Fireproof escrita por evyyn


Capítulo 2
Capítulo 2 - Blackbird


Notas iniciais do capítulo

olá! ;) sou uma autora BEM tímida, hehe! mas espero que gostem da história, que é inspirada em dois ships: larry e muke, de 1D e 5SOS.



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Início POV Butters

Estou sentado sozinho na mesa do almoço. Stan está sentado com os outros jogadores do time de futebol americano da nossa escola com Wendy, Cartman e Kyle. Ele sempre me convida para sentar com eles também, dizendo que os garotos do time não se importariam. Mas é uma oportunidade de ficar longe do Cartman, e se almoçar sozinho é o preço, estou mais do que disposto a pagar.

Kenny passa por minha mesa acompanhado por Craig. Provavelmente estão indo se encontrar com os Góticos (ou o que sobrou deles agora que Michael e Pete já saíram do colégio) para fumar atrás da escola. Kenny me cumprimenta com um sorriso rápido e eu aceno em resposta. Craig me ignora, como sempre. Mas dessa vez, ao invés de seguir em frente, Kenny para perto da minha mesa e dá um puxão na manga de Craig, apontando para mim com a cabeça.

Percebo que Kenny não está apontando para mim. Craig olha para algo ao meu lado, e eu também me viro para olhar, procurando o que chamou a atenção deles: meu violão. Kenny olha para Craig com uma pergunta nos olhos, a qual Craig responde com um de seus secos “não” antes de continuar andando, com Kenny seguindo atrás dele, olhando uma vez ou outra para trás, para mim. Não, olhando para meu violão.

Não entendo o que acabou de acontecer, e nem me preocupo em pensar nisso por muito tempo. Volto meus pensamentos para o violão e para o clube de música depois das aulas, no qual finalmente tive coragem de entrar depois de meses e meses ouvindo Stan me incentivar desde que descobriu que eu sabia tocar. Ah, cara, eu estou muito empolgado, finalmente vou ter uma chance de fazer algo que gosto, passar mais tempo sem ficar sozinho trancado em meu quarto quando Stan e Kyle estão ocupados demais com seus próprios clubes e amigos legais para irem passar um tempo comigo.

Kenny costumava ir muito lá em casa, ficar de bobeira. Mas isso já faz tempo, uns dois anos, desde que ele arrumou um emprego para ajudar a família. Nós o convencemos a não largar a escola também para trabalhar mais, mas acho que agora ele não tem muito tempo livre, e não sei o que faz no tempo que tem. Sei que Stan, Kyle e Cartman ainda saem bastante com ele, mas meus pais nunca me deixam sair de noite. Só o vejo durante duas aulas que temos na mesma classe, mas mal nos falamos.

Volto a pensar no que me espera no clube. Mal consegui dormir na noite anterior, com medo de que tudo fosse bom demais para ser verdade. E se meus pais desistissem da permissão de última hora e me proibissem de participar do clube? E se eu estiver muito atrasado na turma e todos tocarem bem melhor do que eu, zombando de mim? E se...

O sinal do intervalo toca, e fico distraído pelo resto das aulas. Quando o último sinal da última aula toca, agarro meu violão com força e saio quase correndo da sala de aula. Não me despeço de nenhum dos garotos, estou ansioso demais para falar alguma coisa, mas sorrio quando passo por Stan e ele dá uma piscada encorajadora para mim. Continuo apressado pelos corredores, e alguns minutos depois já estou parado em frente a porta da sala de música. Respiro uma, duas, três vezes, e então abro a porta.

– // -

As horas passam rápido, e logo percebo que o clube acabou. As pessoas ao meu redor começam a levantar e arrumar seus instrumentos, mas eu continuo sentado, em êxtase, maravilhado com toda a experiência. Foi melhor do que eu jamais poderia imaginar. Eu pertenço a esse lugar, eu sei disso.

