Narradora.

A garota que Kevin arrastará conseguiu finalmente se soltar do aperto do louro.

– Eu já disse que não estou com fome! -Esbravejou a loura de olhos verde. Kevin somente apontou em direção a Sofia que não tirava os olhos de Helena. A analisando e quando a outra viu Sofia seu olhar de raiva foi totalmente transformado em surpresa e curiosidade. Azul e verde se encarando sem dizer absolutamente nada, até que uma luz dourada surgiu no pavilhão fazendo com que todos fechassem os olhos, quando os abriram novamente viram a uma deusa loura de profundos e tempestuosos olhos cinza que olhavam para as gêmeas com amor e tranquilidade, essa era Atena.

– Helena, Sofia nós precisamos conversar... A sós! - As duas seguiram a mãe para fora do pavilhão, a de olhos azuis estava confusa, já a de olhos verde esmeralda ficava cada vez mais enraivecida.

– Bem o que eu tenho pra dizer a vocês é no mínimo confuso então vou tentar ser breve.... vocês são gêmeas! - O silêncio predominou entre as três até Helena o quebrar.

– Então você nunca falou comigo, não deu nem sequer um oi a minha vida inteira e do nada chega aqui e me diz que essa garota que eu NUNCA vi na vida é a minha irmã gêmea? - Ela perguntou com deboche e raiva controlados, mas era possível notar que o verde esmeralda de seus olhos havia ficado mais escuro. Helena então para não perder o resto da paciência tentou se retirar para o chalé 6 sendo impedida pela mãe.

– Helena eu...posso explicar , por favor! Eu me arrependo profundamente de tudo o que fiz você passar só.... me ouça! Depois poderá me odiar o quanto quiser! - Suplicou a deusa, Helena pareceu se acalmar, dando sinal para que Atena começasse.

– Bem tudo começou quando eu tive uma discussão com seu pai Sofia, eu estava com tanta raiva que acabei indo embora para um bar qualquer de Nova York onde eu conheci o.....seu pai Helena - As duas ficaram surpresas e mais confusas.

– A senhora está dizendo que não somos filhas do mesmo pai? - Perguntou Sofia fazendo Atena assentir positivamente, a deusa continuou.

– Ele era um homem engraçado,carinhoso, gentil e as vezes até infantil como o ... bem deixe pra lá! eu passei uma tarde inteira com ele. Quando eu cheguei ao Olimpo já era noite, mas eu não conseguia tirar nem um dos dois da cabeça e bem.... eu sonhei com eles. No dia seguinte vocês nasceram! Eu então sem saber o que fazer decidi tentar explicar as coisas para seu pai Helena, mas como nós mal nos conhecíamos ele não..... acreditou! Me chamou de louca e foi embora. Então fui até seu pai Sofia, ele acreditou em mim e aceitou ficar com você mas...Não aceitou Helena, acho que ele a considerava fruto de uma traição apesar de eu achar isso um absurdo! Eu juro que insisti varias e varias vezes, mas ele não mudou de idéia! Então eu desisti, fui até a um orfanato e te coloquei lá, filha eu juro pelo rio estige que nunca quis que...aquilo tudo acontecesse eu....Não tinha como interferir e... - Helena segurou as mãos da deusa que chorava ao relembrar de tudo.

– Eu sei! Nunca te culpei mãe só....sou meio esquentada graças a bênção de Ares lembra? Mas...Não se culpe! Agora eu...tenho que ir - Assim soltando as mãos da mãe Helena caminhou devagar até seu chalé. Sofia sorriu e se virou para a mãe a abraçando forte.

– Obrigada mamãe! Sempre quis ter uma irmã! - E depois que a deusa sumiu Sofia voltou ao Pavilhão se sentando ao lado de Kevin contando tudo ao mesmo.

– Nossa! Isso é...chocante! Mas você disse que Helena foi para o chalé? Eu vou agora mesmo busca-la - Assim o irmão mais velho se levantou, saindo rapidamente do pavilhão antes que Sofia o impedisse.

– Que azar! Irmã gêmea da rainha do gelo, tenho dó de você filha de Atena - Disse uma garota loura de olhos azuis da mesa 10, que Sofia reconheceu como sendo Amberly.

– Ela me parece bem legal. - respondeu Sofia tentando defender a irmã e fazendo quase todos do pavilhão rirem.

– Aquela lá? Legal? Você só pode ter problemas garota! - Disse outra loura de olhos azuis também da mesa 10 - Vanessa- esse comentário irritou Sofia que iria responder se não tivesse ouvido a voz da irmã gêmea.

