Contos de Anthöria escrita por Flávio Trevezani


Capítulo 5
O Senhor do Vale Verde - Parte 02


Notas iniciais do capítulo

Surpresas normalmente são bem vindas, mas não no Vale verde. Não por Hucki e principalmente se esta tiver haver com visitas indesejadas.



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A vida de Hucki ia bem no vale. Ele acordou cedo como habitualmente, mas hoje em especial, pois visitaria Ishi e seus filhotes. Ishi era uma coelha parda que habitava uma toca na raiz da amoreira selvagem onde ele morava, logo, era sua visinha. Era uma manhã levemente fria de outono e o pequeno vale verde estava levemente alaranjado, uma vez que estavam em meados da estação e logo chegaria o inverno. Ali, na parte norte da montanha solitária que fica no centro de Mirinthia, o inverno tendia ser mais rigoroso, pois os ventos frios das Colossais montanhas frias do norte desciam até ali e ficavam seguros pela grande serra formada pela montanha solitária de Mirinthia.

Antes de sair, colocou sua velha chaleira sobre o fogo com água, para fazer um chá quente, como sempre fazia nas manhãs dos dias frios de outono e inverno. Colocou sua velha capa parda com forro de cetim amarelo, feita a mão por usa mãe e saiu pela porta pesada de madeira. Não precisaria fazer muito esforço ou caminhar tanto, pois, a toca da coelha era quase ao lado de sua porta.

Ele caminhou até sua horta, retirou algumas folhas, arrancou do solo alguns tubérculos e foi até lá e para não assustar a vizinha ele disse de antemão enquanto caminhava:

— Bom dia minha querida Ishi – e quando pronunciava o nome do animal, ele tentava fazer um som similar ao som que o próprio animal fazia, como se tentasse falar a língua dele – espero que esteja acordada, pois estou chegando para ver nossos pequeninos.

Nessa hora a coelha colocou a cabeça para fora da toca e ele repetiu seu bom Dia:

— Bom dia mamãe, como estão os pequeninos?

Enquanto se aproximava, servia as folhas e tubérculos para a coelha, que terminou de sair calmamente da toca e logo, saia um pequeno filhote de coelho branco e felpudo, logo seguido de outro, outro, outro e mais outro. Até estarem onze filhotes fora da toca reunidos à mãe comendo o presente de Hucki.

— Como estão grandes Ishi. Acho que eles estarão grande e fortes o suficiente para o inverno. Você sabe que eu temia que o inverno chegasse e eles ainda estivessem pequenos demais. Mas também, você os teve fora da época das ninhadas, o que estava pensando?

A coelha apenas comia, mas volta e meia parava e olhava para ele, enquanto ele falava e movia a cabeça de forma reativa a suas palavras.

— Não faça essa cara de desentendida, disse desde o inicio que aquela aproximação de Kuixi era suspeita, mas você me ouviu? Não! Claro que não, seus instintos falaram mais alto.

Nessa hora a coelha guinchou e ele retrucou.

— Não adianta tentar se defender, era arriscado. Mas enfim, importante que agora eles estão grandes e fortes e poderão suportar o inverno, nem que vocês tenham que hibernar na minha toca, onde é mais quente e eles poderão comer alguma coisa quando acordarem – riu ele e a coelha pareceu sorrir com os olhos – doze filhotinhos de coelho não podem ser piores que o Ornin no ultimo inverno. Como aquele filhote de veado conseguiu fazer bagunça, oh se fez! Mas não poderia deixar um órfão sozinho num inverno, poderia?

E a coelha se aproximou dele gentilmente e ele acariciou sua cabeça sorrindo e feliz.

— Não precisa agradecer, afinal você e os doze pequeninos comem as coisas da horta mesmo com ou sem minha permissão – disse ele sorrindo - Por falar em doze filhotinhos – disse ele contando os filhotes – está faltando um Ishi.

E a coelha levantou a cabeça atenta olhando para a toca, logo em seguida guinchou e então saiu de dentro dela um filhotinho, menor e mais preguiçoso que os outros.

