Acordei aos poucos quando senti algo em meu rosto, me fazendo cócegas. Quando abro os olhos, vejo que é Sherlock acariciando meu rosto com seus dedos longos.
–Desculpe se te acordei.
Eu sorrio e me aninho ao seu corpo.
–Acordou agora?- eu pergunto.
–Não. Já faz uma hora.
–Que horas são? Está tão escuro.
–Quatro da manhã.
–Como?
–Nós dormimos quando anoiteceu, então já dormimos bastante.
–Ah, nem percebi. - eu digo um pouco tímida.
–Está com fome?
–Não. E você?
–Não.
...
...
–Vai trabalhar hoje? - ele pergunta.
–Não. Hoje é domingo.
–Ah, é...
...
...
–Estou entediado.
–Quer fazer o que ?
Ele estava demorando para responder, então eu apoiei em um dos meus cotovelos para poder ver seu rosto. Ele estava olhando para o teto, sorrindo torto.
–Tem certeza que não sabe? - ele pergunta.
Eu sorrio disfarçadamente e ele sobe em cima de mim, afastando o lençol.
Aproxima seu rosto do meu, mas não me beija. Ele morde meu lábio inferior, como eu tinha feito ontem, me provocando.
Ele desce com a boca, beijando tudo no caminho. Meu pescoço, minha clavícula e para em meu seio. Ele sorri para mim, descobriu ontem que eu sou sensível nessa região. E em outras mais. Ele faz... Coisas com o meu seio, que prefiro não comentar.
Continuou descendo até chegar... Acho que não preciso citar onde. Eu me segurava ao máximo para não emitir nenhum tipo de som. Eu não sou do tipo barulhenta.
Quando eu já não aguentava mais, ele se encaixa em mim e eu solto um gemido baixo, meio que de surpresa. Ele sorri e beija meus olhos enquanto nos movimentávamos em sincronia. Depois de um tempo, ouço sua respiração descompassada, liberando jatos de ar quente em meu ouvido. Percebo que ele esta cansando, quando passo uma das minhas mãos em seu rosto, tirando seus cabelos dos olhos e sinto seus cachos um pouco húmidos. Decido mudar de posição, agora eu por cima.
Ele não tirava os olhos de mim, nem por um segundo. Fechei os olhos corando um pouco e me movimentava com o rosto muito próximo ao dele, fazendo nossos narizes roçarem. Senti quando suas mãos geladas seguraram minha cintura, me causando arrepios, e consequentemente ele sentiu. Força um pouco mais suas mãos em mim, nos colando ainda mais, com força. Segura minha nuca e me puxa para um beijo, abafando um gemido meu, que sairia alto se ele não tivesse me beijado.
Depois que chegamos ao orgasmo, me joguei na cama ao seu lado. Meus cabelos grudavam em meu rosto com o suor. Ele passou a mão em meu rosto, tirando alguns fios grudadados e beijou meu nariz. Eu dei uma risada baixa e coloquei minhas pernas entre as suas. Eu estava com um pouco de frio, principalmente depois que o meu suor ficou gelado. Abracei sua cintura, me colando nele. Ele sentiu quando meus seios rígidos com o frio tocaram seu peito.
–Está com frio. - ele afirmou.
–Sim. - eu dei outra risada baixa.
–Vamos tomar banho. - ele disse já se levantando e quando viu que eu não me levantei, puxou minhas pernas.
–Sherlock, eu vou cair! - eu digo rindo.
–Não vai não. - ele disse me pegando no colo. Eu envolvo meus braços em seu pescoço, enquanto ele nos leva para o banheiro.
–Chuveiro ou banheira? - ele pergunta quando entramos no banheiro. Felizmente eu tinha as duas opções, para o caso de estar atrasada.
–Chuveiro.
Ele me colocou em pé e entramos mo box. Ligamos o chuveiro. A água escorria quentinha por minha cabeça enquanto ele a acariciava e eu o abraçava. Ficamos um tempo assim. Depois eu fui lavar seu cabelo, massageando-o com o shampoo. Sempre sonhei com isso.
–Ai.
–O que foi?
–Caiu shampoo nos meus olhos.
Eu rio e enxaguo seus cabelos e olhos.
–Ainda está ardendo um pouco. - ele diz e eu beijo seus olhos, um de cada vez.
–Está melhor?
–Sim.

***

Depois de fazermos amor duas vezes seguidas, de ontem para hoje, sossegamos. Tomamos café e ele voltou para a poltrona. Confesso que fiquei um pouco chateada com isso, pois ele não abriria a boca para nada. E ele podia fazer isso por dias.
A semana passou um pouco corrida, por causa do Barts. Eu estava tendo muitos corpos esta semana. Nem fui visitar Mary e Maya quando voltaram para casa. Bom, de qualquer forma, Sherlock não me deixaria ir.
