Momentos escrita por NathyWho221B


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Hey gnt! Finalmente estou aqui para alegrar o dia de vocês com mais um capítulo!!
Enjoy!
Música que escutei escrevendo ( Acho que ela não combina muito, talvez só com o final, mas eu gosto u.u) :
https://www.youtube.com/watch?v=tD4HCZe-tew



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O Que O Amor É

O amor é uma fábula

Contada por cada coração

Não é mais real do que se faz

Não é menos doloroso do que se sente

O amor é uma planta

Brota sem plantar

Cresce sem regar

Liso ou espinhento

O amor fere

Quem planta ou quem toca

Quem sou passou pra olhar

O amor é ave

Voa alto mas aterriza

As vezes quebra as asas

E desaba

Mas das cinzas

O amor revigora

Morre, mas retorna

Como fênix encantada

Dalua, O Poeta Sombrio

 

— Molly

 

Quando acordei, Sherlock não estava mais ao meu lado. Olho em volta e vejo que seu sobretudo ainda estava pendurado no mancebo atrás da porta do quarto. Ele ainda estava aqui. Saio da cama e aproximo-me do sobretudo, abraço e sinto o melhor cheiro do mundo. Alguma coisa nos bolsos me incomoda. Enfio uma mão em cada bolso de uma vez. No esquerdo estava um frasco com sangue, o mesmo que vi nas mãos de Moriarty quando estávamos no Castelo de Bran. No direito tinha uma flor azul, igual á que eu tinha aqui em casa, mas já murcha quase morta. Resolvo então guardar o franco com meu sangue dentro de uma das minhas gavetas da cômoda e em seguida me empenho em colocar a flor num vaso com água.

Assim que termino Sherlock sai do banho enrolado numa toalha branca. Vejo-o se vestindo quando volto para o quarto.

— Achei que ia ficar comigo hoje.

— E eu vou, mas antes preciso resolver algo.

— É Moriarty, não é?

Ele se aproxima de mim. Ainda não tinha colocado as calças e seus cabelos estavam molhados. Segurou meus braços.

— Está tudo acabado, Molly. Você não precisa se preocupar mais. O jogo acabou.

Abraça-me depois de depositar um beijo em minha testa.

— Eu acredito em você.

— Mas se ainda existir alguma sombra de dúvida, eu aconselho que veja com seus próprios olhos. Estou indo á seu enterro. Mycroft arrumou tudo estará lá, assim como John eu também vou me certificar que ele esteja bem morto e enterrado o mais fundo possível.

— Prefiro ficar em casa. Ainda não estou com tanta saudade, só faz um dia que nos separamos.

 Tentei fazer piada, mas acho que ele não entendeu, ou não gostou. Sem expressar absolutamente nada, voltou a se trocar. Terminou em poucos minutos, levando o sobretudo consigo.

 

 

***

 

 

— Sherlock

 

John e eu fomos quietos o caminho todo no táxi até o cemitério de Highgate. Ao chegarmos lá nos encontramos com Mycroft e vários outros homens arrumando tudo para enterrar o caixão.

— Estava esperando vocês olharem com seus próprios olhos para o corpo antes de fecharem o caixão. – diz Mycroft.

John vai na frente, eu vou em seguida. Olho rapidamente por todo o corpo. Parecia intacto, vestido como sempre, ainda mais branco do que já era. Expressão séria. Eu ficaria apavorado se ele abrisse os olhos agora. Fiquei ali, encarando-o por mais algum tempo, certificando-me de que ele não o faria.

Finalmente fecharam o caixão. A “cerimônia” foi rápida e silenciosa, não foi como todos os outros enterros que eu já presenciei. Neste não ouve choro e não tinha aquele ar pesado e triste, na verdade era um ar de alívio.

— Vamos, Sherlock.

Escuto John me chamando quando estávamos somente nós dois.

— Pode ir, eu já te acompanho. – digo sem desviar meu olhar de seu túmulo.

Escuto seus passos afundando na neve, se afastando de mim.