— tinha que ser o pequeno Quiti – disse ele sorrindo e se aproximando do grupo ao redor da comida, num circulo fechado onde o pequeno não conseguia penetrar a roda de irmãos alvoroçados a comer.

— Venha pequenino – disse ele pegando o coelho, que perto dele que media um terço de um humano, parecia mais um filhote de cachorro de grande porte – pronto!

Disse ele ao colocar o filhote dentro do circulo.

— Precisamos ficar atentos ao Quiti, ele ainda é pequeno, acho que requer mais atenção.

Então a coelha levantou a cabeça e orelhas em direção ao pé da colina, na pequena estrada que dava ali no alto, na amoreira selvagem gigante, lar de Hucki. Então, correu em direção aos filhotes, que se assustaram e correram para toca, ficando apenas o pequeno Quiti comendo despercebido. Mas este foi pego por ela pela boca e adentrou finalmente toca adentro. Hucki levantou-se e observou atento para ver quem se aproximava, pois sabia que tal reação deveria ser pela aproximação de algo ou alguém. Então pode ver, lá longe, um grande cervo, tão grande quanto um cavalo, com uma bela cara azul que era visível à distância. Com longas galhadas das quais pendiam musgo e algo similar a pelos. Era Racul, o duovits de sua mãe e sobre ele, montada, estava ela, como esperado para aqueles dias, que antecediam o inverno.

Todo ano, na mudança de estações, era sagrada a visita de sua mãe, principalmente antes do inverno, onde ela sempre trazia casacos, cachecóis, mantas e cobertores novos para aquecer ele e seus hóspedes inesperados. Mesmo tendo um grande estoque de cobertores, casacos e cachecóis presenteados anualmente por ela, nunca ficava triste em ter de arrumar mais espaço para os novos presentes. Levemente eufórico e feliz pela visita, ele se adiantou para recebê-la ao topo da colina, acenando alegremente e gritando: “Seja bem vinda Mãe!”, junto ao inicio do campo de flores que cercava toda ela. Quando Racul estava mais próximo, ele pode perceber que sua mãe não estava sozinha, sobre Racul e atrás dela havia outro ignon e isso o surpreendeu, afinal, sua mãe sabia que ele não gostava nada de visitas, ainda mais surpresa.

Quando Racul chegou grande e dócil, este se abaixou para que sua mãe e o estranho Ignon encapuzado sobre ele descesse. Como sempre ele foi até Racul cumprimentá-lo e acariciou seu rosto azul intenso, recebido de forma visivelmente satisfatória pelo cervo. Então se distanciou desconcertado e levemente irritado sem falar com sua mãe. Caminhando um tanto quanto nervoso e inquieto de um lado para o outro. Sua mãe desceu ainda vigorosa e saudável de sobre Racul e ajudou ao outro ignon que a acompanhava descer, ignon este que não podia se ver o rosto devido ao grande casaco que o cobria, assim como seu rosto. Este desceu de forma desajeitada e parecia meio fraco. Então sua mãe disse enquanto começava a descer as bolsas que trazia junto sobre Racul:

— Não ira dar um abraço em sua mãe e ajudá-la a descarregar seus presentes?

Ele então se aproximou, deu um rápido e irritado abraço, olhando para o ignon estranho que se mantinha de costas e parecia se proteger do vento frio que soprava ali no alto da colina, sem poder ver seu rosto e de quem se tratava. Hucki começou a ajudar sua mãe de forma meio mal humorada a descarregar as malas e ela finalmente percebeu tal atitude e disse alto:

— Não faça essa cara desagradável para mim. Sei bem porque está assim, mas antes de tratar mal nossa visita, quero lhe apresentar Eloecki – e sua mãe foi até o estranho Ignon chamando-o para se apresentar – vamos querida, venha conhecer meu filho.

Então o estranho ignon finalmente virou-se e mostrou se tratar de uma jovem Ignon de pele muito pálida e olhos azuis acinzentados, quase brancos, assim como seus cabelos loiros quase brancos. Ela se aproximou e sem dizer nada sorriu aparentemente constrangida e desconcertada, abaixando seu semblante como forma de reverência sutil, mas perceptível. Isso fez com que Hucki ficasse ainda mais nervoso e desconcertado, pois há muito tempo não via uma jovem Ignon e nem sabia como falar ou agir perante uma. Então ele sorriu e puxou sua mãe para um local um pouco distante nervoso e disse:

— Quem é essa moça mamãe e porque a trouxe com a senhora?

