Nárnia - Uma última visita. escrita por Gennie Licce


Capítulo 3
Ciumes de uma garota apaixonada.


Notas iniciais do capítulo

Quero dizer a todos que estão lendo, muito obrigada. Espero que qualquer erro ou incoerencia seja enviada para mim como uma crítica construtiva. Aproveitem.



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Passaram se duas semanas desde que receberam a carta, mais três meses desde que partiram do seu “Lar doce Lar”. A viagem pelo mar estava mais rápida do que esperavam, e mais assustadora também, sempre havia uma chuva para assustar a tripulação.

Pedro se encontrava na proa do navio, debruçado na grade que começava a enferrujar e olhando fixamente o horizonte. A o longe o céu e o mar se encontravam e formavam um belo espetáculo de cores marcantes. Tirando o ronco do motor, só ouvindo o vento e a água se chocando contra a frente do navio, era pura nostalgia. Aquilo o lembrava de Nárnia e um dos passeios que fizera com Edmundo, com um pequeno barco, quando se desafiaram a encontrar uma baleia.

Pedro está sorrindo, sem timidez ou medo, curtindo suas lembranças.

Mas logo é atrapalhado pela aproximação sorrateira de alguém, com certa rapidez ele virou e se deparou com uma América parada, timidamente, há alguns metros dele. Ele sorriu ainda mais.

“ Oi!!” Ela sussurra.

“ Oi!” Eles pareciam estranhos falando daquele jeito. A viagem fazia isso com eles.

“ Posso me juntar à você?”

“ Claro, porque não?”

Ela sorriu e se aproximou dele, ficando ao lado do amado, apoiando na grade e mirando o horizonte. Não exibia mais a felicidade intensa como antes, Pedro notara isso. Ele a envolveu de forma protetora e sussurrou. Um bafo quente ao pé do ouvido, que arrepiou os pelos do corpo da garota.

“ Talvez devesse me contar o que está acontecendo.” Ele a segurava. “ Espero que esteja tudo bem.”

“ Só estou com medo da América, do continente não de mim. ” América sussurra de volta mordiscando o lábio, em uma tentativa falha de fazer uma piada. “ E apavorada por conhecer sua família. É a primeira vez que os verei... e tenho a impressão que eu vou estragar tudo".

Quando sua amada confessa o medo, tenha certeza de que ela tentou, de qualquer forma, ser forte e enfrentar sozinha, até o ponto de precisar de auxílio para superar o obstáculo ou desfazer o nó da confusão. Amar alguém não é simples muito menos a coisa mais certeira a se fazer. América agora confessava seus sentimentos confusos para seu namorado, o qual, lembremos, ela teme.

Por sua vez, o grande rei Pedro, a escutava e mal acreditava que finalmente ela se abria naturalmente com ele. Homens nem sempre sentem o que Pedro sentiu naquele instante : amor, medo e confiança. Tudo misturado e confuso. Ainda olhando sua amada namorada ele sussurra de volta.

“ Eu também estou assustado, não só pela volta e pelo reencontro mas por nós dois estarmos indo a um lugar que um dia eu chamei de Lar e não sei se conseguirei fazer de novo”.

“ Desculpe, acho que eu deviria pensar mais em você. Deve ser difícil voltar e ainda me levar.” América se vira para encará-lo, sem seu sorriso inspirador no rosto, demonstrando o quão assustador e desafiador estava sendo para ela.

“ Talvez você devesse tomar seus remédios e rever o que fala.” Queixou se ele, a segurando pela cintura, colando seus corpos.

Ela abriu a boca para dizer algo reconfortante mas não havia o que dizer. É assim que ficam as coisas quando o argumento de uma pessoa é o correto e não se pode provar o contrário. Você fica sem palavras.

América só conseguia olhar a boca de Pedro, ferozmente com vontade de morder-la e juntá-la à sua. Devagar subiu o olhar até os olhos azuis e ficou ali, o olhando tentadoramente. Com os corpos colados, ambos sentindo medo e paixão, um encarava o outro. Certamente um clima quente e intenso estava rolando, tanto que pessoas ali também olhavam discretamente.

O casal sorriu sem motivo e encostaram as testas, uma na outra.

Estantes incontáveis se passaram até o beijo tanto esperado. Longo, molhado e cheio de significado e sentimentos. Intenso e forte como uma droga, que os uniu e animou.

Assim, logo após seus lábios se separarem, Pedro a pegou pela mão e a conduziu para longe da beira do barco, dando adeus as lembranças. Ambos, agora, no centro do barco ouviam uma melodia suave que vinha de um dos compartimentos do grande navio. Alto e próximo o bastante para ser ouvida claramente. O céu se encontrava em um azul diferente, o sol desaparecera e a claridade se preparava para fazer o mesmo.

Mãos ágeis circulam a cintura fina e esbelta da moça, dois corpos separados por um pequeno espaço mas ligados pelo leve toque da pele dos braços dela. Am sorriu, mostrando os dentes alinhados e brancos. Pedro, por si, guiava a namorada pelo chão do deque com movimentos suaves e deslizantes.

