Pandora escrita por Corie J
Notas iniciais do capítulo
Oi :-)
Não entendi até onde tinha ido até estar lá: na frente da porta do salão comunal da Grifinória. Balancei a cabeça e dei as costas àquele lugar. Não aguentaria estar em algum lugar público. Mas me surpreendi ao esbarrar com ele.
Um moreno de olhos castanho-esverdeados.
— Carter? O quê... — ele não conseguiu terminar porque o abracei. Eu chorava porque sabia que Sebastian tentaria me confrontar com o que acabou de descobrir.
Ele sabia dos meus poderes.
— Venha. Vou te levar para a sala precisa. — James sussurrou.
***
— Eu vou matar aquele imbecil por ter feito aquilo com você! — disse James com os punhos fechados. Seu maxilar estava contraído.
— Ele vai contar para seus amigos. — suspirei. — Eles irão me confrontar. E... — mordi meu lábio. Eu não tinha contado a ele.
— O quê? — ele me olhou preocupado. Seus olhos estavam escuros.
— Nada. — desviei meus olhos dos dele.
— O que foi, Carter?
Olhei para o chão.
— Eu estou meio... meio descontrolada no momento para cuidar disso.
— Como assim, Carter?
— Eu meio que não consigo controlar meus poderes às vezes.
— O quê? Por que você não me contou? — ele se levantou. — Carter. Você está escondendo mais alguma coisa. Conte-me.
Pus a mão no rosto e contei o que aconteceu comigo na Organização. Tudo. Era um fardo que eu estava guardando a tempo demais. Contei o que aconteceria comigo aos dezessete anos. A mensagem de Coraline Ray na parede. O conhecimento de que havia espiões me observando aqui. A minha escolha de voltar para Hogwarts. Até confessei os meus pesadelos com Fred, o ruivo misterioso.
— Eu... — ele tentou falar, mas parecia que algo havia entalado em sua garganta.
— Eu sei — suspirei.
— Nick sabe?
— Não. Quero dizer, sim. Quero dizer, a maior parte. Mas eu preferiria que você não contasse a ele que sabe.
James e eu ficamos em silêncio por algum tempo.
— Você não vai morrer, Carter. Você é poderosa. Não é nada como as outras pessoas. Vai sobreviver. — ele parecia estar querendo convencer a si mesmo que aquilo era verdade mais do que a mim.
— É, talvez você esteja certo — mas eu não acreditava nele.
— Eu sei que é muita coisa para pensar, mas... talvez seja melhor você contar para alguém, Carter. Talvez alguém tenha uma cura para isso...
— James, estamos lidando com especialistas! Você me ouviu. Me mandaram para Hogwarts como uma forma de tentar sobreviver. Essa era a minha única chance. E eu não conseguirei.
— Talvez eles estivessem mentindo, Carter! Você mesma me contou que a garota ruiva mandou aquela mensagem na parede em segredo para que você fugisse! Talvez eles sejam maus!
Mas eu sabia mais. A Organização podia manter segredos de mim, mas sabia que eles haviam me contado a verdade quanto a isso. Suspirei.
— Por que eles me mandariam aqui então, se não é o que estou dizendo?
Ele não respondeu. Em vez disso, andou lentamente até uma mesa e se apoiou nela. E de repente, com um súbito ódio, a socou e a jogou no chão, quebrando-a.
— James! — gritei.
Quando seu olhar encontrou o meu, quase chorei. Era um sentimento que jamais conseguirei descrever. Ele andou lentamente até onde eu estava e me abraçou.
— Eu acho que Sebastian é um deles — disse.
— Eu vou te proteger, Carter.
Pelo canto do olho, notei um movimento e senti um calafrio. Me desvencilhei do moreno e me virei naquela direção. Eu tinha certeza que aquele era o ruivo com quem eu sonhava. Fred. Era ele! Não estava mais a vista. Ele era real?
— Você o viu? — perguntei.
— Quem? — James tocou no meu ombro.
— Tinha alguém aqui, mas desapareceu. — não quis revelar muita coisa até saber se estava certa.
— Eu vou checar. — ele sussurrou, sacando a varinha. Vasculhou o quarto, a sala, a cozinha (havíamos pedido à Sala Precisa para recriar o interior de uma casa para nós), mas ele voltou com uma expressão de dúvida. — Não achei ninguém. É melhor sairmos daqui.
***
Quando anoiteceu, disse para minhas companheiras de quarto que dormiria na Sala Precisa pois estudaria até tarde. Bom, era meia verdade.
A Sala criou um quarto simples para mim, porém era muito lindo. Me sentei na cama que era extremamente confortável. De uma hora para a outra, senti uma enxaqueca que me fez pensar se alguém não havia cerrado a minha cabeça no meio. Me deitei e fiquei daquele jeito por algumas horas até passar. Não sabia exatamente quantas vezes havia cochilado. Me sentei, zonza.
Não tinha outras ideias, então optei pelo mais óbvio.
— Fred? Você está aí?
Nada.
Desisti, me sentindo uma boba. Quero dizer, estava chamando uma pessoa que talvez nem fosse real. Mas ainda tinha o pressentimento de que ele estava esperando que eu o chamasse. Tentaria no dia seguinte, quando não me sentisse tão cansada.
Mas de repente, eu sabia que não estava sozinha. Sentei e olhei ao meu redor, porém ninguém estava lá. Quando o susto já estava acabando, uma voz que eu reconhecia disse:
— Olá, Carter.
Eu quase caí da cama. Ali, deitado ao meu lado, estava o garoto dos meus sonhos (literalmente). Ele era do jeitinho que imaginei: era alto e magro e sua expressão era gentil. Ele quase parecia com pena de mim. Seus cabelos ruivos eram da cor dos de Rose e seu nariz era do mesmo formato do dela, o que me levou a perguntar se ele poderia ser parente dela. Seus olhos eram azuis, mas não faziam o mesmo efeito nas pessoas como os meus, que eram mais vívidos.
— Quem é você? Como conseguiu entrar aqui? — levantei-me, cambaleando. Toda a coragem que eu havia reunido se exauriu. Não conseguia parar de pensar que ele era um completo estranho e mesmo assim eu havia vindo procurá-lo. Ele suspirou.
— Carter, você sabe quem sou eu. Você anda sonhando comigo desde que acordou do coma. Sou Fred, lembra? O cara que você deixou para trás? O que você veio procurar esta noite?
— Eu só posso estar ficando louca! — sussurrei me encostando na parede. Me direcionei a ele — Você não é real.
— Você está completamente certa.
— Como?
— Eu sou apenas um fruto da sua imaginação, sim. É verdade. Mas eu também sou a única maneira de você recuperar a memória. Pelo menos, enquanto está viva.
Pisquei os olhos rapidamente e me aproximei dele. Segurei seu braço direito e a sua expressão no rosto nem mudou.
— Eu te sinto.
— Você apenas me sente porque quer me sentir. Não quer acreditar que está louca.
— ENTÃO DESAPAREÇA DA MINHA FRENTE!
Eu estava sozinha.
Não acreditei no que havia feito. Se ele era apenas uma alucinação, poderia ser a minha consciência me forçando a lembrar do meu passado?
— Fred? — chamei. Repeti e repeti seu nome. Gritei, mas ele não voltou. Desisti, exausta, e não pensei em mais nada que fazer a não ser dormir.
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