Sua mãe sorriu um sorriso fraco e sem jeito e disse:

— Como disse, essa é Eloecki. Ela é filha da Filha do irmão de Balramar.

— E o que ela veio fazer aqui mamãe? – disse ele levemente irritado e olhando para moça que parecia um tanto quanto desconcertada e com frio.

— Meu querido, eu sei bem que não gosta de outras pessoas, ainda mais aqui em seu vale...

— Este não é meu vale mamãe, eu apenas habito aqui com consentimento dos animais que aqui habitam. E ai sim, este é o vale deles e eles não gostam de estranhos aqui.

— Eu sei meu bem, mas eu não a traria se não fosse um caso de real precisão.

Então a jovem moça demonstrou não estar bem, e num semblante e gesto de fraqueza essa cambaleou para cair. Xexalur, mãe de Hucki, se adiantou para ampará-la, mas Hucki, muito mais rápido correu e a amparou antes que esta caísse no chão. De perto, percebeu que sua palidez não era natural por falta de sol, mas ela parecia doente. Ela o agradeceu com um “0brigada” fraco e ele ficou rubro por ter a segurado pela cintura. Sua mãe chegou e a amparou e ele a largou nervoso com sua mãe. Então sua mãe disse:

— Vamos entrar, o ar está frio aqui e ela está cansada da viagem, precisa descansar.

E ele consentiu nervoso com a cabeça, desta vez de preocupação. Então, abriu a porta de casa e elas adentraram.

Já em sua casa, sua mãe acomodava a jovem, enquanto ele terminava de descarregar Racul e carregar as bolsas trazidas por elas. Racul não passava a porta, afinal, era um animal muito grande e sua toca um tanto quanto proporcional a estatura de um ignon. Mas devido ao inverno que se aproximava, Racul estava com seus pelos maiores e mais densos, para suportar de certa forma o inverno. Então Hucki disse ao cervo:

— Me desculpe meu amigo, prometo construir aquela proteção que lhe prometi a alguns outonos, mas você sabe como é! Por eu ser um anatur, acabo por me esquecer deste detalhe – disse ele rindo sem graça como se contasse uma piada e o cervo o olhou com olhar dócil e se levantou, circulou a amoreira e se aninhou atrás dela, onde o vento era barrado pela mesma, e pareceu ficar bem e confortável na medida do possível e Hucki sorriu.

Hucki retornou para sua casa e lá encontrou sua mãe já a preparar o chá quente e servir a jovem ignon que a acompanhava. Então ele disse meio sem jeito:

— Bem. Eu... Espero que esteja agradável a vocês, quero dizer... Senhoras, as senhoras e... senhorita... Ou senhora mesmo, eu não sei – e ficou rubro novamente.

— Senhorita – disse a moça com voz doce e frágil.

— Ok! – disse ele constrangido – Senhorita.

— Querida – disse sua mãe a jovem Eloecki – nós dá licença um instante para que eu converse com meu filho em particular?

A jovem consentiu que sim, tomando um gole do chá quente e parecendo recuperar um pouco a cor. Então Xexalur se dirigiu até a porta e Hucki a acompanhou sem precisar que ela o chamasse. Lá fora ele retomou a fala:

— Mãe, o que essa moça está fazendo aqui?

— Bem meu querido – disse ela suave e colocando cada palavra de forma tranquila, como quem precisava convencer alguém a algo que não queria. O que era o caso – Eloecki está doente, como acho que percebeu...

— Sim! – disse ele ainda irritado.

— E ela precisa de ajuda para curar o mal que a aflige.

— E o que eu tenho haver com isso? – disse ele levemente irritado e começando a ficar preocupado.

— Não sei se percebeu, mas ela veio sozinha.

— Sim, veio com a senhora...

— E Racul – completou sua mãe – ela veio comigo e Racul. Somente ela veio comigo e Racul.

