Contos de Anthöria escrita por Flávio Trevezani


Capítulo 3
O Senhor do Vale Verde - Prefácio


Notas iniciais do capítulo

Eu vou lhes contar a história de um Ignon que recebeu o título de Senhor quando ainda era um tanto quanto jovem, para um ignon é claro. Talvez você já tenha ouvido esta história em algum lugar de Anthöria, afinal, é uma história um tanto quanto conhecida por muitos viajantes e contada por Velhos Bardos em festivais e tabernas. Mas se por acaso nunca ouviu falar de Hucki Baratolki, o Grandioso Pequenino, significa que você precisa conhecer a história do Senhor do Vale Verde.



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Existem muitas espécies de seres em Anthöria, tenho certeza que já falei disso. Algumas imensas, colossais, outras, no entanto, pequenas e aparentemente frágeis. Uma dessas criaturas pequenas e tidas como frágeis são os Ignons. Uma das raças consideradas como inteligentes e dominantes de todo mundo, mesmo que eles mesmos não se considerem dominantes de nada além de suas próprias vidas. Eles são um pequeno povo, que mede aproximadamente um terço de um humano comum, com aparência similar a de uma criança humana de cinco anos, mas com seus traços peculiares, como suas longas orelhas de roedores, pontudas como das lebres, seus narizes pequenos e similares a de um coelho e com grandes e expressivos olhos vermelhos ou Azulados. Possuem caldas curtas e peludas, de pelos arrepiados como seus próprios cabelos, Com mãos e pés peludos, pés esses longos e propícios para corridas e longos saltos, o que fazem desses pequeninos muito ágeis. Os Ignons ficam no limite da aparência humana com a de um grande roedor bípede.

Os Ignons são uma raça pacifica e vivem em regiões isoladas e distantes das demais raças de dominantes. Dizem que a grande maioria deles, se não todos, vivem em fendas e vales dentro da temida Floresta de Mirinthia. Um dos lugares mais temidos dos treze cantos do mundo.

Por isso não se deixe enganar pela aparência pequena, frágil e agradável dos Ignons, pois atrás de um pequenino Ignon existe uma figura furiosa e mortal, neste caso, falo de seus Duovits. Duovits são criaturas grandes, fortes e ferozes da natureza que, através de um elo mágico, criam um forte laço com um Ignon por toda a vida, ao menos toda a vida de um dos dois. O elo Duovits dos ignons acontece no inicio de sua vida, a grande maioria logo após seu nascimento. Mas às vezes, o chamado mágico de alguma criatura vai muito além das fronteiras das cidadelas e vilas dos Ignons, o que faz com que a jornada dos Duovites seja mais longa e leve um pouco mais de tempo para sua chegada. Mesmo assim, o elo se confirma quando Ignon e Fera se encontram e se tocam pela primeira vez e isso as une eternamente.

Segundo a crença do povo Ignon, o elo duovit é uma forma que a Deusa mãe da natureza encontrou de proteger criaturas pequenas e pacificas que prezam a proteção e cuidados com a natureza, como forma de retribuição, unindo-as com Feras fortes e poderosas capazes de defender tais criaturas de possíveis ameaças e perigos. Mas acontece que como tudo na vida, às vezes surgem falhas e se a criatura que recebe o chamado do elo duovit morre na jornada de união ao ignon, o chamado permanece com ela, como uma energia viva. Se neste caso esta for derrotada por uma fera mais poderosa, a fera vencedora toma para si o chamado e segue a jornada em direção ao ignon. Porém, se a criatura morrer de forma acidental ou natural, o chamado permanece com ela até que outra criatura forte e poderosa assuma essa missão e responda a este chamado. Mas, se nenhuma criatura assumir, o chamado enfraquece e se perde e o Ignon se torna um Anatur ou abandonado pela natureza, o que faz deste Ignon uma espécie de incapaz, fadado a viver eternamente dentro dos limites das cidadelas e vilas, sem jamais poder sair e explorar o mundo e isto é algo muito triste para um Ignon.

Todo Ignon quando completa a idade adulta, que seria aproximadamente os cento e quarenta anos humanos, já que os Ignons são a segunda raça com maior longevidade dentre os Dominantes, eles partem em uma jornada de exploração do mundo, para crescerem, aprenderem e estreitarem os laços que possuem com seus duovits. Muitos fazem isso em busca de alcançar um patamar raro e desejado chamado “Irankur” ou “evolução natural”. O Irankur é quando o Ignon desenvolve uma habilidade mágica única e seu duovit passa a sofrer uma modificação física, tornando-se uma espécie única e superior a sua espécie original. Dizem que isso que motiva as Feras Duovits ao chamado, para buscar se tornarem mais fortes e superiores a sua espécie de origem. Já aqueles que não possuem um duovit, jamais poderão sair nessa jornada devido à natureza de sua espécie e fragilidade, onde essa jornada pode levar muitos anos, até décadas.

Ignons não são naturalmente preconceituosos, são apenas temerosos em sua maioria e se evitam algo ou se distanciam de algo é meramente por um medo instintivo de proteção e de acabar interferindo no fluxo da natureza. Logo, Anatures acabam sendo vistos como coitados e evitados por pena e respeito, como forma de não gerar a eles tristeza pelo seu chamado não ter sido respondido e nunca poderem fazer a grande jornada. Claro, que como em todas as culturas, existem pessoas boas e pessoas más. Mesmo sendo mais incomum entre os Ignons, alguns acreditam que Anatures são amaldiçoados, pelo fato de nenhum ser da natureza querer responder ao seu chamado, por isso devem ser evitados. Seja por respeito ou preconceito e medo, anatures acabam sendo evitados e às vezes esquecidos, tornando-se invisíveis em meio ao povo Ignon, sem importância, voz ou vez.

E é por isso que vou contar a história de Hucki para vocês e mostrar que nem sempre quando algo diferente e tido como ruim acontece significa de fato fracasso e sentença de derrota. As vezes pode significar a possibilidade de que algo novo e extraordinário poderá acontecer se você lutar contra e acreditar que pode mudar seu destino.


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