E assim foram, dançando até a lua minguante aparecer no céu quase sem nenhuma nuvem, lotado de estrelas.

“ Você dança bem.” Elogiou a dama.

“ Eu tive tempo o bastante para aprender a dançar.” Ele respondeu. “ Mas não tive a acompanhante certa e que dançassem bem como você.” Galanteador flertou.

“ Eu não sei dançar, só sigo que faz. ” Ela diz. E olha os pés, apesar do vestido tampar sua visão deles. “ Veja, você vai para lá com um passo rápido e ágil e depois volta com dois um pouco mais lentos. Simples.” Ela demonstrava o copiando quase com perfeição, querendo desviar do elogio da dança.

“ Bela observação, Senhorita Nonnier.” Pedro brincou com o sobrenome dela.

“ Obrigada, grande rei Pedro.” Ela resolveu ir além, com uma brincadeira para ela mas a realidade para ele. Mas como ela poderia saber? Ela apenas via-o agir como os personagens dos livros que lia.

Escutando aquela frase sair dos lábios de quem ele menos imaginava o fez gelar, atrapalhando no passo e quase o fazendo cair. Ela se afastou meio preocupada mas ainda com as mãos nos ombros dele.

“ Odeio quando atrapalho me durante a dança.” Ele joga o argumento para que ela se distraia, porém sua voz não estava no tom de brincadeira.

“ Sinto que está mentindo. Pedro o que eu disse que você não gostou?” Ela estava perdendo o sorriso de antes mais rápido do que o costume. Ela não era a mesma desde que partira. Ambos mudaram um pouco durantes as semanas no mar.

“ Nada, Am. Deixa de bobagem, apenas me atrapalhei com o paços pensando em algo distante.” Pedro começa a confessar. Tímido e envergonhado. Ainda escondendo seu passado.

“ Okay. Vou dizer que acredito e você vai se convencer de que me enganou.” América recolheu as mãos e deu um passo para trás. “ Desculpe se o fiz perder a concentração de algo tão simples. Talvez devesse parar de sorrir e tentar não o distrair enquanto estamos no mar. Vai que eu, por obséquio, sem querer, o faça pular do deque?”

Nada mais amargo do que ver um sorriso se transformar em uma expressão fechada e seca.

“ América, eu só me lembrei de quando ela me chamava de Grande Rei Pedro. Okay?! Só isso.” Ele disso na ocasião e lugar errado. Nem mesmo os Magníficos estão seguros dos erros.

“ Ela? Então esse tempo todo você pensava em outra mulher?” Ela estava exaltada, chateada e exausta dos longos solavancos do navio. Nada mais complicado do que o ser humano do sexo feminino.

“ Não Am, só que este lugar me fez lembrar dela e quando você me chamou daquilo eu...”

“ A imaginou no meu lugar dançando com você sobre as estrelas.” Ela completa desgostosa, segurando as lágrimas de raiva. Cruzando os braços. “ Tudo bem, me diga então: como ela é? Ainda está viva? Se encontra neste navio?” Ela olhou ao redor e reparou o leve movimento das pessoas se retirando do convés para dar privacidade ao casal.

Nada a envergonhava mais do que aquilo : público para discussões entre casais, entre ela e Pedro, principalmente. Mas nada poderia alarmar ou piorar a situação, tinha cavado a própria cova e não podia apenas ir embora. Continuavam de pé, metros separavam-na do pescoço de Pedro.

“ Ei!! Pare com isso, sabe que eu amo você.” Ele tentou se justificar.

“ Agora parecem apenas palavras vazias ditas ao vento em um momento qualquer.” Ela filosofou.

“ América, pare com isso. Foi apenas uma lembrança.” Ele desviou o olhar, bufando pelas narinas, trazendo sua careta de irritação a tona.

“ Que idiotice a minha pensar que ocuparia o lugar dela. Devo estar atrapalhando o seu momento recordação. Melhor ir para a cabine, que inoportunamente, nós dividimos.” Sua voz soou mais calma, mas ainda irritada. Com um leve girar ela se retirou e se dirigiu barco adentro.

Pedro com os ombros pesados, a mente turbulenta e com o coração dolorido, voltou se para a grade envolta da borda, apoiando os braços na superfície gelada. Em um leve movimento ergueu a cabeça e encarou o céu e as estrelas. Avistou uma, a qual mais se destacava pelo seu grande e intenso brilho. Então para ela sussurrou, aproveitando a monotonia da frente do navio :

“ Oi L. Acho que você é você ou é apenas uma estrela.” Sua voz suava fraca, de um pequeno medroso. “ Como posso resolver isso? Am está com ciúmes de uma garota que talvez nem exista mais. E eu nem posso contar isso para ela”. Esfregou as mãos ásperas uma nas outras, sua respiração transformando-se em uma nuvens cinzenta. "E mesmo se estiver, é com América que estou agora".


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Querem contato direto comigo? Vem de " chat " kkk.
Pro pessoal que quer reclamar sobre algo, sou toda ouvidos.
Obrigada por lerem, não deixem de favoritar ou acompanhar esta história.

Ideias também são aceitas.
Obrigada.



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