E então Hucki entendeu o que ela queria dizer. Eloecki não havia vindo com seu Duovits, se é que ela tinha um duovits.

— Owh! – disse ele meio surpreso ao entender – Mas, ainda assim, não entendo porque a trouxe.

— Bem meu querido, a história é um tanto complicada, mas vou tentar ser sucinta ao contá-la de forma breve – disse sua mãe caminhando em direção a Racul e acariciando seu rosto, enquanto o cervo fechava os olhos com o carinho – Eloecki sofreu um ataque a algum tempo. Ela estava junto a sua Duovits as margens Leste de Mirinthia enquanto fazia sua jornada e então, ela foi atacada por um grupo de caçadores.

Hucki apenas olhava atento de olhos arregalados e de braços cruzados enquanto ouvia a história contada por sua mãe.

— Bem – continuou ela – ela sofreu um ataque e acabou desacordada. Quando acordou, sua duovits não estava mais com ela.

— Pela Deusa – exclamou ele – e como ela ainda está viva?

Entendam que como havia dito antes, a vida de um ignon e seu duovits está interligada, logo se um perece, o outro normalmente perece também.

— Eis a questão – disse sua mãe – Eloecki acredita fortemente que Mivarata está viva.

— Mivarata é sua Duovits? – perguntou ele.

— Sim – disse sua mãe aparentemente mais animada, percebendo o interesse e condolência do filho pela jovem Ignon.

— Entendo toda a triste história e estou condoído pela situação da moça, mas, o que eu tenho haver com isso? Porque trouxe ela aqui?

— Bem meu querido – disse a mãe no velho tom de voz calmo ajeitando as palavras – Eloecki precisa se recuperar e seu tio avô, Macalure, achou melhor trazê-la para a cidade-la. Sabe que o velho mestre da cidadela não teve filhos e tem enorme apreço por todos, mas supre um carinho especial pela filha de seu irmão e logo pela filha dela.

— Entendo perfeitamente a preocupação e desejo de cuidado dele para com ela, mas ainda não explicou porque trouxe ela para minha casa?

— Certo meu filho – disse sua mãe com a voz ainda mais suave – mas ela precisava de ares calmos e curativos e sabemos que o vale verde possui nele capacidades curativas muito poderosas...

— A não!! – respondeu Hucki irritado e começando a andar nervoso de um lado para o outro ao perceber do que se tratava aquela visita – eu não acredito que estão pensando em usar a galhada de um cervo de galhada brilhante para curar a moça.

— Bem! Não que essa tenha sido a razão principal para tal visita, mas uma vez que você tocou no assunto, essa seria uma boa forma de ajudá-la a se recuperar.

— A senhora sabe melhor do que ninguém que os cervos machos de galhada brilhante não deixam ninguém se aproximar deles, ainda mais perto do inverno, período que eles protegem as fêmeas, filhotes e territórios dos predadores. E outra – disse ele zangado – se acreditam nessa possibilidade, porque não procuram vocês mesmos um pedaço de galhada? Não acredito que tenham necessidade de trazer uma jovem moribunda numa viagem longa e cansativa para casa de um ermitão solitário somente para pegar algo que “todos acham que eu seria incapaz de conseguir”, uma vez que sou um Anatur.

— Se acalme meu filho – disse sua mãe preocupada – na verdade não queremos que você procure o chifre.

— Não? Então, porque trouxe ela aqui?

— Bem meu querido... – Xexalur procurou novamente as palavras para tentar lhe dizer de forma calma o que desejavam.

— Querem que você me leve até o alfa dos cervos de galhada brilhante e que este use sua habilidade curativa em mim de livre espontânea vontade – disse a jovem Ignon que saia detrás da raiz grande que protegia a porta.

— Há quanto tempo está ai – perguntou Hucki preocupado em ela ter ouvido a parte que ele a chamava de moribunda.

— Tempo o suficiente para ouvir que você não está disposto a me ajudar.

— Me desculpe – disse Hucki a moça – eu somente... é que...