– Pare de me tratar como criança Kevin! - Reclamou a loura de olhos verdes.

– Só quando parar de agir como uma! - Retrucou o irmão mais velho.

– Da ultima vez que eu chequei você era meu meio - irmão e não meu pai! - Disse Helena com raiva.

– Então eu não posso mais me preocupar com você? - Retrucou novamente Kevin também com raiva.

– Nunca pedi, quis ou precisei da sua preocupação! Agora vê se me deixa em paz!!! - Helena quase gritou, Sofia como tinha a bênção de Hestia tentou amenizar a briga...tentou!

– Helena não fale assim com Kevin! Ele só quer o seu... - Sofia foi bruscamente interrompida pela gêmea.

– Não se intrometa porque ninguém pediu sua opinião!

– Eu só quero ajudar Helena! - Reclamou a loura de olhos azuis.

– Mas eu não quero a sua ajuda! e não se atreva a vir atrás de mim Kevin, ou eu vou enfiar minha lança na sua bunda! - Esbravejou Helena saindo de lá a passos duros.

– Ainda acha a rainha do gelo legal garota? - Perguntou Vanessa.

– Ela só está com raiva! - Disse Sofia calmamente fazendo Kevin suspirar cansado.

– Sofia...ela é sempre assim! Mas você se acostuma. - o irmão disse, mas Sofia se recusava a acreditar que aquela Helena raivosa e mal educada era a mesma que aquela que foi tão gentil e compreensiva com a mãe minutos atrás. Uma garota morena de olhos azuis da mesa 13 se levantou como se estivesse meio frustrada quase que ao mesmo tempo que outra morena de olhos verde - mar da mesa 3, mas esta parecia mais preocupada, as duas se olharam e foram atrás de Helena.

– Quem são elas? - Perguntou Sofia curiosa.

– Alaska e Pamela, as únicas amigas de Helena. - Ele respondeu simplesmente. Então sua irmã só tinha duas amigas? Bem então ela iria tentar conseguir a vaga da terceira.

Com Helena.

A garota de olhos verdes esmeralda bateu a porta do chalé com força total fazendo as paredes e estantes estremecerem, frustrada Helena se jogou na cama tentando se controlar, não demorou muito e as duas morenas entraram.

– Não quero ser incomodada! - A filha de Atena resmungou de olhos fechados.

– Você nunca quer, e nós não nos importamos com isso - Disse Alaska com indiferença, Pamela suspirou e disse de maneira brincalhona.

– As duas são tão mal educadas e mal humoradas que poderiam ser gêmeas! - As duas amigas bufaram.

– Prefiro a Alaska como irmã gêmea do que aquela sonsa! - Respondeu Helena com amargura.

– Hels! Ela não parece ser tão ruim assim sabe...até te defendeu das putas lá no refeitório! - Disse a morena de olhos verde-mar sentando ao lado da amiga, Alaska fez o mesmo, porém Helena continuou deitada com os olhos fechados.

– Ela...Me lembra Celine sabe? Com os mesmos olhos azuis infantis e alegres como se...Tudo no final sempre acabasse bem... - Disse Alaska, lembrando da colega... - Celine beauty ... uma filha de Afrodite muito doce e ingênua que infelizmente havia morrido em uma missão.... a única garota que na época era amiga de Helena, depois de sua morte a filha de Hades e a filha de Poseidon se aproximaram mais da filha de Atena se tornando grandes amigas inseparáveis, mesmo assim ainda era doloroso para Helena lembrar da filha de Afrodite e era extremamente proibido falar sobre ela perto da loura de olhos verdes - Helena rapidamente se levantou.

– Ela não tem nada de parecido com Celine... NADA! - Ela disse raivosa e atordoada.

– Foi só uma observação Lena! Sinto muito pela morte de Celine, mas você tem que superar isso!!! - Retrucou a filha de Hades também com raiva, ela odiava ver sua melhor amiga se lamentando pela morte de Celine, talvez ciumes, mas mesmo assim, lamentar não fazia o estilo de Helena.

– Você acha que é fácil esquecer quando sua melhor amiga morre em uma missão por sua culpa?!!! - esbravejou Helena, mas não com raiva e sim pesar e tristeza.

– Hels já discutimos sobre isso! Não. Foi.sua.culpa. - Disse Pamela calmamente, mesmo sabendo que não conseguiria mudar o pensamento da amiga, Alaska suspirou.

