Fireproof escrita por evyyn


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prólogo




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Início POV Butters

Olho para a multidão sem conseguir distinguir um rosto sequer. As luzes fortes apagam os detalhes, mas, mesmo que elas não estivessem atrapalhando minha visão, eu não conseguiria. Há tempos essas garotas viraram apenas um mar de gritos ensurdecedores. Uma massa de corpos e desespero.

A única coisa que distingo da plateia eufórica é ele. A silhueta de Kenny se destaca na frente do palco conforme ele anda de um lado para o outro, lendo os cartazes e interagindo com as fãs. Desvio o olhar e aproveito a pausa entre as músicas para beber água. Aproximo-me de Craig e me junto a ele no breve descanso. Mesmo com todo o barulho, consigo ouvir quando Craig sussurra algo em meu ouvido, me puxando para mais perto pela alça de minha guitarra.

– Mais cedo vi o melhor cartaz de todos: Arrumem um trabalho de verdade, seus vagabundos!

Não consigo segurar o riso e o microfone, que seguro na mesma mão em que a garrafa de água, pega parte do som. A plateia e Kenny voltam suas atenções para nós: as garotas gritam ainda mais alto e levantam seus celulares numa tentativa de registrarem o momento, enquanto Kenny nos olha desconfiado. Ele franze as sobrancelhas e faz um movimento quase imperceptível com a cabeça, um movimento que eu conheço muito bem. Ele quer que eu me afaste de Craig. Eu obedeço.

Kenny estava distraído conosco e não viu quando alguém da plateia jogou algo em sua direção, acertando em cheio seu olho direito. Ele não faz nenhum som de dor, mas sei que o machucou bastante para ele não conseguir ignorar o que aconteceu e seguir com a atuação do show como normalmente fazemos. Ele inclina um pouco seu corpo para frente, pressionando o olho, e sem pensar duas vezes me aproximo devagar, preocupado.

Estou a ponto de tocá-lo no ombro quando ele, ainda parcialmente agachado, olha em minha direção. Com a mão que está apoiada em seu joelho ele faz um pequeno sinal para que eu me afaste, enquanto sua boca mexe sem fazer barulho, pedindo para que eu saia de perto dele.

– Não! Vai embora, Butters. Vai!

Mudo de direção como se sempre pretendesse ir além dele, para a ponta do palco, ignorando-o. Vejo pela minha visão periférica que alguém do staff traz uma toalha para ele, que a pressiona contra o olho machucado e vai para o backstage. Eu continuo tocando algumas notas aleatórias enquanto fuzilo com o olhar a sessão da plateia de onde o objeto veio. Kenny já está de volta ao palco, o show tem que continuar. Antes de me afastar e ir para a posição da próxima música, mostro dedo do meio para ninguém em específico na multidão, apenas na direção de onde jogaram o que quer que aquilo fosse. Craig para ao meu lado e faz o mesmo antes de virarmos as costas e começarmos a tocar as notas da próxima música.

Não olho de novo para Kenny para checar se ele está bem, por mais que eu queira. Não posso arriscar fazer novamente algo estúpido que custe nossa paz no dia seguinte com vários Vines e posts no Tumblr dissecando nossas quase inexistentes interações no palco. Não precisamos de outra bronca, mais especulações, mais publicidade negativa, como diriam nossa equipe de imprensa. Não preciso que arrumem novas maneiras de nos afastar ainda mais.

Kenny começa a cantar, e sua voz e a letra me levam para um dia há anos atrás, quando essa música começou a tomar forma na garagem de Token. Fecho os olhos e me deixo ser invadido por um sentimento de liberdade que não existe mais, por lembranças de dias mais fáceis. Dias em que eu podia chegar perto de Kenny sem me preocupar com as consequências exageradas. Dias em que não tinha que pensar vinte vezes antes de fazer alguma coisa, e só fazer, falar ou escrever algo se tal coisa for aprovada por nossos empresários e toda a equipe.

Quando chega a parte em que canto junto com Kenny, quase perco a vez. Minha voz sai fraca, embargada. Quero olhar para ele, quero que ele se lembre daqueles dias. Mas não posso. Tenho que continuar fingindo. Tenho que seguir em frente. A carreira e o bem estar de meus amigos dependem disso.

Tudo depende de uma única coisa, a mais difícil de todas: esquecer que amo Kenny, durante 24 horas, todos os dias.

Fim POV Butters


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