Love Shuffle escrita por Tainara Black


Capítulo 2
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Capítulo 2 – P.L.A.Y


Genma estava no bar, acompanhado por Shikamaru que, com resistência, havia aceitado a proposta de se unir ao grupo e tomar um pouco de sake, afinal era uma sexta feira no fim da tarde e Temari não estava em Konoha.

Estiveram conversando sobre algumas coisas do trabalho e seus afazeres de ultimamente, quando Sakura e Naruto chegaram e se sentaram à mesa, os cumprimentando sem muito ânimo. Ambos ainda tinham aquele ar infeliz de dois dias atrás, mas então pediram suas doses de sake e depois da terceira já pareciam melhor.

– Como andam as coisas com Temari? – perguntou Genma, lançando a conversação chave sobre relacionamentos.

– Como sempre. Ela nunca para quieta num lugar e isso dificulta bastante as coisas... Essa desordem dela me irrita profundamente. Demasiado problemática, não sei o que faço com ela – resmungou monotonamente e bebericou de sua tacinha.

– Bem, pelo menos você não a pediu em casamento e ela te respondeu um não, sem explicar seus motivos – disse Naruto, virando mais uma tacinha de sake.

– Ela está assustada, Naruto, só pode ser isso – Sakura tentou animá-lo, em vão.

– E você Genma, tem que ter saco para aturar a Ino, heim.

O homem riu do comentário do Nara e apenas bebeu um pouco mais, dando de ombros. Havia algo além do carnal, ele sabia bem, só não estava certo se queria deixar aquilo se aprofundar ou preferia que escorresse por suas mãos como água.

– Temos uma relação complicada, tudo começou com a idéia de sexo casual, e atualmente todos sabem que temos algo...

– O problema da Pig é que ela sempre vai demandar mais do que você lhe está dando, sempre foi assim e sempre será – ela suspirou – e isso somado ao caráter insistente e histérico dela... Não que eu possa falar mal da insistência dela, a minha é ainda mais inconveniente...

– Sabe, Sakura, o que eu não entendo é por que demônios você não larga o pé do Sasuke e vive a sua vida? – intrometeu-se Shikamaru um pouco irritado – Ele é um babaca, ele te faz isso desde que terminou a academia de polícia, porque continua com isso?

– Ah eu adoraria saber, mas aí entra o grande problema: quem é capaz de controlar o coração? Por que, se você conhece alguém, por favor, me apresente! – respondeu friamente, olhando bem nos olhos do rapaz.

– Precisamos conhecer gente nova... – disse Naruto baixinho – Talvez isso nos fizesse aprender a dar valor ao que temos, ou nos apaixonaríamos por outra pessoa...

Genma olhou o loiro e sorriu. Fazia sentido, aquela era uma boa idéia, mas como seriam capazes de conhecer outras pessoas e ao mesmo tempo manter suas atuais relações? Olhou para a mesa e ficou pensando seriamente, precisava de alguma idéia que fosse capaz de metê-los todos no mesmo barco.

Shikamaru observou Naruto beber mais e Sakura lhe acompanhar, a maneira como os via lhe dava pena, ao mesmo tempo em que lhe gerava uma espécie de raiva: como o ser humano podia ser tão burro? Mas Sakura era um caso ainda mais irremediável, como ela podia seguir persistindo em ir atrás de Sasuke sempre que este a chamasse, ou como era tão suscetível ao que ele dizia?

– Por que estava chorando ontem, Sakura? – ele perguntou com indiscrição.

Ela levantou os olhos e corou, sentindo-se idiota e ao mesmo tempo envergonhada de lhe contar o que ocorrera no hospital.

– Estava fazendo um curativo nele e Sasuke fez questão de me contar que está com a Karin...

– Antes ele tivesse dito isso, Sakura-chan! – exclamou Naruto – Mas ele te fez o desfavor de deixar explícito que estava transando com ela!

Shikamaru bufou, odiava o Uchiha com todas suas forças e ainda mais agora, por ficar brincando com os sentimentos da Haruno. Também odiava Sakura por deixar-se ferir tão facilmente.

Menina idiota!, pensou irritado.

– A Sakura-chan precisa se apaixonar por outra pessoa!