– Vamos Pamela! Deixe ela se lamentar por uma coisa que não foi culpa dela! - Disse a filha de Hades fria, Pamela mesmo relutante acompanhou Alaska até a porta. Helena se encolheu na cama e murmurou:

– Vocês não sabem o que aconteceu naquele dia, não sabem nada da minha vida! - Uma lágrima solitária escorreu pela sua bochecha esquerda, as duas olharam para Helena que não se atreveu a levantar a cabeça, Pamela olhava com preocupação, já Alaska com frieza e magoa.

– Você também nunca nos conta nada! - Disse Alaska com raiva contida, mas antes que Helena pudesse se defender as duas amigas saem. A garota suspira, vai até a comoda e pega o seu celular - que escondia em um fundo falso apesar de nunca ligar pra ninguém - seu fone e fica ouvindo músicas aleatórias ,até que começou a tocar uma música que ela não ouvia faz um tempo... Slipped Away da Avril Lavigne e assim que reconheceu e lembrou da letra começou a cantar baixinho. Aquela música a fazia lembrar não de Celine, mas sim ...Dele... alguém que Helena perderá a muito tempo e que até hoje tentava recuperar de todas as maneiras... como ela sentia falta dele! As brincadeiras, as piadas, as noites em que os dois admiravam as estrelas juntos, e...aquele dia...o dia em que ela o perdeu...bem no seu aniversário! Realmente as parcas odiavam ela. Somente quando a música acabou Helena percebeu que sua "gêmea" a olhava com encanto admiração e... preocupação? A loura de olhos verdes tinha que admitir...Sofia possuía os mesmos olhos de Celine.

– Você está...chorando? - Perguntou Sofia com cautela, e só agora Helena perceberá que lágrimas escorriam de seus olhos realmente, lembrar dele nunca fazia bem,por isso ela tratou de logo enxugar as lágrimas que teimavam em cair.

– Você....tem uma voz bonita, sinceramente você deveria ter a bênção de Apolo e não eu! - Exclamou Sofia percebendo o desconforto da irmã ao ser pega chorando, Helena continuou quieta, mas ergueu uma sobrancelha.

– Juro que sou boa com poesias e instrumentos, mas cantar...Não é a minha praia sabe? - Sofia continuou tentando arrancar uma resposta da irmã que para sua infelicidade continuou calada fazendo a outra suspirar.

– Então...porque estava chorando? Se quiser pode se abrir comigo tá? Eu posso te ajudar sabe? Afinal somos irmãs e irmãs se ajudam não é? Quem sabe assim eu não consiga te entender? Talvez possamos ser mais parecidas do que pensamos e... - Essa havia sido demais para Helena, a mesma se levantou e a irmã fez o mesmo só que recuando alguns passos para trás ao ver a fúria nos olhos da irmã.

– Tudo bem CHEGA! Você quer parar de se intrometer na minha vida? Eu não lhe devo satisfações! E outra quem você pensa que é? Acha mesmo que consegue me entender? Aposto que sua vida foi perfeita! Com o seu papai sempre te dando atenção, presentes, sem nenhuma missão suicida pra cumprir, nenhum monstro tentando te matar! Então você acha que por sermos gêmeas somos parecidas não é? Pois saiba que nós até podemos ter quase a mesma aparência, mas fora isso nós não somos parecidas em NADA!!! Você pra mim é uma completa estranha assim como eu pra você! Então faça o favor de parar de tentar ser a minha amiguinha e dizer que vamos fazer tranças nos cabelos uma da outra e brincar de guerra de travesseiro porque isso NUNCA vai acontecer entendeu?!!! - Nesse momento Sofia estava encostada na porta do chalé meio encolhida, a raiva da irmã era tão grande que se tornava quase palpável. Mas ao invés de sentir medo ou raiva Sofia ficou mais intrigada, porque a irmã sempre agia assim? Sera que estava com raiva de ter sido pega chorando? Não! Era mais que isso, Helena parecia estar brava com os deuses e o mundo, desde criança ela era perceptível aos mínimos detalhes e quase sempre sabia o que as pessoas sentiam, talvez por causa de Afrodite. E ela se confundia com os sentimentos de Helena, por exemplo, agora ela estava sentindo raiva, tristeza, saudade, culpa e um pouco de arrependimento.

– Eu entendo que esteja com raiva de tudo no mundo agora, vejo que sente saudade de alguém, mas espero que depois você repense e perceba que não vai adiantar de nada jogar toda essa raiva em cima de uma pessoa que não tem nada com isso o.k? Minha proposta de ajuda ainda está de pé. - Depois Sofia deixou a irmã sozinha no chalé atordoada com as palavras calmas da outra. Helena então pensou.

"Talvez ela esteja certa afinal..."

E se levantou indo se desculpar com Alaska e quem sabe com Sofia...