Um Tom a Mais escrita por Benjamin Theodore Young


Capítulo 6
- You're Turning Into Something You are Not -




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A campainha soou como uma guarda real que anunciava a chegada de um rei. Eu fiquei a espera de ser atendido, enquanto meu estômago ia à garganta e voltava na velocidade da luz. O motivo de tamanha ansiedade era o fato de estar esperando na porta da casa do Thomas, tinha prometido no começo da semana que não ia insistir em uma amizade que não havia sido requerida, mas devido os novos fatos, e devido o pedido de Genie, tomei uma postura alarmante e alheia às minhas verdadeiras, ou melhor, introspectiva, eu jamais em outra época estaria ali, por qualquer motivo que fosse.

– Pois não senhor?! Atendeu-me uma empregada.

– É... Meu nome é Pi... Crispin! Eu sou, - Estava eu tentando achar melhores palavras para definir o que eu era de Thomas – Bem, eu sou um conhecido do Thomas! Ele está?

– Perdão, Crispin? Atentando seus ouvidos para mim.

– Crispin Cohen. Menti, pois havia me lembrado de como um sobrenome precedia em Hamptons.

– Ah sim, vou chama-lo. E saiu educadamente me pedindo para que adentrasse a sala de espera. O que fiz imediatamente, antes que voltasse para trás.

– Aí está você garoto! Ouvi a voz de Thomas, e nesse momento meu coração disparou, porém sem coragem de levantar a cabeça e olhar para ele. Enfiei minhas mãos nos bolsos da calça e com os olhos abaixados comecei um discurso patético;

– Bem, eu não deveria estar aqui, e muito menos ter vindo aqui, enfim, sei lá, ainda não sei o que estou fazendo aqui, é que surgiu uma festa pra gente ir e pensei em te chamar, aliás, a menina que me chamou pediu para que eu chamasse amigos, e tipo, eu não tenho amigos, mas me lembrei de você, eu sei que não somos grandes amigos, e que, enfim, a gente não se falou mais depois daquela festa, mas...

– Pimmie... Hey Espirro! Interrompeu-me ele da minha fala confusa e desenfreada. – Olha pra mim direito! Disse-me com voz firme. Quando olhei a reação foi uma só

QUE PORRA É ESSA?! Ele então soltou uma gargalhada gostosa.

Quando olhei me deparei com tamanha surpresa, havia um Thomas em uma cadeira de rodas, com uma tipoia no braço direito, uma perna semi-imobilizada e um pé imobilizado. – Dude what happen?! Perguntei confuso.

– Bem isso é o que acontece, quando amigos nos trazem em casa e não sobe as escadas junto com o amigo bêbado! Respondeu rindo.

Sérião?! Cara foi mal, se eu soubesse...

– Larga de ser tonto, não foi culpa sua, claro eu havia me esquecido o quanto você é Caxias. (risos) Eu estava bebaço Pimmie, fui segurar no corrimão e dei um passo em falso, o resultado foi esse, cair do meio da escada pra baixo, mas não foram nada demais, apenas algumas contusões, mas amanha se Deus quiser já tiro tudo.

– Não quebrou nada? Perguntei estarrecido.

Nadica man! Foi mais o susto mesmo, e o médico colocou a tipóia e imobilizou os membros pra sarar mais rápido, mas foram apenas luxações e contusões leves.

– Não tão leves, Senhor Thomas Edward Green! Respondeu uma voz de mulher que adentrara a sala, e pude ver que era sua mãe. – Eu te conheço! Olhou-me curiosa e afirmando.

– Sim! Respondi sucinto.

– Você quem foi com ele para a festa. Afirmou novamente, me fazendo corar e ficar sem graça, como se eu o tivesse embebedado ele.

– É... é, é...

(Risos) – Não se preocupe, eu sei que você o ajudou na festa, ele me disse. Neste momento então me aliviei.

– Não foi por nada!