Então Genma riu alto, alheio aos comentários, então sorriu maligno e os garotos o observaram com estranhes.

– Tive uma idéia: – explicou, contente consigo mesmo – Love Shuffle!

Sakura o olhou seriamente e Shikamaru ficou boquiaberto, numa expressão de incerteza. Genma só podia estar brincando, nunca em todos os seus 26 anos de vida imaginara que aquele homem tão elitista e sério (na medida do possível) fosse dizer aquilo, pior: propor aquela loucura.

– O que é isso? – perguntou Naruto curioso.

– É um jogo, Naruto – respondeu a garota, simples.

– Que tipo de jogo?

– Troca de casais – explicou melhor Shikamaru.

– COMO?!

– Assim: entramos no jogo com nossos respectivos relacionamentos e vamos turnando de casal durante o mês. Depois disso vemos se algum de nós se interessou por outra pessoa do grupo, ou se conseguimos valorizar mais nossos parceiros...

Todos encaravam Genma um pouco atônitos.

– Eu não sou a parceira do Sasuke... – disse Sakura um pouco desconcertada.

– Talvez ele queira participar, já que é um idiota retardado.

– Shikamaru! – a menina reclamou.

– Eu nunca aceitaria que a Hinata-chan participasse de algo assim!

Naruto estava emburrado, como se aquilo o ofendesse muito, a simples idéia de ver sua Hinata saindo com outros caras lhe dava dor de estômago. Principalmente por que ele a conhecia melhor que ninguém e sabia que ela nunca na vida faria parte de um jogo tão estúpido. Como se ele fosse se apaixonar por Sakura, Ino ou Temari, aquilo era completamente descabido, nem lhe passava pela cabeça participar.

– Estou fora – avisou, postando as mãos atrás da cabeça e sorrindo vitorioso – Hinata-chan não precisa disso e muito menos eu. Ela está apenas confusa, certeza que é isso.

Sakura fez que sim, certamente a Hyuuga estava passando apenas por um mau momento, estava nervosa e assustada e era muito jovem. Era compreensível que ela estivesse assim, não é todo dia que o amor da sua vida decide te pedir em casamento de repente e te pega de surpresa. Ela deveria estar tão mal como Naruto naquele momento, devia estar confusa e até mesmo arrependida por ter dito que não tão rapidamente.

– Bem. Porque não combinamos de nos ver domingo com nossos parceiros e contar para eles a nossa ideia? Mesmo que não nos apaixonemos ou algo parecido, parece uma boa idéia para criar laços e fazer novos amigos – disse Shikamaru, tranqüilo – Temari certamente aceitará. Ela gosta de desafios.

Genma sorriu.

– Ino também vai querer jogar se eu duvidar dela. Já somos quatro. Sakura, você não tem ninguém com quem esteja se relacionando que não seja o Uchiha? – o homem fez uma expressão de desgosto ao dizer o nome e então a observou.

– Não, eu... Só o Sasuke-kun...

– Certo. Se você encontrar alguém que te interesse, nos avise, seria bom que participasse, não acha? – ela corou, encarando o Shiranui – Você precisa conhecer gente e tentar esquecer esse cara. Domingo: jantar na minha casa!

Ela sorriu, quase agradecida. Na verdade precisava disso, precisava esquecer Sasuke e seguir vivendo sua vida como uma pessoa normal. Fez que sim com a cabeça e levantou o copinho de sake:

– Ao amor não correspondido!

Eles riram e beberam junto com ela. Talvez aquele jogo pudesse mudar suas vidas.

P

Entrou no apartamento e se deparou com a mala jogada no sofá. Seu coração bateu mais forte e não pôde evitar um sorriso pervertido escorregar em seus lábios: depois de tanto sake uma noite de sexo lhe viria divinamente bem. Andou até o quarto e riu ao constatar que ela estava lendo um livro, deitada na cama, sem roupa nenhuma. A luz do abajur iluminava as páginas e seu corpo, dando-lhe um ar quase etéreo. Ele a encarou, observando a beleza de seus cabelos loiro-escuros, os cachos mal formados. Até nisso eles se pareciam, em seus cabelos revoltos e seus momentos de leitura.


