Fireproof escrita por evyyn


Capítulo 4
Capítulo 4 - Rebel GIrl


Notas iniciais do capítulo

olá! :)
uma parte deste capítulo girará em torno da música Rebel Girl, da banda Bikini Kill. Para quem quiser ver a tradução da música, clique aqui: goo.gl/mefHHp e para quem quiser ouvir enquanto lê o capítulo, aqui: goo.gl/fpSMhQ



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Início do POV do Butters

– Uau. – Foi tudo o que consegui dizer quando entrei na garagem de Token naquele sábado.

– O que foi? – Perguntou Kenny, me empurrando para dentro quando fiquei parado no portão – Você vê vários instrumentos no clube de música, não vê?

– Claro, mas nós não temos uma bateria – Eu disse me aproximando do instrumento e batendo de leve nos pratos – E nem uma decoração dessas.

Não havia nenhum centímetro da parede que não estivesse coberto por pôsteres, colagens de revistas, discos e flyers de shows de várias bandas. Algumas reconheci dos CDs que eles haviam me emprestado na última semana, algumas já tinha visto na TV e pela internet, mas muitos dos rostos famosos eu não reconheci. Além das bandas vários desenhos, frases recortadas e fotos (desde mulheres a filmes de terror, super-heróis e outros que meus pais nunca me deixaram assistir) também faziam parte do conjunto. Era impossível absorver todas as informações de uma vez só.

Kenny e Token riam enquanto eu andava de um lado para o outro, tocando nas imagens que mais chamavam minha atenção e fazendo questão de apontar para alguma banda quando a reconhecia.

– Cadê o Craig? – Perguntou Kenny para Token, sentando-se no sofá que estava espremido ao lado dos instrumentos – Se aquele cuzão faltar em mais um ensaio...

– Relaxa, Kenny. – Respondeu Token, mostrando a tela de seu celular – Ele disse que já estava chegando. Teve que dar uma carona par...

A frase foi interrompida por fortes batidas no portão. Quando Token o abriu, Craig, Clyde e um tímido Tweek passaram por ele. Craig passou por mim sem falar nada, apenas bagunçando meu cabelo. Clyde acenou para mim e sentou no sofá ao lado de Kenny enquanto Tweek continuava parado no mesmo lugar. Ele parecia desconfortável, mas eu suspeitava que aquela não era a primeira vez que ele ou Clyde estavam ali. Como estavam quase sempre juntos na escola, deviam ir assistir a maioria dos ensaios. Eu era o único “estranho” no ninho, mas parecia mais à vontade do que Tweek.

– Aye, vem logo, Tweek. – Disse Craig para ele ao ver que o garoto não os tinha seguido para o fundo da garagem – Tá tudo bem. Butters é um dos nossos agora, não é mesmo, loirinho?

Eu já sabia desde o começo que eu queria aceitar a proposta de Kenny. E ver aquela garageme ouvir que até mesmo Craig me considerava parte daquilo não me deixava nenhuma dúvida do que eu queria.

– É... Acho que sim. – Respondi, sorrindo de canto para Tweek, numa tentativa de deixa-lo menos “nervoso” – Olá, Tweek.

– Ei... Oi... – Ele respondeu, acenando com a mão trêmula – Oi.

Tweek deu alguns passos mais confiantes até o sofá, sentando-se ao lado de Kenny e Clyde. Craig se aproximou dele e colocou uma de suas mãos sobre o ombro do outro garoto, apertando-o. Tweek deu um longo suspiro e pareceu mais calmo, dando até mesmo um pequeno sorriso para o gigante, que o soltou e fez um sinal com a cabeça para Kenny, indicando os instrumentos.

Kenny levantou do sofá e seguiu os amigos, passando a correia de sua guitarra pelo pescoço enquanto Craig fazia o mesmo e Token fazia os últimos ajustes nos pratos de sua bateria.

– Bom, hora do show. – Ele disse, piscando para mim com um grande sorriso no rosto.

