The Luke Family escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 2
No Exit - Pt. 1


Notas iniciais do capítulo

Não sou de colocar "Parte Um" e "Parte Dois" mas fui vendo que esse capítulo estava GIGANTESCO, então resolvi dividir nesse momento mesmo.
Foi difícil fazer esse making off, pq nenhum personagem se desenvolveu nesse cap o suficiente para o making off, mas achei alguém :v



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Por mais que Luke já estivesse á uma semana em casa, o primeiro final de semana foi extremamente… estranho. Primeiro, no sábado, ele desmaiou duas vezes, uma quando descobriu que sua filha estava noiva (!) e quando descobriu que a mesma estava grávida (!!), e mesmo assim, ele não entendeu porquê não desmaiou quando descobriu que tinha outros três filhos (!!!) e que ninguém da família avisou por que seu pai havia sido diagnosticado com um problema mental, e virara um perseguidor que acreditava que o filho agora era o salvador da pátria.

Impossível achar outras maneiras de dar boas-vindas a um membro da família.

Na verdade, é possível achar sim.

Luke estava com Faes (Yagami tinha acabado de ir para o trabalho) no sofá, assistindo um programa talk show genérico quando Paulo desceu as escadas que davam para os quartos. Luke havia decido que iria compensar ter sido um pai cem por cento sem presença nos últimos 15 anos (por mais que não fosse a culpa dele) passando o maior tempo possível com os filhos. E, como Paulo não saia do quarto, ele achou que o momento era esse.

–Vou no posto. - Diz Paulo, pegando a chave.

–Espera, espera, espera. - Disse Luke, se levantando rapidamente - Vou com você.

Paulo olhou para ele como se estivesse brincando.

–Luke…

–Pai - Pigarreou Luke. Paulo girou os olhos, numa clara expressão “really, man?”.

–Pai. - disse, como se estivesse sendo irônico. - Não estamos em guerra, ninguém vai atirar em mim, e eu tenho 15 anos, posso muito bem ir ao posto de gasolina mais próximo.

–Por que raios você precisa ir num posto de gasolina? - Por acaso, agora as pessoas tomavam gasolina como refrigerante?

–É o dia da camisa, Luke - Disse Faes, abaixando o volume da TV - Nesse dia, chegam algumas camisas e CD’s dessas bandas que ele gosta, então ele vai lá e compra.

–Olha, ele sabe alguma coisa além da classificação do Corinthians na Libertadores. - Dessa vez, Paulo, é realmente irônico.

Quando os garotos dessa idade começaram a virar respondões? Luke percebeu o quanto o moleque precisava de uma figura paterna na vida.

–Bem, eu… - precisava inventar uma desculpa. Rápido. - eu… quero comer umas bolachas. Faes, me empresta o carro?

***

As pessoas pensam que, assim que você termina sua faculdade de direito, o mundo está a seus pés.

Só pensam, mesmo.

Yagami trabalhava numa empresa que estava quase falindo. Quase ninguém contratava os serviços de advocacia, e quando contratavam, eram para casos pequenos e não pagavam muito. Ela só não sabia por que era mais fácil guardar o dinheiro que a empresa ainda podia pagar como salário até ela falir do que sair e ter que começar do zero um escritório próprio.

Além de trabalhar pouco e ganhar mal, ainda tinham as pessoas. No momento, ela estava na sala de café da empresa, ou pelo menos, sala de café era o nome que deram e que não tiraram por N motivos. Digamos que, para ter dinheiro para as contas e funcionários, a empresa aboliu o café, servindo apenas água filtrada, uma bolachinha de água e sal com margarina e um microondas, caso alguém quisesse esquentar a água para fazer chá, ou até mesmo tentar, de alguma maneira, fazer café.

Yagami odiava chá e não tinha tempo para fazer café, então se contentava com a água mesmo.

Ela estava na “sala do café” com Miralha e Lacerda. Lacerda era um amorzinho de pessoa, por mais que tivesse formado á pouco tempo e estivesse se iludindo um pouco com o trabalho.

E havia o Miralho. Ele tinha a mesma idade de Yagami e se achava o Barney Stynson de How I Met Your Mother. Tinha pele branquela, por mais que de tempos em tempos aparecesse bronzeado, tinha olhos castanhos, é um pouco magricela e tem um cabelo castanho-avermelhado. Era pegador e, Yagami se envergonhava de admitir isso, mas era bonito. Muito bonito. Mas era mal aproveitado. Porquê? Ele só sabia dar em cima de Yagami.

No começo, ela até gostava, mas começou a ficar insuportável. Toda hora, todo momento, ele nunca parava. Ela ainda iria arrastar ele para um psicólogo, pois não era possível que alguém com bom estado mental seja tão machista, idiota e infantil dessa maneira.