— Antes de recusar definitivamente, quero que entenda porque aceitei vir até aqui – então se aproximou a moça – a dez luas eu fazia minha jornada em busca de Irankur com Mivarata, minha duovits. Quando nos aproximávamos de uma cidade as margens leste de Mirinthia, fomos atacadas e emboscadas por um grupo de caçadores. Não tenho certeza se eram mais, mas me lembro de seis deles, quatro humanos, um Parkau e um Likan Fark. Nos atacaram de forma cruel e covarde. Vieram em cima de mim, pois sabiam que Mivarata iria me proteger, então emboscaram ela e a capturaram.

— Porque eles fariam isso? – perguntou Hucki atento a suas palavras e nervoso com a dor em sua voz.

— Mivarata é uma Levara – disse a mãe de Hucki a ele.

Levara é uma espécie de grande felino de pelo dourado e longo, famoso por não molhar e nem queimar em fogo comum. Seu pelo é muito raro e valioso por toda Anthöria, pois gera tecidos impermeáveis e inflamáveis. Valiosos para caçadores e guerreiros.

— Então por isso a mataram – disse ele com pesar na voz.

— Não!! – disse Eloecki com tom de voz firme – eles não a mataram. Ela está viva.

— Como pode ter certeza? – perguntou ele.

— Eu sei, eu sinto isso, você entende isso não é? O elo que temos me faz saber que ela está viva.

— Eu imagino – disse ele, pois era um Anatur e não entendia muito bem sobre esse elo mágico que ligava dois seres de forma tão forte e especial e ela percebeu que isso o atingiu de alguma forma.

— Desculpa – pediu ela – eu não queria ofender, eu...

— Tudo bem – disse ele com um sorriso fraco e nitidamente sem graça – mas, talvez essa sensação que sente seja apenas o desejo que sua duovits esteja bem, nada mais.

— Ela provavelmente está viva Hucki – disse sua mãe – ela é mais valiosa viva do que morta e a reação de Eloecki é claramente a de afastamento de duovits. Quando Ignon e Duovits se afastam por muito tempo, eles acabam enfraquecendo e definhando.

— Se isso de fato é verdade, porque eles não a levaram com eles então?

— Porque eles não sabem muito sobre nós – disse Eloecki nitidamente fraca – eu só sei que posso sentir Mivarata em algum lugar e sinto que seria capaz de encontrá-la, mas para isso precisaria estar bem e a única solução possível encontrada até agora é ser tocada pelo cifre do cervo alfa dos cervos de galhada brilhante.

— Por isso me procuraram – afirmou ele – você não está doente. Apenas raspas do chifre não seriam suficientes. Poderiam curar doenças, feridas graves, até veneno, mas neste caso, precisa receber a energia pura do cervo mais forte para ter forças suficientes para encontrar sua duovits, certo?

— Sim – disse Eloecki, seguida por Xexalur.

— Por favor meu filho, sei que o que pedimos pode parecer difícil, mas ninguém melhor que você poderia conseguir de um cervo selvagem esse feito – disse Xexalur tocando no ombro de Hucki.

— Eu te peço humildemente Nobre Hucki Baratolki, me ajude a encontrar minha melhor amiga Mivarata, minha duovits – nisso ela também se aproximou e pegou em suas mãos. As mãos de Eloecki eram frias e estavam fracas, mas foram suficientes para corá-lo e deixá-lo confuso.

Em qualquer outra circunstância, Hucki responderia não sem sequer pensar ou se importar, mas ele não sabe bem porque, a dor daquela moça o tocou e ele pode sentir a dor da perda dela, quando ela pegou em suas mãos, com suas mãos quase sem força. Ele hesitou um pouco e livrou-se das mãos da moça, um tanto quanto tímido e nervoso com a situação, virando-se de costas e contemplando o Vale Verde.

— Imagine se alguém tirasse de você aquilo que você mais ama no mundo? – perguntou sua mãe a ele – o que faria para recuperar, se fosse possível?

Ele não respondeu a pergunta, mas sabia que ela sabia sua resposta, pois ele olhava para aquilo que ele mais amava na vida, o vale verde e tudo que nele habita. Então ele se virou e disse com um sorriso no rosto, agora verdadeiro e intenso:

— Irei ajudar como eu puder.

E Eloecki e Xexalur sorriram e se abraçaram.


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