Clyde chamou por mim e bateu no lugar vazio ao seu lado no sofá, e me juntei a ele e Tweek. Os outros ficaram arranhando os instrumentos por alguns instantes enquanto conversavam sobre quais músicas tocar. Eu estava quieto, quase apreensivo, como fiquei uma vez quando era criança e fui ao parque com Stan, Kyle e Cartman. Eu estava me divertindo muito até eles decidirem que deveríamos ir à montanha-russa. Cartman foi sentado ao meu lado, rindo de mim e me chamando de marica. Mas eu mal o ouvia, ou ouvia qualquer coisa ao meu redor. Tudo era um borrão, de tão angustiado que eu estava. Não queria me mexer nem falar, com medo de que fosse vomitar. Eu apertava os nós de meus dedos, esperando pela hora em que o carrinho começasse a andar. E era assim que eu estava agora, esperando por eles começarem a tocar. Eu sabia que ali estava para começar uma experiência nova em minha vida, maior do que o clube de música. Eu me espremia entre Tweek e Clyde, na frente de Token, Craig e Kenny, mas sem ver ou ouvir direito nenhum deles. Tudo era um borrão e eu podia sentir meu coração quase pulando para fora do peito enquanto apertava os nós em meus dedos. Eu estava esperando pela montanha-russa começar a andar.

E então, começou. Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, até que Token bateu suas baquetas quatro vezes uma na outra, e a introdução de uma das músicas do Pennywise começou a tocar. Eu a conhecia bem agora, depois que Kenny a mostrou para mim em um dos CDs que me emprestou, dizendo que eles faziam cover aquela faixa em seus ensaios. Logo depois, veio No Feelings do Sex Pistols. A banda seguinte eu não conhecia, mas não deixei de ficar de olhos arregalados e ouvidos atentos. Eu queria absorver tudo, e queria que aquilo durasse para sempre.

Claro, eles não tocavam “bem”, ainda estavam um pouco longe disso. Craig tocava o baixo melhor do que Kenny tocava a guitarra, mas acho que ele ainda não tinha se acostumado a tocar e cantar ao mesmo tempo. Token era o melhor dos três. Eu nunca tinha tocado uma bateria antes, mas já tinha visto alguns vídeos sobre, claro, escutado muitas músicas. Um deslize aqui e outro ali, mas eu sabia que Token aprendia rápido e sabia o que estava fazendo, ou pelo menos aonde queria chegar, e se esforçava para conseguir.

Kenny parecia nervoso, ansioso, e olhava com frequência para mim. Sempre que fazia isso ele sorria, e eu sorria também sem perceber. Ele parecia inseguro, e por um momento pensei que talvez ele estivesse preocupado em me impressionar, em me convencer a ajuda-los. Mal sabia ele que podia ficar tranquilo; se a garagem, o entusiasmo deles e toda a energia que passavam enquanto tocavam não fossem o suficiente, a próxima música que eles tocaram acabou com toda e qualquer dúvida que eu tinha, ou poderia vir a ter.

Era outra música que eu conhecia de um dos CDs de Kenny e Craig, mas eu não sabia que eles a ensaiavam. Me surpreendi quando ouvi as primeiras palavras de Rebel Girl, da banda Bikini Kill, sendo cantadas por Kenny. Era uma banda de mulheres, e ali estava Kenny cantando com aquela voz que nunca imaginei que ele tinha. Craig fazia um backing vocal ou outro de vez em quanto, mas a voz de Kenny era feita para aquilo.

“That girl thinks she's the queen of the neighborhood

She's got the hottest trike in town

That girl, she holds her head up so high

I think I wanna be her best friend, yeah”

Ele todo era feito para aquilo. Se antes de começarem tudo era um borrão, nesse momento tudo o que eu via era o Kenny. Eu não estava mais prestando atenção se eles estavam tocando bem ou mal, se estavam errando alguma nota. Eu só conseguia ouvir a voz de Kenny lutando com os instrumentos para ser ouvida. Só conseguia seguir cada movimento dele, cada vez que ele largava a guitarra para agarrar o microfone e cantar ainda mais alto. Em algum momento ele percebeu que eu o encarava, mas eu não virei o rosto. Continuei olhando para ele, e Kenny fez o mesmo.

“Rebel girl, rebel girl

Rebel girl, you are the queen of my world

Rebel girl, rebel girl

I think I wanna take you home

I wanna try on your clothes, oh”

Era impossível não associar a letra da música ao que tenho passado nas últimas semanas. Eles eram tão legais, quase todos na escola ou tinham medo deles ou os desprezavam. Não havia ninguém que não os conhecesse ou que não conhecia boatos o suficiente para formar uma opinião sobre os “adolescentes rebeldes” de South Park. Eu não estranhava muito Kenny porque crescemos juntos, então estava acostumado com suas “excentricidades”, mesmo nos últimos anos em que ficamos afastados. E agora eu sabia que, mesmo de longe, eu sempre tinha invejado esse jeito dele.

