguardem!
Escrevi escutando isso repetidamente:
https://www.youtube.com/watch?v=Dyo4tNwNIvQ



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Sentimento urgente

Saudade é um pouco como fome
Só passa quando se come a presença
Mas, às vezes, a saudade é tão profunda que a presença é pouco
Quer-se absorver a outra pessoa toda
Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira 
É um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

 

Clarice Lispector

 

— Molly

 

Dormi por quase toda a viagem. Quando acordei, já podia reconhecer os lugares por onde estávamos passando. Aproximadamente quinze minutos depois, eu estava em casa. Foi tão bom matar a saudade de Toby! Ainda bem que alimentaram, não sei por quanto tempo estive fora, mas provavelmente teria morrido de fome se ninguém o alimentasse. Gostaria de agradecer quem fez isso.

Talvez tenha sido Sherlock, mas duvido muito por motivos óbvios. Enfim, é muito bom estar de volta. Tomei um banho demorado, coloquei minhas roupas normais e sapatilhas! Ah, como é bom não ter que usar saltos! Não sei como algumas mulheres conseguem usar todos os dias.

Escuto a campainha tocar. Abro a porta e me deparo com um homem que nunca vi na vida. Ele se vestia formalmente e era muito alto, segurava uma carta na mão. Ele me entrega a carta. Remetente:  J.M.

— Ele não vai voltar, não é? – eu pergunto e percebo que a expressão do homem muda. Seu semblante parece triste. Ele só abaixa a cabeça e isso já me diz tudo. – Posso ao menos saber seu nome?

— Sebastian.

Ele diz me encarando por alguns segundos. Será que ele esperava que eu o reconhecesse? Bom, só sei que depois de alguns segundos me olhando pesadamente, virou as costas e sumiu no corredor.

Abri a carta de Jim. Li tudo com calma umas três ou quatro vezes para entender tudo perfeitamente. Ele não voltaria e por algum motivo desconhecido não queria me contar o porquê. Junto com a carta, o envelope trazia a minha pulseira com letras soltas. Ela me fez lembrar-me de Sherlock. Não que eu tenha-o esquecido, mas que eu precisava respirar depois de tudo o que aconteceu comigo nesses últimos dias. Coloquei a pulseira.

Liguei para Sherlock. Só chamava, mas ele nunca atendia. Liguei de novo. A mesma coisa. Em seguida tentei ligar para John. Nada também. Tentei com Mary...

— Porque ninguém atende o celular?!

Disse e joguei meu celular na cama com raiva. Toby, que estava em cima dela, pulou de susto.

— Me desculpa Toby, mas eu estou muito irritada.

Pensei por alguns segundos e ponderei a ideia deles estarem em perigo. Nunca se pode confiar plenamente em James Moriarty.  Na verdade não se pode confiar nele, mas não sei por que, eu confiava, mesmo que seja só um pouco e inconscientemente. Liguei para Ms. Hudson.

— Alô?

— Graças á Deus!

— Molly? Querida, Sherlock encontrou você! Estou tão feliz que esteja de volta!

— Sou eu sim – disse sorrindo, mesmo que ela não consiga ver. Pensei em dizer quem tinha me trazido de volta, mas mudei de ideia logo em seguida. – Sabe onde está Sherlock, John ou Mary? Ninguém atende ao celular.

— Sherlock disse que foi viajar para te buscar, que já vejo que ele não conseguiu não é? Fico feliz que saiba se virar sem ele.— ela diz e eu escuto uma risada abafada. — John foi atrás dele no dia seguinte. E Mary está internada.

— O que?! Porque?

— Ela teve depressão pós-parto. Tentou se jogar do 2° andar da casa, mas isso foi á alguns dias, agora ela já está bem melhor. Logo já deve receber alta.

— Ah, que alivio. Maya está com você, não?

— Sim, está dormindo agora. É tão linda!— assim que ela disse isso percebo o quão tarde é.

— Obrigada Ms. Hudson, e desculpe por ligar tão tarde.

Tudo bem, querida. Durma bem.

— Igualmente.

Desligo a chamada. Resolvo agora ligar para Mycroft. Chama algumas vezes. Ele também não atende. Como é possível?! Fecho os olhos de raiva e respiro profundamente para me acalmar. Deus, porque Deus?

Meu celular vibra. Uma mensagem.

“Eles estão chegando”  - M.H.

Isso foi o suficiente para minha preocupação ir embora com um sopro. Olhei para o relógio na cabeceira da cama, já passava da meia noite. Eu já tinha dormido no carro, vindo para cá, mas não é a mesma coisa que dormir numa cama. Aconcheguei-me nas cobertas e fiquei acordada, esperando... Até cair no sono.

Acordo com um estalo. Parece que tem alguém aqui dentro. Pego a primeira coisa que encontro pela frente, que no caso é um spray de pimenta, e saio andando no escuro do meu apartamento.

Minha mente e sentidos ainda estavam sobre influência do sono, então eu não podia ter certeza de nada, até algo preto e alto perto da janela, se aproximando de mim. Não esperei muito e apertei o spray o mais alto que eu consegui, tentando acertar o rosto. Não escuto ninguém gritando de dor. Será que eu errei, ou esse alguém está se segurando para não fazer barulho? Ou pode até ser algo e não alguém...

De repente, sinto um abraço. Não daqueles rápidos de quando você cumprimenta alguém no trabalho, mas daqueles bem quentes, longos e apertados. Eu não sabia o que fazer, com certeza não queria sair dali. Estava muito bom. E ficou melhor ainda depois de sentir duas mãos segurando levemente meu rosto. Silêncio. Eu podia escutar somente nossas respirações. Segundos depois sinto lábios encostarem-se aos meus de leve em um beijo calmo. Afastavam-se e logo depois vinham de novo, mais intensos e se encaixando perfeitamente em minha boca. Relutantemente, desvencilho-me.

— Quem... – eu recupero o ar. – Quem é você?

Sinto-o se afastar. As luzes se acendem.  Ele estava ao lado do interruptor, não muito longe de mim. Estava impecável, como sempre. Seus olhos pareciam cansados. Aproximei dele para olhar mais de perto. Deixo uma lágrima escapar e sua mão logo se levanta para secar meu rosto. Outra lágrima. Mais outra.

— Desculpa, eu não consigo parar de chorar. – digo com uma voz embargada.

Seu sorriso é fraco, mas ele continua. Por fim, abraço-o. Não sei como, mas choro mais ainda, molhando um pouco seu sobretudo. Talvez eu só queira me certificar de que ele esteja aqui de verdade e que eu não esteja louca.

Quando já chorei tudo o que podia, ele me carrega no colo até a cama. Vejo-o tirar a maioria de suas roupas, com a luz fraca do abajur.  Deita comigo. Ficamos nos olhando por algum tempo, tentando captar cada detalhe do rosto que mudou durante esse tempo que não nos vemos, tentando acabar com toda a saudade que sentíamos... Até que ele pegou no sono, respirava pesadamente. Eu não podia imaginar o quão cansado ele estava, tudo o que ele tinha visto e passado. 

Fechei meus olhos.

Adormeci segundos depois.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ~e da música também, porque eu amoooo~
Quero reviews!!