 

Sobre seu Túmulo

 Nenhuma boa lembrança para recordar

Nada de bom para comentar

Tudo que fez foi atrapalhar

 

 

Mas a sua pena já foi cumprida

E sua punição foi sua própria vida

Que agora se encerrou de forma tão trágica

 

Sinto, mas não lhe tenho piedade

Talvez seja até crueldade,

Mas eu não vou ser hipócrita

Nada de mentiras, não sentirei saudade

 

 

— Brincou tanto com cemitérios que acabou em um. – suspiro. – Você era... Uma pessoa horrível, entretanto, foi a pessoa mais inteligente que eu já conheci. Pode apostar que eu daria quase tudo para ter uma mente tão brilhante quanto a sua. Mas você estava errado. Disse que eu ficaria louco por nunca descobrir como você sobreviveu àquele tiro. Eu não estou louco, sabe por quê?  Eu descobri. – solto uma rizada abafada. Vejo a fumaça que sai da minha boca se esvair no ar. – Eu descobri seu grande truque. Mas pode ficar em paz, não irei contar seu segredo. Ficará só entre nós. Aliás, não sei se terá paz no lugar que está agora. Adeus.  Espero nunca mais te ver de novo.

Levanto-me e ando em direção á saída do cemitério onde John já me esperava. Antes de entrar no táxi, enfio as duas mãos nos bolsos. Estavam vazios. Tudo bem, eram dela mesmo. Entro no carro.

— Como foi com a Molly, já que preferiu ir sozinho?

— Ela está bem.

— Não quis vir hoje. Mesmo depois de ter te visto ontem todo ensanguentado?

— Ela não me viu assim, John. Obviamente, eu cheguei ao apartamento dela todo sujo de sangue, mas não entrei, somente espiei pela janela se ela estava em casa mesmo. Depois voltei para Baker Street, tomei um banho rápido e só então entrei no apartamento dela.

— Mas... Como conseguiu adivinhar que era ela? Sherlock, eu não sou burro, eu sei que a Molly sempre deixa todas as janelas tampadas com a cortina. Menos uma. Mas é impossível chegar tão alto, e nem tem parapeito, a única, aliás.

 - Adivinhei pelo cheiro dela.

— Cheiro? Nesse frio, ninguém deixaria as janelas abertas á noite. E Molly diz que sempre tranca.

— Ela se esqueceu de trancar ontem.

— Sherlock... – Vejo John rapidamente pelo canto do olho. Droga! Ele está fazendo aquela cara de novo... – Pode admitir. Tudo bem se você disser que estava espiando ela enquanto tomava banho.

— John... Eu não...

— Tudo bem, Sherlock. Prometo não contar á ninguém. Pode ficar em paz, ficará só entre nós.

Escuto o celular de John vibrar sem parar. Ele atende á chamada.

— Já estou indo para aí. – ele diz ao telefone. Em seguida, desliga. – É do hospital. Disseram que Mary vai receber alta hoje.

— Vou mandar uma mensagem para Molly.

 

 

***

 

 

Todos já estavam na sala de espera. Além de John, Molly e eu, também estavam Ms. Hudson segurando a pequena Maya no colo, Lestrade, Janine, Bill e, por incrível que pareça, meu irmão Mycroft.

Depois de alguns minutos que todos voaram em cima de Molly, abraçando-a e beijando suas bochechas, perguntando se estava bem, essas coisas que as pessoas fazem com frequência, menos Mycroft que ficava no canto comigo esperando se afastarem para enfim cumprimentá-la. Lanço um olhar de repreensão para Mycroft antes de  começar uma conversa com Molly, mas ele parece não ter percebido ou pelo menos fingiu não ter notado.

— Quando começaremos um novo caso? Para treinamento. - disse Bill sem olhar para mim.

— Em breve. - eu digo olhando para a multidão esmagando Molly.

— Em breve quando exatamente?

— Em breve.

Percebi que Mycroft estava se contendo, tanto nas palavras, quanto nos movimentos. Se eu não estivesse aqui e mais ninguém, com certeza teria abraçado-a. Bom, ainda bem que estou aqui. Já deixei gente de mais tocar nela, por hoje, não gostaria que meu irmão também o fizesse. Na verdade, acho que ele também não gostaria, não pelo abraço, mas pelo que aconteceria depois, quando estivéssemos sozinhos.

O mais inquieto daqui era John que estava ao mesmo tempo nervoso e sorrindo o tempo todo. Em segundo lugar Maya que não parava quieta nos braços de Ms. Hudson. Acho que isso é um mal de família. Molly estava ao meu lado somente, nem se encostava a mim, mas estava bem próxima. Seguro de leve sua mão, o que faz dar um pulinho de susto e um olhar surpreso para mim em seguida. Estavam todos tão ocupados olhando freneticamente para a porta da sala da Mary, que nem notaram.