Eles seriam um casal perfeito se ela não fosse tão difícil de lidar. Temari era tão problemática, que às vezes ele se perguntava como havia se sentido atraído por ela. Aquilo, definitivamente, não era amor, era apenas uma paixão vigorosa, misturado com extrema satisfação sexual e discussões intelectuais sobre bolsas de valores, empresas internacionais e a prefeitura de Suna.

Aproximou-se, vendo-a largar o livro na mesa de noite e se espreguiçar, deixando o corpo esguio e nu a mostra, convidativo.

– Você não vai vir pra cama, Shikamaru?

Ele riu, arrancando a jaqueta que usava e a camiseta preta, então se dedicou a abrir vagarosamente os botões da calça até deixá-la descer pelas pernas e subiu na cama. Apenas observando-a. Havia sido uma viagem rápida, apenas dois dias longe e então ela voltara.

– E meu calendário?

– Pedi férias – ela disse, misteriosa.

– Como assim? – perguntou, afundando o rosto em seu pescoço, o cheiro da pele dela inebriando seus sentidos e despertando um tesão profundo.

– Um mês e meio de liberdade, e depois disso te trarei um calendário – ela riu, sentindo os lábios dele descerem até seus ombros e depois se afastarem, olhando-a estranhado – Eu sei, é um milagre eu ter férias!

– Não estou acreditando.

– Você precisará de muito para não me entediar durante todo esse tempo – ela murmurou, puxando-o para cima de si e beijando seus lábios com voracidade.

– Nós temos um jogo para nos divertir – murmurou enigmático contra seus lábios e ela o encarou, posicionando-o melhor entre suas pernas e baixando a boxer por suas coxas firmes.

– Que tipo de jogo? – perguntou interessada, arrastando as unhas contra as coxas dele, subindo pelas nádegas musculosas, fazendo a pele arrepiar e eriçar.

– Love Shuffle – ele sorriu, encaminhando-se para dentro dela, fazendo a loira suspirar e fechar os olhos, agarrando-se na cabeceira de madeira da cama.

– Parece que serão férias muito divertidas, então... – os lábios dela se entreabriram para um suspiro profundo escapar, seus olhos injetados encarando a boca dele de maneira provocativa.

Ele riu, a agarrou pela cintura com firmeza e se moveu com mais força dentro dela, roubando-lhe um gemido rouco.

– Pode ter certeza disso, Temari – ele disse, olhando-a antes de abocanhar um de seus mamilos e sugar com força, sem parar de mover os quadris contra os dela...

L


– O que você está fazendo na minha casa? – ela perguntou petulante, cruzando os braços sobre o peito e olhando-o com raiva – Veio falar com o meu pai?

Ele riu. Ino era uma menina mimada, isso sim. Encarou-a com o senbon pendurado nos lábios, oscilando perigosamente e sorriu para ela, daquele jeito que ele sabia que a loira não resistiria.

– Vamos, você vai dormir na minha casa.

– Ah sim, porque você manda nessa relação não é mesmo, Shiranui?

– Não seja cabeça dura, menina, vamos. Estou precisando das tuas técnicas de relaxamento corporal.

– Vá se foder, Genma.

– Eu senti tua falta nos últimos dias, você não veio atrás de mim, então eu estou vindo, isso deveria demonstrar meu afeto não acha?

Ela o encarou, descruzando os braços. Ele havia sentido sua falta? Oh céus, aquilo era música para seus ouvidos! Impediu um sorriso vitorioso de escapar por seus lábios e se virou para a porta, entrando de novo na casa.

Ele sorriu vitorioso, mas logo perdeu o sorriso quando ela começou a fechar a porta. Merda de menina! Tinha que ser cabeça dura justo naquele momento? Quando ele realmente precisava dela? Merda de sake que lhe colocava aceso tão rapidamente.

– Por favor! – exclamou, usando sua última carta debaixo da manga.

Viu-a parar o movimento e andar para dentro do corredor da casa sem terminar de fechar a porta. O homem suspirou. Menos mal, havia conseguido. Implorar para uma mulher dormir consigo era algo realmente ridículo, mas sempre valia a pena quando se tratava da Yamanaka.