“When she talks, I hear the revolution

In her hips, there's revolution

When she walks, the revolution is coming

In her kiss, I taste the revolution”

Kenny podia se achar menos do que os outros por ser pobre, por ter que trabalhar mais do que os garotos de nossa idade para ajudar sua família, mas eu o admirava. Ele era livre, ele podia fazer o que queria. Tinha sua autonomia, tinha sua própria vida, tinha suas próprias vontades. Podia falar do jeito que quisesse, ir para onde quisesse sem ficar de castigo. Podia se vestir como quisesse, podia ser o que quisesse. E ele queria ser um rockstar, ou algo do tipo. E naquele momento eu soube que eu queria estar ao lado dele quando ele finalmente chegasse lá. Eu queria ser livre. Eu queria ser o guitarrista da Fireproof, custe o que custar.

“Rebel girl, rebel girl

Rebel girl, you are the queen of my world

Rebel girl, rebel girl

I know I wanna take you home

I wanna try on your clothes

Love you like a sister, always,

Soul sister, rebel girl

Come and be my best friend

Will you, rebel girl?

I really like you

I really wanna be your best friend

Be my rebel girl”

Mesmo quando a música acabou, eu e Kenny não tiramos os olhos um do outro. Algo nos mantinha conectados. Talvez ele pudesse ler meus pensamentos, ou entender o que eu sentia com todas as minhas forças. Talvez ele soubesse que haviam me convencido e não queria quebrar o contato visual com medo que eu mudasse de ideia.

Os três arfavam e suavam, e meu peito subia e descia junto com o de Kenny, que continuava agarrado ao microfone, passando a língua pelo piercings nos lábios. Um tique que ele parecia ter adquirido junto com aquelas argolas.

– E aí, Butters, - ele disse, olhando para Craig e Token e então voltando a olhar para mim - o que está achando da Fireproof?

Foi minha vez de parar de encará-lo. Eu olhei para os outros garotos, e para os três como um todo. Eu podia não conhecer muito sobre punk ainda, mas sabia muito sobre bandas, a música era o escape da vida de merda que eu levava até então. E eu sabia que havia algo especial a ser lapidado bem na minha frente.

– Foda. – Eu disse, tampando minha boca e em seguida destampando e rindo junto com os outros quando percebi que não precisava me desculpar por soltar um palavrão.

Ali eu estava seguro para começar a ser quem eu queria ser, e não quem meus pais queriam que eu fosse. Minha liberdade estava só começando, assim como aquela montanha-russa. E dessa vez eu mal podia esperar para chegar no topo. Era ali que eu queria estar, todos os fins de semana. Era a voz de Kenny que eu queria ouvir todos os dias a partir de agora, e ouvi-la em cima de um palco ou tocando na rádio seria minha prioridade de agora em diante.

– // -

Entre várias pausas para cervejas (que eu experimentei com uma careta enquanto os outros garotos comemoravam e riam) e outros covers, o ensaio finalmente chegou ao fim depois de três horas. Fiquei perdido, como se acordasse de um sonho no qual queria viver para sempre. Passamos mais uma hora falando sobre o que eu tinha achado deles tocando, como faríamos para ensaiar ajustando os horários em que eu poderia sair e os horários em que Kenny trabalhava e bolando algum plano para que meus pais não descobrissem o que eu estava fazendo.

Foi Tweek, quase totalmente silencioso até o momento, que veio com a solução perfeita:

– B-Butters, eu não sei se você estaria interessado em arrumar um emprego... – Ele começou a dizer, receoso – Mas meu pai tem aquela m-maldita Aaargh! Cafeteria. Estamos procurando alguém para ajudar com o atendimento agora que minha mãe está de repouso de um tratamento ferrado.

– Oh, sinto muito – Eu disse, sinceramente preocupado – O que aconteceu?

– Nada de grave. – Ele disse, afastando a ideia de estender o assunto com as mãos. – N-nada com o que se preocupar. Ela está bem agora, está se recuperando. Algo na cabeça, sabe? – Ele apontou para a própria testa – Algo errado aqui dentro. Igual eu.

