Fireproof escrita por evyyn


Capítulo 3
Capítulo 3 - Delinquente


Notas iniciais do capítulo

yayy, obrigada por lerem e favoritarem a história, HelsHoran e Fujiuki!
muito bom saber que tem gente acompanhando e curtindo. me animaram para escrever esse capítulo! :D espero que gostem!



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Início POV Butters

– Meus pais não vão gostar nada disso... - Eu murmurei, encarando a tesoura que Kenny tinha em suas mãos.

– Fique quieto, Butters. – Disse Craig, segurando as laterais de meu rosto enquanto Kenny começava a cortar meus cabelos.

– É praticamente o mesmo corte que você usava quando éramos crianças! – Kenny dizia enquanto eu via os tufos de cabelo claro caindo no chão.

Eu tremi, pensando em quantos dias eu ficaria de castigo quando meus pais me vissem daquele jeito.

– O mo-moicano é o menor dos problemas, Kenny. – Eu respondi, falando alto para que ele me ouvisse agora que raspava as laterais de meu couro cabeludo com uma maquininha barulhenta. – Mas o piercings era mesmo necessário?

Craig riu, e Kenny desligou a maquininha, me olhando pelo espelho ao falar:

– Mas você disse que queria um. Que achava os nossos bacanas.

– É, mas... Meus pais...

– Eu vou te ensinar um truque, loirinho. – Disse Craig, ajoelhando na minha frente, seu rosto de frente com o meu – Quando você estiver na sua casa, é só esconder o piercing... Assim.

Ele colocou os dedos em meu recém-furado septo e empurrou o piercings para dentro. Doeu um pouco e incomodou no começo, mas aquilo era melhor do que ser colocado para fora de casa. Segurei a vontade de espirrar enquanto o agradecia:

– Obrigado, Craig. Você acaba de salvar minha vida!

Fim POV Butters - Início POV Kenny

Butters olhou para Craig com seus grandes olhos azuis cheios de alívio e agradecimento. Senti uma pontada de culpa novamente. Será que o estávamos forçando a fazer aquelas coisas? Mas depois de nossa conversa na sala de música ele pareceu realmente animado e interessado em toda essa coisa, dizendo que ia pensar no assunto e nos seguindo nos dias seguintes para saber um pouco mais sobre o que era o punk e empolgado com cada CD que emprestávamos para ele.

Eu sei muito bem que os pais dele são um saco. Nunca deixam o garoto se divertir e várias vezes o pai dele me olhava estranho, como se não me quisesse perto do filho dele. Acho que desde aquela época ele sabia que tipo de garoto eu era. Mas acho que nunca disse nada porque a mãe de Butters sempre teve pena de mim. Sempre me enchia de comida quando eu ia até a casa deles.

Oras, um pouco de rebeldia não faria mal a ele. Mais cedo ou mais tarde o Sr. E a Sra. Stotch têm que entender que ele não é mais um menininho ingênuo e inocente de 9 anos... Agora ele é um garoto ingênuo e inocente de 16 anos.

– Está tudo bem, Butters. – Eu disse, bagunçando o que restou de cabelo quase branco no topo e em um dos lados da cabeça dele – Eu te levo para casa assim que terminarmos. E se eles acharem ruim, digo que foi ideia minha.

– Sério? – Agora os grandes olhos azuis estavam voltados para mim, e fiquei estranhamente feliz que a atenção dele não estava mais em Craig, e sim em mim – Ah, isso seria maravilhoso, Ken!

– Não diga coisas como “maravilhoso”, loirinho. – Craig disse, franzindo o rosto – Diga que seria foda!

Butters corou, e eu não pude deixar de rir.

– Não deixe que ele te transforme num babaca igual a gente, Butters. – Eu disse, ligando novamente a maquininha – Agora, se me permite, tenho um corte de cabelo maneiro para terminar.

– // -

– Oh, meu Deus, Butters! O que você fez?! – A Sra. Stotch abriu a porta, e ao ver o novo “penteado” de Butters, seu sorriso simpático de sempre desapareceu.

Vi os ombros de Butters encolherem de medo quando seu pai apareceu na porta ao lado da mãe, com a mesma expressão de espanto.

– Me desculpe, Sra. Stotch. A ideia foi minha. – Eu comecei a dizer, antes que Butters pudesse dizer algo que piorasse a situação ou antes que seu pai abrisse a boca para coloca-lo em algum castigo maluco. – Alguns dos garotos mais velhos começaram a implicar com Butters, e eu pensei que dar a ele uma aparência um pouco mais... “Durona”... Faria com que eles o deixassem em paz.

O Sr. Stotch me olhou desconfiado, mas a mãe de Butters abriu um sorriso desconcertado quando finalmente percebeu que eu estava parado ao lado do filho dela.

– Oh, Kenny! Desculpe a falta de educação, eu não o vi aí... – Ela abriu mais a porta e fez um sinal para que entrássemos – Há quanto tempo eu não o via.

– É, eu comecei a trabalhar há algum tempo em uma oficina perto da escola.

– Sim, Butters me disse. – Ela olhou novamente para o filho e o sorriso deu lugar a uma expressão preocupada – E por que você não nos disse sobre esses garotos, Butters? Não precisava ter feito isso, nós poderíamos ter ido até a escola e feito algo... Bem, acho que não tem tanto problema assim...

