Um Tom a Mais escrita por Benjamin Theodore Young


Capítulo 2
- French Garlic Who? -




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O que de fato me impressionava, já nem eram as extravagância do local. Mas sim a naturalidade com que eles agiam. Charles era neto de judeus remanescentes da grande segunda guerra mundial, por tanto tudo quanto na mansão respirava história sobre, eram quadros, tapeçaria, música, havia sempre no ar um tom lúgubre de ressentimento e tristeza por tudo o que ele como sempre dizia “meu povo passou”, a senhora Cohen sua mãe era mais amena que o filho e o pai, o senhor Gross Cohen, era assim que gostava de ser chamado.

Charles apesar de ser de família rica e tradicional, uma das mais importantes da alta sociedade nova-iorquina, tinha ele um jeito sempre afável, gentil, e de certa forma isso me incomodava, não sei dizer o motivo (paranoia), mas o que esperar de uma pessoa que conheceu sua mãe num corredor de hospital?!

__Então Pim, gostou do suflê de french garlic? Perguntou Charles.

__É do que mesmo? Perguntei meio perdido, em seguida sendo repreendido pelo minha mãe envergonhada.

__Deixa o menino Ann! Não há nada demais perguntar do que é feito uma comida. Não é mesmo mamãe? Disse Charles num tom de voz brando olhando para sua mãe a sua direita e a acariciando com a mão.

__Claro Charlly! O que temos curiosidade sobre, devemos sempre perguntar. Minha mãe sempre dizia que aquilo que não sabemos, perguntamos, pois melhor saber agora do que ser burro a toda hora! Todos então riram suavemente, me fazendo encolher minha cabeça entre os meus ombros.

__É isso aí Dona Cohen, melhor um pássaro na mão do que ele voando né?! Sim foi isso mesmo que o Q. I. 4000 do meu irmão disse, fazendo então a minha mãe envergonhar-se mais ainda e a todos na mesa rirem, agora, com vontade. O que foi eu falei besteira?!

__Não filho, não se preocupe. Disse a Senhora Cohen.

__Se os meninos quiserem posso leva-los para um passeio de iate, o que acham?

__Maneiro Charlly! Respondeu Sammy claramente feliz.

__E você Pim, o que acha? Minha mãe neste momento olhou para mim e esperou pela resposta com certo receio nítido em seus olhos. A minha vontade era dizer como sempre, tanto faz, mas eu estava depois do que eu havia ouvido logo cedo, decidido a mudar algumas coisas na minha vida e quem sabe na da minha mãe. Legal Charlly (era a primeira vez em oito meses que eu o chamava pelo apelido), muito legal!

__Ann, se você não for, quero sua ajuda para a sobremesa de hoje à noite, a secretária é maravilhosa, mas essa é uma receita da minha bisavó e gostaria de passa-la para você, pois é a preferida de Charlly.

Minha naquele momento foi ao êxtase, era perceptível sua felicidade, pela interação dela e de todos nós com Charlly e a família deles, apesar de eu ainda estar com o meu pé atrás, fui aos poucos começando a vê-los de outra maneira.

__Bom meninos, bora pegar nossas roupas de banho? O dia nos espera! Charlly transmitia certa animação para conosco, acho que tanto quanto nós ele também deveria estar receoso com a nossa reação perante ele e sua família. Nos aprontamos e fomos em direção ao iate que ficava ancorado em um píer particular, e foi nesses trezentos metros entre a casa e o píer que:

__E então Sammy, alguma namorada? Ou algumas? (risos) Perguntou Charlly, sendo respondido rapidamente.

__Caraca Charlly, até que enfim um assunto maneiro, várias! Só te digo isso. (Gargalhadas). Sammy sempre foi um alfa nato, sempre o melhor neste quesito women-party-hangover. Diferente de mim que sempre fui o oposto de tudo isso, curtia sim, ficar, namorar, festar, mas era tudo comigo, comedido, muito comedido.