Ninguém fez piadas de mim, pelo contrário: recebi alguns elogios quando disse que tinha aprendido a tocar com a ajuda de vídeos do Youtube. Até mesmo o professor me elogiou. Há poucos alunos que participam do clube, conheço alguns deles só de vista, mas todos parecem ser gente boa. Estão aqui pela música, e não para serem populares ou pela necessidade de zombarem de alguém para se sentirem melhor.

Acho que o professor percebeu que não quero ir embora, pois se aproximou de mim e me estendeu confidencialmente uma chave, dizendo que eu poderia aproveitar algum tempo dozinho depois das aulas para praticar um pouco mais. Eu só precisaria entregar a chave na secretaria quando quisesse ir para casa.

Abri o maior sorriso da minha vida, o que deve ter sido muito engraçado, pois o professor riu antes de me dar alguns tapinhas no ombro e sair, fechando a porta atrás de si. Ele me lembrou muito Stan quando piscou para mim pelo vidro da porta, me incentivando. Agradeci mentalmente mil vezes, já dedilhando as cordas, comemorando toda a sorte daquele dia.

Fim POV Butters - Início POV Kenny

Pela segunda vez no dia parei de andar abruptamente e puxei Craig pelo braço, para que ele parasse também. Ele olhou para mim mordendo um de seus piercings da boca, sinal de que estava irritado. Que novidade.

– Ei, gigante. Escuta! – Eu disse, enquanto procurava de onde vinha o som que estava escutando.

Alguém estava tocando Blackbird, dos Beatles, no violão. E estava mandando muito bem. Até mesmo Craig parou de morder o piercings quando começou a prestar atenção nas notas. Demos alguns passos, seguindo o som até a sala de música. Craig foi o primeiro a olhar pelo pequeno vidro da porta. Ele levantou uma sobrancelha, o que significava uma grande surpresa na linguagem corporal tediosa dele, e me olhou com um sorriso malicioso, se afastando do vidro para que eu pudesse olhar.

E quando olhei, entendi a sobrancelha e o sorriso: era Butters lá dentro, tocando o violão que vimos com ele mais cedo. Ele estava tocando de olhos fechados, tranquilamente, perfeitamente. Sua franja loira extremamente clara caía em seu rosto de um jeito tão inocente e belo, combinando perfeitamente com a melodia. Perdi alguns minutos ali, parado, encarando-o de queixo caído tão intensamente que ele pareceu sentir que alguém o olhava.

Butters abriu os olhos e seus olhos azuis arregalaram-se quando me viram grudado no vidro. Ele tirou a franja da frente dos olhos e os apertou, talvez tentando me reconhecer, pois seus olhos relaxaram alguns segundos depois. Tentando deixar o clima bizarro um pouco menos estranho, acenei para ele, que não acenou de volta.

Mordi o lábio, envergonhado, e me virei para Craig, que estava parado ao meu lado. Ele apontou para a maçaneta com um movimento rápido da cabeça, mandando que eu abrisse a porta. E foi o que eu fiz.

Butters pareceu se encolher um pouco em sua cadeira quando entrei, acompanhado por Craig. Será que ele estava com medo de nós? Eu não tiraria a razão dele em relação a Craig, o cara era assustador. Quase dois metros de altura, cheio de piercings, cara de poucos amigos e um olho verde e outro castanho. Era uma visão selvagem, amedrontadora, admito. Mas ele não precisava ter medo de mim. Éramos amigos de infância, não éramos? Será que isso ficou no passado?

Eu queria acalmá-lo, por isso não fui direto em direção a ele. Fui andando pela sala, olhando ao redor, admirando alguns dos instrumentos dali. Eu sempre achei que fazer parte do clube de música era uma coisa para babacas. Craig pensava o mesmo, e por isso convencemos Token de que nos daríamos melhor sem todas aquelas regras. Aprenderíamos a tocar por conta própria, na garagem dele. E assim nasceu nossa banda. Mas não era tão fácil quanto parecia, aprender a tocar todos aqueles instrumentos. Token podia contratar um professor, mas como não podíamos nos dar a esse luxo, o fizemos prometer que aprenderíamos na garra. Entendo agora por que a maioria dos punks só tem três acordes. Obrigado, caras, por terem facilitado para seus companheiros.

