Nárnia - Uma última visita. escrita por Gennie Licce


Capítulo 5
O reencontro que poderia ser melhor, ou não




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Horas se foram desde o desembarque até o inicio da longa viagem de carro até o interior, para a casa dos Pevensie. O caminho turbulento, já não mais de asfalto, fazia o carro tremer como milho numa panela. América não falava com Pedro, apenas o acompanhava, sentada ao seu lado, olhando pela janela a paisagem mudar de casas e prédios para árvores robustas e pátios vastos. O motor roncava em um som médio, seco e intenso. Um ruído calmo, nada tão perturbador.

Logo o carro parara na frente da entrada de uma enorme e velha casa. Para Pedro, aquela decadente mansão soava um tanto familiar, já para América, soava assustadoramente acolhedora e tentadora. Estavam diante de uma construção de cerca de três andares, com uma sacada perfeita, pilastras brancas e o resto de um tom amônia. O cheiro de mata recém cortada predominava no ar. Ambos parados, um do lado do outro, admirando aquela vista incrível.

De repente, o momento de admiração fora cortado por um som suave, agudo e interessante. E logo viram que vinha de uma jovem, de cabelos longos e brilhantes. Lúcia.

A pequena mulher vestia um traje um tanto avassalador. Usava calça de equitação bege, que destacavam a silhueta de seu quadril acentuado, uma blusa de manga comprida cor de pêssego um tantinho larga, e calçava botas pretas sem salto. Se Pedro não a conhecesse, iria supor que Lúcia acabara ou dirigia-se para um passeio a cavalo, o que não é bem o caso.

Agora ela corre, de encontro ao irmão mais velho. O envolvendo com tanta força que nem parecia uma menina. Ela fechara os olhos e abrira  um sorriso largo e radiante.

“ Pedro! Que bom que você veio!” Lúcia se afastou e então notou a dama imóvel ao lado do irmão. “ Eu sabia desde o início que ele traria você! ” Ela nada surpresa afirma, deixando transparecer a felicidade.

“ Oi! você deve ser a Lúcia.”. América a cumprimenta de maneira tímida. Estava mexida com a tamanha beleza da irmã mais nova de seu namorado - não que não tivesse imaginando que ela teria cabelos escuros, mas que fosse tão angelical quanto as fotos conseguiam retratar. Imaginara uma menina menos crescida e que agisse de maneira calma, perfeito como as outras meninas das cidades, todavia, o fato de isso não ser verdade, não à incomodou. “ Me chamo América.” Ela disse sorrindo.

“ Prazer, América.” Lúcia a reverencia, abrindo seu largo e amistoso sorriso. “ Pedro falava bastante de você nas cartas, e agora posso entender o porquê.”

Aquele comentário não fez sentido algum para América, que lançou um olhar desconfiado para Pedro. Ele agia de maneira tímida, já se esquecendo da conversa na ala restaurante. Antes que o mesmo pudesse responder alguém gritou seu nome.

“ Pedro!! ” Era Edmundo, já um homem músculo e com barba. Está mais alto e musculoso do que Pedro se lembrava. “ Pedro!!” Ele gritou novamente, agora se aproximando depressa. Dando um apertado abraço no irmão.

“ Oi Ed!” Pedro conseguiu dizer enquanto era esmagado pelo abraço-de-urso do irmão. “ Já pode me soltar.” Ele tenta se afastar.

“ Desculpe Pedro, é a saudade.” Edmundo se defende se afastando, e em segundos direcionando os olhos para América. “ Oi Am, bom conhece–la pessoalmente.”

Vermelha, Am, sorri e diz o mesmo. E durante essa troca de olhares, Pedro encara seus irmãozinhos, agora ambos crescidos, praticamente adultos, fortes, sorridentes e independentes. Seu coração amoleceu e lágrimas invadiram seus olhos, turvando sua visão. Se sentiu, naquele momento, tão culpado por deixá-los para trás e seguir sua própria vida e feliz ao encontrá-los. Saudade. A saudade estava fazendo aquilo com ele.

E antes que uma lágrima escorresse por sua face quente, uma mão tocou seu obro esquerdo. No começo achou que fosse Lúcia, mas percebeu que a mão era mais delgada, de uma mulher mais adulta. Supôs, por fim, que fosse América, e, então, para sua surpresa, quando sua visão voltou ao normal se deparou com uma jovem de cabelos escuros e olhos azuis vidro o encarando. Ela estava séria, preocupada, mas então abriu um sorriso doce e gentil, que alegrou de imediado a face madura.