O fim de semana chegou de novo e eu passei lendo e enviando mensagens para Janine. Não contei à ela o que Sherlock e eu fizemos semana passada e sobre Moriarty ter vindo me visitar um pouco antes. Conversávamos sobre coisas banais. Eu contava spoilers sobre o livro que ela estava lendo, ela me xingava e assim vai. Às vezes eu ficava entediada e pedia para sair, mesmo já sabendo a resposta.
–Não.
–Eu preciso fazer compras!
–Não. Se quiser eu mando Mycroft fazer por você. - ele diz sem sair da posição de pensamento.
–Duvido que ele faria. - eu digo cruzando os braços.
–Sim, ele faria. Tenho várias maneiras de chantagiá-lo.
Droga! Tentei pensar em outra forma de sair.
–Preciso comprar roupas. E ele não sabe minhas medidas.
–Mas eu sei e posso enviá-las também. - ele diz ainda sem se mover e eu franso o cenho, desconfiada.
–Andou mexendo nas minhas coisas?
–Não. Sou observador.
Me senti lisonjeada agora. Não pude conter-me em dar um sorrisinho de lado. Voltei ao foco do assunto.
–Sherlock, eu quero sair. Quero ver pessoas lá fora. - digo apontando para a porta.
–Porque? Você pode me ver. - eu corei. Acho que já ouvi isso em algum lugar antes.
–Quero visitar Mary e John, quero ver Maya. Elas já estão em casa.
–Molly... - ele pensou um pouco. - Tudo bem, mas eu vou com você. -Ótimo. - eu disse firme, já que não posso nem andar na rua sem um guarda-costas. Pelo menos tenho que ter dignidade.
Colocamos um casaco por conta da neve congelante que caia lá fora, pelas ruas de Londres, e saímos. Não demorou muito e já estávamos na casa dos Watson. John ficou feliz de ver Sherlock, depois de duas semanas sem vê-lo.
–Já estava achando que não viriam. Até Janine já veio nos ver. - diz Mary com as mãos na cintura.
Ficamos lá ate anoitecer. Eu brincava com Maya que sorria. Sherlock não a pegou muito no colo por medo de derrubá-la.
–Sherlock, não está mais em Baker Street? Eu liguei para Sra. Hudson e ela me falou que não estava lá já fazia semanas. Disse que está em um caso. - disse John.
–E estou.
–Não está morando naquela casa de drogados, está? - perguntou John sério, agora.
–É claro que não. Por acaso me vestiria assim, lá? - ele estica o colarinho do sobretudo.
–Metido. - bufou John indo até mim pegar Maya que já estava dormindo, para colocá-la no berço.
–Porque não chamou John? - pergunta Mary, depois de se certificar quem John não ouviria.
–Porque agora ele precisa dar mais atenção à vocês duas. Não quero ser um estraga prazeres.
–Isso você já é. - diz John voltando. -E eu ouvi, Mary, e em resposta, o caso pode esperar.
–Mesmo que seja Moriarty? - pergunta Mary fazendo com que todos fiquem em um silêncio desconfortável.
–É melhor que ele não se meta com Moriarty, eu consigo lidar com ele. Já o fiz uma vez.
–Graças a Mycroft e eu. - levanto do sofá e me junto ao "círculo" .
–E um bando de mendigos. - completa John cruzando os braços.
–Vamos mesmo discutir isso, outra vez?
–Não. - diz Mary aliviando a tensão do lugar. Eu quase podia ver faíscas saindo dos olhos de John. Ele relaxou.
–E onde você está agora? - pergunta John.
–Na casa da Molly.
–Como?
–Oh, John, não é a primeira vez.
–Eu sei que não. Já deve ser a segunda.
–Terceira. - corrige Sherlock.
–Terceira? Quando?
–Se contar da vez em que eu me escondi na casa dela por uma semana antes de ir atrás da teia de Moriarty...
–Essa eu não sabia.
–Espera, eu não estou entendendo nada. Me expliquem isso direito. Sherlock, quando foi a primeira vez? - pergunta Mary.
–Longa história. - disse Sherlock depois de respirar fundo.
–Faz muito tempo, Mary. Éramos adolescentes. - eu digo.
–Adolescentes? E como John sabe?
–Estudávamos na mesma escola. - responde John.
–Então... Vocês já se conhecem a muito tempo.
–Sim. - respondemos em coro.
–Mycroft também. - diz Sherlock.
–O que tem ele? - pergunta Mary.
–Nós dois ficamos um tempo na casa da Molly.
–Ah, então é por isso que ele foi à festa de reveillon. Achei estranho, porque nem ao meu casamento ele foi. - diz Mary um pouco chateada.
–Sim. - diz Sherlock com as mãos para trás.
–Agora entendi porque gosta tanto del- ela para por um momento, vendo o olhar de todos nela, principalmente o meu de "não fala, por favor". -Desculpa. - ela sorri, sem graça.
–Tudo bem. - eu digo. Como se isso fosse algum segredo.
–Agora vamos mudar de assunto. Devem estar com fome, então, meninos, arrumem a mesa que a Srtª. Hooper e eu iremos servir o jantar. - diz Mary com as mãos em meus ombros, me levando para a cozinha.