__E você Pim, alguma namorada ou algumas? Naquele momento me senti invadido, não imaginei que ele faria a mesma pergunta para mim, achei que a resposta do Sammy já havia sido o suficiente, e que então os dois engajariam numa conversa amistosa entre eles mesmos, pelo menos era o que eu queria, sem muitos papos, ainda estávamos nos conhecendo.

__Então Pim? Namorada? (enquanto eu ainda segurava uma resposta segura). Ou namorado? Sem problemas pode se abrir. Naquele momento eu travei, literalmente, enquanto atravessava o píer senti minhas pernas travarem como pesos imensos, minha voz travou e a única reação que tive foi de olhar para o Sammy, que estava rindo baixo e ao mesmo tempo confuso com a pergunta. Aqueles segundos sem resposta pareceram uma eternidade, e quando saí do transe, minha única reação foi dar dois passos para trás e voltar para a mansão. Deixando Charlly arrependido, confuso e ao mesmo tempo me pedindo desculpas.

__Pim, por favor, me desculpa, foi uma pergunta sem intenção alguma, eu não quis... (enquanto eu continuava andando sem responder e olhar pra ele).

__Charlly esquece, vamos pro passeio cara, esse é o Pim, relaxa! Disse meu irmão apontando para o iate, enquanto Charlly ainda tentava me convencer, em vão.

__Pim, por favor!

Coloquei meus fones de ouvido, (Birdy – Word as Weapons), e segui em direção à mansão, neste meio tempo, desviei sem intenção alguma o caminho, e quando dei por mim já estava a alguns quilômetros da casa de Charles e avistava no horizonte o iate dele. Em determinado momento me sentei na areia e deitei olhando para o sol, que queimavam meus olhos me fazendo disfarçar as lágrimas pela dor dos raios solares com o choro intercalados, pus a mão pra cima como quem tenta tampar um pouco quando fui interrompido por um zunido, sim, era um zunido ao longe, o volume do meu fone estava no último (Birdy – All You Never Say), e ao mesmo tempo eu estava zonzo com o ocorrido, foi quando apoiei meus braços na areia e olhei para o lado para ver o que era:

__É barbecue? Gesticulava ele e pedindo para eu tirar os fones de ouvido, enquanto ela ao seu lado ria. Então tirei os fones e pude ouvir com mais clareza voltando aos meus sentidos. É barbecue? Perguntou ele com um sorriso de canto de boca, me deixando confuso.

__Barbecue? Desculpa eu...

__(Gargalhadas). Relaxa, eu estou te zoando, eu só te perguntei por que faz um tempo que eu e ela estamos te vendo aí deitado nessa areia, e com esse sol fudido você vai virar barbecue! (Risos)

Me pus então de pé e ri meio sem graça e desconversando o momento e a tentativa de não perguntarem pelas lágrimas.

__Oi, prazer! Crispin. Estendi a mão para cumprimentá-lo. Ele então fez uma piada espirrando (fingindo), e falando meu nome, como se soasse como o som de um espirro. Eu então ri sem graça, enquanto a menina que lhe acompanhava gargalhava.

__Cala boca Tom (risos). Neste momento então descobri o nome dele.

__Você adora minhas piadas Faith! Em seguida o nome dela.

__Prazer Crispin, desculpa o meu namorado. Ele é uma idiota! Estendendo sua mão para me cumprimentar.

__Namo... quê? Nunca, nem toda a sua fé faria isso possível, e olha que o seu nome já diz tudo, mas...

__Ridículo você Thomas Green! Respondeu ela incisiva.

__Amor, já te disso, nós não somos namorados, somos melhorados! (Gargalhadas).

__Depois dessa... Eu volto pra casa! Tchau menino com nome pim. Eu então acenei levemente enquanto ela ia subindo em direção a sua casa. Ele então começou rir e foi indo atrás, depois de alguns paços, virou para mim e acenou um tchau em seguida dizendo:

__Hey espirro! Tem luau aqui hoje, cola aí mais tarde! Faith, espera Faith, para vai... Não é pra tanto... Faith! Os dois então sumiram, me deixando mais confuso do que já estava, porque juro, eu nunca havia presenciado cena ou pessoas tão bizarras como essas, ou como dizem os ricos; excêntricos.


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