Alessa

Parei o carro sem aviso. Não havia me dado conta do rumo que havia tomado até me ver de frente com o local em que conheci Kitty, cerca de seis meses humanos atrás.

Digo meses “humanos” porque o tempo foi muito maior e era contado de modo diferente entre os seres ocultos. Suspirei e, mesmo contra os avisos de minha mente, sai do carro, relembrando aquela noite.


Eu era uma garota humana quando conheci a ninfa do ar. Uma garota normal, com uma vida normal e hábitos normais. Minha turma da escola estava acampando naquela campina pela primeira vez para realizar uma gincana e eu, para variar, briguei com uma garota insuportável da minha sala que estava no MEU GRUPO, onde EU ERA A LIDER, e que não queria ACATAR AS MINHAS ORDENS- Eu digo que podemos. - O tal Tristan retrucou maldoso. – Ela estava no lugar errado na hora errada. Humanos morrem aos montes todos os dias. Ela vai ser apenas mais uma vitima do destino.. A fim de não arrancar o pescoço da maldita, me meti no meio das árvores; andando com um passo leve e rápido; quase correndo; até que ouvi aqueles sons.

Uma garota gritava enquanto uma voz masculina muito rude resmungava. A voz rude foi interrompida por outra voz masculina, dessa vez mais simpática.

Sem agüentar de curiosidade, me aproximei e vi um pequeno e estranho grupo reunido: Dois rapazes e uma moça. Um deles falava em voz bem baixa com a moça assustada, acalmando-a. Supus que fosse o da voz simpática. Depois ele falou mais alto, e pude ouvir as palavras “orelhas” e “asas”. Ergui uma sobrancelha. Talvez eles houvessem fugido de um hospício.

Olhei então para o que o trio trajava: os rapazes estavam quase normais pelo que pude reparar àquela distancia. Já a garota parecia ter saído de um baile à fantasia, sendo que para fada só faltavam as...

-... Asas. – Eu sussurrei como é meu costume quando penso demais.

A garota imediatamente olhou para onde eu estava. Meu corpo gelou. Era simplesmente impossível que um ser humano normal ouvisse meus sussurros, mesmo se estivessem por perto. Foi então que percebi meu erro. Eles não eram, em hipótese alguma, humanos.