Felizmente, ela tinha certeza de que, depois de alguns meses, o dia seria cheio. Uma empresa grande havia contrato eles, e ela e Lacerda ficou incumbida do trabalho. Então, a não ser que Miralha quisesse que ela ficasse desempregada e ele nunca mais visse ela, ele com certeza a deixaria em paz.

Os três estavam na sala do café, tomando água e bolacha de água e sal. Lacerda havia chegado mais cedo, e por isso, estava extremamente cansado, parecendo morto, mas com certeza ainda tinha muito trabalho a fazer. Então, ele se levantou e voltou para terminar o trabalho.

–Boa sorte. - Disse Miralha, quando o garoto passou pela porta.

Os funcionários da empresa geralmente trancam a porta quando são são os últimos a sair á noite. E, por causa do sono, Lacerda achou que já era de noite e trancou a porta.

Com Miralha e Yagami dentro.

***

Deixar a festa para o domingo tinha sido uma péssima ideia. Mas era o único motivo de Paulo concordar com a ideia.

Marina pagou o meio-irmão com dinheiro suficiente para que ele comprasse uma camisa e um CD no posto de conveniências, o que era quase um tesouro para ele, pois a mesada que ele recebia só era suficiente para comprar um CD ou uma camiseta. Agora, ele teria duas camisas e um CD. Ou dois CDs e uma camisa.

Ela chamou toda a vizinhança que se lembrava de Luke, ou seja, Grasi, a velha solteirona que, rezava a lenda, tinha mil gatos (Marina se lembrava que costumava contá-los com o pai quando criança, mas nunca passavam do 39), Vittor, o velho que contava histórias para crianças, e seu neto, João, melhor amigo de Enzo. O resto da vizinhança ou iria sair do domingo, ou tinha acabado de se mudar e eles não tinham intimidade, ou não gostavam de Luke.

Mesmo com o número reduzido de convidados, a festa seria boa. Luke nunca tivera férias durante todo o alistamento, e uma festinha não poderia dar errado, não é? Os salgadinhos estavam sendo fritos, a mesa estava arrumada, a casa estava arrumada, e o bolo estava pronto.

A filha se lembrou quando fazia bolos com a avó e o pai. Eram sempre de chocolate (bastante chocolate), cobertura de sorvete de morango e recheio duplo de doce de leite. Então, o bolo perfeito para a ocasião seria esse. Mas, infelizmente, ela teria que fazer sozinha, já que a festa seria surpresa e a única coisa que a avó ainda soubesse cozinhar era pipoca de microondas, e era justamente o que ela estava fazendo. Já era o 5º saco de pipoca que ela estourava desde que Paulo e Luke saíram de casa.

–Vó, você realmente precisa fazer pipoca? - Pergunta Marina, quando o microondas para.

–Claro que sim, netinha! Receita caseira de sua adora vovózinha.

–Mas, vó, isso é comida industrial.

–Mas eu estou fazendo em casa, então é caseira. - Então Marina achou que ela melhor calar a boca mesmo.

Alguns minutos depois, a campainha tocou. A avó foi atender, mas pelos rangidos da porta, obviamente era Grasi. A velha não conseguia sair de casa sem levar pelo menos três gatos juntos.

–Miga!

–Miga! - E essa é uma das melhores tentativas das duas parecerem modernas.

–Tudo bem, miga?

–Tudo sim miga, e você miga?

Elas continuam conversando, e Marina ouvindo toda as futilidades e fofocas da cozinha.

***

–Vi que gosta de Black Veil Brides. - Comenta Luke. Eles já estão chegando no posto de conveniências, mas não haviam trocado uma única palavra.

–Sim… gosto deles desde os sete, mais ou menos no ano de surgimento da banda. - Responde Paulo, meio indiferente. - Como você conheceu Black Veil Brides se estava no exército?

–Bem, nós tínhamos autorização para levar CDs, e um dia, um cara levou um deles. Eu fiquei simplesmente apaixonado, e quando o alistamento dele terminou, ele deixou o CD comigo. - E Luke se lembrou do amigo. Ele teve um alistamente curto, mas fez um trabalho eficiente

–Qual?

–Set The World on Fire. - Ele pensou no CD que ainda estava na mala. - Qual sua música favorita? Deixa eu adivinhar… In The End?

Paulo pensa por um segundo.

–In The End. - Concorda.

Eles chegam ao posto que conveniência. Por mais que fosse “de conveniência”, ele tinha muitas coisas: comida, artigos higiênicos, CDs, vestuários, livros, ingressos, brinquedos, lembrancinhas e um self service com comida japonesa.

Luke e Paulo olhavam alguns CDs (não que Luke estivesse vigiando o filho, mas ele realmente estava muito interessado em saber como estava a música) quando ouviram a porta do posto de conveniências abrir. Tinham poucas pessoas lá dentro.