Mesmo assim, ainda precisávamos de um bom guitarrista. Craig estava se ajeitando bem com o baixo, e Token estava ficando realmente bom na bateria. Eu sabia usar minha voz, mas era praticamente isso. Precisávamos de uma segunda guitarra, alguém para me ensinar e melhorar nosso som.

E ali, na nossa frente, estava essa pessoa: Butters. Encolhido como um coelho acuado por predadores. Eu tentei dar o sorriso mais doce que conseguia para ele enquanto falava com ele com uma voz calma:

– Ei, Butters. – Ele tremeu, agarrando o violão. Porra, Butters, eu não vou te assaltar! – Ei, desculpe atrapalhar seu... Ensaio? Estávamos passando e te ouvimos tocar... E cara, você toca muito bem.

Butters me olhou menos desconfiado, mas ainda lançava alguns olhares rápidos na direção de Craig, sem coragem de encará-lo. Reparei que o elogio tinha funcionado e continuei:

– Eu não sabia que você tocava algum instrumento.

– É... – Ele começou, tímido, passando as mãos vagarosamente pelas cordas, soltando alguns sons fracos – Comecei faz pouco mais de um ano. Você sabe como é lá em casa, muito tempo de castigo. Minha mãe concordou em me dar algo para me distrair um pouco...

Ah, ali estava ele, o Butters tagarela que eu conhecia. Ele foi relaxando cada vez mais conforme contava toda a história de como convenceu a mãe a lhe dar um violão, e não algo que o ajudasse em seus estudos. Me contou sobre todas as notas altas que teve que tirar, sobre os vídeos no Youtube e sobre tocar sem fazer barulho de noite para que seus pais não acordassem e o deixassem de castigo sem o violão, apenas para memorizar as notas.

– ...E então, Stan me disse sobre esse clube, e insistiu para que eu tentasse. Ele disse que seria legal.

Eu sorri. O entusiasmo dele era visível, e de canto de olho vi que até mesmo Craig sorria um pouco – bem pouco. A inocência de Butters era contagiante. Tive vontade de ir correndo até ele e abraça-lo forte, parabenizando-o por todo o esforço, e me desculpar por não ter dado nenhuma atenção para nossa amizade nos últimos anos. Me senti culpado em não saber sobre um detalhe tão importante na vida de uma pessoa que eu conhecia há tantos anos. Mas sei que isso iria assustá-lo ainda mais, e não queria isso agora que ele parecia tão confortável em nossa presença.

Ao invés de correr até ele e abraça-lo, dei alguns passos para mais perto de onde ele estava e me sentei na carteira ao seu lado, desleixadamente, e me virei para ele com uma expressão séria.

– Butters... – eu disse, colocando minha mão em seu braço – Você já pensou em entrar em uma banda?

O rosto de Butters corou no mesmo instante, e sua boca ficou em formato de uma perfeita letra O com a surpresa.

– Na verdade, não. – Ele disse, e deixou escapar uma risada – Não acho que nenhuma banda aceitaria alguém como eu.

Eu apoiei meus ombros em meus joelhos e inclinei o corpo, me aproximando dele. Olhei no fundo daqueles olhos azuis, para que ele não achasse que eu estava brincando com ele:

– Sei de uma banda que se interessaria muito em ter você como guitarrista.

– Sério, Kenny? – Os olhos dele brilharam.

– Sim, Butters. Sério. – Respondi, um sorriso rasgando o canto de minha boca – Minha banda. Então, o que você conhece de bandas com som punk?

Fim POV Kenny


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Notas finais do capítulo

obrigada por lerem! :D



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