“ Su!! ” Ele sussurrou quase no mesmo tempo que ela o abraçou.

“ É bom ter-lo aqui novamente, Pedro.” Susana responde o abraçando carinhosamente, sem o apertar demais. “ Que bom que veio...” Ela se afasta e o encara. “e que trouxesse América consigo.”

Ela não parecia tão contente mas fazia o possível para não agir de maneira inapropriada e grosseira. Ela sorriu olhando Pedro, vendo o saudável e alegre, e então se virou para América, e notou que a jovem a encarava estranhamente.

“ O que foi?” Pergunta Lúcia curiosa, voltando sua atenção para a 'desconhecida' do grupo.

“ Parece que eu a conheço de algum lugar.” Diz América encarando Susana. “Será que já nos vimos antes?”

“ Com certeza não, ou você me viu. Desculpe me mas não a conheço.” Implica Su.

“ E lá se vai a Susana, a gentil” Brinca Edmundo que logo é repreendido por um empurrão de Lúcia. Ele ri apesar de saber que não é correto o fazer

“ Menos Edmundo.” Lúcia o repreende com seu olhar de sermão, seria impossível vê-lo na pequena e antiga Lu. Em resposta ela o arrasta para mais perto do carro pedindo, ou melhor, ordenando. “ Venha Ed, vai me ajudar a levar as malas lá para dentro.”

“ Mas não podemos simplesmente chamar a Kler ou a Hina? Elas são empregadas e esse é o dever delas.” Edmundo insistia em ver Susana brigar, pois raramente a donzela se rebaixava ao nível da raiva.

“ Para de reclamar.” Lúcia por mais que quisesse ficar, preferia deixar os verdadeiros adultos naquela situação. Então seu dever ali era deixá-los a sós.

Devagar, os caçulas adentraram na casa, deixando o trio lá fora, a mercê de uma briga.

Pedro se encontrava sem palavras, por mais que quisesse seus argumentos não iam fazer nenhum efeito positivo. América olhava Susana com os olhos semi–cerrados, a procura da resposta sobre sensação que sentia ali. E Su, apenas estava desconfortável com o olhar da namorada de seu irmão e pelo fato dele ter trazido ela. Achara que havia posto bem claro que não era para trazer-la consigo.

Susana respirou fundo, inalando o máximo de oxigênio limpo, não havia porque brigar. Pedro como sempre tomou suas decisões de um modo precipitado mas nada justificada sua ira. Nem ela sabia o que sentia mas sabia o causador daquilo tudo. A volta a Narnia, um país dos mais doces sonhos, uma terra que há muito tempo fora esquecida por ela. “ Desculpa, América. Não queria ser rude com você, é que estou surpresa por sua presença...” Ela lança um olhar feroz Pedro e volta a falar calmamente. “ Espero que goste de passar uns dias conosco. Tenho certeza que vai se divertir muito. Por favor, entre.”

América, certamente, ficou vermelha e tensa. Havia uma sensação familiar ao vê-la, porém estava desconfortante ficar ali fora e incomodar a irmã de seu amado. Ela olhou o chão, sabia que faria algo para estragar o reencontro dos irmãos, sempre soube que esse dia ia chegar mas nunca pensou que seria tão constrangedor para ela. Teve uma certa hora que ela pensou em voltar para a Europa, para sua casinha e seu conforto. Mas não dava, ele a trouxe e o máximo que ela podia fazer é retribuir fazendo o máximo para evitar um conflito. Então por fim disse : “ Desculpe, não queria ofende-la ou incomodá-la.”

Susana bufou mas disse calmamente. “ Tudo bem, é estranho nos encontrarmos assim. E além do mais, devem estar cansados da viagem, sei que o caminho não é dos mais tranquilos.”

Então, logo após falarem isso ouve apenas uma troca de olhares e em seguida adentraram na casa como nada demais tivesse acontecido. E Pedro depois de viajar nas nuvens, algo bem estranho, as seguiu.


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Notas finais do capítulo

Ficou bom? Gostaram? Foi o que esperaram? Não, está tudo diferente? Calma que já já vem mais.



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