Geralmente, as pessoas não se importam quando ouvem alguém entrar num posto de conveniência. Mas, geralmente, elas se importam quando essa pessoa tira uma arma do casaco, dá três tiros para cima e grita “TODO MUNDO NO CHÃO”.

Luke joga o garoto no chão e manda ele se agachar e proteger a cabeça com as mãos. O bandido começa a andar pelo posto.

–Passa o celular. - Diz o bandido, apontam a arma para os dois.

–Não trouxe. Você trouxe? - Pergunta Luke para Paulo. Ele nega, e bufa.

–Bem, não ir embora até ter no mínimo, seis celulares. Já tenho quatro. - Diz o ladrão.

–Por que você não liga para alguém da nossa casa, e ele traz os celulares? - Pergunta Luke. Pela tentativa de Paulo de lhe dar um chute, aquela não era a melhor sugestão do mundo.

–E você ou eles ligarem para a polícia? Tu tá maluco, mermão! Deem um jeito de conseguir esses celulares, pô.

–E você acha que nós somos uma espécie de Jesus para multiplicar celulares? - Diz Paulo, ironicamente.

–Se virem. - Ele pega um banquinho e se senta na porta.

***

–Ah, que beleza - Exclama Yagami. Ela foi tentar sair da sala, e é aí que percebe que a porta está trancada. Começa a bater na porta - Lacerda! Lacerda! LACERDA!!! - Ele havia desmaiado de sono em sua salinha.

–Trancada? - Diz Miralha, soltando uma risadinha.

Ela concorda com a cabeça. Tudo o que precisava no momento era estar presa com um canalha feito o Miralha.

–Poderíamos aproveitar… - Diz Miralha, chegando perto dela. Ela o empurra no peito.

–Olha, não. E outa, precisamos sair logo daqui. Preciso sair mais cedo, vão fazer uma festa para o meu irmão…

–Aquele lá que sumiu no exército? Tsc - Ele começa a chegar mais perto. - Não precisa festejar com ele.

–Sai de perto de mim! - Ela pega o celular, mas ele está sem bateria. Ela mexe nos bolsos, mas deixou o carregador na sala. - Me empresta seu celular.

–Motivos?

Ela sabia o que ele queria. Ele estava sorrindo, provavelmente enumerando os diversos “pagamentos” para a dívida. Deus, como aquele garoto em corpo de homem era perverso.

–Preciso, na verdade, precisamos sair daqui.

–Um beijo por minuto de ligação.

Ela fez cara de nojo.

–Isso é irrestritamente perto de prostituição, Miralha.

Ele soltou uma gargalhada.

–Isso é irrestritamente perto da minha diversão. - Diz ele, em falsete. - Vamos lá, prostituição não é crime, não é?

Que dia maravilhoso ela estava tendo.

***

Marina colocou o bolo na mesa. A essa altura, Enzo e Gabi estariam quase prontos, e Lucena estaria quase chegando. Guedes estava no campo de golfe, e Maneira e Grasi estavam conversando. Os três gatos estavam no tapete, se alongando.

Por mais que tivessem cara de velhos (gatos tinham cara de velho?), eles até que eram fofinhos. Marina achou que estava tudo bem, afinal, e que iria subir para trocar de roupa.

Foi só colocar o pé na escada que ouviu um “meooooooooow” longo, um “splash!”, um “aaaaah!” e uma gargalhada.

Ela vai correndo para a sala de estar, temendo o pior, quando se depara com a situação. Ela vê dois gatos cavando o bolo, o terceiro desaparecido, e as duas velhas rindo.

Os malditos gatos haviam destruído o bolo.


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Notas finais do capítulo

- MAKING OF -
Miralha
— O nome do moço original é Igor Miralha, mas todo mundo chama ele de Miralha, então, sei lá.
— A base dele foi sim o Barney, de How I Met Your Mother. Pfvr né migos, NEIL PATRICK HARRIS É O REI DO MUNDO. Além do próprio Miralha da vida real, pois ele é sim um Barney da vida.
— A aparência física dele é meio diferente do Barney. Ele é meio magricelo, branquelo e usa óculos, aqueles bem nerd mesmo. A descrição dele no cap é bem breve mesmo, mas eu realmente não sei descrever o Miralha ~~de verdade~~ pq só conheço o físico dele por fotos. Mas ele não é importante, só o personagem. Escolhi que ele seria assim pq sei lá. Achei que seria bem mais legal o pegador da série não ter olhos azuis e nem ser loiro.
— Acho que acabei deixando ele bem agressivo nesse cap. Ele não vai ser agressivo desse jeito a fic inteira, pretendo fazer ele mudar um pouco rápido demais. Tenho nojo de gente como ele, e tenho nojo de escrever gente como ele, além de que isso deixou a fic pesada, e não tenho pretensões de deixá-la pesada.
— Ele pediu para ele ser pegador. Sou legal, me dá meu chocolate.



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