Podia-se dizer que Ino não era a deusa do sexo, mas quase isso. Ela tinha aquela energia eletrizante que o enfeitiçava às vezes, e aquele ar esnobe quando queria, mas normalmente estava sempre rastejando por dormir com ele. Talvez no fundo fosse ele o deus do sexo. Aquele pensamento o fez sorrir convencido, mas a porta se abriu e uma pesada mochila foi jogada contra ele, fazendo o homem sair de seus pensamentos e agarrar o objeto antes que ele voasse contra o seu rosto.

– Pai, só volto no domingo de noite – ela gritou de dentro da casa, e então apareceu pela porta outra vez – Qualquer coisa você reclama depois com o Genma!

Ele sentiu um frio possuir seu corpo e uma vontade incontrolável de bater nela até que ela implorasse por perdão. Mas então a loira sorriu para ele e piscou.

– Sustinho, não é? – perguntou brincalhona e agarrou seu braço – Meu pai está de plantão, e minha mãe está no banho, não se preocupe.

Genma suspirou. Ino não fazia nada bem para seu sistema nervoso.

– Eu tenho uma aposta para você.

– Qual? – perguntou, enquanto andavam na direção do apartamento dele.

– Uma prova de amor.

– Como assim?

– Love Shuffle.

Ela estancou e o encarou estranhando.

– Você bebeu?

– Um pouco.

– Você está brincando, não é?

– Nenhum pouco.

– Quer me dividir com outros caras?

Ele a encarou um pouco incomodado. A imagem da pequena Ino com outros caras não lhe agradava muito, mas o que ele podia fazer?

– Se nenhum de nós se apaixonar por outra pessoa, teremos o algo especial que você tanto quer.

Os olhos dela brilharam e um sorriso de vitória perpassou seu rosto.

– Feito.

Ele sentiu um frio na barriga e orou para todos os deuses antigos que, por favor, ela se apaixonasse por alguém. Ou que pelo menos ele pudesse fingir que havia se apaixonado por outra mulher.

A


Ele a estava encarando há algum tempo, percebendo que ela estava em um mundo que ele desconhecia. A expressão aérea e o olhar perdido, sem prestar a mínima atenção às informações que ele lhe passara. Então, abaixou o bloco de notas com os resultados da pesquisa e a observou atentamente, reparando em seu rosto delicado e olhos extremamente verdes. Sakura poderia ser considerada bem bonita se ela se arrumasse como uma mulher...

Não ia negar que o comportamento dela lhe dava nos nervos, que era um grande pé no saco ver que era o único que estava trabalhando – em pleno sábado de manhã. Havia levantado cansado e sonolento depois de uma longa noite remoendo problemas da empresa, ou perguntando-se porque havia agido de forma errônea muitas vezes no passado. E agora tinha que enfrentar a mulher de cabelos rosa e constatar pela milésima vez que o relacionamento dela com Sasuke lhe parecia a coisa mais ridícula e absurda que já vira na vida, e aquilo estava atrapalhando o andamento da pesquisa.

De novo.

Mas tampouco podia negar que aquela vez que saíram para beber e acabaram se beijando de uma maneira muito pouco profissional havia sido... De certa maneira, inebriante. Por que Sakura bêbada era algo para se marcar na história, uma pena eles terem parado nos beijos.

– O que ele fez dessa vez? – perguntou, mudando o rumo de seus pensamentos.

– Eh?

Ela o encarou e corou, percebendo que não havia prestado nenhuma atenção no que ele dissera sobre os resultados da pesquisa e sobre o orçamento que sua empresa lhe daria para a nova fase, então mordeu o lábio.

– Não estava pensando nele.

– Você devia tirar o Uchiha da cabeça – recomendou.

– Eu sei...

– Em que pensava com tanto afinco, então?

– Love Shuffle – as palavras escaparam sozinhas e ela olhou as mãos, extremamente corada. Como dissera aquilo? Ele era seu investidor! Ele bancava suas pesquisas no ramo das medicinas experimentais! Sabia que ele era do tipo conservador e havia fingido que nada acontecera naquele dia... Ela quase não se lembrava de nada, então talvez ele não se lembrasse também...

– Love Shuffle? – ele perguntou, olhando-a incrédulo – você vai participar de um Love Shuffle?

– Não. Não tenho par. Mas Genma-san, Ino, Shikamaru e Temari-san vão... Talvez Naruto e Hinata-chan também...