Finalmente, ela sai da sala. Toda alegre lançando um olhar maternal á todos que a aguardavam, pronta para partir.

— Então, o que eu perdi?

 

 

***

 

 

“Algum tempo depois”

 

— Molly

 

Mary estava bem e em casa, cuidando da sua linda filha. John e Sherlock estavam fora, resolvendo um novo caso, como sempre, mas dessa vez Bill foi junto, como aprendiz de Sherlock. Aproveitei que estava sozinha para finalmente resolver algo que eu tinha em mente á algum tempo. Só estava esperando a primavera chegar e toda a neve das ruas de Londres derreter. Arrumei-me, peguei meu casaco preto, uma caixa de madeira escura que estava em cima da mesa e sai.

Não demorou muito para o táxi parar em frente ao cemitério de Highgate. O cemitério onde James Moriarty estava enterrado. Eu estava pronta para isso. Andei por alguns minutos até achar seu túmulo. Fiquei triste por alguns segundos ao notar que não tinha nenhuma flor sobre ele. Mas logo passou. Agachei-me e abri a caixa. Nela eu tinha guardado algumas daquelas flores azuis. Também tinha, na caixa de madeira, o frasco com o meu sangue e a carta. Peguei uma pá que tinha por perto e abri um buraco em cima da cova de Jim. Coloquei a caixa com a carta e o frasco, em seguida tampei de volta. Em cima coloquei aquelas flores azuis que eu trouxe. Uma por uma.

— Agora você pode ter um pouco de mim com você, James. Sabe... Você tinha um jeito muito estranho de demonstrar que se importava. Mas esse parece ser o tipo de cara que eu acabo atraindo. Talvez seja o meu tipo... Adeus, Jim.

Quando cheguei em casa, Sherlock estava me aguardando, na poltrona da sala.

— Como foi o caso? – eu disse tirando o casaco e colocando no mancebo da sala.

— Foi fácil, resolvi em poucas horas.

— John está bem?

— Não sei porque as pessoas vivem se preocupando umas com as outras... Vocês não se cansam?

Eu ri baixo.

— Eu me preocupo com você e sei que se preocupa comigo também. – eu sorrio sentando em seu colo, envolvendo meus braços em seu pescoço.

— Você está bem? – ele pergunta, serio, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha direita. Em seguida olha para meus joelhos que estavam sujos de terra. Ele já sabe de tudo. Eu respirei fundo.

— Estou sim. Às vezes temos que enfrentar nossos medos sozinhos.

— Não precisa ter medo dele agora, Molly. – ele diz beijando, em seguida, as costas da minha mão.

— Não tenho medo dele. Tenho medo de dizer “adeus” ás pessoas. Do que você tem medo, agora que Moriarty se foi?

Ele pensou por alguns segundos.

— Tenho medo de perder você. Eu... E-eu te amo, Molly.

Meus olhos brilharam nesse momento. Em seguida, ele aproximou meu rosto do seu, num beijo intenso. Um dos melhores que ele já me deu. Fomos para a cama mais cedo nesse dia. Unimo-nos na forma mais linda e pura que existe, como não fazíamos há tempos. Eu não desperdiço um único momento ao lado dele. Lembro-me de todos os momentos em que estivemos juntos desde que éramos crianças. No momento em que nos conhecemos, ou quando ele me deu nosso primeiro beijo, primeiro toque... As lembranças são tão boas! Elas fazem cada momento parecerem muito importantes, mesmo que não tenhamos dado a devida importância quando aconteceu. Não existem momentos bons ou ruins, tudo é circunstancial, porém alguns momentos são mais prazerosos que outros. Sherlock e eu voltamos para a Romênia, com a intensão de termos boas lembranças do lugar, momentos mais prazerosos dos que tivemos na última vez. Foi melhor, mas não só porque agora estávamos vendo todos os pontos turísticos e visitando Jacqueline e sua família, mas porque eu estava o tempo todo ao lado de quem amo.

 Por isso aconselho que nunca, nunca mesmo, desperdice um único instante ao lado de quem ama, cada segundo é precioso como um diamante, pois esses momentos ficarão guardados em nossas memórias para sempre!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E eles viveram felizes para sempre!


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Notas finais do capítulo

Quero milhares de Reviews!!!
Ps: O poema do meio pertence á "Dalua, O Poeta Sombrio". Quem quiser ver outros trabalhos dele, o blog é esse aqui:
http://coracaoartistico.blogspot.com.br/