– Cale a boca, Tweek. – Disse Craig, deixando o baixo de lado e sentando ao lado dele no sofá, empurrando Clyde para fora – Você não tem problema nenhum. Seus pais podem ser uns fudidos, mas você não é nada parecido com eles.

Eu realmente me animei com a ideia, assim como os outros garotos. Tweek disse que o pai dele o deixava sair para os ensaios enquanto assumia o atendimento, e então eu estaria livre para sair também. Mas meus pais não precisavam saber, podiam achar que eu ainda estava trabalhando. Seria perfeito. Eles não teriam por que negar, iriam adorar a ideia de eu fazer algo de útil da minha vida, e meu pai daria um discurso sobre a experiência de vida que o trabalho traria. Era um plano real, e ideal.

– Ei, cara – Começou Kenny, olhando para mim com uma expressão séria – Você não precisa se meter nessa por nossa causa, se não quiser. Não precisa arrumar um trabalho só pra poder fazer parte da banda. Podemos pensar em outra cois...

– Não, Kenny – Eu disse, empolgado – É perfeito. Menos tempo dentro de casa, um dinheiro só meu e flexibilidade de horário para poder vir aos ensaios. – Olhei para Tweek, sorrindo de orelha a orelha – Obrigada, Tweek. Se eu puder tentar conseguir o emprego significaria muito pra mim.

Tweek retribuiu meu sorriso, mexendo muito as mãos enquanto abria sua cerveja, quase derrubando a garrafa em Craig.

– S-sem problemas, Butters. Vai ser legal ter você por lá. Vou dizer para meu pai que encontrei alguém bacana para a vaga. Ele conhece sua família, sabe que você é um om garoto.

Kenny e Token davam tapinhas nas costas de Tweek, agradecendo-o também pela solução e pela ajuda. Tweek ficou extremamente vermelho enquanto dava um enorme gole em sua cerveja, e eu suspeitei que fosse para não ter que responder a todos aqueles cumprimentos. Craig também sorriu para ele, e deixei escapar uma baixa exclamação de surpresa quando ele passou um braço pelas costas de Tweek e o puxou para mais perto, dando um rápido beijo nos lábios dele.

Apenas Kenny, que estava ao meu lado, pareceu notar o meu pequeno espanto. Eu me recompus rápido, ainda bem, pois Tweek logo olhou em minha direção, obviamente preocupado com minha reação. Agora eu entendia por que ele parecia tão desconfortável quando me viu ali, mais cedo. Mas quando viu que eu não fiz nenhuma careta, comentário ou perguntas, ele logo pareceu relaxar, apesar de ter se afastado um pouco de Craig, que nem se incomodou em olhar em minha direção.

Kenny continuou a me olhar de canto de olho, mas não disse nada sobre isso pelo resto do tempo que ficamos ali acertando os detalhes de todo o nosso “plano”. Assim que praticamente tudo foi combinado, todos eles começaram a combinar uma pequena reuniãozinha entre amigos para aquela noite. E eu percebi que por mais que eu quisesse, não podia pertencer totalmente àquele mundo. Eu tinha que voltar para casa.

Eu não queria ir embora e deixar aquele sentimento novo de liberdade e novidade para trás. Eu não queria voltar para minha casa e ter que ouvir meu pai falando para mim o quanto achava que Kenny McCormick seria uma má influência. Eu queria continuar ali, me divertindo com eles. Mas, mesmo assim, me levantei para ir embora.

– Aonde você vai, Butters? – Perguntou Clyde, dando um gole em sua cerveja.

Pude sentir o olhar de todos sobre mim. Kenny parou de brincar com as cordas da guitarra e me olhou com o cenho franzido.

– Para casa. – Eu respondi, tentando disfarçar a humilhação de me sentir como uma Cinderella, ter hora para voltar antes de virar uma abóbora – Está quase na hora do jantar. Se eu não voltar logo meus pais...

– Com todo respeito, Butters, fodam-se os seus pais. – Disse Craig – Estamos aqui planejando suas festas de boas-vindas. Você vai ficar, vai comer pizza, jogar videogame e beber conosco. Senta logo essa bunda loira aí e chega de frescura.

Eu ri, esfregando os punhos de minha blusa. Eu queria que fosse fácil assim, como ele falava. Eu queria apenas poder ficar ali, sentado, sem me preocupar com nada.