– Hinata-sama? - algo no seu peito apertou, ele não podia acreditar no que havia escutado.

Ela bufou, vendo o olhar irritado dele.

– Sinto muito Neji, acho que falei demais...

– Minha prima vai participar disso? - Neji sabia que era extremamente protetor quando o assunto era Hyuuga Hinata. Talvez porque ele já a havia feito sofrer no passado, ou porque agora que ela parecia estar bem com Naruto, as coisas andavam para fora dos trilhos outra vez, de maneira assustadora.

– Acho que não, Naruto disse que não permitiria, e que não precisavam disso, mas ficou de falar com ela... Eu duvido que ele fale, na verdade, ele a ama demais para deixar que isso acontecesse.

– E você quer participar? - perguntou por curiosidade, agradecendo internamente por Naruto gostar realmente de sua prima e não a permitir fazer parte de algo assim

– Não sei. Seria bom se eu me apaixonasse por outra pessoa, mas duvido que me apaixone por algum deles... A única possibilidade seria de fazer bons amigos e me divertir, tentar tirar o Sasuke-kun da minha cabeça durante um tempo...

A mente do jovem Hyuuga disparou. Ele não podia permitir que Hinata participasse daquilo, ele era de certa forma responsável por ela e, por algum motivo, achava que ela seria capaz de se meter numa grande cilada, mesmo que Naruto a tentasse impedir. A prima havia andado estranha nos últimos dias, havia chorado escondida e falado sozinha, ela parecia triste e confusa. Na verdade, ele não dava a mínima se Sakura iria participar ou não, mas não permitiria que sua prima sujasse sua honra e a da família. Então uma luz se acendeu.

– Eu participo com você – disse sério, um plano se arquitetando rapidamente na cabeça, e logo veio seu raciocínio e a desculpa que daria para a Haruno – você precisa se distrair e nós... – o olhar estóico dele voltou a aparecer, como se fosse um homem de gelo. O Hyuuga gostava de encenar, de fingir ter sentimentos e conseguir assim alcançar metas e ultrapassar obstáculos – Bem, nós já tivemos algo, se podemos dizer assim, e preciso estar perto de Hinata-sama, isso seria a desculpa perfeita para você e para mim, não acha?

Ela o encarou, embasbacada. Ele não podia estar falando sério. Conheciam-se há muito tempo e trabalhavam juntos quase todos os sábados há pelo menos um ano e meio, participando da investigação especial que ela desenvolvia com a ajuda financeira da famosa empresa Hyuuga, que agora estava interessada em entrar na rama de medicamentos também, mas... Ele seria capaz daquilo? Apenas para proteger sua prima e fazer com que Sakura se divertisse?

– Você está doente, Neji? – ela perguntou, com olhar preocupado e ele omitiu um sorriso sacana, graças a Sakura ele poderia manter o olho em cima de Hinata, e se pudesse se aproveitar da brincadeira seria ainda melhor.

– Acho que seria bom para mim também, para distrair... – mentiu, olhando para baixo.

– Sério?

– Uhum.

Encararam-se. Não havia nada na expressão dele, como sempre, e ela se sentiu imensamente agradecida.

– Neji-kun! Obrigada!

Ele sorriu brevemente e sentiu o pesar chegar antes mesmo de começar o jogo. Talvez, se manter durante uma semana inteira com a mesma pessoa não fosse realmente a melhor coisa a fazer. Mas há deveres que vêm antes do prazer, como não permitir que Hinata fizesse algo estúpido.

Onde está se metendo, Hyuuga Neji? Perguntou a voz de sua consciência, e ele não soube responder.

Y


Neji estava encarando a porta e pensando em como ele era irresponsável, perguntando-se como havia se metido naquilo e como seu tio lhe mataria por ter entrado naquele jogo estúpido. Pior, lhe mataria por não ter tirado Hinata a força do jogo. Ok, ele tentaria fazer Hinata-sama não participar, e se ela não participasse, ele também não o faria.

Foi quando pigarreou baixinho e tocou à porta. Escutou os passos apressados e então a porta se abriu com estrondo. Lá estava Sakura, com um vestido simples, tentando colocar os sapatos de salto baixo desgonçadamente, seus cabelos caindo sobre o rosto ao olhar para baixo, e a alça do vestido descendo no braço ao abrir a porta rapidamente.