– Obrigada. Aliás, ele estava aflito tentando-te contatar por todos os esses dias, eu é quem não deixei, imagina sair de casa desse jeito. Ele me disse que vocês não haviam trocado celulares, mas veja só o destino se encarregou de fazer você vir até aqui! Viu Thomas, não precisava de toda aquela sangria!

Mom, come on! Primeiro não era sangria, era apenas um, cara tô vivo. Aliás, puro exagero isso tudo, já ta me enchendo o saco, não veja a hora de tirar essa porra aqui! Eu então olhei para sua mãe pensando nos palavrões que ele havia falado. Não que eu não os dissesse, mas na frente da minha mãe, isso era algo que eu jamais faria.

– Que linguajar é esse Thomas, meu Deus, eu estou criando um boçal.

– Sério mamãe, agora, aqui na frente de todo mundo. Respondeu Thomas irritado. A mãe então olhou ao redor da sala expondo as mãos e perguntando, – Onde está todo mundo – Thomas então, deu uma respirada profunda e olhou pra mim, movimentando nos lábios um pedido de desculpas, eu então ri abaixando a cabeça para não ser visto, enquanto ele rindo também pediu para mãe desculpadamente buscar para ele um copo de água. – Bem, enfim sós novamente, cara foi mal, eu tentei mesmo dar um jeito de te achar, mas foi meio difícil desse jeito aqui!

– Relaxa, isso acontece!

– Mas me fala, que historia é essa de festa, e menina. Eu sumo uma semana e você já toma meu posto?! (risos)

– Acha, jamais! É uma mina que conheci outro dia numa loja no centro, e acabamos que ficamos amigos e vai rolar uma festa sábado de aniversário dela, e ela quer eu vá e leve todos os amigos possíveis, porque ela não é daqui, portanto no friends!

– Amizade Espirro, conta outra moleque malandro! Rindo e cutucando minha canela com o pé imobilizado. Disfarcei sem graça, e respondi que sim era só amizade, e naquele momento vi que realmente era recíproco para ambos o clima amistoso que estava se criando ali.

Heim, me ajuda levantar! Pediu ele já me segurando pelo pulso, enquanto eu me encurvava a fim de permiti-lo passar o braço por cima do meu pescoço e o pudesse levanta-lo com mais firmeza, neste momento passei o meu braço por trás de sua cintura e com a outra mão apoiei em seu abdômen, que pude sentir trincado, me sobreveio uma leve estase do momento, uma sugestiva ereção começou surgir, me deixando totalmente desconcertado e sem entender o motivo dela. Eu sempre fui um garoto comum, me masturbava com aquela frequência da idade, e sempre assistindo vídeos de sexo, apesar de nunca tê-lo feito, (sim sou virgem) sentia tesão pelo sexo entre homem e mulher, (ou pelo menos achava que sentia), mas aquele momento eu simplesmente não soube explicar para mim mesmo o que estava acontecendo, além de toda a força do mundo que eu estava fazendo para não evidenciar.

– Mas o que é isso?! Entrou sua mãe na sala, perguntando pela cena, que para mim parecia que a pergunta fora feito de outra maneira, “que pinto duro é esse rapazinho”, eu sei, eu viajei, mas sabe aquela impressão que você tem, de que quando esta fazendo algo errado e todo mundo tá te olhando?! Pois foi essa a minha impressão, mas o pior de tudo foi a minha reação!

– Eu não fiz nada! Respondi assustado soltando o Thomas que caiu em cima do sofá aos prantos de tanto rir. Neste momento eu então olhei rapidamente para o volume da minha calça para ver se não havia nada em evidência e suspirei com alivio, enquanto Thomas ainda ria da cena.

– Mamãe, por favor, a senhora ainda vai matar o Pimmie de susto! (risos).

– (risos) Desculpe querido, não foi minha intenção, mas faça o favor de colocar esse irresponsável de novo na cadeira! Na verdade era tudo o que eu não queria fazer, o medo de acontecer de novo, começou a me fazer suar frio.

– Mas mamãe eu quero dar umas voltas, viu só, eu estava de pé, já não tem mais nada aqui! Respondeu Thomas.