– Eu vou até sua casa com você, Butters – Disse Kenny, levantando-se – E o Token também. Não há um garoto de melhor família em toda South Park do que o Token. Seus pais não vão recusar se ele for pessoalmente pedir para que você durma na casa dele, não é mesmo?

Eu fiquei sem saber o que falar. Seria pedir demais, seria muita sorte, mais do que eu já tive naquelas últimas semanas, mas talvez desse certo.

Token se levantou, tirou algumas notas de sua carteira e as entregou para Craig:

– Ok, vou buscas as chaves do carro e trocar por roupas que não estejam encharcadas de suor. Vocês três podem ir pedindo as pizzas.

Eu e Kenny fomos para fora esperar por Token. Kenny acendeu um cigarro e ficamos ali, em silêncio, até eu criar coragem para agradecê-lo:

– Mais uma vez, obrigado por ajudar com meus pais, Kenny.

– Sem problemas. – Ele respondeu, soltando a fumaça do cigarro enquanto olhava para seus tênis.

Continuamos em silêncio, e aquilo estava me deixando louco. Será que ele estava irritado pelo trabalho que eu estava dando? Será que estava começando a perceber que eu não valia tanto a pena assim? Iriam desistir da ideia de me deixarem entrar na Fireproof?

Kenny soltou um longo suspiro ao jogar a bituca de cigarro no chão, apagando-a com a sola de seu tênis. Ele passou a mão pelos cabelos, como se estivesse sme jeito, e ainda sem olhar para mim perguntou:

– Ei, Butters. Mais cedo, aquilo entre Craig e Tweek... – Ele fez uma pequena pausa e me olhou, esperando para ver qual seria minha reação – Aquilo te incomodou?

Eu franzi o cenho e sustentei o olhar dele, sem entender direito onde ele queria chegar com aquela pergunta.

– Cara, eu só fiquei surpreso, não incomodado. Eu não tenho nada a ver com isso, só não sabia que eles...

EU não terminei a frase, mas pude sentir meu rosto corar. Kenny pareceu achar graça e deu uma risada baixa ao se aproximar de mim, apoiando-se no carro de Token, com as mãos nos bolsos.

– É, eles estão juntos há um tempo. Tweek prefere que ninguém saiba, você sabe como ele pode ser paranoico. Ele tem medo que Craig seja desrespeitado por causa dele. Por causa deles. Craig não liga, mas não consegue convencer Tweek do contrário... Então prefere fazer a vontade dele, é o jeito mais fácil de não fazer o garoto ter uma crise.

Eu não precisava esperar pela próxima frase de Kenny. Eu sabia o que ele queria me pedir.

– Não vou contar pra ninguém – Respondi. Apoiando-me no carro ao lado dele, num gesto involuntário para demonstrar minha cumplicidade.

– Eu sei. – Kenny disse, passando um dos braços por meus ombros – Você é um bom garoto, Butters.

Eu sorri, aliviado por saber que era aquilo que o incomodava momentos antes, e não minha Cinderellice. Ele só estava preocupado que eu fosse algum tipo de homofóbico babaca. Eles não iam me chutar da banda.

Finalmente vimos Token saindo de sua casa, e entramos no carro. Poucos minutos depois jpá estávamos na rua da minha casa. Eu e Token descemos, mas Kenny continuou dentro do carro.

– Acho melhor eu ficar por aqui. – Ele disse, olhando para minha casa do outro lado da rua – Talvez seu pai não implique tanto se eu não estiver junto. Já vi como ele me olha sempre que apareço por aqui.

Eu o olhei com um pouco de tristeza e vergonha, sabendo que era verdade.

– Desculpe por isso.

– Não se preocupe, Butters – Ele disse, sorrindo, tentando me animar – Pelo menos sua mãe tem pena de mim e nos “deixa” ser amigos.

Eu dei um meio sorriso sem jeito antes de seguir com Token para minha casa. Dei um longo suspiro antes de girar a chave na fechadura, torcendo para que eles deixassem. Era pedir muito, depois de toda a sorte de poder entrar no clube, entrar na banda e meio que arrumar um emprego. Mas eu tinha que pensar positivo. Eu estava quase explodindo de felicidade e euforia por estar na Fireproof, e queria comemorar junto com os meus... Amigos? É, parece que eu tinha feito novos amigos.

Fim do POV do Butters


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Notas finais do capítulo

me empolguei e o capítulo ficou grandinho, haha! mas espero que gostem. qualquer erro, por favor, me avisem!



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