– Entra! – ela convidou, afobada, mas com um sorriso no rosto, como se lhe agradecesse pela milésima vez.

A sala do apartamento era razoável, mas para uma mulher que morava sozinha aquilo estava bastante bem. Tentou não reparar nos montes de papéis sobre a mesa, sabia que a desorganização era, muitas vezes, o ponto fraco dela, mas não podia pensar nisso agora, porque senão ficaria irritado com ela. Se havia algo que odiava no mundo era bagunça, além do mais ele podia dizer que era bagunça e mulheres pouco femininas, dessas desleixadas, como Sakura.

Haviam concordado em Neji chegar antes e conhecer o apartamento dela, simplesmente para dizerem que haviam saído algumas vezes no passado, mas ele já não tinha certeza se aquilo era uma boa ideia.

Sakura o cumprimentou melhor e contou sobre seu dia. Depois lhe disse para a seguir e foi mostrando os cômodos, primeiro a sala, que era simples mas bem decorada. Ele reparou que havia várias garrafas de sake na cristaleira e pensou que, talvez, Sakura continuasse bebendo mais do que deveria. Então entraram na cozinha (que estava impecavelmente limpa; e ele se perguntou se era porque ela não cozinhava ou porque ela realmente a havia limpado com afinco), ela ofereceu alguma bebida, mas ele recusou educadamente. Neji só estava lá por uma questão de intimidade, se era para entrar na brincadeira com Sakura ele gostaria de, pelo menos, ter uma ideia de como ela era fora das reuniões de trabalho, do hospital e quando não estava se entupindo de sake durante algum almoço após o trabalho deles no sábado.

Voltaram pela sala e entraram no pequeno corredor, ela parou e lhe mostrou um dos quartos, que ela usava de biblioteca e havia uma estante cheia de pergaminhos e livros, separados por ordem alfabética, o laptop sobre a mesa e tudo muito organizado.

Neji sorriu. Conhecer a casa de alguém era o mesmo que conhecer seus segredos, descobrir suas preferências e as coisas que prioriza na vida. Ele ficou encarando o escritório durante um tempo, até ele poderia trabalhar ali, não seria difícil... Na verdade seria muito agradável.

Ele não podia negar que muitas coisas em Sakura o interessavam, a começar pela inteligência, o autodidatismo e sua dedicação com o trabalho e as pesquisas que estavam desempenhando. Havia coisas nela que lhe pareciam interessantes, como os livros ordenados, a cozinha muito limpa, a personalidade fácil dela, e também a clavícula levemente saltada pela estrutura magra do corpo...

Neji, não. Ordenou mentalmente.

Ele respirou fundo e pensou que aquele não era o momento para pensar em atração por Sakura... Ela lhe mostrou o banheiro rapidamente, que ele sorriu ao ver a desordem, isso lhe fazia pensar que Sakura não era nada atrativa, que suas clavículas eram ossudas e que corria atrás de Uchiha Sasuke. Sentiu-se agradecido pela bagunça, assim conseguia evitar qualquer tipo de emoção fora de lugar.

O estojo de maquiagem estava sobre a pia, assim como a escova, um secador de cabelo, a toalha estava pendurada na porta e exalava um perfume suave e inebriante. Pelo menos o perfume dela valia à pena...

– E esse é meu quarto! – disse, sorrindo corada.

Quarto. A palavra soou muito alta em seus ouvidos e ele quase sorriu, observando a cama de casal no estilo ocidental, dois vestidos jogados em cima dela, mas tudo o mais muito arrumado. Neji sentiu o ar ficar abafado de repente, ele não deveria estar no quarto de uma mulher solteira...

A sensação inebriante do beijo bêbado estava voltando aos seus sentidos... Aquela curiosidade de saber do que Sakura era capaz de fazer entre quatro paredes... Não devia ter perdido a possibilidade de descobri-lo três meses atrás quando saíram e exageraram no álcool e de repente tudo pareceu muito obvio e claro e sem problemas...

Desviou os olhos da cama e a observou pegar os vestidos rapidamente e metê-los em cabides, devolvendo-os ao armário e estirando a colcha da cama, para tirar as dobrinhas, o corpo se curvando na direção da cama, fazendo seu vestido levantar poucos centímetros em suas coxas, ficando justo na cintura e a alça escorregando de novo no ombro...