– Bom, se você quiser dar umas voltas, que seja na cadeira de rodas, ou então negativo.

Moooom! Ela então olhou para ele como quem dizia é pegar ou largar. – Bom Espirro, me coloca de novo nessa merda!

– E sem palavrões rapazinho!

Coloquei-o com alguma dificuldade na cadeira novamente, e estava aliviado por tê-lo feito sem maiores problemas, ele então olhou para mim e dizendo como quem mandava de fato:

– Vai, agora empurra!

– Comecei a empurrar a cadeira em direção à saída, enquanto sua mãe dava alguns sermões sobre cuidados e tudo mais.

...

– Me ajuda sentar aqui!

– Pronto! Já tá moleque folgado. (Risos)

Nesse pouco tempo já estava eu lhe dirigindo com uma intimidade própria de amigos de longa data. Quando nos sentamos ali, lado a lado naquela praia de areia branca ao som das ondas que arrebentavam na orla, o que senti foi uma profunda dependência de momentos como aquele, eu na verdade nunca os havia tido, mas a partir daquele, era como se eu já não pudesse viver mais sem, e nas breves nuances e olhares que eu lhe lançava a fim de ouvi-lo, e de apreciar seus traços, senti que na verdade eu já não podia mais viver sem a presença dele, não era amor, não era paixão avassaladora a primeira vista, não era nada disso, era esse único e sucinto sentimento, não podia viver sem, como um remédio que cura de uma hora para a outra tudo o que machuca, como uma lâmpada que acende no momento em que estamos tendo um sonho ruim.

– Eu esqueci meu celular em casa Espirro! Põe uma música aí pra gente ouvir. E já anota meu cel. Coloquei então uma música bem ao meu estilo, que obviamente seria questionado por ele.

(Jake Bugg – Country Song)

– Que porra melosa é essa Pimmie?! Eu então fiquei sem graça. – Mas beleza deixa isso aí mesmo, até que não é tão ruim! Mas que gay isso, dois moleques na praia sozinho ouvindo isso aí. (risos) Eu ri também ri como quem concordava, porém no meu profundo sentimento, era como se luz acesa tivesse apagado novamente, e não entendi, por não estar conseguindo digerir meus sentimentos.

– Tá tudo bem? Perguntou ele, olhando brevemente para mim e voltando a atenção para o mar.

– Kind of! Respondi cauteloso.

– Foi algo que eu disse?! Porque se foi, larga a mão de ser frêsco! Mas caso contrário, pode se abrir! Eu então continuei em silêncio.

– Vou pergunta de novo. Tá tudo bem? E dessa vez me olhou até que eu respondesse.

– São meus pais. De fato seriam também, mas não naquele momento.

– Ah, tenso, cara, vem cá! E me puxou deitando minha cabeça no seu ombro, o que por algum motivo não evitei e não tirei. Enquanto que ele continuava olhando para o mar pensativo. Nesse instante derramei uma lágrima e continuei ali, como se fosse meu único abrigo no mundo. (Radiohead – High and Dry)

– Tá vendo... Aquele dia você que me viu chorar e me ajudou! O mundo é isso Pimmie. Se você fizer coisas boas, você automaticamente é recompensado por elas. Continuei em silêncio. – Essa música aí eu conheço, aliás, Radiohead é zica, e essa música então nem se fala. Nesse momento eu levantei minha cabeça de seu ombro e me coloquei de pé do lado dele, ele olhou para mim curioso, enquanto eu ia tirando minha camiseta, calça, tênis e por fim a cueca, ficando pelado e correndo para o mar para dar um mergulho. Ele então começou a dar risada e começou a uivar como um lobo zoando a cena. A minha atitude fora tomada por um motivo, preciso começar a fazer o que tenho vontade, imediatamente ou eu me tornaria naquilo que eu realmente não era, e aquela atitude, fora o primeiro item a ser dado inicio na minha lista. Depois de uma ereção involuntária e um comentário infeliz sobre atores preferidos, de certa forma, ainda que embaçado, aos poucos estava ficando cada vez mais claro, o que eu deveria ser.


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