– Ah, tem problema sim. – Disse o pai dele, finalmente, me encarando – Está parecendo um delinquente.

– Oh, por favor, Stephen. Deixe-o em paz, temos visitas. Cabelos crescem, e tenho certeza que Kenny só estava tentando ajudar, não é? – Os três olharam para mim e me esforcei para dar o sorriso mais doce e inocente de toda a minha vida, tentando imitar os de Butters – Obrigada, querido. Que bom que Butters tem amigos como você. Vai ficar para jantar?

– Posso? – Perguntei, realmente feliz. A Sra. Stotch podia não ser uma mãe muito boa, mas era uma excelente cozinheira. E poderia ficar um tempo a mais por perto para garantir que Butters não se encrencasse.

– Claro, claro. Stephen, pode vir me ajudar na cozinha? – O pai de Butters me olhou feio uma última vez antes de seguir a esposa pelo corredor, não sem antes mandar que Butters subisse para terminar seus deveres.

– Você não se importa, não é, Kenny? – Disse Butters quando chegamos no quarto dele, colocando os livros e cadernos que precisaria em cima da escrivaninha. – Tenho poucas coisas para terminar, mas pode jogar vídeo-game enquanto isso.

– Não me importo nem um pouco! – Eu respondi, já começando a ver que jogos ele tinha.

Senti que ele continuava a olhar para mim, e deixei os jogos de lado para devolver o olhar.

– O-obrigado. – Ele disse, como num suspiro de alívio – Fico te devendo uma.

Eu sorri, desconcertado. Era raro que alguém me agradecesse por algo que eu fiz.

– Sem problemas, Butters. – Eu respondi, coçando minha nuca para disfarçar a falta de jeito – É só você me deixar copiar os deveres de casa e estamos quites.

Ele riu e concordou, voltando sua atenção para os livros e me deixando com os jogos. Após algum tempo de silêncio entre nós, perguntei sem tirar os olhos da tela da TV:

– E então, Butters... Sobre a banda, já pensou sobre tocar com a gente?

Soube que ele ouviu a pergunta porque não ouvi mais o barulho do lápis escrevendo sem parar, mas ele não respondeu imediatamente.

– Bom, Kenny... Eu não sei... – Ele começou, falando muito baixo – Você viu que meu pai não engoliu muito bem um corte de cabelo, imagine só eu fazer parte de uma banda. Imagine só a cara dele quando souber que estou andando com alguém como o Craig!

Eu pausei o jogo, mas ainda não tinha coragem de olhar para ele e aceitar aquele não.

– Ah, cara – Eu disse, olhando para o controle em minhas mãos – Achei que você estava se divertindo esses dias, andando com a gente.

– Eu estou, Kenny, eu só...

– Nós realmente precisamos da ajuda de alguém bom que nem você.

– Por que vocês não entram no clube de música?

– Nem pensar! – Eu respondi, finalmente olhando para ele – Butters, não precisa se decidir hoje. Mas pelo menos promete que vai vir nos ver ensaiar nesse fim de semana! Se você não gostar, não te perturbo mais! Mas se você gostar...

Butters ficou batendo o lápis no caderno por alguns instantes, pensativo. Eu sabia que ele queria dizer sim. Eu sabia que ele queria fazer parte de algo legal, e eu queria muito que ele fizesse parte do que estávamos começando a “construir” na garagem de Token. Eu sabia que com a ajuda de Butters e nossa loucura, poderíamos ter uma chance de dar certo.

Butters continuou em silêncio, mordendo seu lábio. Eu me levantei e me aproximei dele, abaixando um pouco até que eu ficasse na altura do rosto dele. Com cuidado, puxei o piercings dele para fora e dei um sorriso, e ele deixou escapar uma risada curta.

– Nós não precisamos contar para seus pais. Eles não precisam saber toda a verdade. Se você concordar, se isso for o que você quer, nós todos vamos pensar num jeito de fazer dar certo. Eu prometo.

Ele me olhou novamente com aqueles grandes olhos azuis, parecendo um filhote. Os olhos estavam cheios de esperança, e naquele momento eu prometi a mim mesmo que eu faria dar certo. Butters seria parte da Fireproof. Ele merecia fazer as coisas que gostasse, ele merecia viver uma vida fora daquele quarto, fora daquela casa, longe de todas aquelas regras absurdas. Era só ele querer, e nós o ajudaríamos. Eu o ajudaria.

– Butters, Kenny! – Ouvimos a voz da Sra. Stotch nos chamando do andar de baixo – Podem descer, o jantar está na mesa!

– Ufa, estou faminto! – Eu disse, andando em direção à porta. – Aye, Butters. Não esquece de esconder isso daí.

Apontei para meu nariz e ele entendeu o recado, “guardando” seu piercing, novamente com o pequeno sorriso de rebeldia no rosto. Meu peito apertou com o olhar soturno que ele me lançou ao fazer isso, como se compartilhássemos de um segredo só nosso. Mas Craig sabia também, e isso me fez sentir um pouco de ciúmes. Não entendi direito o porquê, mas naquele momento senti que eu queria ter outro segredo com Butters. Um segredo nosso.

Fim do POV do Kenny


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Notas finais do capítulo

não vejo a hora de chegar a parte legal da história! até o próximo capítulo!
(qualquer erro, por favor, me avisem!)



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