Ele respirou fundo. Não que Hyuuga Neji fosse um daqueles homens desesperados que não podem estar sozinhos com uma mulher. Aliás, ele podia, ele passava horas com qualquer mulher, e podia perfeitamente não fazer nada. Mas aquela era Haruno Sakura, a garota irritante que de certa forma conquistara um micro-milímetro de seu coração depois de tantos sábados trabalhando juntos. Não podia dizer que era sua amiga, mas uma boa colega de trabalho.

O problema real de Neji era mais preocupante: hedonismo.

Ele se lembrava da sensação inebriante de beijá-la, mas não se lembrava do beijo. Isso era um problema, Neji gostava de levar as rédeas da vida e saber sobre tudo que lhe havia passado, e pensar que não se lembrava bem daquele beijo lhe estava tirando do sério, como se não tivesse aproveitado o suficiente dele no passado.

Ela o olhou, corando fortemente.

– Eu não costumo mostrar meu quarto, apenas pensei que-

O Hyuuga a puxou pelo braço, tirando-a do quarto e arrastando-a para o pequeno corredor, ele sabia que era falta de respeito fazer o que tinha em mente dentro do quarto dela. Empurrou-a contra a parede e a olhou.

Os olhos verdes estavam bem abertos e atentos, um pouco assustados com a movimentação brusca e a maneira como se encontrava entre ele e a parede.

O coração dela disparou.

– Você se lembra de algo daquele dia? – Neji perguntou, a voz sempre tão profissional soando firme nos ouvidos dela. A mulher olhou o chão, muito corada.

– Que nos beijamos...

– Você se lembra de como era o beijo? – ele perguntou, sem desviar o olhar quando ela o encarou de novo, espantada.

Eram verde esmeralda. Uma cor que ele nunca tinha visto nos olhos de mais ninguém.

– Não... – ela murmurou, mordendo o interior da bochecha de leve – Eu tinha bebido muito, Neji, sinto mui-


Ele a endireitou contra a parede e encostou seus narizes. Sakura sentiu a respiração do moreno em seu rosto, o cheiro do perfume caro dele lhe fazendo respirar fundo e encarar seus lábios finos e claros, sem querer olhar naqueles olhos perolados e se perder neles.

Neji não havia premeditado aquilo, havia sido completamente um instinto de curiosidade. Na verdade, olhando-a de perto, ela parecia uma menina que te olha como quem diz: “Sinto muito, não estou acostumada com essas situações”, por mais que seu coração esteja batendo enlouquecido e sua respiração acelerada.

Tudo nela dizia “Propriedade Privada de Uchiha Sasuke”. Isso era terrivelmente broxante. Ele desceu o rosto até encostar a ponta do nariz no maxilar dela e respirou, sentindo o cheiro do perfume se misturado com o da pele. Sim, inebriante. Subiu os olhos aos dela e a viu um pouco assustada. Então sorriu brevemente como se estivesse se desculpando, levantando o lado esquerdo dos lábios, olhou uma última vez suas clavículas e rumou para a sala de novo.

– Posso pegar um copo d’água? – Neji perguntou, escutando-a concordar com uma interjeição.

Sakura ficou parada durante alguns segundos, sentindo toda a magnitude daquele homem ao seu redor. Céus, aquilo era maldade. Quando as forças voltaram ao corpo, ela se olhou no espelho do corredor, ela estava realmente bonita, embora simples.

De repente, a situação que acabara de acontecer no corredor lhe fez querer se abrir mais, ter novas experiências, provar algo novo e dizer adeus para aquela amargura que sentia no peito toda vez que algum homem que não fosse Sasuke chegava perto dela.

Ela queria mudar. Queria ser feliz, independente, forte. Ela precisava daquela mudança.

Respirou fundo e entendeu que aquilo que estava prestes a começar, poderia se transformar em uma loucura sem volta, ou na solução do seu maior problema.


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Notas finais do capítulo

Tarán! Bem, agora vocês vão começar a entender a trama ^^ Espero que estejam gostando!
Para manter contato no face só me add: Tai Bécquer

BEIJOS!



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